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O trigo migrou

Cerrado brasileiro tem se mostrado competitivo para a cultura do trigo, que surge como alternativa para a cultura de inverno na região. Minas Gerais já é o terceiro maior produtor do país

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O Brasil é historicamente um comprador de trigo. Aproximadamente a metade do cereal que o país consome é importada, especialmente da Argentina. A cultura ainda é concentrada à região Sul, mas o avanço genético das cultivares, mais resistentes à seca, ao calor e a doenças, tem permitido uma expansão em larga escala para o Centro Oeste, reformulando o mapa da triticultura no Brasil. Para se ter uma ideia da importância dessa região, de acordo com a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuárias), Minas Gerais já se tornou o terceiro maior produtor do país, atrás apenas de Paraná e Rio Grande do Sul. Nos últimos dez anos, a produção no estado saltou de 20 mil para 245 mil toneladas (2015). Para profissionais do setor, o avanço é um passo importante para o país se tornar autossuficiente ou mesmo passar a ser exportador do cereal nos próximos anos.

De acordo com estudo publicado pela Embrapa Trigo e Embrapa Gestão Territorial em dezembro, o principal ingrediente do pãozinho francês pode ser produzido em abundância no Brasil. Somente no Centro Oeste, novas fronteiras para o trigo poderiam resultar em 24,9 milhões de toneladas do cereal, mais que o dobro do atual volume de consumo interno (11 milhões de toneladas). Isso faria o país passar de importador a exportador. O estudo projetou quatro diferentes cenários para a produção nacional de trigo, considerando regiões para onde a cultura poderia se expandir.

De acordo com a Embrapa, o Brasil produz aproximadamente metade das 11 milhões de toneladas de trigo que consome e 70% do total é destinado à panificação, o que torna os resultados estratégicos para traçar alternativas ao abastecimento do cereal. “É importante que o país conheça seu potencial produtivo para delinear e mapear alternativas à importação de trigo”, ressalta o pesquisador Cláudio Spadotto, gerente geral da Embrapa Gestão Territorial. “Acredito que o Brasil é plenamente capaz de se tornar autossuficiente em trigo. Contamos com tecnologia e área, mas é fundamental o apoio de políticas públicas que assegurem o crescimento desta produção”, argumenta o chefe geral da Embrapa Trigo, pesquisador Sergio Dotto.

Em 2015, o Brasil cultivou 2,5 milhões de hectares com trigo e atingiu uma produção de 5,5 milhões de toneladas. Naquele ano, a região Sul respondeu por cerca de 89% do total produzido, o Sudeste, por 9%, e o Centro Oeste, por 2%. O estudo levou em conta quatro regiões homogêneas definidas a partir de variáveis de precipitação, quantidade de frio e calor em momentos específicos da cultura, altitude e histórico de rendimento de grãos.

Na avaliação da Embrapa, áreas com altitude maior que 800 metros e com declividade menor que 12% formam o grande espaço de crescimento do trigo no Brasil, com potencial de quase 25 milhões de hectares.

Fernando Michel Wagner, gerente Regional Norte da Biotrigo Genética, que responde por Paraná, São Paulo, Cerrado e Paraguai, diz que a região começa a ganhar mais atenção dos agricultores. “O Cerrado vem se mostrando como uma opção para que o Brasil se torne autossuficiente na cultura do trigo. O Brasil é um importador de trigo, mas tem área suficiente para que a gente possa ampliar esse cultivo. O Cerrado está se tornando a menina dos olhos para uma série de culturas porque tem área para expandir. Minas Gerais está se tornando protagonista na produção de trigo”, comenta.

Vantagens

De acordo com o profissional, o Cerrado tem características que auxiliam o cereal, como a falta de chuvas na hora da colheita, que favorecem a cultura no sistema sequeiro. “O Cerrado, como toda região, tem suas peculiaridades, mas naquela região elas são bem acentuadas porque existe um regime de chuvas bem específico. O trigo de sequeiro aproveita o final das chuvas, de março a meados de abril. Por outro lado, no fim de abril a água (chuva) simplesmente é cortada, o que é bom para o trigo, que gosta de um clima seco na época de sua floração e na época da colheita”, cita. “Uma das maiores dificuldades que o trigo enfrenta hoje é a chuva em pré colheita, que há anos afeta a região Sul”, emenda Wagner.

