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Suínos / Peixes

O papel a vitamina E no sistema antioxidante e na qualidade da carne

A vitamina E pode desempenhar um papel importante na redução da deterioração da carne e nas alterações de cor ao diminuir os efeitos negativos da oxidação

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Artigo escrito por G. Litta, T.K. Chung e G.M. Weber, DSM Produtos Nutricionais

A origem da deterioração da qualidade da carne pode vir de diferentes fatores, incluindo a genética, mas também de práticas indevidas no manuseio pré e pós abate, no armazenamento e no preparo. Entretanto, a oxidação lipídica é provavelmente o fator mais importante que afeta os parâmetros supracitados. A vitamina E pode desempenhar um papel importante na redução da deterioração da carne e nas alterações de cor ao diminuir os efeitos negativos da oxidação. Este relatório discute o papel antioxidante específico da vitamina E e como isso colabora para a estabilidade da carne, além de trazer uma revisão dos principais estudos que observam o modo de ação da vitamina, bem como seus requisitos de suplementação e eficácia.

A oxidação lipídica é um processo recorrente que faz com que os alimentos, inclusive a carne, sofram deterioração e/ou alterações de cor. Na carne, o processo começa imediatamente após o abate, quando a circulação sanguínea para e o metabolismo anaeróbico é iniciado. A oxidação lipídica é catalisada pela presença de radicais livres. Estes, por sua vez, são entidades químicas com um ou mais elétrons livres que derivam do oxigênio, do nitrogênio, do enxofre e do cloreto. O hidróxido e o dióxido de nitrogênio estão entre os radicais livres mais abundantes e normalmente são chamados de Espécies Reativas de Oxigênio (EROs) ou Espécies Reativas de Nitrogênio (ERN). O peróxido de hidrogênio não é um radical livre, mas também é bastante prejudicial ao DNA.

As espécies reativas consistem em produtos fisiológicos do metabolismo, apresentando funções fundamentais de nível celular quando encontradas em baixa concentração (por exemplo, no sistema imunológico para a ativação dos fagócitos). Quando sua concentração excede determinado limite, essas espécies tornam-se prejudiciais às macromoléculas, como os lipídeos, as proteínas e o DNA. Além dos radicais livres, outro fator que também pode promover a oxidação lipídica é a presença de metais, como ferro e cobre, além de compostos como mioglobina e hemoglobina.

É importante ressaltar que a oxidação lipídica é um processo autocatalítico. Os produtos da oxidação catalisam outras oxidações, resultando numa reação em cadeia. Quando esse processo cíclico começa, o ritmo da reação acelera rapidamente.

As gorduras insaturadas, em especial aquelas com um grande número de ligações duplas, são extremamente propensas a sofrer oxidação. As membranas celulares que contêm fosfolipídeos ricos em ácidos graxos poli-insaturados (PUFAs) também são particularmente sensíveis ao processo.

Na preparação da carne, a ação do corte destrói as membranas celulares e aumenta a superfície exposta ao oxigênio, aumentando, assim, o risco de oxidação. Outro fator prejudicial é a adição de cloreto de sódio durante o preparo, o que é comum em produtos como linguiças.

Consequências da oxidação lipídica na qualidade da carne

Insipidez

A oxidação lipídica decompõe os ácidos graxos poli-insaturados em compostos voláteis de cadeia curta, como aldeídos, cetonas, álcoois, ésteres e ácidos.

Esses compostos causam odores e sabores indesejáveis que reduzem significativamente a aceitação do produto pelos consumidores. Durante o cozimento e posterior armazenamento, a oxidação lipídica na carne aumenta. Esse fenômeno, chamado de “Warmed-Over Flavor” (sabor de requentado), é uma grande preocupação em relação às carnes pré-cozidas.

Oxidação do colesterol

O colesterol é um componente das membranas celulares. Os Produtos da Oxidação do Colesterol (POCs) são detectados a níveis residuais na carne crua armazenada. Durante o cozimento e irradiação, a ocorrência dos POCs aumenta por conta da maior geração de radicais livres, que surge em decorrência da oxidação dos PUFAs.

