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Os novos pilares da Pecuária

A pecuária se reinventa com novos pilares de sustentação e o que se resumia a um ‘tripé’ foi ampliado e passa a considerar sanidade, nutrição, genética, bem-estar animal, sustentabilidade e gestão para a evolução do setor.

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Foto: Everton Queiroz

Foi-se o tempo em que apenas o “tripé” sanidade, genética e nutrição eram suficientes para sustentar a produção pecuária. Essa foi por muitas décadas a base da pecuária tradicional. Porém, o mundo mudou e a necessidade de se obter a excelência operacional nos ganhos produtivos utilizando novos recursos e novas tecnologias fez com que a pecuária moderna passasse a exigir cada vez mais resultados em um menor espaço de tempo e território.

As novas conexões entre os pilares do bem-estar animal, da sustentabilidade e da gestão, juntamente com os tradicionais pilares da genética, da nutrição e da saúde animal têm trazido à tona uma interface significativa entre os setores da pesquisa, da indústria e da produção pecuária. Como resultado dessa interface, temos tido uma nova forma de atuação no campo, que vai muito além da implementação de tecnologia. A sinergia e a conectividade entre as diversas empresas pelo lado da indústria que passam a atuar de forma integrada junto a instituições de pesquisas e biotecnologias estão promovendo um verdadeiro extensionismo tecnológico no campo. O trabalho de nossas equipes leva tecnologia tanto para as revendas e cooperativas agropecuárias (essas fazem a distribuição das soluções ao campo) quanto diretamente aos produtores.

Se pararmos para pensar no tamanho de nossa responsabilidade é algo que nos enche de orgulho e satisfação. E, ao mesmo tempo, aumenta o nosso dever de ajudar os produtores a enxergar que o tripé que sustentava a pecuária até então não é o que nos levará para o futuro da pecuária tão exigida e pressionada pelo aumento do consumo de proteína animal no Brasil e no mundo.

Por isso, defendemos que a pecuária do futuro deve ser sustentada nesses seis pilares: sanidade, nutrição, genética, bem-estar animal, sustentabilidade e gestão. São esses pilares conectados que permitirão produzir o que estamos chamando de “Boi Azul”.

O olhar para a Sanidade animal ampliou o foco da saúde a partir do aprimoramento de diagnósticos, que passam a ser feitos de forma precoce e cada vez mais assertiva, contribuindo para o controle e prevenção de doenças, garantindo um rebanho mais saudável. Chamo a atenção para a importância de diagnósticos efetivos que podem ajudar a diminuir o risco infeccioso nas fazendas e as perdas decorrentes de enfermidades diagnosticadas tardiamente. Dessa forma, a sanidade passa a ser considerada sempre sob três aspectos: prevenção, diagnóstico e tratamento.

A Genética dever ser considerada e ampliada do ponto de vista do melhoramento genético e da aplicação da reprodução com a adoção de mais tecnologias e o alcance de índices cada vez mais superiores. Nesse cenário, os produtores podem contar com ferramentas que ajudem a tornar o seu trabalho mais eficiente, como, por exemplo, testes rápidos de prenhez que trouxemos recentemente ao Brasil em parceria com a Idexx, líder mundial em diagnósticos. Em até 20 minutos, esses testes disponibilizam os resultados, com 99,7% de precisão. São ferramentas que se aliam ao trabalho feito por médicos-veterinários, proporcionando que um número maior de produtores tenha acesso a tecnologias que os ajudem a produzir mais e melhor.

Em relação à Nutrição, pilar estratégico para a pecuária de resultados, além das pastagens, é preciso considerar com atenção a armazenagem de silagem e inovações como suplementação injetável. Nesse sentido, nos unimos à Lallemand para trazer ao mercado brasileiro uma inovadora linha de inoculantes para silagem desenvolvida a partir de uma nova bactéria, que traz maior flexibilidade para o processo de produção de silagens, uma vez que os produtos oferecidos atendem as necessidades específicas de cada alimento conservado, além de possibilitar abertura antecipada dos silos e com garantia de estabilidade aeróbia. Isso garante uma dieta equilibrada para os animais, ajudando o produtor a controlar a qualidade do alimento fornecido e a minimizar os custos de produção.

