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Suínos / Peixes

Os obstáculos ao desenvolvimento da suinocultura no Nordeste pelos olhos de um grande produtor

Dentre eles estão concorrência com a região Sul do país, a cultura negativa sobre o consumo da carne suína e a falta de investimentos em tecnologia.

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Fotos: Arquivo Pessoal

Há quase seis décadas na criação de animais, a família Malta acompanhou o desenvolvimento da pecuária na região Nordeste do Brasil. Com uma propriedade de 164 hectares na Zona da Mata, no município de Paudalho, PE, a cerca 30 km de Recife, iniciaram as atividades no campo em 1965 com a avicultura de postura, mais tarde ingressaram na pecuária de corte e em 1990 na suinocultura.

O patriarca da família, o médico-veterinário Lula Malta conta que acompanhou o crescimento do agronegócio no Agreste Pernambucano e busca constantemente, em conjunto com a esposa e também médica-veterinária, Margarete Malta, e os filhos Luis e Tiago, soluções para aprimorar sua produção de carne e ovos, com inovação e emprego de tecnologias, tendo hoje a Granja OvoMalta reconhecida entre as maiores e mais tecnificadas do estado de Pernambuco.

Médico-veterinário e produtor, Lula Malta

De sorriso largo, Malta fala com orgulho da sua produção de suínos, cadeia que atua há 33 anos e que hoje é tida como uma referência para os demais produtores ou para quem deseja expandir na atividade na região. Possui a produção em ciclo completo, desde a inseminação das matrizes até a terminação, com 10,2 mil animais distribuídos em 10 galpões de maternidade, um de gestação em gaiola, um de gestação em baias, seis de creche e sete de terminação. A unidade de produção da Fazenda Malta figura entre as maiores do Agreste Pernambucano. “Nossa granja é toda tecnificada, utilizamos inseminação artificial em que precisamos semanalmente enviar um relatório com os resultados para a Holanda e eles nos orientam sobre quais reprodutores inseminar determinadas fêmeas, o que nos gera excelentes resultados”, afirma Malta, que por mais de duas décadas esteve à frente da Associação dos Suinocultores de Pernambuco (Aspe).

Ele conta que no sistema de gaiolas são colocadas as matrizes somente para fazer a inseminação, após inseminadas são transferidas para as baias, visando que os animais tenham maior conforto e bem-estar. “Temos assistência ao parto 24 horas por dia. A cada oito horas tem uma equipe de assistência ao parto na granja, de domingo a domingo, isso garante maior segurança, cuidado e zelo com a saúde das matrizes e dos leitões, mas infelizmente os produtores nordestinos não querem investir nisso”, aponta Malta.

Cada ninhada gera aproximadamente 16 a 17 leitões, com uma média de sobrevivência de 13 animais. Os suínos são abatidos aos 150 dias de idade, com um peso médio entre 100 e 110 kg. A comercialização dos animais da Fazenda Malta é feita nos estados de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte. “Vendemos em média 400 animais por semana, 60% é para Pernambuco”, expõe, enfatizando que no mercado nordestino a preferência é por suínos com peso médio de até 110 kg e a venda acontece em feiras livres. “Essa prática é muito comum no Nordeste, em que os animais são expostos e após sua comercialização são encaminhados para o abate em matadouros municipais”, relata o produtor.

Obstáculos ao desenvolvimento da suinocultura

Entre os grandes obstáculos para o desenvolvimento da suinocultura no Nordeste, Malta aponta concorrência com a região Sul do país, a cultura negativa sobre o consumo da carne suína e a falta de investimentos em tecnologia. De acordo com o produtor, existe uma cultura muito forte entre os nordestinos de que a carne suína faz mal à saúde. Ele relembra do caso dos ovos que, por muito tempo, também amargou essa reputação e só conseguiu que fosse revertida com o envolvimento maciço das entidades do setor de avicultura de postura e campanhas em massa para desmistificar essa imagem. “Conseguimos com muito esforço quebrar essa cultura de que o ovo fazia mal à saúde humana, quando na verdade só traz benefícios, agora precisamos fazer o mesmo com a carne suína, porque esse é um dos grandes empecilhos para o desenvolvimento maior da atividade na região Nordeste”, afirma.