Os POCs podem causar efeitos biológicos adversos, como aterosclerose, citotoxidade, mutagênese e carcinogênese.

Perda por gotejamento

No início do rigor mortis, os níveis de pH caem, a miosina torna-se desnaturada e a actomiosina é formada. Isso causa um encurtamento post mortem das miofibrilas e promove uma perda exsudativa da carne.

Os processos oxidativos podem afetar a capacidade das membranas de funcionar como uma barreira semipermeável e podem contribuir para o vazamento de fluido ou a perda por gotejamento. Por exemplo, na carne suína, a perda por gotejamento tende a aumentar durante o armazenamento refrigerado e pode ocasionar uma perda de peso do produto entre 8 e 12%.

Oxidação do pigmento muscular

A cor é o principal fator que afeta a aparência da carne no momento da compra. A qualidade dessa cor depende do estado químico do pigmento muscular, a mioglobina.

A mioglobina pode existir na forma oxigenada ferrosa, a oximioglobina, que produz uma cor vermelho vivo. Por outro lado, ela também pode ser encontrada na forma de metamioglobina férrica oxidada, que tem uma coloração mais amarronzada. Durante o armazenamento e exposição em varejo, a oximioglobina é oxidada e se transforma em metamioglobina, deixando a carne com uma indesejável coloração marrom.

O sistema antioxidante

Os organismos vivos desenvolveram mecanismos antioxidantes específicos que os protegem contra espécies reativas. Somente devido à presença de antioxidantes é que os organismos vivos podem sobreviver em um ambiente rico em oxigênio. Esses mecanismos são descritos de modo geral como “sistema antioxidante”.

Os antioxidantes podem ser definidos como “qualquer substância que atrasa, impede ou elimina os danos oxidativos de uma molécula-alvo”. Eles se dividem em duas categorias com base em algumas principais características específicas: enzimas e não enzimáticas.

Com base em suas propriedades físicas, os antioxidantes também podem ser categorizados como antioxidantes solúveis em água (vitamina C, glutationa, ácido úrico) e antioxidantes solúveis em lipídios (vitamina E e ?-caroteno).

• Enzimas

– Superóxido dismutase (SOD)

– Catalase

– Glutationa redutase

– Glutationa peroxidase (GPX)

• Não enzimáticas

– Glutationa

– Ácido úrico

– Vitamina C

– ?-caroteno

– Vitamina E

Vitamina E: química e metabolismo

A vitamina E é um termo genérico usado para descrever oito compostos solúveis em lipídio que podem ser encontrados na natureza. Quatro desses compostos são chamados de tocotrienóis e os outros quatro de tocoferóis. Esses compostos são isômeros e diferem entre si por sua estrutura química. Os tocoferóis têm uma maior eficácia em relação aos tocotrienóis. Em particular, o ?-tocoferol é a forma mais comum e, biologicamente, a mais ativa também.

A vitamina E é suplementada na dieta como o éster de all-rac-?-tocoferol. Esse éster, o acetato all-rac-?-tocoferol, é caracterizado por um maior armazenamento, processamento do alimento e estabilidade de passagem pelo trato digestivo dos animais. As esterases pancreáticas liberam rapidamente o ?-tocoferol nativo para absorção a partir do intestino delgado.

Estudos que tratam do papel e dos requisitos da vitamina E costumam ser realizados com o acetato all-rac-?-tocoferol disponível no mercado. Um amplo corpo de pesquisa forneceu informações detalhadas sobre a função metabólica exata da vitamina E: 1. A vitamina E é absorvida por células epiteliais no intestino delgado, onde é incorporada aos quilomícrons; 2. Em seguida, ela é transportada pela linfa intestinal até o fígado; 3. A partir das células hepáticas, ela é secretada por uma proteína de transferência ?-tocoferol para a circulação geral; 4. Por fim, ela é depositada nas membranas e estruturas subcelulares, onde exerce seus efeitos de proteção contra a peroxidação dos fosfolipídeos.

