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O uso de óleos essenciais como anestésicos em piscicultura

Uma das maneiras de se prevenir o estresse em peixes durante o manejo é o uso de anestésicos

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Artigo escrito por Luis Antonio Kioshi Aoki Inoue, pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Dourados, MS

No crescente mercado de produtos naturais, destaca-se o emprego de óleos essenciais em diferentes áreas do conhecimento, inclusive a aquicultura. O princípio é de que muitas plantas são capazes de sintetizar moléculas impossíveis de se obter em laboratório ou ainda essa produção seria economicamente inviável. Essas moléculas estão presentes em pequenas quantidades nas partes das plantas (raízes, folhas, caules, flores, frutos) e para que se obtenha quantidades maiores são feitos os extratos botânicos ou a obtenção dos óleos por hidro destilação. Esses produtos (extratos ou óleos) são analisados em laboratório para ser traçado o seu perfil de componentes químicos. Dessa forma, é possível direcionar as pesquisas a respeito dos usos potenciais destes extratos e princípios ativos.

Nas práticas rotineiras na piscicultura, o manejo inevitavelmente está presente, sendo os peixes manuseados para fins de gerenciamento de campo da produção, como em pesagens, contagens, transporte e transferências entre tanques. Entretanto, nessas ocasiões o equilíbrio dos peixes com o ambiente é quebrado, de forma que o metabolismo animal se altera no sentido de produzir energia extra para ser utilizada em fugas, lutas ou adaptações fisiológicas dos animais às novas condições. Esse conjunto de reações do metabolismo é chamado estresse que, quando em intensidade e duração excessiva, pode comprometer a produção aquícola.

Dessa forma, uma das maneiras de se prevenir o estresse em peixes durante o manejo é o uso de anestésicos. Muitas espécies de peixes se movimentam em excesso durante o manejo, podendo sofrer injúrias nas superfícies dos corpos por abrasão ou impactos por quedas, bem como perda de muco. Doenças podem se manifestar alguns dias depois, levando até a mortalidade em massa e prejuízos econômicos. Ainda algumas espécies como os bagres pintado, cachara e surubim apresentam ferrões que podem ferir os outros peixes e até mesmo os trabalhadores. Porém, um dos únicos anestésicos regulamentado para peixes é a tricaina metano sulfonato (MS 222). Além de ser um produto importado, apresenta custo inacessível para muitas unidades de piscicultura no Brasil. Em adição, necessita de período de carência de 21 dias após o seu uso.

O anestésico natural para peixes mais estudado é o óleo de cravo, extraído de partes da planta de cravo da Índia por hidro-destilação. O seu componente majoritário é o eugenol. Um produto anestésico comercial para peixes é produzido a partir do isoeugenol e descrito em outros países, como Austrália. O óleo de cravo tem vasto uso em seres humanos como aromatizantes em alimentos e, na odontologia, o eugenol é amplamente utilizado na composição do preenchimento temporário com o óxido de zinco. Isso quer dizer que se um peixe que foi anestesiado com eugenol for acidentalmente consumido, o indivíduo estaria exposto a uma quantidade de eugenol muito menor do que a recebida em uma restauração dentária. Além do mais o tempo de eliminação do eugenol é muito inferior aos 21 dias citado acima para o MS 222.

Outro anestésico natural para peixes conhecido é o mentol, presente em óleos de algumas espécies de hortelã, principalmente Mentha arvensis e Mentha x piperita. O mentol também tem vasto uso em seres humanos, como as indústrias alimentícias e farmacêuticas.

Diversos grupos de pesquisas no Brasil têm estudado o uso de óleos essenciais como anestésicos naturais para peixes. Destacam-se os estudos com os óleos de cidreira (Lippia alba), alecrim pimenta (Lippia sidoides), alfavaca cravo (Ocimum gratissimum), jambú (Spilanthes acmella), cidrão (Aloysia tryphila) e melaleuca (Melaleuca alternifólia). Pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste trabalham com o uso de óleos essenciais na aquicultura. Possuem patentes depositadas e seguem os trabalhos buscando parcerias para o lançamento de produtos naturais no mercado. A Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS) obteve bons resultados em um projeto financiado pela Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado do Mato Grosso do Sul (Fundect TO 126/2016). Na região Sul do Brasil destaca-se a Universidade Federal de Santa Maria com trabalhos de uso de óleos essenciais como anestésicos do bagre jundiá.

