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Bovinos / Grãos / Máquinas

Os 160 dias mais importantes da lactação de uma vaca leiteira

Aumento da produtividade é o principal desafio da atividade leiteira e neste contexto o período periparto representa o principal agente desta mudança

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Artigo escrito por Rodrigo Gregory Villalba, gerente de Produtos Ruminantes da Neovia

Mesmo com todas as dificuldades do produtor de leite brasileiro, a produção nacional deverá passar dos atuais 36 bilhões para 45 bilhões de litros até 2025. Este incremento deverá atender ao crescimento da demanda brasileira e mundial. O aumento da produtividade é o principal desafio da atividade leiteira e neste contexto o período periparto representa o principal agente desta mudança. Entende-se por período periparto os dias que antecedem o parto e os primeiros dias após o parto. Não há uma regra que defina quantos são estes dias, mas considerar os 60 dias entre uma lactação e outra, conhecido como período seco, e os 100 dias após o parto como os dias mais importantes de uma lactação não estaria errado.

Normalmente consideramos o período pré-parto como o período que compreende as três semanas que antecedem o parto, enquanto que o correto deveria se considerar um mínimo de 45 a 60 dias. Além disso, este período é importante de forma diferente para vacas que foram secas para o próximo parto e para novilhas que nunca pariram.

Alterar o período seco de 60 para 45 dias, em geral, não traz prejuízos aos animais ou à lactação seguinte, desde que se siga com rigor as regras nutricionais do pré e pós parto, levando-se em consideração o bom manejo sanitário, o manejo ambiental e principalmente o manejo nutricional. Para primíparas o período entre o primeiro e o segundo parto deve respeitar os 60 dias.

Outro ponto importante para focar as atenções é o escore da condição corporal dos animais ou ECC, que deve estar entre 3 e 3,5 no momento do parto. O ECC vai de 1 a 5, sendo 1 para vacas extremamente magras e 5 para vacas extremamente gordas. Vacas com baixa condição corporal tendem a apresentar muito mais problemas nas semanas seguintes ao parto do que vacas em condições de ECC normais e isso vale para os animais com ECC maior que 4 também. Para escore baixo, os problemas principais são hipocalcemia, dificuldades de parto, problemas reprodutivos nos meses seguintes ao parto, entre outros problemas. Para vacas com escore muito alto, os principais problemas são a esteatose e cetose, ambos causados pela excessiva mobilização de gordura corporal nos primeiros dias após o parto.

Mesmo sabendo que precisamos de vacas parindo com ECC entre 3 e 3,5 é muito comum encontrarmos nas fazendas, mesmo as mais tecnificadas, vacas fora deste intervalo. Em fazendas com boas médias de produção é comum encontrar casos de descarte especialmente por questões reprodutivas. Muitos destes descartes poderiam ser evitados se fosse dada mais atenção ao período periparto. O simples fato de um animal não estar ganhando peso nos dois ou três meses posteriores ao parto faz com que o animal tenha dificuldade de emprenhar. Vacas magras ou perdendo peso emprenham em menos de 15% das tentativas.

São muitas as perdas pela falta de atenção ao período periparto, especialmente no pré-parto. A febre do leite ou hipocalcemia é a mais conhecida das perdas dos produtores brasileiros. Estudos apontam que a ocorrência de febre do leite em rebanhos leiteiros nos Estados Unidos fica em torno de 5%, sendo que em 8% destes casos terminam com a morte do animal e em 12% terminaram com o descarte. Os riscos aumentam em torno de 9% por parto e o excesso de peso também aumenta o risco. Além da hipocalcemia, a cetose também é outra fonte de prejuízo para o produtor de leite, e muitas vezes passa despercebida. A cetose ocorre quando há baixa ingestão de matéria seca pelos animais e isso obriga o animal a mobilizar gordura corporal, levando a problemas hepáticos. Ao contrário do que se pensa, a cetose não é restrita a animais com ECC elevada. Além disso, a baixa ingestão de matéria seca permite com que o rúmen fique vazio e isso aumenta os riscos de torsão de abomaso, outra fonte de prejuízos.