Outra tecnologia inovadora em Nutrição é a suplementação mineral e vitamínica injetável à base de antioxidantes, que combate o estresse oxidativo em situações de estresse, um dos principais vilões da pecuária. Temos acompanhado nos últimos anos resultados excepcionais, em especial na fertilidade de vacas e principalmente no aumento do rendimento de carcaça.

O olhar para o bem-estar animal é primordial. Sem considerar esse aspecto é muito difícil obter índices adequados de produção. O desenvolvimento de um ambiente equilibrado e saudável para que os animais apresentem seus melhores índices zootécnicos é um princípio básico da produção.

Apesar de a sustentabilidade ser um dos maiores desafios da pecuária, ela reflete um compromisso com a humanidade. Assim, a pecuária do futuro poderá caminhar para ser cada vez mais sustentável. Segundo Maurício Palma Nogueira (2020), com base em dados do Rally da Pecuária, se “a pecuária brasileira aplicasse, em média, o mesmo pacote tecnológico proporcional ao aplicado na cultura da soja, a quantidade de carcaça (carne com osso) produzida por hectare saltaria de 67 kg para 510 kg por hectare / ano”.

Números como esses podem ser significativos quando adotados com responsabilidade e com sustentabilidade.

É preciso que a sustentabilidade faça parte de toda a cadeia produtiva, como princípio básico, desde a genética até o consumidor. Todos possuem sua responsabilidade e é preciso agir dentro de práticas sustentáveis do ponto de vista social, econômico e ambiental.

E fechando, evidencio a gestão como o pilar direcionador de todos os outros cinco pilares. Sem dúvida nenhuma, a gestão operacionaliza todos os outros pilares. A tomada de decisão frente às oportunidades, ameaças, fortalezas e fraquezas do sistema produtivo é o fator decisivo para que se defina o sucesso ou o fracasso da produção.

Para elaborarmos o projeto ‘Boi Azul’ nos baseamos em algumas projeções. Até 2050, o mundo terá 35% a mais de pessoas. A produção de carne deverá aumentar em 7%, segundo estimativas da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). Os países da América Latina têm recursos naturais, profissionais e tecnológicos suficientes para abastecer grande parte da demanda mundial de proteína animal. Para conseguir isto, os produtores deverão intensificar seus sistemas e elevar os índices de produção de carne e leite.

Relevante considerar que 18% da produção de proteína animal do mundo está na América Latina, 31% do que se exporta de proteína animal provém daqui, assim como 10% da produção de leite mundial. E mais! De cada cinco pratos de comida no mundo, um é produzido pelo Brasil. É daí que vem a nossa responsabilidade. O Brasil alimenta 800 milhões de pessoas pelo mundo e esse número tende a crescer e, por isso, precisamos evoluir na maneira de produzir.

Produzir mais e produzir melhor. Nossa meta é ter a certeza da obtenção da marca ‘1 bezerro por vaca por ano’. A tecnologia para fazer isso já temos. O que estamos avançando é na forma de comunicar ao produtor as melhores maneiras para trabalhar dentro dos seis pilares acima citados.

Nossa missão é aproximar o produtor das ferramentas que vão se traduzir em resultados, no campo e na balança comercial, como parte de um conceito de produção, em uma estrutura que resulta em produtividade e desencadeia processos sustentáveis, fazendo a pecuária crescer, cada vez melhor, levando ao produtor brasileiro a importância da gestão, do conhecimento, da inovação e da tecnologia. Somente assim, o nosso boi será cada vez mais ‘azul’.  Nossa pecuária não pode ficar no vermelho! O boi tem que estar sempre no azul!