De toda forma, não quer dizer que por ser em produtos naturais não necessitam de cuidados para uso em peixes. Os peixes devem ser expostos às concentrações adequadas para cada espécie e tamanho, de forma a atingir um estágio anestésico satisfatório para a execução de determinada prática de manejo, e por tempo adequado para evitar superexposição. Exemplo, para pesar e medir peixes utiliza-se o estágio 3 de anestesia, caracterizado como a perda total de equilíbrio do peixe na coluna de água, sendo observada total incapacidade para volta à posição normal de nado, também conhecido como o estágio de anestesia dos “peixes de barriga pra cima”. De forma geral, os peixes não devem ficar mais do que 5 a 10 minutos nas soluções anestésicas sob o risco de não retornarem da anestesia ou sofrem danos irreversíveis como descrito na literatura científica nas córneas e lamelas branquiais.

Muitos trabalhos avaliam respostas fisiológicas de peixes anestesiados com óleos essenciais. Amostras de sangue e tecidos são coletadas antes, durante e depois dos banhos anestésicos. De maneira geral, as alterações fisiológicas estudadas são detectadas com mais intensidade logo após as exposições aos óleos essenciais como anestésicos. Recuperação total dos indivíduos deve ser observada poucas horas depois. No que se refere ao tempo de eliminação de componentes majoritários dos óleos essenciais da corrente sanguínea de peixes, foi constatado que peixes anestesiados com os óleos de Lippia alba e Lippia sidoides eliminaram a maior parte em menos de duas horas depois da anestesia e retorno à agua limpa livre de qualquer produto. Vinte e quatro horas após as concentrações na corrente sanguíneas eram mínimas até que em 48 h eram indetectáveis.

Durante o uso de anestésicos em peixes, os técnicos e trabalhadores da piscicultura entram em contato, ainda que mínimo, com os diferentes produtos. Assim, existe a preocupação do contato repetitivo em longo prazo. Peixes expostos ao óleo de cidreira não apresentaram alterações dos micronúcleos das células sanguíneas, enquanto que peixes expostos ao eugenol sim. Porém, mais estudos são necessários, especialmente a respeito dos possíveis efeitos dos óleos essenciais aos seres humanos, ainda que em trabalhos in vitro.

A prática do uso de anestésico no manejo de peixes é necessária e importante. Para tal, existem inúmeros produtos disponíveis no mercado, com destaque aos óleos essenciais. Os produtores precisam utilizá-los da forma correta e segura, de maneira que os benefícios do uso de anestésicos sejam obtidos sem trazer transtornos à sua produção.

Fonte: Embrapa

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Com presença de autoridades, 89ª ExpoZebu será aberta oficialmente neste sábado

Expectativa é que 400 mil pessoas passem pela maior feira da pecuária zebuína do mundo até o dia 6 de maio, 35 comitivas internacionais com 700 estrangeiros.

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Foto: Divulgação/ABCZ

Será aberta oficialmente neste sábado (27), a 89ª ExpoZebu – Genética Além das Fronteiras. O presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Gabriel Garcia Cid, fará a abertura da solenidade às 10 horas no Parque Fernando Costa, em Uberaba (MG).

Confirmaram presença no evento o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, o governador do Ceará, Elmano de Freitas, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Carlos Fávaro, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, o secretário de Defesa Agropecuária do Mapa, Carlos Goulart.

A expectativa é que 400 mil pessoas passem pela maior feira da pecuária zebuína do mundo até o dia 6 de maio, 35 comitivas internacionais com 700 estrangeiros.

A ExpoZebu deste ano ressalta a força da cadeia produtiva da carne e do leite destacando avanços da genética zebuína, a relevância dos subprodutos da pecuária, trazendo ampla gama de produtos e serviços especializados.

