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Modelos matemáticos apontam como a produção agrícola no Cerrado sofrerá os impactos das mudanças no clima

Simulações também apontaram que os sistemas agrícolas que utilizam plantas de cobertura como o Sistema Plantio Direto, apesar da redução de produtividade com o passar dos anos, são, em média, mais produtivos e com menor emissão de N2O em comparação aos sistemas convencionais

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O modelo foi utilizado para prever o impacto dos cenários de alterações climáticas nas emissões de N2O e na produção agrícola - Foto: Alfredo Luiz

Com o uso de modelos matemáticos calibrados para as condições do Cerrado, pesquisadores conseguiram simular as emissões do gás de efeito estufa (GEE) óxido nitroso (N2O) sob diferentes sistemas de manejo para um período de 50 anos e constataram que, com o aumento da temperatura ao longo do tempo, essas emissões serão cada vez maiores, enquanto a produção de biomassa e o rendimento de grãos diminuirão. As simulações também apontaram que os sistemas agrícolas que utilizam plantas de cobertura como o Sistema Plantio Direto, apesar da redução de produtividade com o passar dos anos, são, em média, mais produtivos e com menor emissão de N2O em comparação aos sistemas convencionais.

Os resultados estão descritos em artigo publicado no periódico Agriculture, Ecosystems & Environment, no qual o modelo de simulação solo-cultura STICS (sigla para Simulateur mulTIdisciplinaire pour les Cultures Standard) demonstrou elevada precisão para simular e prever o crescimento e a produtividade das culturas de grãos, bem como as emissões de N2O em sistemas de plantio convencional e plantio direto em função das mudanças climáticas previstas para o Cerrado. O modelo também apresentou bom desempenho para a dinâmica da água e temperatura do solo.

O estudo foi realizado em um experimento de longa duração implantado em 1995 na Embrapa Cerrados (DF) e, além de pesquisadores dessa unidade, contou com a participação de colegas da Embrapa Meio Ambiente (SP) e da Universidade de Brasília (UnB). Foram avaliados três sistemas de uso do solo: preparo convencional com grade de discos e rotação bianual de gramínea/leguminosa (milho/soja) (CT); plantio direto, com sucessão cultural leguminosa-gramínea (soja/sorgo) (NT1); e plantio direto, com sucessão gramínea-leguminosa (milho/feijão guandu) (NT2). Câmaras estáticas fechadas foram utilizadas para medir os fluxos de N2O para a modelagem na pesquisa.

No período do estudo, foram coletados dados de atributos do solo, de crescimento, desenvolvimento e rendimento das variedades cultivadas, da umidade e temperatura do solo, conforme o manejo cultural. O modelo STICS foi calibrado a partir dos dados da cultura e fluxos de N2O medidos nos sistemas CT e NT1 e, em seguida, foi testado com os dados obtidos no sistema NT2 para avaliar os efeitos do manejo do solo em cada sistema, nas emissões de N2O e na produção de grãos e de biomassa.

Parâmetros

Após a validação, o modelo foi utilizado para prever o impacto dos cenários de alterações climáticas nas emissões de N2O e na produção agrícola, considerando as variáveis climáticas simuladas pelo modelo climático ETA-HADGEM: temperaturas máximas e mínimas diárias do ar, radiação solar incidente e pluviosidade (chuva) medidas pela estação meteorológica da Embrapa Cerrados, em Planaltina (DF), nos três quadrimestres do ano – janeiro, fevereiro, março e abril (final da estação quente e chuvosa); maio, junho, julho e agosto (estação seca e mais fria) e setembro, outubro, novembro e dezembro (início da estação quente e chuvosa).

O modelo ETA-HADGEM apontou tendência significativa para o aumento das temperaturas médias, máximas e mínimas anuais no período de 2021 a 2070 para o local avaliado. Os resultados do ajuste do modelo climático indicam, ainda, uma tendência de aumento de até 1,8º C na média de temperaturas mínimas diárias, e 2,2º C na média de temperaturas máximas diárias para o período analisado. O aumento mais significativo ocorre no terceiro quadrimestre do ano, que coincide com o início da estação quente e chuvosa (verão) e o início da semeadura e crescimento das culturas na região.