Outros pontos que freiam o crescimento da atividade na região Nordeste estão relacionadas com as exportações do país e a competitividade com os suinocultores do Sul do Brasil. Malta relata que quando as vendas externas diminuem os animais são enviados ao Nordeste para serem comercializados a um preço bem abaixo do praticado do mercado, o que torna a concorrência com o produto produzido no Nordeste desleal. “Esse cenário tem assustado os produtores locais, que em sua maioria são de pequeno porte, e não conseguem competir com a maior região produtora do país. Razão essa que não motiva investimentos na suinocultura, porque uma que os recursos são escassos e outra que essa competição com os produtores sulistas têm assustado muito os produtores nordestinos, freando o desenvolvimento maior da suinocultura em Pernambuco e nos demais estados nordestinos”, avalia.

Por fim, Malta aponta o baixo nível tecnológico nas unidades de produção, que ainda em sua maioria trabalham de forma rústica e manual. “O emprego de tecnologias está evoluindo, mas em um ritmo lento. As grandes fazendas investem rapidamente, enquanto os pequenos produtores enfrentam dificuldades de recursos para acompanhar esse avanço tecnológico”, afirma.

Apesar dos desafios, Malta é otimista com o futuro da suinocultura no Nordeste. Ele acredita que a atividade tem grande potencial de crescimento na região, principalmente com o apoio do governo e da iniciativa privada. “A suinocultura tem mais de dois mil produtores em Pernambuco, gerando cerca de 120 mil empregos diretos e indiretos, e quando se tem uma associação ativa, como a Aspe, a cadeia tem acesso ao governo do estado, a imprensa, aos laboratórios de pesquisas e às universidades, ou seja, a associação é um cartão de visita para apresentar a nossa atividade para todos os setores. Isso é importantíssimo e faz com que possamos nos desenvolver de forma mais estruturada e organizada”, evidencia.

Perspectivas de crescimento

Patriarca da família Malta com a esposa e médica-veterinária Margarete, e os filhos Luis (Malta) e Tiago

Com a instalação há pouco mais de um ano da planta industrial frigorífica da Masterboi em Canhotinho, PE, considerada a maior unidade frigorífica do Nordeste, com capacidade de abater 700 cabeças de gado por dia, além de ovinos, caprinos e suínos, totalizando em torno de 300 toneladas de carne diariamente, Malta ressalta que trouxe um novo ânimo para os produtores do Agreste Pernambucano, que até então não contavam com uma estrutura de alta demanda de animais para abate, o que também pode trazer um impacto positivo na comercialização da carne suína da região. “É uma planta muito moderna, que já está processando em torno de 200 a 300 suínos/dia, números esses que não servem de parâmetro para a região Sul do país, que tem uma cultura muito forte de produção e consumo da carne suína. No entanto, esperamos que com esse frigorífico haja uma mudança de comportamento do comércio local em termos de abate, oferecendo uma melhor qualidade e apresentação do nosso produto final, e com isso vamos poder também ampliar o consumo da carne suína nesta região do país”, anseia Malta.

De acordo com o produtor, a expansão da suinocultura na sua propriedade está de maneira intrínseca ligada à ampliação do abate diário de suínos na unidade de processamento da Masterboi. “Vamos expandir se a implantação do frigorífico da Masterboi der certo, porque se for para ajudar a desenvolver a atividade aqui na região nós vamos crescer junto com eles, do contrário vamos manter a produção que temos hoje”, expõe.

Sustentabilidade

A família Malta mantém uma preocupação constante com a sustentabilidade da produção. Como parte de suas iniciativas para reduzir os impactos da atividade no meio ambiente, eles implementaram um biodigestor ao lado dos galpões de suínos há 12 anos. Esse biodigestor tem a função de captar os dejetos da granja e transformá-los em biofertilizante para uso na pastagem. “Faço fertirrigação de 40 hectares no sistema Voisin (método intensivo de manejo do pasto e do rebanho)”, aponta o produtor, que também cria gado de corte nos sistemas extensivos e de confinamento.

Alimentação

Primando pela qualidade da alimentação fornecida aos animais, na propriedade foi instalada desde o início da atividade uma fábrica de ração. “Adquirimos os insumos, como milho, soja, trigo, farinha de carne, aminoácidos e vitaminas para produzir a ração, desta forma conseguimos reduzir os custos e garantimos a qualidade do alimento que oferecemos aos animais, diferente de quando se faz a compra da ração pronta”, menciona.

