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Microminerais são aliados da saúde, longevidade e produtividade dos animais

Alimentação equilibrada é o principal insumo responsável pela eficiência produtiva do animal, atuando diretamente na saúde, na longevidade e na produtividade

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Artigo escrito por Rogério Isler, gerente de Contas Ruminantes da Zinpro Animal Nutrition Brasil

A alimentação equilibrada é o principal insumo responsável pela eficiência produtiva do animal, atuando diretamente na saúde, na longevidade e na produtividade. E, para garantir esse bom desenvolvimento, os microminerais são importantes aliados para suprir as necessidades nutricionais e para a obtenção desses resultados. A ingestão e absorção adequada dos nutrientes é necessária para uma variedade de funções metabólicas, incluindo a resposta imunológica, a reprodução e o crescimento.

Nesse contexto, as estratégias de suplementação mineral tornam-se complexas, pois variações no status micromineral dos animais são comuns, e a adequação é importante para obter a produção ideal em sistemas produtivos modernos. Por isso, é importante estar atento às suas deficiências, em especial aos tipos subclínicas ou marginais, que podem se tornar um problema maior do que a deficiência mineral aguda, devido a seus sintomas clínicos específicos, muitas vezes, não evidentes ao produtor. Nesse quadro silencioso, antes mesmo de aparecerem as evidências de deficiência clínica, os animais continuam a crescer e a se reproduzir, mas a uma taxa reduzida. À medida que o estado micromineral dos animais diminui, sua imunidade e funções enzimáticas são comprometidas, acarretando, posteriormente, perda na capacidade do crescimento máximo e da fertilidade, finalmente, impactar nas taxas normais de crescimento e fertilidade antes da evidência das deficiências clínicas.

Efeito do declínio do status de micromineral no desempenho do animal

A prevenção desse cenário depende da manutenção dos animais em estado de nutrição mineral adequado, a partir da ingestão equilibrada e da absorção dos microminerais. Para entender melhor o papel desses nutrientes na produção animal, é importante reconhecer que os microminerais são componentes funcionais de numerosos eventos metabólicos. Suas funções podem ser descritas por quatro grandes categorias: estruturais, fisiológicas, catalíticas e reguladoras.

A estrutural refere-se aos microminerais como formadores de componentes estruturais dos órgãos e dos tecidos do corpo. Um exemplo é a contribuição do zinco para a estabilidade molecular e da membrana.

A função fisiológica ocorre quando minerais em fluídos corporais e tecidos agem como eletrólitos para manter a pressão osmótica, equilíbrio ácido base e permeabilidade da membrana.

A função catalítica é provavelmente a maior categoria de microminerais, uma vez que se refere ao papel catalítico das metaloenzimas em sistemas enzimáticos e hormonais. Neste caso, os microminerais servem como componentes estruturais das metaloenzimas e sua remoção ou falta de níveis adequados representa a perda da atividade enzimática. As metaloenzimas têm uma ampla diversidade e são necessárias para várias atividades metabólicas, como a produção de energia, digestão de proteínas, replicação celular, atividade antioxidante e cicatrização de feridas.

Já na função reguladora, os microminerais contribuem para o funcionamento de outros elementos, como é o caso do zinco, que influencia a transcrição, e do iodo, que serve como componente da tiroxina, um hormônio associado à função da tireoide e ao metabolismo energético.

A importância da função enzimática em relação ao desempenho animal foi demonstrada por estudos de depleção-repleção de zinco. O zinco demonstrou ter um papel crítico nos sistemas de enzimas proteolíticas associadas à renovação das proteínas musculares. A análise mostra que o acúmulo de proteína muscular diminuiu quando o zinco suplementar foi removido da dieta de forragem basal durante 21 dias; contudo, quando o zinco foi adicionado de volta à dieta por 14 dias, o acúmulo de proteína muscular retornou aos níveis normais. Um outro estudo complementar demonstra a função do zinco em sistemas de enzimas proteicas. Após a remoção do mineral suplementar durante um período de depleção, o ganho médio diário, a conversão alimentar e a resposta imunitária mediada por células diminuíram em até 21 dias. O declínio no desempenho animal foi evidente sem uma alteração na concentração de zinco no plasma ou no fígado, sugerindo que o desempenho foi mais sensível ao estado de deficiência marginal do animal. Já a repleção, com um complexo de zinco-aminoácidos, aumentou o ganho e a conversão alimentar em três dias, potencializando a resposta imunológica dentro de 14 dias. Estes resultados sugerem que as deficiências marginais podem ocorrer em um curto período de tempo, como indicado pela perda mensurável de desempenho animal.