Além disso, evidencia para criadores, investidores, profissionais do setor, estudantes e toda a comunidade as mais recentes técnicas de produção, manejo de rebanhos, nutrição animal, inovação tecnológica e oportunidades de negócios, apresentando muito mais do que uma exposição de gado.

Esta edição conta com 2.520 animais que participarão dos julgamentos entre os dias 28 e abril a 4 de maio. A programação também inclui o 2º Congresso Mundial de Criadores de Zebu (Comcebu), o 44º Torneio Leiteiro, 38 leilões, 8 shoppings de animais, palestras educativas, workshops práticos, demonstrações ao vivo voltadas ao impulsionamento da eficiência e produtividade porteira adentro.

Além disso, atrações para todos os públicos como a tradicional Feira de Gastronomia e Alimentos de Minas, a 39º Mostra do Museu do Zebu e shows, o que contribui para a movimentação da economia com geração de 4.200 empregos diretos e indiretos.

O Parque Fernando Costa estará aberto para visitação durante os dias de feira das 7h30 às 22h. Especialmente neste sábado, os visitantes poderão degustar pipoca e algodão doce gratuitamente no período da manhã.

A ‘89ª ExpoZebu – Genética Além das fronteiras’ é uma realização da ABCZ, com patrocínio de Cervejaria Petrópolis – Itaipava, Neogen, Banco do Brasil, Cachaça 51: uma boa ideia, Sistema CNA/Senar, Programa leilões, Chevrolet, SETPAR empreendimentos e Caixa – Governo Federal e apoio de Geneal, Sicoob Credileite, Prefeitura de Uberaba – Geoparque, Sindicato Rural de Uberaba e Fazu.

Fonte: Assessoria ABCZ
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Milho sofre queda de 8% na produção da segunda safra no Paraná

Expectativa atual é que sejam produzidas 13,5 milhões de toneladas nesta safra em uma área de 2,4 milhões de hectares. No campo, 10% das lavouras estão em condições ruins, 21% em condição mediana e 69% em condição boa.

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A produção do milho na segunda safra 2023/24 deve ter uma redução no Paraná. A expectativa atual é que sejam produzidas 13,5 milhões de toneladas nesta safra em uma área de 2,4 milhões de hectares, uma perda de 8% no volume comparativamente à expectativa inicial de produção, de 14,7 milhões de toneladas.

De acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral), o cenário ainda é desafiador para a safra. No campo, 10% das lavouras estão em condições ruins, 21% em condição mediana e 69% em condição boa. As informações constam no relatório da Previsão Subjetiva de Safra (PSS), divulgada na quinta-feira (25). “A colheita ainda não teve início e mais perdas podem ser registradas, a depender das condições climáticas”, ressalta o analista do Deral, Edmar Gervásio.

Fotos: Jaelson Lucas/AEN

Segundo ele, os preços estão estáveis com relação ao mês anterior, em parte reflexo de uma produção menor não somente no Paraná, mas no País como um todo.

Soja

A colheita dos 5,76 milhões de hectares de soja está praticamente encerrada e a expectativa é de que sejam produzidas 18,3 milhões de toneladas, 3,5 milhões de toneladas a menos do que o previsto nas estimativas iniciais.

Trigo

Estima-se uma retração de 19% na área de trigo colhida em relação a 2023, passando de 1,41 milhão de hectares para 1,14 milhão de hectares. A revisão com números similares, mas ainda menores, acontece em um momento de preços em torno de R$ 65 na cotação do dia 24 de abril, uma pequena valorização em relação ao último dia útil de março, quando a saca era cotada em torno de R$ 64. “Os preços internos tiveram pouca influência da valorização das cotações internacionais observada na última semana e do dólar mais valorizado no último mês e, consequentemente, não atingiram um patamar suficiente para reanimar e mudar o posicionamento dos produtores de trigo”, diz o engenheiro agrônomo do Deral Carlos Hugo Godinho.