Mais emissões, menos biomassa e rendimento de grãos ao longo do tempo

De acordo com as simulações do STICS tanto na soja como no milho, a média das emissões acumuladas anuais de N2O no período projetado de 50 anos é significativamente maior no tratamento com preparo convencional (CT) (1,7206 kg/ha e 2,3832 kg/ha respectivamente) que nos tratamentos com plantio direto (NT) (0,6947 kg/ha e 0,7331 kg/ha). Em cada década prospectada, as emissões cumulativas de N2O em CT são cerca de 2,5 vezes maiores quando comparados a NT. Independente dos sistemas de manejo, estima-se um aumento significativo das emissões de N2O nas três primeiras décadas, nos períodos (2021-2023, 2031-2040 e 2041-2050).

“Em relação às emissões acumuladas de N2O estimadas pelo STICS, podemos verificar que no caso da cultura de milho, as emissões sob o tratamento plantio direto (milho + feijão guandu) foram em média 3,5 vezes menores do que sob o tratamento convencional (apenas safra de milho). No caso da soja, as emissões de N2O no sistema plantio direto (soja + sorgo) foram 2,5 vezes menores em comparação ao tratamento preparo convencional (apenas safra de soja), como mostramos no estudo”, diz o pesquisador Alfredo Luiz, da Embrapa Meio Ambiente.

Quanto à produção média de biomassa simulada para o período, o tratamento NT2 (milho + feijão guandu) o milho apresenta produção 30,2% superior ao milho em CT. Esse padrão também foi observado em cada década do período, exceto na última, em que há uma diminuição significativa na produção de biomassa em comparação à primeira década. No caso da soja, a produção média anual de biomassa foi bem maior (55,7%) no tratamento plantio direto (soja + sorgo) que no preparo convencional (soja), comportamento observado nas simulações. Ao longo das décadas, ocorre uma diminuição significativa na produção de biomassa em todos os sistemas de manejo.

Já os dados da produtividade de grãos simulada pelo modelo mostram que a produtividade média do milho é significativamente maior no NT (6,6 mil t/ha) que no CT (5,87 mil t/ha). Além disso, em todos os sistemas de manejo avaliados há uma diminuição significativa na produtividade de grãos da primeira para a última década do período, seguindo a mesma tendência observada para a biomassa. Já produtividade média de grãos de soja simulada pelo STICS não apresentou diferença significativa entre os tratamentos, com valores médios de 1,599 t/ha para o CT e 1,574 t/ha para o NT. Assim como no milho, nos dois sistemas ocorre diminuição na produtividade da primeira à última década do período analisado.

O pesquisador Fernando Macena, da Embrapa Cerrados, relata que o modelo climático ETA-HADGEM antecipa uma tendência significativa e consistente de aumento de até 1,77°C na média de temperaturas mínimas diárias e 2,21°C na média de temperaturas máximas diárias “Com base nesse aumento da temperatura previsto para o período 2021-2070, podemos concluir, a partir dos dados gerados pelo modelo STICS, que há fortes evidências de que o rendimento de grãos e a biomassa aérea total das plantas diminuirão, o que pode provocar um impacto grave no setor agrícola da região. Os dados também mostram que há uma tendência crescente em aumento das emissões de N2O no período simulado”, analisa o pesquisador. A expectativa é de que isso ocorra para os dois sistemas de manejo do solo estudados. “Acreditamos que o aumento nas emissões ao longo dos anos está relacionado ao aumento da temperatura e à redução do ciclo das culturas, e que os efeitos são mais pronunciados nos sistemas de manejo do solo convencionais”, completa.

Sistemas mais resilientes às mudanças climáticas

Diversos estudos enfatizam que o manejo do solo, a rotação de culturas, a sazonalidade das chuvas, a umidade e a temperatura do solo, o teor de nitrogênio mineral, bem como as interações entre todos esses fatores são as principais variáveis que definem as emissões de N2O. No Cerrado brasileiro, pesquisas mostram que a aplicação de fertilizantes nitrogenados geralmente aumenta as emissões de N2O devido ao aumento na concentração de nitrogênio mineral no solo, fornecendo substratos para reações bioquímicas de produção e emissão de N2O para a atmosfera.

“De modo geral, menores emissões de N2O, simuladas ou observadas, podem ser explicadas pela não perturbação do solo (plantio direto) e pela presença de plantas de cobertura, que oferecem maior estabilidade de agregados e predominância de frações mais estáveis da matéria orgânica”, aponta pesquisadora da Embrapa Arminda Carvalho.