Influência da depleção de zinco sobre a eficiência alimentar de bezerros

Uma produção animal ideal está diretamente ligada ao equilíbrio entre os nutrientes, as proteínas, a energia, os minerais e as vitaminas. Já o equilíbrio entre os microminerais, muitas vezes, representa um grande desafio, que merece considerações a parte, devido às interações de antagonismo que podem ocorrer entre os minerais. Alguns exemplos reconhecidos incluem o impacto negativo dos altos níveis de molibdênio e enxofre na absorção de cobre, a interferência causada por altos níveis de ferro para absorção de zinco, cobre e manganês e a diminuição da absorção de zinco na presença de cálcio elevado na dieta.

Efeito antagonista do enxofre e molibdênio na absorção de cobre

Uma interação que é frequentemente negligenciada acontece entre o zinco e o cobre. A fim de manter o status ótimo de ambos os elementos, os níveis dietéticos devem estar dentro de uma razão 1:3 até 1:5 de cobre : zinco. Dados relatados por um autor mostraram o efeito negativo do zinco sobre o status do cobre. O cobre do fígado diminuiu 41% em 90 dias quando o zinco foi adicionado à dieta para fornecer 90 ppm na ingestão diária de matéria seca, sem o acréscimo de nenhum elemento adicional. O estudo também mostrou um efeito sinérgico da suplementação de zinco e cobre. O cobre do fígado aumentou 103% a partir da adição conjunta de zinco e cobre, enquanto, com a inclusão exclusiva do zinco, o crescimento chegou a 26%. Uma outra análise realizada por outro autor comprova essa influência sob a perspectiva de desempenho animal. O pesquisador submeteu grupos de bezerros a pastagens de trigo com a adição de zinco e cobre e com a suplementação isolada desses minerais. O resultado mostrou uma melhora no ganho dos animais expostos à pastagem enriquecida com os dois elementos, que apresentaram taxas superiores aos outros grupos que receberam apenas zinco ou apenas cobre.

Muitos dos sistemas produtivos atuais e as expectativas de desempenho induzem períodos de estresse para o animal, fazendo com que seu status de microminerais seja crítico para minimizar os efeitos negativos sobre a produção. Um estudo realizado por outro pesquisador aponta esse reflexo do estresse sobre a retenção de cobre. Na pesquisa, uma sequência de eventos foi realizada para simular o estresse encontrado por bezerros transportados e o valor de retenção de cobre de linha de base foi de 8,1% para o sulfato de cobre, o que está de acordo com o valor de retenção de 7,8%, pré-determinado em outro estudo de metabolismo. Mas, após a tensão induzida, a retenção de cobre diminuiu para 3,3%, devido a um aumento na excreção de cobre biliar. Estes resultados sugerem que o estresse pode potencialmente reduzir o status devido a um declínio na capacidade do animal de reter minerais específicos. Já outros autores relataram o impacto das placentas retidas, consideradas estresse, nos parâmetros de reprodução em vacas leiteiras. As vacas de controle com placentas retidas aumentaram os dias para o primeiro estro, a primeira atividade lútea e o primeiro corpo lúteo. Enquanto aquelas com status micromineral adequado, antes do estresse, não tiveram efeito nos parâmetros de reprodução quando houve retenção de placenta. Estes estudos implicam que é importante ter animais em status adequado antes e após os períodos de maior risco.

Saúde Animal

A preocupação com a saúde na produção animal é universal. Custos de medicação, perda de desempenho em animais doentes e sua morte podem reduzir muito a rentabilidade em uma operação. Por isso, é fundamental garantir um bom funcionamento do sistema imunológico do animal, que protegerá o hospedeiro contra a invasão de bactérias, fungos, parasitas e vírus. Os microminerais – zinco, ferro, cobre, manganês e selênio – são importantes aliados nesse desafio, favorecendo o desempenho normal da função imune e a resistência às doenças. Contudo, a deficiência em um ou mais desses elementos pode comprometer a imunocompetência de um animal.