O profissional explica os triticultores estão apostando também no cultivo irrigado, que depende de grande produtividade para ser explorado, já que o pivô central encarece os custos de produção. “Custa mais caro embaixo do pivô de irrigação, mas, como não chove, o produtor tem como regular a quantidade de água necessária. Vemos o trigo de sequeiro com grande possibilidade de crescer e o trigo irrigado viável com alta produtividade. Hoje as maiores produções de trigo estão no Cerrado, no sistema irrigado. Há materiais que já passaram de 120 sacas por hectare, o que não é muito comum nem mesmo em regiões frias, a não ser em anos especiais”, cita.

Outro aspecto que favorece a região é a janela de colheita, segundo Wagner, que atende os moinhos quando a oferta é baixa no Brasil. “O Cerrado tem uma grande vantagem, porque se colhe em uma janela anterior ao sul do brasil. Esse cereal abastece os moinhos quando estão com grande demanda, desabastecidos por conta da entressafra”, argumenta.

Outra vantagem, na opinião de Wagner, é a proximidade com o grande mercado consumidor. “Além desses aspectos, o Cerrado está mais perto do grande mercado consumidor, que é o Sudeste. O trigo de Minas Gerais, por exemplo, está bem mais próximo de São Paulo e Rio de Janeiro do que o trigo do Sul”, comenta.

Wagner cita ainda uma interação muito presente entre produtores e indústria como fator preponderante no desenvolvimento da cultura na região. “Uma das grandes características que fazem do trigo muito promissor, principalmente o trigo mineiro, é o diálogo que existe entre a indústria e o agricultor. Lá, o produtor só semeia cultivares aprovadas pela indústria”, justifica.

De acordo com Wagner, o Cerrado pode substituir o trigo que hoje é comprado do Paraguai. O Paraguai vem se tornando competitivo para exportação de trigo. Atualmente o Brasil compra 70% do trigo paraguaio, mas o Cerrado vem sinalizando que pode concorrer com esse trigo, pois está entregando um trigo de altíssima qualidade”, cita.

Ferramenta Agronômica

O trigo é uma opção de lucros para o agricultor do Cerrado brasileiro, mas é ainda uma importante ferramenta no controle de ervas daninhas e nematoides, na manutenção da umidade do solo e nos custos de produção ada safra seguinte. “O contínuo plantio de soja no verão e milho no inverno causou problemas com nematoides no solo e ervas daninhas resistentes. O trigo entrou como uma opção para quebrar o ciclo soja/milho, trazer novos princípios ativos que não se usa em soja e milho, tornando-se uma ferramenta agronômica importante”, cita Wagner. Ele tem o maior apelo na parte agronômica. Em termos de sistema, o trigo está ajudando muito”, cita.

Conforme a Embrapa, “com o avanço das pesquisas e maior acesso a informações técnicas, o produtor descobriu que a rotação com esta cultura traz não só vantagens diretas obtidas com a venda do grão, mas também possibilita vantagens indiretas por meio da palha residual do trigo”. De acordo com autores do estudo, “o custo de produção da cultura de verão diminui, pois normalmente não há necessidade de aplicar herbicida dessecante para implantação e ocorrerá redução com aplicação de fungicidas para controlar doenças”. Isso ocorre, ainda segundo pesquisadores, porque a palha residual do trigo na lavoura é bem resistente e demora a se decompor, proporcionando manutenção da umidade por um período mais prolongado, reduz o potencial de multiplicação de algumas doenças das culturas de verão e promove proteção do solo, formando uma barreira física que impede a germinação de sementes de plantas invasoras.

Qualidade

De acordo com Wagner, 55% do trigo brasileiro é usado para a panificação, necessitando de características específicas que o Cerrado já oferece. Para a supervisora de Novos Negócios da Biotrigo, Kênia Paula Meneguzzi, o Cerrado oferece com qualidade superior ao que o mercado exige. “O Cerrado tem trigos mais fortes, com maior estabilidade e boa coloração. A força é muito importante para o trigo resistir à intensidade do trabalho mecânico na produção industrial, para que não desande. Já a estabilidade é importante principalmente no congelado, para aguentar o congelamento e descongelamento sem perder a forma, mantendo os alvéolos e a retenção de gases”, cita.