Da área projetada, 5% já está semeada e os trabalhos ocorreram em boas condições. A semeadura continuará a ocorrer na neutralidade do Oceano Pacífico, mas durante o desenvolvimento da cultura é provável a volta do La Niña. Nesse caso aumenta o risco de seca e geada e diminui o risco de chuvas na colheita. Se o Estado sair ileso da transição entre os fenômenos, a produção de trigo pode superar a do ano anterior, com as produtividades compensando a redução de área.

Atualmente, projeta-se uma safra de 3,8 milhões de toneladas para 2024, 4% superior às 3,6 milhões de toneladas obtidas em 2023.

Com as novas revisões, a expectativa é de que o Paraná produza, no total, aproximadamente 40,38 milhões de toneladas de grãos na safra 2023/24.

Feijão

Com 9% da área da segunda safra de feijão colhida e 35% das lavouras a campo já em maturação, o Deral estima uma produção recorde dessa cultura no Paraná.

Apesar dos temores dos produtores de feijão pelas lavouras mais tardias, especialmente em função da qualidade, o volume esperado é de 774 mil toneladas em uma área recorde de 402 mil hectares, 36% superior à da segunda safra 2022/2023. De acordo com os técnicos, a colheita está ocorrendo bem e as últimas chuvas melhoraram o aspecto das lavouras. “É uma produção recorde para a segunda safra e, que se confirmada, deve ser uma das maiores produções de feijão do Estado”, explica Marcelo Garrido, chefe do Deral.

Olericultura

De acordo com o Deral, 93% da área de 10,7 mil hectares da segunda safra de batata está plantada, e a colheita chegou a 26% nesta semana. A produção estimada é de 334,5 mil toneladas, 1,2% menor que a média prevista no início do ciclo, segundo o engenheiro agrônomo Paulo Andrade. No atacado, a saca de 25kg da batata comum especial lavada foi cotada a R$ 100,00, uma queda de 16,7% em uma quinzena.

O tomate da primeira safra teve a área total reavaliada para 2,5 mil hectares, principalmente por conta da revisão de 75 hectares na região de Londrina. Estima-se que sejam produzidas 145,6 mil toneladas. Na segunda safra, no último mês, houve uma evolução de 8% na área plantada e de 22% na área colhida. Devem ser produzidas 106,2 mil toneladas em 1,6 mil hectares. Quanto aos preços no atacado, a caixa de 20kg do tomate longa vida teve preço arrefecido em 18,8% no mesmo período.

Fonte: Com AEN-PR
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Colunistas

A revolução das soluções baseadas na natureza

A necessidade das empresas compensarem suas emissões, combinada à garantia de integridade e qualidade dos projetos NBS, deve resultar em um mercado promissor e no provável aumento dos valores dos créditos de carbono, que já proporcionam um retorno atrativo quando comparado a outras atividades econômicas, especialmente a pecuária extensiva em pastagens degradadas.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

“Hell de Janeiro”. A sensação térmica recorde de 62,3ºC registrada em uma estação do Rio de Janeiro durante a terceira onda de calor de 2024 gerou uma série de memes e muito desconforto, para dizer o mínimo. De acordo com um estudo liderado pela UFRJ, 48 mil pessoas morreram por ondas de calor entre 2000 e 2018 no Brasil. No ano passado, nove ondas de calor assolaram o país, num total de 65 dias com temperaturas muito acima da média histórica – até os anos 1990, eram sete dias em média de calor atípico, segundo dados do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE).

Definitivamente, as mudanças climáticas são a principal ameaça que a humanidade enfrenta. No último ano, a temperatura global esteve muito próxima do 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais, marco limite do acordo de Paris, e para que não seja ultrapassado esse limiar as emissões de gases de efeito estufa devem ser reduzidas em 43% até 2030 (em relação a 2019), conforme a ONU. Para atingir essa meta ousada são necessárias diversas estratégias e atores, e contar com o engajamento das empresas para a redução e compensação das suas emissões.