O papel da vitamina E no sistema antioxidante

Um sistema antioxidante é formado por diversos compostos que ficam em diferentes espaços celulares, subcelulares e extracelulares, e que fornecem diferentes níveis de defesa. Cada antioxidante desempenha um papel específico no sistema e interage com outros compostos de forma única. Por isso, é importante que todos esses compostos estejam presentes no sistema, pois um não pode substituir o outro.

O sistema antioxidante basicamente opera em três diferentes níveis de defesa: primeiro nível (responsável pela prevenção da formação de radicais livres pelas enzimas antioxidantes, como SOD e GPX), segundo nível (combate a produção dos radicais livres e é composto por antioxidantes de quebra de cadeia, como vitamina E, ?-caroteno, vitamina A, vitamina C e ácido úrico) e terceiro nível (ativado para eliminar ou reparar as moléculas danificadas pelos radicais livres. Consiste principalmente em enzimas como lipases, proteases, nucleases e diversas transferases).

A localização da vitamina E na membrana permite que ela cumpra bem seu papel de proteger os ácidos graxos poli-insaturados altamente oxidáveis contra a peroxidação por EROs. A concentração molar da vitamina E nas membranas é inferior se comparada à presença de fosfolipídeos. No entanto, ela é particularmente eficiente por conta de que a vitamina E oxidada pode ser convertida novamente em sua forma ativa. Para isso, ela reage com outros oxidantes, como a vitamina C e/ou carotenoides.

A função da vitamina E de antioxidante de quebra de cadeia é bastante forte e específica: ela impede a produção autorrealizada dos peróxidos lipídicos. Entretanto, para uma eficácia ideal na prevenção da oxidação lipídica, a vitamina E precisa ser suplementada no alimento a níveis mais altos do que o comum, dado que a parte que não for usada para fins metabólicos será depositada nas membranas celulares. Quando adicionada à carne post mortem, a vitamina não é fisiológica e naturalmente incorporada às membranas celulares.

Estabilidade oxidativa

Diversas pesquisas demonstraram o modo de ação e o efeito da vitamina E na redução da oxidação lipídica e na melhoria da qualidade da carne. Também foi demonstrado que a vitamina E melhora a fluidez das membranas e, portanto, reduz a perda por gotejamento. O maior efeito nesse sentido pode ser avaliado na carne congelada, onde os cristais penetram na membrana celular e facilitam o vazamento do citosol.

Os mesmos níveis de melhoria foram constatados na estabilidade oxidativa da carne suína. Um efeito antioxidante positivo da vitamina E foi observado com suplementação de 200 mg por quilo de alimento para suínos recebendo 3% de óleo de soja e sebo.

Uma análise abrangente publicada em 2001 analisou e resumiu 10 estudos conduzidos entre 1991 e 1998, os quais avaliavam os impactos nutricionais na qualidade da carne suína. A análise constatou uma melhoria consistente na estabilidade oxidativa da carne suína quando os animais recebiam de 100 a 200 mg de vitamina E por quilo de alimento.

Estudos de meta-análise

Mais recentemente, uma meta-análise confirmou claramente o efeito positivo de níveis de vitamina E na dieta para a oxidação lipídica. Os autores analisaram 10 experimentos publicados onde a oxidação lipídica foi medida e 13 onde o acúmulo de vitamina E foi avaliado, em ambos os casos usando o músculo Longissimus dorsi. O escopo da análise era determinar a relação entre a dose e a duração da suplementação de vitamina E e a evolução do processo oxidativo nos músculos pós-abate.

Essa meta-análise estabeleceu uma relação quantitativa entre a vitamina E na dieta e seus efeitos na qualidade da carne suína. Foi alcançado um acúmulo máximo no tecido muscular de cerca de 6,4 mg de ?-tocoferol por grama de tecido. Foram necessárias pelo menos 100 mg de vitamina E por quilo de alimento para que houvesse uma redução significativa na oxidação lipídica, e cada 1 mg de ?-tocoferol por grama de tecido reduziu a oxidação lipídica em cerca de 0,05 unidades de TBARS no Longissimus dorsi. A meta-análise também indicou que a oxidação lipídica era reduzida gradualmente ao longo de três dos quatro dias de armazenamento pós-abate, e depois disso era estabilizada durante até 10 dias pós-abate.