O primeiro nível de defesa no sistema imunológico é a pele, formada pelo tecido epitelial – que também reveste os tratos respiratório, gastrointestinal e reprodutivo. Os microminerais zinco e manganês são fundamentais para manter a integridade e saúde desse tecido, contribuindo para a redução da infiltração por agentes patogênicos. Estudos realizados com frangos de corte apontam que a partir da adição de complexo de zinco-aminoácidos e complexo de manganês-aminoácidos à dieta, houve menos escoriações de pele e maior porcentagem de patas aceitáveis, contribuindo para o aumento do valor de carcaça.

Para se desenvolver com eficiência produtiva, o animal necessita de um sistema imunológico capaz de responder a qualquer desafio, seja a um antígeno estranho – introduzido por vacina – ou situações prejudiciais enfrentadas no ambiente de produção. Para isso, produz células e proteínas específicas que vão neutralizar ou destruir esses antígenos específicos, o que chamamos de resposta imune adquirida. O sistema imunológico pode ser dividido em duas categorias: imunidade específica, referida como mediada por células e humoral, ou ação de imunidade inespecífica de fagócitos, macrófagos e neutrófilos polimorfonucleares.

A atuação do cobre sobre o sistema imunológico desencadeia a produção de energia e de enzimas antioxidantes, além da produção e atividade de neutrófilos, e do desenvolvimento de anticorpos e replicação de linfócitos. Sua importância para a manutenção das funções desse sistema foi demonstrada em vários estudos, que observam resultados relacionados à suplementação ou deficiência desses microminerais.

– Protetor para doenças infecciosas: os desafios virais e bacterianos aumentam a ceruloplasmina sérica e o cobre plasmático em bovinos bem suplementados com cobre

– Reflexo na imunidade: o baixo status de cobre resultou em diminuição da imunidade humoral e mediada por células, bem como diminuição da capacidade bactericida de neutrófilos em novilhos

– Linfócitos e neutrófilos: as atividades in vitro de linfócitos T e neutrófilos isolados de ratos machos adultos, alimentados cronicamente com uma dieta marginalmente baixa em cobre, foram suprimidas de forma significativa, sem alterações nos indicadores tradicionais de status do cobre

– Desenvolvimento de bezerros: reservas abaixo do normal em tecidos fetal de bezerros como resultado da deficiência na mãe podem prejudicar o desenvolvimento e o crescimento

– Saúde de bezerros: aumento da incidência de diarreia, ocorrência de úlceras abomasais logo após o nascimento e problemas respiratórios foram atribuídos a níveis inadequados de cobre em bezerros recém-nascidos

O zinco também desempenha funções importantes no sistema imunológico. Ele favorece a produção de energia, a síntese proteica, a estabilização de membranas contra endotoxinas bacterianas, a produção de enzimas antioxidantes e de anticorpos, além da manutenção da replicação de linfócitos. Estudos comprovam que sua deficiência impacta na diminuição da imunidade celular e da resposta de anticorpos e no crescimento desregulado do tecido T-dependente. Já sua suplementação aumenta a taxa de recuperação em bovinos estressados e infectados com o vírus da rinotraqueíte bovina; resulta em menos infecções da glândula mamária em vacas leiteiras durante a lactação; contribui de forma significativa para a redução da mortalidade precoce de perus, aliado ao aumento dos níveis de manganês e a variação dessas fontes na dieta, conforme apontam pesquisadores da Carolina do Norte, EUA. Já o estudo realizado por outro autor demonstrou que a zinco metionina aumenta o título de anticorpos contra herpesvirsu-1 bovino.

Todo esse panorama científico reitera a importância da nutrição micromineral e que a adição de complexos de microminerais-aminoácidos à alimentação trazem inúmeros benefícios para o animal ao longo de toda a sua vida – da fecundação a toda sua fase produtiva, com respostas marcantes no que se refere ao desenvolvimento do sistema imunológico, ao crescimento, à produção e reprodução. Por isso, é tão importante compreender as complexidades de cada categoria e identificar os nutrientes que farão a diferença no final do dia e contribuirão para uma eficiência produtiva rentável.