Dificuldades

Além de mais resistentes à falta de chuvas e ao calor, o trigo plantado no Cerrado precisa ser mais resistente à brusone, o que tem drenado esforços da indústria genética na busca por novas cultivares. As altas temperaturas associadas à alta umidade na folha do trigo são fatores favoráveis ao desenvolvimento da doença. “A resistência a uma das principais doenças do trigo, que é a brusone, é muito importante. Não é qualquer cultivar que vai se adaptar para a região. Esses plantios mais cedo sofrem muito com a doença, por isso a pesquisa tem que entrar muito forte para entregar resistência genética”, cita. “Hoje não há recomendação de nenhum fungicida para a brusone”, justifica. “É uma das limitações para o trigo no Cerrado, mas estamos trabalhando para isso, para dar mais segurança ao produtor”, amplia.

De acordo com o profissional, as cultivares plantadas do Norte do Paraná já precisam ser mais resistentes a essa doença, que pode dizimar lavouras inteiras. “O nível de resistência à brusone fica mais necessário a partir do Norte do Paraná sentido ao Cerrado”, revela.

Além disso, as variedades genéticas, explica Wagner, precisam ter resistência ao alumínio tóxico no solo presente naquele solo. “O Cerrado tem o problema da presença de alumínio tóxico no solo, que inibe a formação do sistema radicular”. De acordo com ele, a escolha da variedade necessariamente precisa levar esse fator em consideração.

Microrregiões

André Mateus Prando, pesquisador da Embrapa, explica, porém, que nem todo Cerrado brasileiro é indicado para o cereal. “A entrada do trigo no Cerrado foi possível via melhoramento genético. A região tem um potencial grande, mas o trigo é indicado só para regiões mais altas, que têm um clima mais ameno. Não é em qualquer região do Cerrado que o trigo é viável”, cita.

Para ele, o plantio no Cerrado pode ser uma alternativa para os fatores climáticos que atrapalham o desempenho das lavouras do Sul. “O produtor do Cerrado, com o trigo irrigado, consegue controlar a irrigação porque não chove. No Sul normalmente chove demais e na época não apropriada. Quando ocorre muita chuva nessas etapas, há grande perda de qualidade e produtividade. Além disso, no Sul há maiores riscos de geadas”, comenta.

Mais informações você encontra na edição de Bovinos, Grãos e Máquinas de março/abril de 2017 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Análise detalhada revela desafios e oportunidades para diferentes sistemas de produção na pecuária de corte

Suplementação estratégica, aliada à reforma de pastagens e ao manejo adequado, é crucial para otimizar a produtividade da pecuária de corte no Brasil, com destaque para sistemas de produtividade média, que se configuram como mais estáveis e lucrativos.

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O Brasil tem espaço e condições para se manter em destaque dentro da cadeia de carne bovina mundial. Com uma pecuária majoritariamente realizada a pasto, estima-se que o País detenha 177 milhões de hectares de pastagem cultivada. Entretanto, além de enfrentar fenômenos como a sazonalidade, cerca de 60% das áreas de pastagem apresentam algum nível de degradação.

De maneira geral, a suplementação de bovinos em pastejo é uma das principais estratégias utilizadas por pecuaristas, visando uma maior eficiência do sistema. A técnica permite corrigir deficiências presentes nas pastagens, melhorando a conversão alimentar e, com isso, potencializando o crescimento e ganho de peso dos animais. Vale ressaltar que melhores respostas produtivas e estratégias de suplementação estão associadas a diversos fatores. A suplementação somente não é garantia de desempenho individual satisfatório, e a estratégia mais apropriada vai variar de acordo com cada realidade.

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

Manejos de reforma das áreas de pastos apropriados, com o intuito de produzir e ofertar forrageiras com alto valor nutritivo para o rebanho, associados a estratégias de suplementação mineral, podem promover o desempenho individual dos animais. Além disso, possibilitam um aumento da capacidade de suporte das áreas de pasto, o que permitiria a mantença de mais animais dentro de uma menor área e beneficiaria, portanto, a produtividade do sistema.

A melhora nos índices produtivos traz consigo a possibilidade de reduzir o tempo de permanência dos animais na propriedade. Tendo em vista que quanto mais alongado esse período, mais oneroso este animal se tornará para o produtor, essa diminuição no tempo favorece o aumento do giro da propriedade.