Estabilidade da cor

Os mesmos autores realizaram uma meta-análise dos efeitos da vitamina E no alimento e das condições de armazenamento na estabilidade da cor da carne suína. A análise constatou uma relação linear entre o vermelho da carne e a concentração de ?-tocoferol. O modelo revelou que um aumento de 1 mg de ?-tocoferol no músculo levava a um aumento esperado de 0,11 na coloração vermelha durante todo o período de armazenamento. De modo geral, a meta-análise sugeriu que a suplementação de vitamina E afetou a coloração vermelha da carne suína, mas apenas quando excedia 100 mg por quilo de alimento e passados seis dias pós-abate.

Conclusão

A suscetibilidade de que a carne sofra oxidação lipídica é influenciada pelo teor de ?-tocoferol na carne e pelo teor de PUFA nos fosfolipídeos da membrana. Os efeitos benéficos da vitamina E na melhoria da qualidade de suínos, os quais derivam das propriedades antioxidantes da membrana no ambiente lipídico, foram cientificamente comprovados e comercialmente testados, validados e implementados.

Isso se atribui à capacidade da vitamina E na alimentação, após sua digestão e absorção, de se depositar e acumular na carne. Portanto, a vitamina E sendo o antioxidante lipossolúvel mais eficaz da natureza, com sua função única de proteger a integridade da membrana, não pode ser substituída por outros antioxidantes ou substâncias que tenham propriedades semelhantes ao antioxidante.

Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de julho/agosto de 2016 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Suínos / Peixes

Cadeia do peixe mira profissionalização e negócios

Profissionais capacitados e atualizados são essenciais para impulsionar a inovação, aumentar a eficiência produtiva e garantir a competitividade no mercado global.

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Foto: Jaelson Lucas

A piscicultura e a pesca no Brasil têm se mostrado setores de vital importância econômica e alimentar, com um potencial de crescimento extraordinário. No entanto, para que esse potencial seja plenamente alcançado, é crucial enfatizar a constante profissionalização dessas áreas como uma ferramenta fundamental para impulsionar seu desenvolvimento.

Nos últimos anos, o Brasil tem testemunhado um aumento significativo no número de congressos e feiras de negócios dedicados à piscicultura e pesca. Recentemente, o evento Inovameat em Toledo e os próximos eventos organizados pelo IFC Brasil em Foz do Iguaçu, Itajaí e Belém até o fim deste ano destacam-se como importantes plataformas para a troca de conhecimento, experiências e tecnologias inovadoras.

Esses eventos não são apenas oportunidades para networking, mas também são catalisadores para a profissionalização do setor. Eles oferecem espaços para debates sobre as melhores práticas, novas técnicas de produção, avanços tecnológicos e questões regulatórias, fundamentais para elevar os padrões de qualidade, segurança e sustentabilidade da piscicultura brasileira.

É inegável que a profissionalização é um dos principais impulsionadores do crescimento desses setores. Profissionais capacitados e atualizados são essenciais para impulsionar a inovação, aumentar a eficiência produtiva e garantir a competitividade no mercado global. Além disso, a profissionalização contribui para a valorização do trabalho no campo, incentivando a adoção de práticas sustentáveis e responsáveis.

Um dos aspectos mais promissores é que a produção de peixes no Brasil vem crescendo a uma taxa superior à média das outras proteínas animais. Esse crescimento é resultado não apenas do potencial natural do país, mas também do esforço contínuo de profissionalização e modernização do setor.

É fundamental que os governos, instituições acadêmicas, empresas e profissionais do setor continuem investindo na profissionalização da piscicultura e da pesca. Isso inclui o desenvolvimento de programas educacionais, capacitação técnica, acesso a tecnologias inovadoras e apoio à pesquisa e desenvolvimento.