Mais informações você encontra na edição de Bovinos, Grãos e Máquinas de março/abril de 2017 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Por que suplementar?

O uso de suplementos possibilita a melhoria da produção animal no Brasil.

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Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

A produção animal no Brasil, pecuária de corte, leite, avicultura e suinocultura, apresentou um avanço nos últimos 30 anos tornando o país um dos maiores produtores e exportadores de proteína animal do mundo. Tudo isso motivado por vários fatores como o avanço do melhoramento genético, aliado as melhorias dos manejos sanitário e nutricional.

Outro fator que merece destaque é o uso de suplementos vitamínicos, minerais e aminoácidos (injetáveis, oral, ou em pó) por parte dos produtores. Vale citar que o uso de suplementos minerais e proteinados na pecuária de corte e leite corrige e previne as carências.

Segundo Vieira (2024) o desenvolvimento e aprimoramento dos suplementos minerais (sal mineral), dos proteinados, dos suplementos vitamínicos injetáveis, orais e premix[2] contribuíram para o desenvolvimento da produção animal, na prevenção de doenças de origens nutricionais, na correção das deficiências minerais, vitamínicas, potencializando a produção de carne, leite e ovos.

Bútolo (2010) destaca os avanços da pesquisa técnica e científica da nutrição animal nos últimos cinquenta anos, no qual possibilitou a melhoria da produção animal e consequentemente a produção de alimentos. Enfatiza que os estudos, além de avaliarem o valor nutritivo dos alimentos, evoluiu para os estudos de avaliação dos processos fisiológicos e como eles são afetados.

Tais estudos levaram ao desenvolvimento de compostos e suplementos que atuam no metabolismo, aumentando a eficiência fisiológica (principalmente na utilização de alimentos) e consequentemente aumentando a produção animal.

Um dos exemplos, pode citar os suplementos injetáveis múltiplos, nos quais cada nutriente tem uma ação específica.

Lobão (1984) compara o animal como uma empresa industrial. Segundo o autor, na empresa industrial existem três fatores importantes: matéria-prima, máquina e produto. Ao fazer a comparação, seu corpo é uma máquina, aquilo que entra no animal é a matéria-prima (alimento). Ele precisa deste alimento para produzir (em seus processos biológicos) e o produto final é carne, leite, bezerro, ovos, excreções, entre outros. Mas precisa haver um balanço desses fatores, senão haverá desgaste da máquina e cessa a produção. O animal, como qualquer outra máquina, precisa ter sua manutenção durante o processo produtivo passando por manutenções preventivas e corretivas (caso as deficiências nutricionais). O uso de suplementos é uma poderosa ferramenta para a manutenção do organismo animal, considerando que nem todos os nutrientes estão presentes na composição de sua dieta.

Por que suplementar? Esta é a pergunta que grande parte dos produtores fazem aos técnicos sempre olhando pelo lado econômico, sem se preocupar com o lado técnico e fisiológico da questão.

Diante do exposto, o artigo pretende responder aos questionamentos do uso dos diversos tipos de suplementos.

O que é suplementar? Por que suplementar?

De acordo com Veiga (1984), Nunes (1998), suplementar significa complementar; adicionar; suprir.

Segundo Veiga (1984) quando se faz uso de qualquer suplemento, completa-se, corrige-se a composição das dietas, ou atende-se as necessidades dos animais, desta forma responde-se aos questionamentos do porquê suplementar. O mesmo autor esclarece que as quantidades de nutrientes exigidas pelos animais para o perfeito desenvolvimento de suas funções são expressas em termos das necessidades. Essas necessidades são expressas em duas ordens, a se destacar:

  • Necessidades para manutenção: representam as quantidades de nutrientes exigidas por um animal sadio, mantido em um local compatível com sua saúde, suficiente parta manter seu organismo em perfeito “funcionamento” sem ganhar ou perder peso;
  • Necessidades para produção: representam as quantidades exigidas pelo animal para geração de alguma finalidade produtiva. Consideram-se como produções: crescimento, engorda, reprodução, produção de carne, leite, ovos, entre outros.