Sobretudo ao considerar-se o alto impacto que a aquisição de suplementos possui sobre os custos de produção da pecuária (ocupando a segunda posição dentro do COE da atividade), a estratégia adotada pode impactar significativamente na margem do produtor.

Buscando compreender a realidade dos diferentes sistemas de recria e engorda brasileiros quanto à eficácia do uso de suplementos, foram analisadas propriedades típicas amostradas no Projeto Campo Futuro, iniciativa do sistema CNA/Senar, em parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. Tais modelos contém os índices técnico-financeiros dos sistemas de produção mais representativos em cada região do Brasil. Ao todo, 42 propriedades foram segregadas em grupos de acordo com a produtividade (arrobas por hectare), definindo cinco agrupamentos.

Todas as propriedades avaliadas fornecem algum tipo de suplementação. Analisando o grupo de maior produtividade (arrobas por hectare), observa-se que, em sua maioria (63%), foi utilizado apenas sal proteinado.

Enquanto que nas fazendas de menor produtividade ocorreu o inverso, tendo a maioria (67%) optado pelo uso apenas de mineral. Por sua vez, a grande maioria dentro dos sistemas medianos (75%) lançou mão da estratégia de consórcio entre mineral e proteinado, fazendo o uso do último apenas em períodos mais desafiadores do ano.

A utilização de proteinado é bastante difundida, sobretudo como estratégia para suprir demanda nutricional em períodos de seca, quando a qualidade da pastagem é mais comprometida. Sendo o proteinado um insumo mais custoso, quando utilizado somente este (propriedades grupo 1), o custo médio por cabeça ano com a suplementação foi de R$ 490,00; e, quando consorciado com mineral (propriedades grupo 3), esse custo cai para R$ 345,88 cabeça ano.

Dentre os grupos avaliados, observa-se uma variação no desempenho produtivo do sistema: as propriedades mais produtivas obtiveram um desempenho individual dos animais de 0,42 kg de ganho médio diário, enquanto as menos produtivas de 0,33 kg. Alinhado a isso, quanto às taxas de lotação observadas entre os grupos, o mais produtivo demonstrou uma média de 1,4 UA/ha. Em contrapartida, o menos produtivo apresentou uma lotação média de 0,8 UA/ha. Em consequência desses valores, as propriedades mais produtivas são definidas por uma maior produção de arroba por hectare em relação às demais (Gráfico 1).

Com isso, foi possível observar que as propriedades de média produtividade, portanto grupos 2, 3 e 4 (produtividade entre 6,0 a 8,0 arrobas/ha), no geral, demonstraram Margem Bruta predominantemente positiva, mas estas não se mostraram escalonáveis para patamares superiores.

Foto: Everton Queiroz

O menor risco que sistemas mais modestos assumem, quando comparados a sistemas mais produtivos cujos investimentos são normalmente mais fortes, ilustram a possibilidade de pagamento dos custos, mas com margens limitadas.

Quando avaliados os níveis de produtividade (arroba/ha), foi observada uma variação de margens sobre o COE por área produzida (COE/ha), em que, independentemente da produtividade em si, os custos de produção irão implicar em sucesso ou não do sistema. Isso é afirmado uma vez que as propriedades mais produtivas, retratadas como grupo 1, apresentaram grande variabilidade para o resultado de margem bruta.

Por sua vez, isso demonstra que quanto maior o investimento mais riscos são assumidos, de forma que este produtor está mais susceptível a impactos provindos das flutuações de mercado, bem como de possíveis imprevistos climáticos e sanitários. Dessa forma, sistemas mais modestos, portanto de produtividade média, demonstraram menor intervalo de variação nos resultados de margem, e a tendência é este reduzir juntamente com a produtividade (Gráfico 2).

A vasta amplitude de resultados no grupo de maior produtividade pode estar associada ao período longo dos animais em recria observado nas propriedades com margens mais apertadas. Apesar de estarem investindo no desempenho individual dos animais, como na inclusão de estratégias de arraçoamento durante o período de engorda para atingir peso e acabamento suficientes para o abate sem o risco de penalizações ao produtor, esses sistemas se tornam mais custosos e com retorno mais limitado.

Quando analisada a taxa de desfrute entre os grupos, observa-se que esta decresce juntamente com a produtividade. Isso significa que, quanto mais elevado o rendimento individual dos animais, mais rápido o giro no sistema. O tempo de permanência nas propriedades mais produtivas ficou abaixo dos 20 meses, o que se traduziu em uma taxa de desfrute em média de 56%. Por sua vez, as propriedades de média produtividade obtiveram um desfrute de 47%, ao passo que as menos produtivas apresentaram uma taxa de 41%.