Além de menores emissões acumuladas de N2O com a utilização do Sistema Plantio Direto em comparação ao sistema convencional, os pesquisadores também destacam que, em qualquer período observado, a produtividade das duas culturas de grãos testadas é igual ou superior, nesse sistema de manejo do solo, que tem se mostrado, assim, o mais recomendado para as condições do Cerrado. “Nossos resultados podem indicar maior resiliência do Sistema Plantio Direto frente às mudanças climáticas, no que diz respeito às emissões de N2O e à produção de biomassa e grãos nas condições da região. No plantio direto, a cobertura vegetal e os resíduos culturais permanecem na superfície e podem melhorar a agregação do solo e estabilidade da matéria orgânica”, reforça Carvalho.

A importância de encontrar substitutos aos fertilizantes químicos

Segundo o anuário estatístico de 2022 publicado pela FAO, o Brasil é o quinto país em área cultivada no mundo. Os dados da publicação, referentes ao ano de 2020, mostram que o País era o maior produtor de soja e de cana-de açúcar e o terceiro maior produtor de milho do mundo. Apesar de ser uma atividade essencial para a manutenção da vida, base para a produção de alimentos, o setor agropecuário tem grande contribuição nas emissões de óxido nitroso (N2O), representando 83% de todas as emissões nacionais desse gás na atmosfera como consequência da oxidação da matéria orgânica e de processos microbianos associados ao manejo de resíduos culturais.

potencial de aquecimento global do N2O é de 265 a 298 vezes maior que o gás carbônico (CO2), com tempo médio de 100 anos de permanência na atmosfera “Uma melhor compreensão do padrão e das fontes de emissões de N2O dos solos agrícolas é essencial para desenvolver estratégias novas e práticas para limitar a contribuição dos sistemas de cultivo para as alterações climáticas”, aponta a pesquisadora da Embrapa Alexsandra Oliveira.

A intensificação da produção agrícola promoveu aumento no uso de fertilizantes nitrogenados, pois esse nutriente é essencial para manter o potencial de rendimento dos grãos de cereais. Os pesquisadores acreditam que a crescente procura por alimentos, rações e energia provavelmente aumentará significativamente as emissões de N2O dos solos caso as práticas de gestão agrícola permaneçam inalteradas, sem adoção de alternativas biológicas ao uso de adubos químicos, sobretudo os fertilizantes nitrogenados.

Fonte: Assessoria Embrapa Cerrados

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Faesc celebra publicação da lei que reduz burocracia para Declaração do Imposto Territorial Rural 

Medida retira a obrigatoriedade de utilização do ADA para redução do valor devido do ITR e autoriza o uso do CAR para o cálculo de área.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc) celebra a conquista da Lei 14.932/2024 que reduz a burocracia da Declaração do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (DITR) para os produtores. A legislação foi publicada, na última quarta-feira (24), no Diário Oficial da União pelo Governo Federal.

A medida retira a obrigatoriedade de utilização do Ato Declaratório Ambiental (ADA) para redução do valor devido do ITR e autoriza o uso do Cadastro Ambiental Rural (CAR) para o cálculo de área tributável do imóvel.

O presidente do Sistema Faesc/Senar e vice-presidente de finanças da CNA, José Zeferino Pedrozo, ressalta que a publicação da Lei representa um avanço para o agronegócio. “Nós, da Faesc, e demais federações, trabalhamos em conjunto com a CNA, pela desburocratização e simplificação da declaração do ITR para o produtor rural. Essa conquista significa menos burocracia, mais agilidade e redução de custos para o campo, o que é fundamental para impulsionar a competitividade e o desenvolvimento do setor produtivo”.

De acordo com o assessor técnico da CNA, José Henrique Pereira, com a publicação da Lei 14.932/2024, o setor espera a adequação da Instrução Normativa 2.206/2024 que ainda obriga o produtor rural a apresentar o ADA neste ano, para fins de exclusão das áreas não tributáveis do imóvel rural. “A nova Lei já está em vigor e desobriga a declaração do Ato Declaratório Ambiental, então esperamos que a Receita Federal altere a Instrução Normativa e que a lei sancionada comece a valer a partir da DITR 2024”, explicou.

A norma é originária do Projeto de Lei 7611/17, do ex-senador Donizeti Nogueira (TO) e de relatoria do deputado federal Sérgio Souza (MDB/PR). O texto tramitou em caráter conclusivo e foi aprovado pela Câmara dos Deputados em dezembro do ano passado.