Vale enfatizar outras reflexões respondendo aos questionamentos da necessidade de suplementar os animais, principalmente quando se trata da produção de bovinos de corte e leite.

Teoricamente, as forragens consideradas de alta qualidade, devem ser capazes de fornecer os nutrientes necessários para atender as exigências dos animais em pastejo, quais sejam energia, proteína, vitaminas e minerais (Paulino, 2004).

Entretanto, a qualidade das pastagens no Brasil tem na sazonalidade climática (pastagens verdes na época das chuvas e secas nas épocas de estiagens) um dos fatores limitantes para o desenvolvimento produtivo dos animais, comprometendo a reprodução, engorda, recria e demais índices produtivos (Vieira, 2019).

Paulino et al (2004) sugere que nos locais produtivos, onde não há possibilidade de produção e fornecimento contínuo de pastagens de qualidade ao longo do ano, o uso de sistemas de alimentação combinando pastagens, fornecimento de silagens, feno (grifo meu), suplementos adicionais (minerais e proteinados) são requeridos para viabilizar o ajuste nutricional necessário e com isso atender as necessidades nutricionais dos animais.

No caso das vitaminas, minerais e aminoácidos, além do fornecimento de silagens, fenos de boa qualidade (mais econômico), a suplementação pode ser oferecida por meio de rações concentradas, suplementos alimentares em pó e suplementos injetáveis.

Por que fazer a suplementação a pasto com suplementos minerais e proteinados?

De acordo com Reis et al (1997), a “suplementação a pasto” atua como o ato de adicionar os nutrientes à nutrição dos animais na pastagem, relacionando-os com a exigência dos animais em pastejo. Conforme citado anteriormente, os suplementos são comumente utilizados para adicionar nutrientes extras ou suprir aqueles limitantes ao desempenho do animal.

Utiliza-se a suplementação a pasto no Brasil em virtude das alterações quantitativas e qualitativas observadas nas pastagens ao longo do ano, principalmente no período seco do ano, quando a qualidade nutricional tem uma queda significativa, principalmente nos valores proteicos e minerais levando a baixa produção de carne e leite neste período.

Assim surge-se a necessidade de ofertar suplementos minerais (corrigir as deficiências minerais) e suplementos minerais proteinados (alto teor de proteínas) com a finalidade de corrigir as deficiências proteicas presentes nas pastagens.

No período chuvoso administra-se o suplemento proteinado energético no intuito de potencializar o ganho de peso dos animais.

São várias as vantagens de se utilizar a suplementação a pasto, a se destacar: corrige a deficiência de nutrientes das forragens, aumenta a capacidade de suporte das pastagens, auxilia no manejo das pastagens, previne as doenças carenciais, mantém o peso dos animais no período seco e em muitos casos dependendo do tipo de proteinado ofertado (médio ou alto consumo), ocorre uma engorda relativa.

Alguns autores como Lobão (1984), Nunes (1998) e Paulino et al (2004) fazem considerações, nas quais considera-se pertinente quanto a utilização dos suplementos minerais e proteinados, a fim de:

  • Os suplementos minerais devem ser administrados durante os 365 dias do ano, em todas as categorias animais, e se possível com o teor de fósforo adequado para cada finalidade produtiva (reprodução, engorda, crescimento, entre outros);
  • O mercado oferece um suplemento proteinado para cada época do ano;
  • Vários fatores interferem na ingestão dos suplementos, nos quais os produtores e técnicos devem ficar atentos, como: patologias na boca dos animais, animais doentes, mistura inadequada, temperatura ambiente, cocho descoberto (interferência das chuvas), altura do cocho, largura do cocho muito curta e localização do cocho. Todos esses fatores podem levar os animais a uma ingestão inadequada e como consequência levar as deficiências nutricionais.

Por que utilizar os suplementos a base de minerais, vitaminas e aminoácidos?

A deficiência de vitaminas e minerais é uma realidade cada vez mais comum nos manejos nutricionais da produção animal.