A condição das pastagens é um importante ponto a ser considerado ao se definir estratégias de suplementação. Normalmente, a pastagem não tem disponível todos os nutrientes necessários e na proporção adequada, de maneira a atender as exigências dos animais em pastejo. Dessa forma, a adoção de estratégias de suplementação de nutrientes que possibilitem uma curva de crescimento adequada e que se adeque a viabilidade econômica do sistema é de suma importância para o sucesso da produção.

Não existe pacote tecnológico padrão de suplementação mineral para o sucesso de um sistema. Sendo assim, tendo em mente a importância da mineralização do rebanho, cada caso e/ou estratégia a se adotar é particular de cada sistema produtivo, dado as variações do ambiente inserido.

Fonte: Assessoria Cepea
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Genética e nutrição: os pilares da eficiência alimentar na pecuária moderna

Com avanços tecnológicos e práticas de manejo inovadoras, os produtores estão alcançando níveis invejáveis de conversão alimentar, ou seja, produzindo mais carne com menos alimento consumido pelos animais.

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Fotos: Divulgação/Criatório Rana

Nos últimos anos, a pecuária de corte testemunhou um aumento significativo na rentabilidade dos produtores, impulsionado em grande parte pela melhoria da eficiência alimentar. Este avanço está revolucionando a forma como os pecuaristas gerenciam seus rebanhos, resultando em maiores ganhos econômicos.

A eficiência alimentar na pecuária de corte se refere à capacidade de produzir mais carne utilizando menos recursos alimentares, como pastagens e rações. Com avanços tecnológicos e práticas de manejo inovadoras, os produtores estão alcançando níveis invejáveis de conversão alimentar, ou seja, produzindo mais carne com menos alimento consumido pelos animais.

Criador Ivo Arnt Filho do Criatório Angus Rana, de Tibagi, no Paraná: “Eficiência alimentar é a chave para a pecuária moderna” – Foto: Divulgação

Um dos principais impulsionadores desse aumento na eficiência é a seleção genética de animais com melhor capacidade de conversão alimentar e crescimento acelerado. Os pecuaristas estão optando por raças e linhagens que apresentam maior eficiência na transformação de alimentos em carne, garantindo uma produção mais rentável. Esse é o caminho que criador Ivo Arnt Filho tomou, quando incluiu no Criatório Rana, localizado em Tibagi, no Paraná, a criação de animais da raça Angus, em 1987.

Após duas décadas dos primeiros animais terem chegado à propriedade, Arnt passou em 2009 a se dedicar à seleção genética da raça. “Para obter a melhor eficiência alimentar buscamos a seleção genômica dos animais, com a característica de melhor conversão de alimento em carne, realizando a escolha do pai e da mãe para produção de um filho superior para esta característica”, explica, contando que os 450 animais que tem na propriedade são todos registrados e avaliados pelo programa oficial da Associação Brasileira de Angus.

Entre os melhores do país

Para garantir um padrão de excelência em sua criação, o criatório do produtor paranaense participa da Prova de Eficiência Alimentar, promovida pela Associação Brasileira de Angus, em parceria com a Embrapa Pecuária Sul, e hoje possui cinco touros entre os melhores reprodutores da raça Angus no Brasil.

Na prova, os animais são avaliados quanto à eficiência alimentar por meio da ponderação do Consumo Alimentar Residual e do Ganho e Peso Residual. “Eficiência alimentar é a chave para a pecuária moderna. Selecionando os indivíduos pais, para que seus descendentes tenham a melhor conversão alimentar em carne. A avaliação de ultrassonografia de carcaça nas mães, com aplicação da equação de validação para DEP de peso de carcaça quente, nos auxilia em muito na rentabilidade da produção”, enfatiza.

A busca constante por animais com alta eficiência alimentar não apenas agrega valor econômico à atividade pecuária, mas também promove a sustentabilidade e a rentabilidade ao pecuarista. “Além do reconhecimento, os touros campeões da Prova de Eficiência Alimentar foram contratados por centrais de inseminação e hoje seu sêmen está disponível no mercado para melhorar os rebanhos de todo o país”, diz, orgulhoso. “O abate e a comercialização é restrita aos animais que não são destinados à reprodução”, informa.