As soluções baseadas na natureza (NBS, na sigla em inglês) podem proporcionar mais de um terço das reduções de emissões necessárias até 2030, de acordo com um estudo da The Nature Conservancy (TNC). É o caso de projetos de conservação e restauração florestal, e de manejo de terras agrícolas. Essas soluções não apenas ajudam a enfrentar as mudanças climáticas, mas também podem melhorar a saúde do solo, conservar e aumentar a biodiversidade e equilibrar o ciclo hidrológico, além de promover o desenvolvimento social de comunidades tradicionais.

Segundo o estudo da TNC, os projetos do tipo REDD+ (Reduções de Emissões provenientes de Desmatamento e Degradação) podem evitar a emissão de aproximadamente 3 GtCO2e (bilhões de toneladas equivalentes de dióxido de carbono) com a conservação de florestas nativas. Enquanto os projetos do tipo ARR (Afforestation, Reforestation and Revegetation) podem remover cerca de 1,6 GtCO2e da atmosfera com a restauração florestal. Já os projetos de ALM (Agricultural Land Management) podem garantir que mais de 5 GtCO2e sejam compensados com a adoção de boas práticas e tecnologias na agricultura e na pecuária. Os recursos financeiros para esses projetos vêm do mercado de carbono, onde empresas e governos do mundo inteiro estão estabelecendo metas de carbono zero (net zero) e regulamentações.

Mas, para que esse mercado atinja todo o seu potencial, é preciso garantir a qualidade e integridade dos créditos de carbono, gerados de acordo com padrões robustos e reconhecidos. Os projetos NBS precisam ter adicionalidade e monitoramento para assegurar o cumprimento de seus objetivos e proporcionar benefícios para o clima, para as comunidades e para a biodiversidade por um período mínimo de 40 anos. Os órgãos certificadores do mercado voluntário de carbono, como a Verra, têm buscado constantemente o aperfeiçoamento de suas metodologias para garantir a consistência dos projetos e a confiança do mercado.

A integridade e qualidade dos projetos estão ligadas à transparência, rastreabilidade e segurança. Tecnologias avançadas, como drones com sensores LiDAR e inteligência artificial, são importantes para aumentar a transparência e acurácia na mensuração do carbono e no monitoramento da biodiversidade e da degradação florestal. Tecnologias sociais, incluindo aplicativos de monitoramento ambiental comunitário e mecanismos de resolução de conflitos e geração de renda, fomentam a gestão colaborativa e a participação ativa em projetos NBS – as ações sociais são essenciais para assegurar a segurança e eficácia dos projetos no longo prazo, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida.

A necessidade das empresas compensarem suas emissões, combinada à garantia de integridade e qualidade dos projetos NBS, deve resultar em um mercado promissor e no provável aumento dos valores dos créditos de carbono, que já proporcionam um retorno atrativo quando comparado a outras atividades econômicas, especialmente a pecuária extensiva em pastagens degradadas. De acordo com um estudo da McKinsey, a demanda pelos créditos aumentará 15 vezes ou mais até 2030 e até 100 vezes até 2050, fazendo esse mercado saltar de US$1 bilhão em 2021 para US$50 a 100 bilhões até o final desta década.

Neste cenário, o Brasil possui uma posição promissora: 15% do potencial global de compensação de carbono por meio de soluções baseadas na natureza concentra-se em seu território, o equivalente a quase 2 GtCO2e – e apenas 1% dessa capacidade é aproveitada atualmente. Para que o país possa se beneficiar desse potencial de crescimento, faz-se necessário também a formação de pessoal capacitado para atender o aumento da demanda. Hoje o mercado já está carente de profissionais tanto na área de desenvolvimento de projetos NBS, quanto na área de auditoria por parte dos órgãos de verificação e validação dos projetos, bem como na área de sustentabilidade dentro das empresas.

Cobrir essas lacunas é essencial para termos condições de descarbonizar a economia, com agricultura e pecuária regenerativas e baseadas na floresta em pé, consolidando o Brasil como uma potência mundial em sustentabilidade. Esta é a revolução das Soluções Baseadas na Natureza.

Fonte: Por Danilo Roberti Alves de Almeida, engenheiro florestal, mestre em Ciências de Florestas Tropicais e doutor em Recursos Florestais.
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