No período das três semanas que antecedem o parto, também conhecido como período pré-parto, é comum que muitos produtores aumentem o fornecimento de cálcio da dieta, o que é um erro e pode trazer problemas sérios aos animais. Altas quantidades de cálcio na dieta nesta fase podem alterar a forma como o cálcio é absorvido e aumentar os riscos de hipocalcemia.

Quando optamos por uma dieta com baixo cálcio entra em cena o PTH, hormônio responsável pelo balanço de cálcio nos ossos. Quando há pouco cálcio sanguíneo neste período, o PTH entra em ação, ativando mecanismos para reabsorção de cálcio ósseo, restaurando os níveis sanguíneos.

Outra opção para dietas de pré-parto são as dietas aniônicas, que têm por objetivo diminuir as concentrações nutricionais de sódio e potássio e aumentar as quantidades de cloro e enxofre, diminuindo a alcalose metabólica, o que é bom para esta fase. Esta diminuição pode ser verificada pelo pH urinário, que geralmente está acima de 8 e com dietas aniônicas efetivas podem chegar a níveis entre 5,8 a 6,0. Sempre que o pH estiver abaixo destes níveis há necessidade de ajustes na dieta, pois com pH tão baixo os ânions da dieta causam uma acidose metabólica descompensada e isso pode causar uma baixa na ingestão de matéria seca, o que não é desejável.

A composição geral da dieta de pré-parto tem pouco impacto desde que seguido preceitos antigos de respeito à densidade energética, proteica, mineral e vitamínica. Novas linhas de pesquisas sugerem manter níveis diários entre 3 e 5 mg de selênio orgânico e 500 a 1000 mg de vitamina E para evitar problemas como retenções de placenta, metrites, além de ajudar na prevenção de mastites. O uso de protetores hepáticos a base de colina, betaína e metionina e níveis entre 0,65 e 0,7% de magnésio nas dietas para evitar problemas como febre do leite.

Depois de passados os 60 dias que antecedem o parto, entre a secagem e a parição, a vaca entra na fase de pós parto. Neste período, passa pelo balanço energético negativo, que por si só merece um longo texto apenas para este assunto. Neste período, as vacas recém paridas estão a mercê de vários fatores negativos e que comprometem sua saúde. Os principais são problemas hepáticos, torsões de abomaso, metrites, retenções placentárias, e nos primeiros 100 dias após o parto toda atenção é válida. Uso de drench, protetores hepáticos a base de betaína, metionina, colina devem entrar na conta de qualquer fazenda.

Todos os problemas do periparto podem ser minorizados com um manejo de pré e pós parto bem feitos. Entender que estes 160 dias são os mais importantes de todo o período de lactação de uma vaca já é um passo a frente.

Mais informações você encontra na edição de Bovinos, Grãos e Máquinas de fevereiro/março de 2017.

Fonte: O Presente Rural

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Por que suplementar?

O uso de suplementos possibilita a melhoria da produção animal no Brasil.

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Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

A produção animal no Brasil, pecuária de corte, leite, avicultura e suinocultura, apresentou um avanço nos últimos 30 anos tornando o país um dos maiores produtores e exportadores de proteína animal do mundo. Tudo isso motivado por vários fatores como o avanço do melhoramento genético, aliado as melhorias dos manejos sanitário e nutricional.

Outro fator que merece destaque é o uso de suplementos vitamínicos, minerais e aminoácidos (injetáveis, oral, ou em pó) por parte dos produtores. Vale citar que o uso de suplementos minerais e proteinados na pecuária de corte e leite corrige e previne as carências.