Apesar dos pecuaristas oferecerem volumosos e suplementação mineral/proteica aos animais, os produtores darem ração aos animais para manter uma saúde equilibrada e aumentar a produção, algumas fases da produção exigem muito do organismo animal como a reprodução, a gestação, a produção intensiva (confinamento, semiconfinamento e engorda de leitões), a produção leiteira, quadro de doenças infecciosas, parasitárias que podem levar a uma carência de nutrientes importantes para a saúde dos animais e comprometer o processo produtivo.

Nesses casos, a suplementação a base de vitaminas, sais minerais e aminoácidos pode ser uma alternativa para repor esses nutrientes e evitar problemas de saúde decorrentes da deficiência nutricional.

Uma das opções de suplementação é a via oral, em que as vitaminas e minerais são ingeridos por meio de comprimidos, pós ou líquidos. No entanto, nem sempre essa opção é suficiente para garantir a absorção completa dos nutrientes pelo organismo.

Outro fator a enfatizar é a administração via oral de suplementos a base de líquidos para determinadas espécies como os bovinos, suínos, cujo manejo dos animais impedem uma melhor administração dos suplementos.

Nesse sentido, o uso dos suplementos injetáveis surge como uma alternativa interessante para garantir uma absorção mais rápida e completa dos nutrientes. A grande vantagem do uso dos suplementos injetáveis é que eles são absorvidos de forma mais rápida pelo organismo, adentram na corrente sanguínea promovendo ações aceleradas, no que tange a prevenção e na correção dos sintomas carenciais.

Atualmente a indústria tem desenvolvido suplementos injetáveis com múltiplos nutrientes, cuja finalidade principal é desempenhar simultaneamente várias funções no organismo.

Os suplementos injetáveis a base de minerais e aminoácidos, acrescidos ou não de vitaminas atuam também com potencializadores de desempenho e são aplicados antes e durante (manutenção) o processo produtivo, como na reprodução (fêmeas e machos), produção intensiva (confinamento e semiconfinamento) e recria acelerada.

Os suplementos injetáveis também são utilizados em animais convalescentes após as cirurgias, na recuperação (auxílio) de patologias toxicológicas e nos casos de animais com dificuldades de se alimentarem.

Portanto, o uso de suplementos tem contribuído para o aumento da produção animal.

Suplementar significa acrescentar, complementar, suprir e o seu uso baseia-se nas necessidades de manutenção e produção por parte dos animais e são utilizados para corrigir ou suprir as deficiências, de acordo com as necessidades.

O uso da suplementação a pasto, com suplementos minerais e proteinados, cuja principal função é a correção das deficiências nutricionais presentes nas pastagens, e também o uso de suplementos a base de minerais, vitaminas e aminoácidos em suas várias formas de administração, destacando-se os suplementos injetáveis múltiplos, desempenham funções simultâneas, no qual conferem absorção rápida pelo animal e segura.

As referências podem ser solicitadas ao autor pelo e-mail guilherme@farmacianafazenda.com.br.

Fonte: Por Guilherme Augusto Vieira, médico-veterinário, professor universitário e doutor em História das Ciências; estudos foram realizados em parceria com a Noxon Saúde Animal (Megabov).
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Governo Federal publica medidas excepcionais para apoiar setor lácteo no Rio Grande do Sul

Iniciativa vai simplificar a coleta do produto no estado gaúcho. O ministro Fávaro reforçou que a Pasta está comprometida em desenvolver ações emergenciais em apoio ao estado gaúcho.

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Foto: Juliana Sussai

Diante do cenário de calamidade pública em diversos municípios do Rio Grande do Sul, na última quinta-feira (09), o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) publicou a Portaria nº 1.108/24 que autoriza, temporariamente, a implementação de medidas excepcionais que simplifica as regras a serem cumpridas pelos estabelecimentos produtores de leite e derivados registrados no Serviço de Inspeção Federal (SIF) na região.

A Portaria visa fornecer suporte aos produtores afetados, permitindo-lhes adotar medidas que possibilitem a continuidade das operações diante das adversidades enfrentadas. “O governo está trabalhando para dar total apoio ao agro no Rio Grande do Sul. Nós do Mapa estamos desempenhando um papel ativo para apoiar o produtor gaúcho. O Brasil reconhece a importância do estado. A preservação do produtor vai ser feita”, reforçou o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.