De acordo com a IN 2.206/2024, o prazo para apresentação da DITR 2024 começa a partir do dia 12 de agosto e vai até 30 de setembro de 2024.

Fonte: Assessoria Faesc
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Sancionada lei que permite o uso do CAR para cálculo do ITR

Nova legislação permite que os produtores utilizem o Cadastro Ambiental Rural para calcular a área tributável, substituindo o atual Ato Declaratório Ambiental.

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Foto: Roberto Dziura Jr

A nova legislação permite que os produtores utilizem o Cadastro Ambiental Rural (CAR) para calcular a área tributável, substituindo o atual Ato Declaratório Ambiental (ADA). O governo federal sancionou na última terça-feira (23) a Lei 14932/2024, uma medida que visa modernizar o sistema de apuração do Imposto Territorial Rural (ITR) e reduzir a burocracia para os produtores rurais.

Ex-presidente da FPA, deputado Sérgio Souza, destaca que medida visa a modernização do sistema tributário rural – Foto: Divulgação/FPA

Aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJC) da Câmara dos Deputados em dezembro de 2023, o projeto de lei (PL 7611/2017) foi relatado pelo ex-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Sérgio Souza (MDB-PR). O parlamentar destacou a importância da nova lei, afirmando que o CAR é um dos instrumentos mais avançados hoje para compatibilizar a produção com a preservação ambiental.

“O Cadastro Ambiental Rural é uma das ferramentas mais importantes do mundo em termos de compatibilização da produção agropecuária com os ditames da preservação ecológica. É, certamente, um instrumento que cada vez mais deve ser valorizado”, afirmou Sérgio Souza.

Atualmente, para apurar o valor do ITR, os produtores devem subtrair da área total do imóvel as áreas de preservação ambiental, apresentando essas informações anualmente ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), por meio do ADA. Esses mesmos dados também são incluídos no CAR, conforme exigência do Código Florestal.

Com a nova lei, essa duplicidade de informações será eliminada, facilitando o processo para os produtores. “Não faz sentido que o produtor rural seja obrigado a continuar realizando anualmente o ADA, uma vez que todas as informações necessárias à apuração do valor tributável do ITR estão à disposição do Ibama e da Receita Federal por meio do CAR”, ressaltou Sérgio Souza.

Fonte: Assessoria FPA
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Governo gaúcho anuncia medidas para atenuar perdas causadas pelas enchentes na cadeia leiteira

No Programa da Agrofamília, os R$ 30 milhões em bônus financeiros para custeio e investimentos no Plano Safra 2023/2024, estarão disponíveis a partir da segunda quinzena de agosto nas agências do Banrisul. Outros R$ 112,9 milhões serão destinados para a compra, pelo Estado, de leite em pó.

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Foto: Gisele Rosso

O pacote de medidas do Governo do Rio Grande do Sul para reerguer a agricultura gaúcha após a tragédia climática que assolou a produção primária inclui ações específicas destinadas ao setor do leite: bônus de 25% em financiamentos e compra de leite em pó. “Chegam em boa hora e são importantes porque beneficiam o pequeno produtor com subvenção, que é fundamental. Além da compra do leite em pó num volume considerável”, destaca Darlan Palharini, secretário-executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat).

No Programa da Agrofamília, os R$ 30 milhões em bônus financeiros para custeio e investimentos no Plano Safra 2023/2024, estarão disponíveis a partir da segunda quinzena de agosto nas agências do Banrisul. Outros R$ 112,9 milhões serão destinados para a compra, pelo Estado, de leite em pó. A aquisição será feita junto às cooperativas gaúchas que não tenham importado leite, ao longo do ano vigente do programa, para atender mais de 100 mil crianças em municípios com Decreto de Calamidade.

O dirigente, que acompanhou o anúncio feito pelo governador Eduardo Leite e pelo secretário de Desenvolvimento Rural, Ronaldo Santini, na manhã desta quinta-feira (25/07), lembra que o setor ainda aguarda uma posição sobre a liberação do Fundoleite. “Recentemente, foi solicitado junto à Secretaria Estadual da Fazenda a atualização de saldos. A estimativa é dos valores se aproximem de R$ 40 milhões”, indica Palharini.

Fonte: Assessoria Sindilat-RS
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