Fonte: Por Marcelo Bulman, médico-veterinário, country manager Brasil e diretor comercial no Centro & Norte LATAM da Biogénesis Bagó.

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O triunfo da cooperação

O cooperativismo tem sido a catapulta do desenvolvimento do grande Oeste catarinense e de extensas regiões do Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul.

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Presidente da Aurora Coop. Neivor Canton - Foto: Divulgação/Aurora Coop

Há 55 anos, oito cooperativas agropecuárias do grande Oeste catarinense se uniam para a fundação da Cooperativa Central. Esse projeto nasceu do encontro do arrojado e destemido pioneiro do cooperativismo, Aury Luiz Bodanese, que presidia a Cooperativa Mista Agropastoril Chapecó, com Setembrino Zanchet, na época gerente do Banco do Brasil.

Era o final da década de 1960. Aquelas duas lideranças tinham uma visão muito nítida do futuro: tornava-se imperativo para o desenvolvimento regional que o oeste catarinense deixasse de ser simples fornecedor de matéria-prima e passasse a industrializar proteínas animal e vegetal.

O projeto de Bodanese e Zanchet consolidou-se quando, em 15 de abril de 1969, 18 dirigentes representando oito cooperativas formalizaram a criação da Coopercentral. Nessas cinco décadas e meia construímos – a muitas mãos – esse grande complexo de produção de proteína animal chamado Cooperativa Central Aurora Alimentos, notabilizada nos mercados nacional e mundial como Aurora Coop.

Na comemoração do 55º aniversário inauguramos uma moderna e avançada indústria de processamento de carne mediante investimentos de quase 600 milhões de reais. Esse é um eloquente testemunho do triunfo do cooperativismo como ideologia associativista e do modelo de negócio fundado na ética e na sustentabilidade. Faz parte da estratégia para diversificação do nosso portfólio. Busca fortalecer a posição da Aurora Coop no mercado brasileiro e, também, como player global. Porque é fundamental investir na produção e no lançamento de linhas de produtos inovadores, gerando valor para os nossos produtores rurais cooperados, colaboradores, clientes e consumidores, sem esquecer da gestão sustentável da cadeia produtiva.

Atualmente, os números testemunham a nossa condição de terceiro maior grupo brasileiro do segmento de proteína. Nossas plantas industriais processam POR DIA 32 mil suínos, 1,3 milhão de aves e 1,6 milhão de litros de leite. Mas eu não desejo me fixar nos números de nossa expressão econômica, embora eles sejam grandiloquentes. Quero realçar o extraordinário capital humano envolvido nesse universo chamado Sistema Aurora de Produção, que envolve milhares de famílias rurais e os 45.000 trabalhadores nas indústrias e unidades da Aurora Coop.

A Cooperativa Central Aurora Alimentos pertence a 14 cooperativas filiadas que, juntas, congregam uma extraordinária base produtiva no campo formada por 85.600 famílias rurais, 85% delas tecnicamente classificadas na categoria de agricultura familiar.

O cooperativismo tem sido a catapulta do desenvolvimento do grande Oeste catarinense e de extensas regiões do Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. No último triênio, somente a Aurora Coop investiu R$ 2,7 bilhões para a modernização e ampliação das unidades fabris e a aquisição de novas plantas industriais para manter a posição de terceiro maior grupo do setor.

Na área rural trabalhamos para a crescente incorporação de ciência e tecnologia, conferindo ganhos de escala nas propriedades rurais que passaram a ser geridas como verdadeiras empresas, comprometidas com a busca de resultados, em um regime de sustentabilidade e de proteção aos recursos naturais – condição sine qua nom para a perenidade do negócio. Nas nossas fábricas adotamos melhorias contínuas em todos os processos.

Nas regiões onde atuamos – e isso representa mais de 600 municípios brasileiros – as nossas cadeias produtivas da suinocultura industrial, da avicultura industrial e da pecuária leiteira injetaram volumosos recursos, fortalecendo o movimento econômico – e, por extensão, a arrecadação tributária das comunidades locais.