A norma busca mitigar os impactos econômicos enfrentados pelo setor de laticínios, garantindo a manutenção do abastecimento para a população e evitando tanto a escassez quanto o aumento dos preços dos produtos lácteos. Além disso, são estabelecidas regras sanitárias adaptadas à situação de crise, preservando a rastreabilidade e a inocuidade desses alimentos de origem láctea.

Uma das medidas emergenciais adotadas pelo Mapa foi a coleta de leite e derivados, que possuem registro no SIF), ser realizada diretamente das propriedades rurais, localizadas nos municípios afetados pela situação de calamidade, sem a necessidade de cadastro prévio dos produtores no Sistema de Informações Gerenciais do Serviço de Inspeção Federal (SIGSIF) ou de realizar previamente as análises laboratoriais dos produtos.

Ainda, a medida reforça que o empréstimo de embalagens e produtos controlados entre os estabelecimentos de leite e derivados, registrados sob diferentes esferas de inspeção sanitária, deverá ser realizado mediante controle da cessão e recebimento dos produtos ou embalagens, com a emissão de documentos ou registros da quantidade e destinação para fins de arquivo e controle.

Fonte: Assessoria Mapa
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Ferramenta de seleção para facilidade de parto em novilhas Nelore reduz distocias e aumenta a rentabilidade

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Foto: Gabriel Faria

Tradicionalmente, a seleção genética nas raças zebuínas é focada em características relacionadas ao crescimento, devido à importância produtiva, econômica e por apresentarem resposta favorável à seleção quando aplicadas como critério de seleção. Contudo, nos últimos tempos há uma preocupação emergente sobre a seleção focada em características de crescimento em idades jovens e o impacto no tamanho adulto, composição da carcaça, fertilidade e produtividade nos rebanhos zebuínos.

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

A seleção para precocidade sexual e fertilidade também tem notoriedade dentro do melhoramento genético de zebuínos. A antecipação da prenhez é uma característica que possibilita melhorar a fertilidade e a precocidade sexual, e apresenta alta variabilidade genética aditiva, justificando sua aplicação como critério de seleção na pecuária de corte.

Diante disso, na seleção para maiores taxas de crescimento e precocidade sexual, nota-se que a incidência de problemas ao parto (distocia) aumentou nos últimos anos, provavelmente devido ao maior peso ao nascer do bezerro e menor idade ao primeiro parto de novilhas precoces, como consequência do incremento da precocidade sexual dos rebanhos. A distocia em novilhas tem efeitos desfavoráveis na fertilidade, proporcionando menores taxas de reconcepção, descarte de matrizes, além de prejudicar a viabilidade e aumentando a taxa de mortalidade de bezerros.

Atualmente, a característica peso ao nascer (PN) é o critério de seleção adotado para indicar dificuldade de parto nas raças zebuínas. As estratégias de acasalamento envolvem o uso de DEPs (diferença esperada na progênie) moderadas a baixas para PN visando menor incidência de distocias. No entanto, estudos evidenciam que a seleção para baixo PN pode interferir no desenvolvimento animal, prejudicando o ganho de peso e peso vivo em idades mais avançadas. Em vista disso, são necessárias alternativas de seleção genética que possibilitem solucionar essa questão.

Nas raças taurinas, a característica facilidade de parto (FP) é um componente essencial da eficiência reprodutiva. Já nas raças zebuínas ainda são escassos relatos dessa característica. Embora a seleção indireta para baixo PN possa contribuir para reduzir distocias, a seleção direta para FP associada com a seleção para PN seria uma interessante alternativa e resultaria em ganho genético em longo prazo.

Estudo avalia a importância da facilidade de parto

O cenário da pecuária de corte atual busca aumentar de forma sustentável a rentabilidade do rebanho e reduzir a incidência de problemas ao parto. Diante disso, a Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP) em parceria com a USP, Unesp e Embrapa Cerrados realizou um estudo com o intuito de analisar a importância da adoção da facilidade de parto como critério de seleção, quantificar a variabilidade genética dessa característica e a associação genética entre FP e outras características como crescimento, reprodução, carcaça e eficiência alimentar em primíparas da raça Nelore.