Produção nordestina

Conforme levantamento da Pesquisa da Pecuária Municipal 2022, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o rebanho de matrizes da região é estimado em um milhão e o plantel total de suínos é de 6,1 milhões de cabeças, o que representa cerca de 13,8% do rebanho nacional. De acordo com informações da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), a produção de carne suína no Nordeste é de cerca de 200 mil toneladas por ano, o que corresponde a cerca de 10% da produção nacional. O faturamento da atividade é estimado em R$ 2 bilhões.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola acesse gratuitamente a edição digital de Suínos. Boa leitura!

 

Fonte: O Presente Rural

Suínos / Peixes

Brasil detém 32% do mercado global de cortes congelados de carne suína

Santa Catarina desponta como líder nas exportações de cortes cárneos congelados de suínos em 2023, com uma impressionante fatia de 56%. O Rio Grande do Sul e o Paraná seguem atrás, com 23% e 14% de participação, respectivamente.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

O Departamento de Economia Rural (Deral) do Paraná divulgou, na quinta-feira (25), o Boletim de Conjuntura Agropecuária, trazendo um panorama abrangente dos setores agrícolas e pecuários referente à semana de 19 a 25 de abril. Entre os destaques, além de ampliar as informações sobre a safra de grãos, o documento traz dados sobre a produção mundial, nacional e estadual de tangerinas.

Segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO), a produção global de tangerinas atingiu a marca de 44,2 milhões de toneladas em 2022, espalhadas por uma área de 3,3 milhões de hectares em 68 países. A China, indiscutivelmente, lidera nesse cenário, com uma contribuição de 61,5% para as colheitas mundiais e dominando 73,1% da área de cultivo da espécie. O Brasil, por sua vez, figura como o quinto maior produtor, com uma fatia de 2,5% das quantidades totais.

No contexto nacional, o Paraná se destaca, ocupando o quarto lugar no ranking de produção de tangerinas. Cerro Azul, situado no Vale do Ribeira, emerge como o principal centro produtor do país, respondendo por 9,2% da produção e 8,4% do Valor Bruto de Produção (VBP) nacional dessa fruta. Não é apenas Cerro Azul que se destaca, mas outros 1.357 municípios brasileiros também estão envolvidos na exploração desse cítrico.

Cortes congelados de carne suína

Além das tangerinas, o boletim também aborda a exportação de cortes congelados de carne suína, um mercado no qual o Brasil assume uma posição de liderança inegável. Detentor de cerca de 32% do mercado global desses produtos, o país exportou aproximadamente 1,08 bilhão de toneladas, gerando uma receita de US$ 2,6 bilhões. Os Estados Unidos aparecem em segundo lugar, com uma participação de 29%, seguidos pela União Europeia (23%) e pelo Canadá (15%).

No cenário interno, Santa Catarina desponta como líder nas exportações de cortes cárneos congelados de suínos em 2023, com uma impressionante fatia de 56%. O Rio Grande do Sul e o Paraná seguem atrás, com 23% e 14% de participação, respectivamente.

 

Fonte: Com informações da AEN-PR
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Suínos / Peixes

O que faz o Vale do Piranga ser o polo mineiro de incentivo à suinocultura?

Além de oferecer oportunidades de aprendizado e capacitação por meio de seminários, ampliando as habilidades dos colaboradores de granjas e profissionais da área, feira facilita o acesso dos produtores rurais do interior mineiro às mais recentes tecnologias do agronegócio.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

A Suinfair, maior feira de suinocultura de Minas Gerais, acontece no Polo Mineiro de Incentivo à Suinocultura, situado no Vale do Piranga, uma área que se destaca nacionalmente pela sua produção suinícola. Esta região representa, aproximadamente, 35% do rebanho de suínos de Minas Gerais, produzindo anualmente cerca de 370 milhões de quilos de carne suína. O trabalho diário de levar alimento à mesa de diversas famílias faz com que mais de cinco mil empregos sejam gerados diretamente pela suinocultura, além das mais de trinta e cinco mil pessoas que trabalham indiretamente na área.

Com um histórico consolidado, a região foi oficialmente reconhecida como Polo Mineiro de Incentivo à Suinocultura por meio de legislação, o que fortalece ainda mais a cadeia produtiva local. Nesse contexto, a Suinfair surge como uma iniciativa voltada para as necessidades específicas dos suinocultores.