Citarei apenas alguns números de nosso relatório de 2023. No ano passado a geração de ICMS chegou a R$ 2,3 bilhões, o valor adicionado na atividade agropecuária (indireto) foi de R$ 11,6 bilhões e o valor adicionado na atividade industrial e comercial somou R$ 5,3 bilhões. Os investimentos nos colaboradores totalizaram R$ 2,7 bilhões, incluindo salários, encargos, benefícios etc. Isso tudo é dinheiro a irrigar as economias microrregionais.

Mas isso vem sendo feito com grande sacrifício em face das imensas deficiências logísticas e operacionais que enfrentamos nas regiões de produção. Desde os primórdios, o grande oeste ressente-se da insuficiente presença do Estado em várias áreas e, especialmente, na infraestrutura.

As deficiências se fazem sentir nas rodovias, no suprimento de energia elétrica, nos sistemas de água, na ausência de gás para uso industrial, na inexistência de um modal ferroviário, na carência de hospitais públicos etc. Porém, com o braço forte do cooperativismo, a região aprendeu a enfrentar seus problemas e a equacionar seus desafios sem a presença do ente estatal. Contra todos os prognósticos nos tornamos o celeiro do País, erigimos um formidável sistema agroindustrial que se notabilizou no Brasil e no exterior, fazendo com que aqui nascessem e prosperassem alguns dos maiores grupos da indústria de alimentos.

Recentemente, entidades empresariais iniciaram movimento pela construção de ferrovias para assegurar a competitividade do setor e a perpetuação do sistema, uma ligando o oeste de SC com o centro-oeste brasileiro (Ferrovia Norte-Sul) e outra, ligando o oeste com o litoral (Ferrovia Leste-Oeste).

Esse quadro sugere que é hora de a representação política do grande oeste – na Assembleia Legislativa e no Congresso – priorizar a articulação conjunta de propostas coletivas em favor das grandes causas oestinas.

Fonte: Por Neivor Canton, presidente da Aurora Coop
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A revolução das soluções baseadas na natureza

A necessidade das empresas compensarem suas emissões, combinada à garantia de integridade e qualidade dos projetos NBS, deve resultar em um mercado promissor e no provável aumento dos valores dos créditos de carbono, que já proporcionam um retorno atrativo quando comparado a outras atividades econômicas, especialmente a pecuária extensiva em pastagens degradadas.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

“Hell de Janeiro”. A sensação térmica recorde de 62,3ºC registrada em uma estação do Rio de Janeiro durante a terceira onda de calor de 2024 gerou uma série de memes e muito desconforto, para dizer o mínimo. De acordo com um estudo liderado pela UFRJ, 48 mil pessoas morreram por ondas de calor entre 2000 e 2018 no Brasil. No ano passado, nove ondas de calor assolaram o país, num total de 65 dias com temperaturas muito acima da média histórica – até os anos 1990, eram sete dias em média de calor atípico, segundo dados do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE).

Definitivamente, as mudanças climáticas são a principal ameaça que a humanidade enfrenta. No último ano, a temperatura global esteve muito próxima do 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais, marco limite do acordo de Paris, e para que não seja ultrapassado esse limiar as emissões de gases de efeito estufa devem ser reduzidas em 43% até 2030 (em relação a 2019), conforme a ONU. Para atingir essa meta ousada são necessárias diversas estratégias e atores, e contar com o engajamento das empresas para a redução e compensação das suas emissões.

As soluções baseadas na natureza (NBS, na sigla em inglês) podem proporcionar mais de um terço das reduções de emissões necessárias até 2030, de acordo com um estudo da The Nature Conservancy (TNC). É o caso de projetos de conservação e restauração florestal, e de manejo de terras agrícolas. Essas soluções não apenas ajudam a enfrentar as mudanças climáticas, mas também podem melhorar a saúde do solo, conservar e aumentar a biodiversidade e equilibrar o ciclo hidrológico, além de promover o desenvolvimento social de comunidades tradicionais.