O conjunto de dados fenotípicos utilizados foi fornecido pelo programa de melhoramento genético Nelore Brasil da ANCP. Os dados de FP de novilhas primíparas foram coletados

de 21 rebanhos distribuídos pelo Brasil. Os animais foram classificados quanto à necessidade de assistência ao parto, sendo 88% dos partos sem assistência e 12% necessitaram de assistência.

O estudo, que teve início em 2019, comprovou que a correlação genética estimada entre FP e características indicadoras de precocidade sexual das fêmeas foi moderada, sugerindo que a seleção para antecipação do parto em novilhas aumentaria a incidência de problemas de parto nessa categoria, o que traz consequências negativas para a fertilidade, reforçando a importância da seleção para facilidade de parto como critério auxiliar de seleção, principalmente em rebanhos selecionados para precocidade sexual.

Entre peso ao nascer e facilidade de parto as estimativas de correlação genética foram moderas e negativas, indicando que a seleção para menor peso ao nascer reduziria a incidência de distocia. Apesar da correlação genética moderada com FP, a estimativa não é alta o suficiente para afirmar que a característica PN possa substituir ou servir como indicador direto de FP em bovinos Nelore. Além disso, a seleção para baixo PN pode proporcionar impacto negativo nos pesos subsequentes após o desmame. Assim, é possível inferir que a FP é um componente crucial a ser considerado para reduzir problemas de parto em vacas primíparas da raça Nelore.

Para características de crescimento pós-desmame, as estimativas de correlação genética foram baixas e próximas de zero, indicando que a seleção para desempenho pós-desmame não influenciaria a FP. Esses resultados reforçam que se o objeto de seleção é reduzir problemas de parto, é mais vantajoso aplicar a seleção direta para FP ao invés da seleção para PN, uma vez que a seleção para baixo PN poderia potencialmente retardar o crescimento animal, dada a sólida e favorável correlação genética entre PN com peso ao desmame e sobreano.

Em relação às características de carcaça, as estimativas de correlações genéticas com FP foram baixas, sugerindo que a seleção para facilidade de parto não afetaria o rendimento de carcaça, a deposição de gordura intramuscular ou a espessura da gordura subcutânea. Da mesma forma, as estimativas de correlações genéticas obtidas entre FP com características indicadoras de eficiência alimentar foram baixas. Assim, se é desejável obter seleção genética para carcaça, eficiência alimentar e bom desempenho ao parto, todos esses critérios de seleção devem ser trabalhados em conjunto, uma vez que essas características apresentam correlações desfavoráveis.

A seleção para FP em primíparas é um critério importante a ser considerado na raça Nelore, dado o impacto dos efeitos genéticos diretos e maternos sobre esta característica. As estimativas de herdabilidade para FP obtidas no estudo indicaram que a seleção para essa característica é viável para reduzir os problemas ao parto em novilhas precoces.

Outro ponto importante evidenciado neste estudo é a seleção e acasalamento de fêmeas precoces, onde a FP deve ser levada em consideração para reduzir problemas de parto nessa categoria. Além disso, a associação genética entre FP e PN apontou que selecionar apenas para baixo peso ao nascer para reduzir problemas de parto não é a estratégia mais adequada para aumentar a facilidade de parto em novilhas Nelore.

Portanto, os resultados indicam que a adoção de um modelo de seleção multicaracterística combinando a seleção para FP com características reprodutivas e de crescimento melhoraria a seleção para precocidade sexual, resultando em maior sucesso reprodutivo, com menor incidência de problemas ao parto, sem prejudicar o desempenho das características de crescimento, eficiência alimentar e de carcaça.

Os cinco anos de estudo científico resultaram na criação da DEP para facilidade de parto para a raça Nelore que será lançada de forma inédita ao mercado brasileiro no 28° Seminário Nacional de Criadores e Pesquisadores da ANCP, que acontece no dia 16 de agosto, em Uberaba (MG).

Fonte: Por Maria Paula Marinho de Negreiros, médica-veterinária e mestre em Ciências. Atua no setor de Genótipos da ANCP.
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