Segundo Vieira (2024) o desenvolvimento e aprimoramento dos suplementos minerais (sal mineral), dos proteinados, dos suplementos vitamínicos injetáveis, orais e premix[2] contribuíram para o desenvolvimento da produção animal, na prevenção de doenças de origens nutricionais, na correção das deficiências minerais, vitamínicas, potencializando a produção de carne, leite e ovos.

Bútolo (2010) destaca os avanços da pesquisa técnica e científica da nutrição animal nos últimos cinquenta anos, no qual possibilitou a melhoria da produção animal e consequentemente a produção de alimentos. Enfatiza que os estudos, além de avaliarem o valor nutritivo dos alimentos, evoluiu para os estudos de avaliação dos processos fisiológicos e como eles são afetados.

Tais estudos levaram ao desenvolvimento de compostos e suplementos que atuam no metabolismo, aumentando a eficiência fisiológica (principalmente na utilização de alimentos) e consequentemente aumentando a produção animal.

Um dos exemplos, pode citar os suplementos injetáveis múltiplos, nos quais cada nutriente tem uma ação específica.

Lobão (1984) compara o animal como uma empresa industrial. Segundo o autor, na empresa industrial existem três fatores importantes: matéria-prima, máquina e produto. Ao fazer a comparação, seu corpo é uma máquina, aquilo que entra no animal é a matéria-prima (alimento). Ele precisa deste alimento para produzir (em seus processos biológicos) e o produto final é carne, leite, bezerro, ovos, excreções, entre outros. Mas precisa haver um balanço desses fatores, senão haverá desgaste da máquina e cessa a produção. O animal, como qualquer outra máquina, precisa ter sua manutenção durante o processo produtivo passando por manutenções preventivas e corretivas (caso as deficiências nutricionais). O uso de suplementos é uma poderosa ferramenta para a manutenção do organismo animal, considerando que nem todos os nutrientes estão presentes na composição de sua dieta.

Por que suplementar? Esta é a pergunta que grande parte dos produtores fazem aos técnicos sempre olhando pelo lado econômico, sem se preocupar com o lado técnico e fisiológico da questão.

Diante do exposto, o artigo pretende responder aos questionamentos do uso dos diversos tipos de suplementos.

O que é suplementar? Por que suplementar?

De acordo com Veiga (1984), Nunes (1998), suplementar significa complementar; adicionar; suprir.

Segundo Veiga (1984) quando se faz uso de qualquer suplemento, completa-se, corrige-se a composição das dietas, ou atende-se as necessidades dos animais, desta forma responde-se aos questionamentos do porquê suplementar. O mesmo autor esclarece que as quantidades de nutrientes exigidas pelos animais para o perfeito desenvolvimento de suas funções são expressas em termos das necessidades. Essas necessidades são expressas em duas ordens, a se destacar:

  • Necessidades para manutenção: representam as quantidades de nutrientes exigidas por um animal sadio, mantido em um local compatível com sua saúde, suficiente parta manter seu organismo em perfeito “funcionamento” sem ganhar ou perder peso;
  • Necessidades para produção: representam as quantidades exigidas pelo animal para geração de alguma finalidade produtiva. Consideram-se como produções: crescimento, engorda, reprodução, produção de carne, leite, ovos, entre outros.

Vale enfatizar outras reflexões respondendo aos questionamentos da necessidade de suplementar os animais, principalmente quando se trata da produção de bovinos de corte e leite.

Teoricamente, as forragens consideradas de alta qualidade, devem ser capazes de fornecer os nutrientes necessários para atender as exigências dos animais em pastejo, quais sejam energia, proteína, vitaminas e minerais (Paulino, 2004).

Entretanto, a qualidade das pastagens no Brasil tem na sazonalidade climática (pastagens verdes na época das chuvas e secas nas épocas de estiagens) um dos fatores limitantes para o desenvolvimento produtivo dos animais, comprometendo a reprodução, engorda, recria e demais índices produtivos (Vieira, 2019).