Além de oferecer oportunidades de aprendizado e capacitação por meio de seminários, ampliando as habilidades dos colaboradores de granjas e profissionais da área, a Suinfair facilita o acesso dos produtores rurais do interior mineiro às mais recentes tecnologias do agronegócio.

Desde equipamentos estruturais até grandes máquinas agrícolas e robôs, os suinocultores têm a chance de conhecer de perto as inovações do mercado e estabelecer contatos diretos com os fabricantes. Isso resulta na concretização de negócios baseados em condições justas, fomentando o crescimento dos produtores e incentivando a presença dos fornecedores na região.

A Suinfair é, portanto, um evento feito sob medida para a suinocultura, representando uma oportunidade única de aprendizado, networking e desenvolvimento para todos os envolvidos nesse importante segmento do agronegócio.

Fonte: Assessoria Suinfair
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Suínos / Peixes

PorkExpo Brasil & Latam 2024 abre inscrições para receber trabalhos científicos do mundo inteiro

Disputa científica tradicional da suinocultura vai distribuir R$ 6 mil em dinheiro e reconhecer as quatro pesquisas mais inovadoras da indústria da carne suína.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Inscrições para envio de trabalhos científicos à PorkExpo Brasil & Latam 2024 estão abertas. Esse é um convite conhecido da suinocultura internacional há mais de duas décadas. Encontro inovador, que debate de ponta a ponta a cadeia produtiva da suinocultura, vai confirmar mais uma vez a tradição de incentivar as pesquisas da indústria mundial da carne suína, com a Mostra de Trabalhos Científicos, que será realizada nos dias 23 e 24 de outubro, no Recanto Cataratas Thermas Resort & Convention, em Foz do Iguaçu (PR).

O evento reúne o 12º Congresso Latino Americano de Suinocultura e o 2º Congresso Nacional Mulheres da Suinocultura, que seguem com as inscrições abertas aqui.

A 12ª edição convida pesquisadores e estudiosos para contribuir com seus conhecimentos e inovações. “Em cada edição da PorkExpo são recebidos ao menos 200 trabalhos”, exalta a CEO da PorkExpo Brasil & Latam 2024, Flávia Roppa

Neste ano, a premiação vai premiar quatro pesquisas científicas, sendo três referencias e um grande vencedor. O total da premiação chega a R$ 6 mil.

Flávia explica que os trabalhos devem abranger temas essenciais à atividade, como produção, sanidade, bem-estar animal, marketing da carne suína, economia, extensão rural, nutrição, reprodução, aproveitamento de resíduos e meio Ambiente, refletindo a amplitude e profundidade tecnológica que o setor apresenta a cada década que passa. “A PorkExpo apoia consistentemente o conhecimento por parte dos pesquisadores, professores, profissionais e estudantes, que buscam inovações para subsidiar a produção de campo, a indústria de processamento e o aumento do consumo da nossa carne pelos consumidores. Um propósito que ratificamos em duas décadas. E esperamos pela participação máxima desses estudiosos, do mundo inteiro”, enfatizou Flávia.

Inscrições

Os trabalhos precisam ser totalmente inéditos e entregues impreterivelmente até o dia 11 de agosto, podendo ser redigidos em Português, Inglês ou Espanhol. “Todos serão submetidos pelo site da Universidade Estadual do Oeste do Paraná. Os inscritos precisam informar o e-mail, telefone para contato e endereço completo de uma pessoa que vai ser a responsável pelo trabalho para futuros contatos com a organização do evento”, informa a CEO da PorkExpo.

Os interessados devem enviar os trabalhos formatados em duas páginas, em papel A4 (21 x 29,7 cm), digitados no Word para Windows, padrão 6.0 ou superior e salvos na extensão .doc, fonte dos textos em Arial, para o endereço: flavia@porkexpo.com.br. “Não serão aceitos trabalhos fora do padrão”, reforça Flávia.

Todas as informações referentes às inscrições e normas de redação podem ser consultadas clicando aqui. Os autores dos trabalhos avaliados pela Comissão Científica serão comunicados da sua aceitação ou não. “Participe e faça a diferença. Não perca a chance de participar desse movimento que define o amanhã da suinocultura. Junte-se aos líderes que estão construindo o futuro da indústria mundial de carnes”, convida Flávia, acrescentando: “Esperamos por sua ideia eficiente e inovadora”.

Fonte: Com informações da assessoria PorkExpo Brasil & Latam
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CBNA – Cong. Tec.

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