Ao destacar a importância da profissionalização, reconhecemos que ela não é apenas uma necessidade, mas sim uma oportunidade para transformar a piscicultura e pesca brasileira em um setor ainda mais próspero, sustentável e competitivo no cenário internacional.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor da piscicultura brasileira acesse a versão digital de Aquicultura clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: Por Giuliano De Luca, jornalista e editor-chefe do Jornal O Presente Rural.
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Suínos / Peixes

Primeiro trimestre registra crescimento expressivo nas exportações brasileiras de peixe de cultivo

Foram US$ 8,73 milhões movimentados no setor entre janeiro e março, maior valor registrado para o período desde 2020.

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Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

Consideráveis aumentos de 48% em valor e de 20% em peso estão entre os principais resultados das exportações brasileiras da piscicultura nos três primeiros meses deste ano em comparação com o mesmo período de 2023. Foram US$ 8,73 milhões movimentados no setor entre janeiro e março, maior valor registrado para o período desde 2020, quando a Embrapa começou a acompanhar sistematicamente esse mercado. Detalhando por mês, foram US$ 2,58 milhões em janeiro, US$ 2,61 milhões em fevereiro e US$ 3,54 milhões em março.

Foto: Cláudio Neves

Ainda representando percentual pequeno com relação a toda a produção nacional, as exportações brasileiras da piscicultura têm aumentado de maneira consistente nos últimos anos. De acordo com Manoel Pedroza, pesquisador da Embrapa Pesca e Aquicultura na área de economia aquícola, o aumento da produção e da profissionalização da cadeia da piscicultura são alguns dos fatores que explicam o crescimento das exportações. “Apesar do mercado nacional absorver a grande maioria da produção, as empresas do setor têm buscado diversificar os canais de venda por meio das exportações”, expõe.

Entre as categorias de produtos, a mais exportada no primeiro trimestre de 2024 foi a de filés frescos ou refrigerados, que respondeu por 65% de todo o valor movimentado: U$ 5,65 milhões. Na sequência, com 23% do valor movimentado no período, aparece a categoria de peixes inteiros congelados. Esses e outros dados estão disponíveis de maneira gratuita no Informativo de Comércio Exterior da Piscicultura – Trimestre 01/2024. O boletim é editado pela Embrapa Pesca e Aquicultura e conta com a parceria da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR).

Série histórica

A edição referente ao primeiro trimestre de 2024 é a 17ª ininterrupta. O trabalho da Embrapa de acompanhamento das exportações brasileiras da piscicultura começou em 2020; portanto, está entrando no quinto ano seguido. O que já permite construir uma série histórica e apontar algumas características desse setor. Manoel explica que a consolidação da tilápia como carro-chefe é a principal característica verificada ao longo desse período. “A importância do mercado norte-americano como principal destino das vendas e o crescimento dos embarques de filés frescos de tilápia são outros pontos de destaque”, ressalta.

Entre janeiro e março deste ano, 95% de todo o peixe exportado pelo Brasil foi tilápia. A espécie movimentou U$ 8,31 milhões. Na sequência, ambos com 2% de participação, aparecem bagres e curimatás.

E, também conforme dito pelo pesquisador, os Estados Unidos, novamente, foram o principal destino das exportações brasileiras da piscicultura no primeiro trimestre de 2024. Com 89% de participação, os valores movimentados chegaram a U$ 7,77 milhões. A seguir, cada país com 2%, estão China, Japão, Colômbia e Canadá. Diferença significativa entre o primeiro e os demais destinos.

Tilápia

Fazendo o recorte para a principal espécie exportada (que também é a mais cultivada no Brasil), dos U$ 8,31 milhões movimentados pela tilápia, U$ 5,64 milhões (ou 68%) foram na categoria de filés frescos ou refrigerados. Na sequência, com 23% da movimentação financeira (U$ 1,87 milhão), aparece a categoria de tilápia inteira congelada.

Com relação ao preço, quatro das cinco categorias tiveram aumento no primeiro trimestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2023. A categoria que conseguiu maior preço foi a de filé fresco ou refrigerado, com U$ 7,57 por kg, registrando aumento de 17% com relação ao preço do primeiro trimestre do ano passado, que foi de U$ 6,45 por kg.

Paraná (com 81% dos valores), São Paulo (responsável por 12%) e Bahia (com 4% do total movimentado) foram os três estados que mais exportaram tilápia no primeiro trimestre de 2024. Nos três, a categoria de filés frescos ou refrigerados foi a líder.