Paulino et al (2004) sugere que nos locais produtivos, onde não há possibilidade de produção e fornecimento contínuo de pastagens de qualidade ao longo do ano, o uso de sistemas de alimentação combinando pastagens, fornecimento de silagens, feno (grifo meu), suplementos adicionais (minerais e proteinados) são requeridos para viabilizar o ajuste nutricional necessário e com isso atender as necessidades nutricionais dos animais.

No caso das vitaminas, minerais e aminoácidos, além do fornecimento de silagens, fenos de boa qualidade (mais econômico), a suplementação pode ser oferecida por meio de rações concentradas, suplementos alimentares em pó e suplementos injetáveis.

Por que fazer a suplementação a pasto com suplementos minerais e proteinados?

De acordo com Reis et al (1997), a “suplementação a pasto” atua como o ato de adicionar os nutrientes à nutrição dos animais na pastagem, relacionando-os com a exigência dos animais em pastejo. Conforme citado anteriormente, os suplementos são comumente utilizados para adicionar nutrientes extras ou suprir aqueles limitantes ao desempenho do animal.

Utiliza-se a suplementação a pasto no Brasil em virtude das alterações quantitativas e qualitativas observadas nas pastagens ao longo do ano, principalmente no período seco do ano, quando a qualidade nutricional tem uma queda significativa, principalmente nos valores proteicos e minerais levando a baixa produção de carne e leite neste período.

Assim surge-se a necessidade de ofertar suplementos minerais (corrigir as deficiências minerais) e suplementos minerais proteinados (alto teor de proteínas) com a finalidade de corrigir as deficiências proteicas presentes nas pastagens.

No período chuvoso administra-se o suplemento proteinado energético no intuito de potencializar o ganho de peso dos animais.

São várias as vantagens de se utilizar a suplementação a pasto, a se destacar: corrige a deficiência de nutrientes das forragens, aumenta a capacidade de suporte das pastagens, auxilia no manejo das pastagens, previne as doenças carenciais, mantém o peso dos animais no período seco e em muitos casos dependendo do tipo de proteinado ofertado (médio ou alto consumo), ocorre uma engorda relativa.

Alguns autores como Lobão (1984), Nunes (1998) e Paulino et al (2004) fazem considerações, nas quais considera-se pertinente quanto a utilização dos suplementos minerais e proteinados, a fim de:

  • Os suplementos minerais devem ser administrados durante os 365 dias do ano, em todas as categorias animais, e se possível com o teor de fósforo adequado para cada finalidade produtiva (reprodução, engorda, crescimento, entre outros);
  • O mercado oferece um suplemento proteinado para cada época do ano;
  • Vários fatores interferem na ingestão dos suplementos, nos quais os produtores e técnicos devem ficar atentos, como: patologias na boca dos animais, animais doentes, mistura inadequada, temperatura ambiente, cocho descoberto (interferência das chuvas), altura do cocho, largura do cocho muito curta e localização do cocho. Todos esses fatores podem levar os animais a uma ingestão inadequada e como consequência levar as deficiências nutricionais.

Por que utilizar os suplementos a base de minerais, vitaminas e aminoácidos?

A deficiência de vitaminas e minerais é uma realidade cada vez mais comum nos manejos nutricionais da produção animal.

Apesar dos pecuaristas oferecerem volumosos e suplementação mineral/proteica aos animais, os produtores darem ração aos animais para manter uma saúde equilibrada e aumentar a produção, algumas fases da produção exigem muito do organismo animal como a reprodução, a gestação, a produção intensiva (confinamento, semiconfinamento e engorda de leitões), a produção leiteira, quadro de doenças infecciosas, parasitárias que podem levar a uma carência de nutrientes importantes para a saúde dos animais e comprometer o processo produtivo.

Nesses casos, a suplementação a base de vitaminas, sais minerais e aminoácidos pode ser uma alternativa para repor esses nutrientes e evitar problemas de saúde decorrentes da deficiência nutricional.