Segundo o estudo da TNC, os projetos do tipo REDD+ (Reduções de Emissões provenientes de Desmatamento e Degradação) podem evitar a emissão de aproximadamente 3 GtCO2e (bilhões de toneladas equivalentes de dióxido de carbono) com a conservação de florestas nativas. Enquanto os projetos do tipo ARR (Afforestation, Reforestation and Revegetation) podem remover cerca de 1,6 GtCO2e da atmosfera com a restauração florestal. Já os projetos de ALM (Agricultural Land Management) podem garantir que mais de 5 GtCO2e sejam compensados com a adoção de boas práticas e tecnologias na agricultura e na pecuária. Os recursos financeiros para esses projetos vêm do mercado de carbono, onde empresas e governos do mundo inteiro estão estabelecendo metas de carbono zero (net zero) e regulamentações.

Mas, para que esse mercado atinja todo o seu potencial, é preciso garantir a qualidade e integridade dos créditos de carbono, gerados de acordo com padrões robustos e reconhecidos. Os projetos NBS precisam ter adicionalidade e monitoramento para assegurar o cumprimento de seus objetivos e proporcionar benefícios para o clima, para as comunidades e para a biodiversidade por um período mínimo de 40 anos. Os órgãos certificadores do mercado voluntário de carbono, como a Verra, têm buscado constantemente o aperfeiçoamento de suas metodologias para garantir a consistência dos projetos e a confiança do mercado.

A integridade e qualidade dos projetos estão ligadas à transparência, rastreabilidade e segurança. Tecnologias avançadas, como drones com sensores LiDAR e inteligência artificial, são importantes para aumentar a transparência e acurácia na mensuração do carbono e no monitoramento da biodiversidade e da degradação florestal. Tecnologias sociais, incluindo aplicativos de monitoramento ambiental comunitário e mecanismos de resolução de conflitos e geração de renda, fomentam a gestão colaborativa e a participação ativa em projetos NBS – as ações sociais são essenciais para assegurar a segurança e eficácia dos projetos no longo prazo, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida.

A necessidade das empresas compensarem suas emissões, combinada à garantia de integridade e qualidade dos projetos NBS, deve resultar em um mercado promissor e no provável aumento dos valores dos créditos de carbono, que já proporcionam um retorno atrativo quando comparado a outras atividades econômicas, especialmente a pecuária extensiva em pastagens degradadas. De acordo com um estudo da McKinsey, a demanda pelos créditos aumentará 15 vezes ou mais até 2030 e até 100 vezes até 2050, fazendo esse mercado saltar de US$1 bilhão em 2021 para US$50 a 100 bilhões até o final desta década.

Neste cenário, o Brasil possui uma posição promissora: 15% do potencial global de compensação de carbono por meio de soluções baseadas na natureza concentra-se em seu território, o equivalente a quase 2 GtCO2e – e apenas 1% dessa capacidade é aproveitada atualmente. Para que o país possa se beneficiar desse potencial de crescimento, faz-se necessário também a formação de pessoal capacitado para atender o aumento da demanda. Hoje o mercado já está carente de profissionais tanto na área de desenvolvimento de projetos NBS, quanto na área de auditoria por parte dos órgãos de verificação e validação dos projetos, bem como na área de sustentabilidade dentro das empresas.

Cobrir essas lacunas é essencial para termos condições de descarbonizar a economia, com agricultura e pecuária regenerativas e baseadas na floresta em pé, consolidando o Brasil como uma potência mundial em sustentabilidade. Esta é a revolução das Soluções Baseadas na Natureza.