Alimentação dos animais

Além disso, a adoção de práticas de manejo intensivo e estratégias nutricionais específicas também contribuem para melhorar a eficiência alimentar. Isso inclui o uso de suplementos alimentares balanceados e a implementação de sistemas de confinamento que permitem um controle mais preciso da dieta dos animais, otimizando assim o ganho de peso. “A alimentação dos animais é realizada a pasto com suplementação da dieta com sal proteico energético, realizando para cada faixa etária o balanceamento adequado”, descreve Arnt, afirmando que animais bem nutridos, suplementados com silagem e complemento mineral têm uma saúde intestinal adequada. “Como trabalhamos somente com animais puros de origem buscamos a alimentação mais natural possível”, salienta.

Outro aspecto importante é com a gestão das pastagens. Os produtores estão investindo em técnicas de manejo que visam melhorar a qualidade e a disponibilidade de forragem, como a rotação de pastagens e o controle de invasoras. Isso não apenas aumenta a produtividade das áreas de pastoreio, mas também contribui para a saúde do solo e a sustentabilidade da atividade pecuária a longo prazo. “Para promover a saúde intestinal dos animais e prevenir problemas relacionados ao sistema digestivo fornecemos somente alimentos nobres, ricos em fibra e probióticos”.

Como fazer a seleção de animais

Na propriedade da família Arnt, diversas tecnologias foram implementadas visando a melhoria da eficiência alimentar dos animais. “Os pecuaristas devem escolher e selecionar os animais (touros e vacas) genomicamente, utilizando ferramentas que permitem gerenciar o ganho de peso e a economicidade da produção pecuária. Não é suficiente adquirir touros apenas com base em fotografias, é necessário analisar as DEP’s (Diferenças Esperadas na Progênie). Além disso, é fundamental avaliar as mães por meio de ultrassonografia de carcaça para produzir os bezerros do futuro, que serão convertidos em carne”, afirma.

Cuidado especializado

Para monitorar e avaliar a eficácia do manejo nutricional e da saúde intestinal dos animais, o produtor paranaense realiza a pesagem individual dos animais regularmente. De acordo com ele, essa prática fornece informações sobre o desempenho de ganho de peso diário, um parâmetro fundamental para o desenvolvimento dos animais jovens. Além disso, é feito a verificação das fezes dos animais para avaliar sua saúde intestinal. A propriedade conta com assessoria veterinária própria para garantir a manutenção da boa saúde alimentar dos animais.

Produção de bezerros

O produtor destaca ainda a importância de cuidar da produção de bezerros para garantir a continuidade do negócio. “Temos que nos preocupar com a produção eficiente de bezerros, utilizando as ferramentas disponíveis para alcançar uma melhor eficiência econômica e obter ótima rentabilidade na atividade pecuária, bem como a sustentabilidade do nosso negócio”, pontua Arnt.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor de bovinocultura de leite e na produção de grãos acesse a versão digital de Bovinos, Grãos e Máquinas, clique aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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Indicador do milho tem queda real de 13,6% em um ano

De acordo com pesquisadores do Cepea, produtores seguem voltados ao desenvolvimento da segunda safra e à colheita da safra verão, postergando a comercialização do cereal.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Em abril, o Indicador do milho Esalq/BM&FBovespa (referência região de Campinas – SP) caiu 5,9% em relação ao mês anterior.

Na comparação anual, a queda é de 13,6%, em termos reais (calculado por meio do IGP-DI de março de 2024).

De acordo com pesquisadores do Cepea, produtores seguem voltados ao desenvolvimento da segunda safra e à colheita da safra verão, postergando a comercialização do cereal.

Do lado da demanda, pesquisadores do Cepea apontam que os estoques remanescentes de 2022/23, a colheita da safra verão em bom ritmo e as lavouras de segunda safra desenvolvendo sem grandes problemas têm levado compradores a limitarem as aquisições apenas para o curto prazo.

Ainda conforme levantamentos do Cepea, a colheita da safra verão no Rio Grande do Sul foi paralisada nos últimos dias devido ao excesso de chuvas e aos alagamentos em diversas regiões do estado.

No Sul de Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo, o baixo volume de chuvas e as altas temperaturas começam a deixar agentes apreensivos.

Fonte: Assessoria Cepea
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