Uma das opções de suplementação é a via oral, em que as vitaminas e minerais são ingeridos por meio de comprimidos, pós ou líquidos. No entanto, nem sempre essa opção é suficiente para garantir a absorção completa dos nutrientes pelo organismo.

Outro fator a enfatizar é a administração via oral de suplementos a base de líquidos para determinadas espécies como os bovinos, suínos, cujo manejo dos animais impedem uma melhor administração dos suplementos.

Nesse sentido, o uso dos suplementos injetáveis surge como uma alternativa interessante para garantir uma absorção mais rápida e completa dos nutrientes. A grande vantagem do uso dos suplementos injetáveis é que eles são absorvidos de forma mais rápida pelo organismo, adentram na corrente sanguínea promovendo ações aceleradas, no que tange a prevenção e na correção dos sintomas carenciais.

Atualmente a indústria tem desenvolvido suplementos injetáveis com múltiplos nutrientes, cuja finalidade principal é desempenhar simultaneamente várias funções no organismo.

Os suplementos injetáveis a base de minerais e aminoácidos, acrescidos ou não de vitaminas atuam também com potencializadores de desempenho e são aplicados antes e durante (manutenção) o processo produtivo, como na reprodução (fêmeas e machos), produção intensiva (confinamento e semiconfinamento) e recria acelerada.

Os suplementos injetáveis também são utilizados em animais convalescentes após as cirurgias, na recuperação (auxílio) de patologias toxicológicas e nos casos de animais com dificuldades de se alimentarem.

Portanto, o uso de suplementos tem contribuído para o aumento da produção animal.

Suplementar significa acrescentar, complementar, suprir e o seu uso baseia-se nas necessidades de manutenção e produção por parte dos animais e são utilizados para corrigir ou suprir as deficiências, de acordo com as necessidades.

O uso da suplementação a pasto, com suplementos minerais e proteinados, cuja principal função é a correção das deficiências nutricionais presentes nas pastagens, e também o uso de suplementos a base de minerais, vitaminas e aminoácidos em suas várias formas de administração, destacando-se os suplementos injetáveis múltiplos, desempenham funções simultâneas, no qual conferem absorção rápida pelo animal e segura.

As referências podem ser solicitadas ao autor pelo e-mail guilherme@farmacianafazenda.com.br.

Fonte: Por Guilherme Augusto Vieira, médico-veterinário, professor universitário e doutor em História das Ciências; estudos foram realizados em parceria com a Noxon Saúde Animal (Megabov).
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Governo Federal publica medidas excepcionais para apoiar setor lácteo no Rio Grande do Sul

Iniciativa vai simplificar a coleta do produto no estado gaúcho. O ministro Fávaro reforçou que a Pasta está comprometida em desenvolver ações emergenciais em apoio ao estado gaúcho.

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Foto: Juliana Sussai

Diante do cenário de calamidade pública em diversos municípios do Rio Grande do Sul, na última quinta-feira (09), o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) publicou a Portaria nº 1.108/24 que autoriza, temporariamente, a implementação de medidas excepcionais que simplifica as regras a serem cumpridas pelos estabelecimentos produtores de leite e derivados registrados no Serviço de Inspeção Federal (SIF) na região.

A Portaria visa fornecer suporte aos produtores afetados, permitindo-lhes adotar medidas que possibilitem a continuidade das operações diante das adversidades enfrentadas. “O governo está trabalhando para dar total apoio ao agro no Rio Grande do Sul. Nós do Mapa estamos desempenhando um papel ativo para apoiar o produtor gaúcho. O Brasil reconhece a importância do estado. A preservação do produtor vai ser feita”, reforçou o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.

A norma busca mitigar os impactos econômicos enfrentados pelo setor de laticínios, garantindo a manutenção do abastecimento para a população e evitando tanto a escassez quanto o aumento dos preços dos produtos lácteos. Além disso, são estabelecidas regras sanitárias adaptadas à situação de crise, preservando a rastreabilidade e a inocuidade desses alimentos de origem láctea.