E para os próximos trimestres, alguma mudança relevante pode acontecer? Quem responde é o pesquisador Manoel: “as exportações de outros peixes de cultivo têm crescido, em particular do tambaqui. Organizações e empresas da cadeia do tambaqui têm realizado ações para abertura de mercados no exterior (ex: Estados Unidos) e é possível que isso resulte num aumento das exportações nos próximos meses de 2024”.

Fonte: Assessoria Embrapa Pesca e Aquicultura
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Propriedade no Paraná é reconhecida modelo em sustentabilidade

O que diferencia o trabalho da família Zanatta é sua abordagem holística, que abrange desde a conservação de nascentes de água até a adoção de energia solar na piscicultura, visando tornar sua propriedade completamente autossustentável.

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Foto: Divulgação

Quando em 2016 decidiram ingressar na piscicultura, o casal de produtores Jairo e Sandra Zanatta assumiram o compromisso de preservar a área verde, conservar os recursos naturais e adotar boas práticas sustentáveis para garantir a longo prazo o equilíbrio do ecossistema e a sustentabilidade da sua propriedade, localizada na linha Marrecos, distrito de Margarida, no interior de Marechal Cândido Rondon (PR).

Casal de piscicultores Sandra e Jairo Zanatta produzem tilápia há oito anos e recentemente recebeu o 1º lugar do Prêmio Produtor Rural Sustentável: reconhecimento classificou a propriedade para a etapa nacional da premiação – Fotos: Jaqueline Galvão/OP Rural

Com uma área de 12,6 alqueires, a fazenda possui 12 tanques escavados destinados à criação de tilápias, com possibilidade para alojar até 500 mil peixes por ciclo produtivo, que varia de 10 a 11 meses. “São 70 mil metros quadrados de lâmina d’água”, conta o piscicultor. “Dependendo da época que alojamos os peixes, atingimos uma produção de 1,2 a 1,3 lotes por ano”, complementa.

A produção anual alcança entre 400 a 450 toneladas, com uma média de peso de 950 gramas por peixe. De acordo com os produtores, há espaço para ampliar o negócio em mais 30 mil metros quadrados de lâmina d’água, o que possibilitaria chegar até 100 mil metros quadrados em seu sistema produtivo.

Recentemente, Zanatta foi reconhecido entre mais de 300 produtores com o 1º lugar do Prêmio Produtor Rural Sustentável, iniciativa promovida pelo Sicoob Central Unicoob no Paraná, destacando sua propriedade como autossustentável. A premiação o classificou junto com outras 11 propriedades na etapa nacional, sendo ele o único representante do Paraná. “Independente de ganhar ou ficar entre os primeiros, figurar entre as propriedades mais sustentáveis do Brasil é muito gratificante, além de ser uma demonstração do reconhecimento do trabalho que realizamos para preservar e conservar as nascentes e a área verde, do cuidado com o manejo da atividade e o uso da geração de energia limpa”, salienta, contando que uma equipe da cooperativa já esteve na propriedade para validar as informações repassadas e a data prevista para divulgação do resultado da etapa nacional é em meados de maio. “Nossa expectativa é figurar entre os seis melhores do Brasil”, ressalta.

Compromisso inabalável com a sustentabilidade

O que diferencia o trabalho da família Zanatta é sua abordagem holística, que abrange desde a conservação de nascentes de água até a adoção de energia solar na piscicultura, visando tornar sua propriedade completamente autossustentável.

Propriedade possui duas usinas de minigeração de energia renovável através de placas fotovoltaicas que atende toda a propriedade, incluindo os aeradores, os alimentadores automáticos e o bombeamento de água para os tanques escavados

Sua visão vai além da mera produção, Jairo entende que cuidar do meio ambiente é uma responsabilidade compartilhada e que, ao adotar práticas sustentáveis, não apenas preserva os recursos naturais, mas também garante a viabilidade de seu negócio a longo prazo. “Ao iniciarmos na piscicultura, priorizei a preservação das nascentes. Hoje são quatro minas de água preservadas. Também priorizamos a mata no entorno da propriedade, inclusive com plantio de novas árvores. Também instalamos duas usinas para minigeração de energia renovável através de placas fotovoltaicas e para garantir a qualidade da água nos tanques escavados usamos probióticos uma vez por semana. Além disso, a propriedade foi totalmente automatizada, incluindo a alimentação dos peixes, realizada por alimentadores automáticos em cada açude, integrados ao sistema de geração de energia limpa. E os peixes mortos são destinados à compostagem”, explica.