Fonte: Por Danilo Roberti Alves de Almeida, engenheiro florestal, mestre em Ciências de Florestas Tropicais e doutor em Recursos Florestais.
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Genética: o pilar sustentável da produção animal

casamento entre a excelência genética e a inovação tecnológica não só impulsiona o progresso da pecuária, mas também consolida seu compromisso com a sustentabilidade e responsabilidade ambiental.

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Foto: Divulgação/ABS

A tríade imponente de sanidade, bem-estar e genética não é apenas uma teoria, mas sim a espinha dorsal de toda a produção animal. Esses três pilares não só garantem a eficiência, mas também são a base de uma abordagem verdadeiramente sustentável para a produção animal. Contudo, como a realidade do campo nos lembra incansavelmente, tudo começa com a genética.

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

Em um cenário em que as discussões sobre sustentabilidade ganham cada vez mais relevância e alcance, a urgência de ações concretas se torna evidente. Diariamente, vemos uma crescente pressão e culpabilização sobre a produção animal em relação aos impactos ambientais, como emissões de gases do efeito estufa e desmatamento. É hora de agir rapidamente, trazendo clareza aos debates por meio de dados concretos relacionados à capacidade da produção animal de ser sustentável, e a genética é o insumo permanente.

No contexto desafiador da produção animal sustentável, a genética se destaca como o alicerce desde o primeiro momento, moldando os anos subsequentes após cada seleção criteriosa. Ao longo de décadas, testemunhamos de perto os avanços tecnológicos no campo do melhoramento genético animal, uma saga de progresso que assegura a continuidade dos alelos favoráveis – as verdadeiras engrenagens que impulsionam a produção animal.

A busca por características que potencializam a eficiência animal está no centro das atenções e é amplamente adotada. Esta abordagem tem permitido a coleta de fenótipos relevantes, evidenciando a capacidade de animais com alto mérito genético em manter padrões elevados de qualidade e desempenho, ao mesmo tempo em que demonstram uma excepcional eficiência na conversão alimentar, no rendimento de carcaça e na redução do tempo de permanência na fazenda. Os pecuaristas contabilizam, ao final, um saldo positivo rastreado e almejado.

Na vanguarda da inovação na pecuária, a implementação estratégica de linhagens terminais nos rebanhos emerge como um exemplo marcante de avanço. Esta abordagem, que capitaliza a complementaridade entre raças e explora a heterose, tem impulsionado de forma notável a eficiência produtiva. Resultados tangíveis são observados na redução substancial do tempo de confinamento dos animais, além de um notável aumento no peso e rendimento da carcaça, bem como na qualidade da carne.

Além disso, destacamos a importância da aplicação de tecnologias de ponta e metodologias inovadoras, como as ômicas, que têm revolucionado o cenário da seleção genética. Este vasto campo promete uma nova era na pesquisa e aplicação, permitindo a identificação e expressão de características altamente desejáveis. Entre elas, destaca-se a atenção aos pilares da sustentabilidade, bem como a compreensão aprofundada da microbiota ruminal, cujo papel crucial na mitigação das emissões de gases do efeito estufa é cada vez mais reconhecido.

Assim, o casamento entre a excelência genética e a inovação tecnológica não só impulsiona o progresso da pecuária, mas também consolida seu compromisso com a sustentabilidade e responsabilidade ambiental.

Em resumo, a manutenção da conexão ciência-indústria-campo é um elemento vital na busca pela produção sustentável, permitindo a produção de animais mais eficientes, saudáveis e adaptados ao meio ambiente, garantindo estabilidade na produção animal e um futuro alimentar seguro e saudável para as gerações futuras.

Nessa jornada, há um setor engajado e com a busca incessante pela excelência genética, pois sabemos que é a partir dela que construímos os fundamentos de um amanhã mais promissor para a produção animal sustentável, sem esquecer de garantir a subsistência da próxima geração de agricultores e pecuaristas.

Fonte: Por Laís Grigoletto, gerente de Serviços Genéticos Corte Latam da ABS.
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