Uma das medidas emergenciais adotadas pelo Mapa foi a coleta de leite e derivados, que possuem registro no SIF), ser realizada diretamente das propriedades rurais, localizadas nos municípios afetados pela situação de calamidade, sem a necessidade de cadastro prévio dos produtores no Sistema de Informações Gerenciais do Serviço de Inspeção Federal (SIGSIF) ou de realizar previamente as análises laboratoriais dos produtos.

Ainda, a medida reforça que o empréstimo de embalagens e produtos controlados entre os estabelecimentos de leite e derivados, registrados sob diferentes esferas de inspeção sanitária, deverá ser realizado mediante controle da cessão e recebimento dos produtos ou embalagens, com a emissão de documentos ou registros da quantidade e destinação para fins de arquivo e controle.

Fonte: Assessoria Mapa
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Ferramenta de seleção para facilidade de parto em novilhas Nelore reduz distocias e aumenta a rentabilidade

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Foto: Gabriel Faria

Tradicionalmente, a seleção genética nas raças zebuínas é focada em características relacionadas ao crescimento, devido à importância produtiva, econômica e por apresentarem resposta favorável à seleção quando aplicadas como critério de seleção. Contudo, nos últimos tempos há uma preocupação emergente sobre a seleção focada em características de crescimento em idades jovens e o impacto no tamanho adulto, composição da carcaça, fertilidade e produtividade nos rebanhos zebuínos.

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

A seleção para precocidade sexual e fertilidade também tem notoriedade dentro do melhoramento genético de zebuínos. A antecipação da prenhez é uma característica que possibilita melhorar a fertilidade e a precocidade sexual, e apresenta alta variabilidade genética aditiva, justificando sua aplicação como critério de seleção na pecuária de corte.

Diante disso, na seleção para maiores taxas de crescimento e precocidade sexual, nota-se que a incidência de problemas ao parto (distocia) aumentou nos últimos anos, provavelmente devido ao maior peso ao nascer do bezerro e menor idade ao primeiro parto de novilhas precoces, como consequência do incremento da precocidade sexual dos rebanhos. A distocia em novilhas tem efeitos desfavoráveis na fertilidade, proporcionando menores taxas de reconcepção, descarte de matrizes, além de prejudicar a viabilidade e aumentando a taxa de mortalidade de bezerros.

Atualmente, a característica peso ao nascer (PN) é o critério de seleção adotado para indicar dificuldade de parto nas raças zebuínas. As estratégias de acasalamento envolvem o uso de DEPs (diferença esperada na progênie) moderadas a baixas para PN visando menor incidência de distocias. No entanto, estudos evidenciam que a seleção para baixo PN pode interferir no desenvolvimento animal, prejudicando o ganho de peso e peso vivo em idades mais avançadas. Em vista disso, são necessárias alternativas de seleção genética que possibilitem solucionar essa questão.

Nas raças taurinas, a característica facilidade de parto (FP) é um componente essencial da eficiência reprodutiva. Já nas raças zebuínas ainda são escassos relatos dessa característica. Embora a seleção indireta para baixo PN possa contribuir para reduzir distocias, a seleção direta para FP associada com a seleção para PN seria uma interessante alternativa e resultaria em ganho genético em longo prazo.

Estudo avalia a importância da facilidade de parto

O cenário da pecuária de corte atual busca aumentar de forma sustentável a rentabilidade do rebanho e reduzir a incidência de problemas ao parto. Diante disso, a Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP) em parceria com a USP, Unesp e Embrapa Cerrados realizou um estudo com o intuito de analisar a importância da adoção da facilidade de parto como critério de seleção, quantificar a variabilidade genética dessa característica e a associação genética entre FP e outras características como crescimento, reprodução, carcaça e eficiência alimentar em primíparas da raça Nelore.