Na usina principal, instalada em 2021, com 280 placas, é produzida energia para toda a propriedade, incluindo os aeradores e os alimentadores automáticos. Na segunda usina, 28 placas geram energia dedicada exclusivamente ao bombeamento de água para os tanques escavados. O investimento total foi de cerca de R$ 450 mil nos dois sistemas. “Desde que temos as usinas conseguimos uma redução de custos com energia elétrica de aproximadamente 95%. Embora o investimento ainda não esteja totalmente pago, já se mostra altamente vantajoso”, exalta Jairo.

Aprimorar operações

Jairo e Sandra destacam que, embora a propriedade seja considerada autossustentável, a busca por melhores práticas é constante. “Estamos empenhados em aprimorar nossas operações diariamente, buscando tecnologia e inovação para tornar nossa produção ainda mais sustentável”, enaltecem, acrescentando: “É muito gratificante ver que, como resultado desse esforço contínuo, fomos reconhecidos pela cooperativa Sicoob, que nos projetou para buscar o título de propriedade autossustentável a nível nacional”.

Qualidade da água

Para garantir a qualidade da água para o cultivo e o bem-estar dos peixes, Jairo conta que a água utilizada tem origem em uma mina do Rio Marrecos. “Além disso, realizamos medidas sanitárias rigorosas, como manejo adequado e alimentação de qualidade. A qualidade da água é priorizada, sendo tratada semanalmente com probióticos para mitigar o estresse hídrico causado pelo calor excessivo. Contamos também com o suporte da equipe veterinária e técnica da C.Vale, cooperativa à qual somos integrados”, mencionam os produtores.

Propriedade fica localizada na Linha Marrecos, Distrito de Margarida, no interior de Marechal Cândido Rondon, no Oeste do Paraná

Desafios

O casal de piscicultores afirma que o desafio atual que persiste na criação de tilápia é relacionado ao estresse hídrico devido às altas temperaturas, que, em alguns dias chegaram a superar 40ºC. “Isso nos obriga a reduzir a quantidade de alimentação, resultando em um ganho de peso diário menor, o que acaba comprometendo a conversão alimentar. Essa situação afeta não apenas nossa propriedade, mas toda a piscicultura. Apesar dos desafios, realizamos um controle rigoroso e manejo cuidadoso para buscar constantemente melhorias”, enfatizam.

Outra forma de garantir o bem-estar e o conforto térmico para controlar a temperatura da água devido ao calor excessivo é por meio do bombeamento e renovação de água, além da aeração. “Essas práticas de manejo são essenciais para proporcionar conforto aos peixes, controlar a mortalidade e garantir a sanidade do ambiente”, afirma Jairo.

Prêmio Produtor Rural Sustentável

O Prêmio Produtor Rural Sustentável é uma iniciativa promovida pelo Sicoob Central Unicoob, com o propósito de reconhecer e premiar os produtores rurais cooperados que se destacam por suas práticas sustentáveis no setor agropecuário brasileiro. Nesta edição foram oito produtores do Paraná reconhecidos por suas boas práticas de sustentabilidade. Somente a família Zanatta se classificou para a etapa nacional.

O prêmio valoriza as ações implementadas por produtores rurais financiados pelo Sicoob, que adotam práticas de produção sustentável alinhadas com os princípios do ESG (ambiental, social e governança). Este reconhecimento destaca tanto as iniciativas ambientais quanto as sociais e de governança desses produtores, contribuindo para o avanço da sustentabilidade no campo.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor da piscicultura brasileira acesse a versão digital de Aquicultura clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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