O conjunto de dados fenotípicos utilizados foi fornecido pelo programa de melhoramento genético Nelore Brasil da ANCP. Os dados de FP de novilhas primíparas foram coletados

de 21 rebanhos distribuídos pelo Brasil. Os animais foram classificados quanto à necessidade de assistência ao parto, sendo 88% dos partos sem assistência e 12% necessitaram de assistência.

O estudo, que teve início em 2019, comprovou que a correlação genética estimada entre FP e características indicadoras de precocidade sexual das fêmeas foi moderada, sugerindo que a seleção para antecipação do parto em novilhas aumentaria a incidência de problemas de parto nessa categoria, o que traz consequências negativas para a fertilidade, reforçando a importância da seleção para facilidade de parto como critério auxiliar de seleção, principalmente em rebanhos selecionados para precocidade sexual.

Entre peso ao nascer e facilidade de parto as estimativas de correlação genética foram moderas e negativas, indicando que a seleção para menor peso ao nascer reduziria a incidência de distocia. Apesar da correlação genética moderada com FP, a estimativa não é alta o suficiente para afirmar que a característica PN possa substituir ou servir como indicador direto de FP em bovinos Nelore. Além disso, a seleção para baixo PN pode proporcionar impacto negativo nos pesos subsequentes após o desmame. Assim, é possível inferir que a FP é um componente crucial a ser considerado para reduzir problemas de parto em vacas primíparas da raça Nelore.

Para características de crescimento pós-desmame, as estimativas de correlação genética foram baixas e próximas de zero, indicando que a seleção para desempenho pós-desmame não influenciaria a FP. Esses resultados reforçam que se o objeto de seleção é reduzir problemas de parto, é mais vantajoso aplicar a seleção direta para FP ao invés da seleção para PN, uma vez que a seleção para baixo PN poderia potencialmente retardar o crescimento animal, dada a sólida e favorável correlação genética entre PN com peso ao desmame e sobreano.

Em relação às características de carcaça, as estimativas de correlações genéticas com FP foram baixas, sugerindo que a seleção para facilidade de parto não afetaria o rendimento de carcaça, a deposição de gordura intramuscular ou a espessura da gordura subcutânea. Da mesma forma, as estimativas de correlações genéticas obtidas entre FP com características indicadoras de eficiência alimentar foram baixas. Assim, se é desejável obter seleção genética para carcaça, eficiência alimentar e bom desempenho ao parto, todos esses critérios de seleção devem ser trabalhados em conjunto, uma vez que essas características apresentam correlações desfavoráveis.

A seleção para FP em primíparas é um critério importante a ser considerado na raça Nelore, dado o impacto dos efeitos genéticos diretos e maternos sobre esta característica. As estimativas de herdabilidade para FP obtidas no estudo indicaram que a seleção para essa característica é viável para reduzir os problemas ao parto em novilhas precoces.

Outro ponto importante evidenciado neste estudo é a seleção e acasalamento de fêmeas precoces, onde a FP deve ser levada em consideração para reduzir problemas de parto nessa categoria. Além disso, a associação genética entre FP e PN apontou que selecionar apenas para baixo peso ao nascer para reduzir problemas de parto não é a estratégia mais adequada para aumentar a facilidade de parto em novilhas Nelore.

Portanto, os resultados indicam que a adoção de um modelo de seleção multicaracterística combinando a seleção para FP com características reprodutivas e de crescimento melhoraria a seleção para precocidade sexual, resultando em maior sucesso reprodutivo, com menor incidência de problemas ao parto, sem prejudicar o desempenho das características de crescimento, eficiência alimentar e de carcaça.

Os cinco anos de estudo científico resultaram na criação da DEP para facilidade de parto para a raça Nelore que será lançada de forma inédita ao mercado brasileiro no 28° Seminário Nacional de Criadores e Pesquisadores da ANCP, que acontece no dia 16 de agosto, em Uberaba (MG).

Fonte: Por Maria Paula Marinho de Negreiros, médica-veterinária e mestre em Ciências. Atua no setor de Genótipos da ANCP.
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