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Meta nacional: erradicar febre aftosa em cinco anos

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Entidades e lideranças da América Latina se movimentam para conseguir que o Brasil alcance o status de livre da aftosa sem vacinação em menos de cinco anos. A meta foi aprovada no Fórum 2020 – o Futuro do Brasil sem a doença, realizado no último dia 25 de novembro, na sede Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (Faesp).

O evento contou com a presença do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin; do secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de SP (SAA), Arnaldo Jardim; do presidente do Sistema Faesp/Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), Fábio de Salles Meirelles; além de membros de várias entidades representativas do agronegócio.

O principal objetivo do fórum foi apresentar algumas propostas sobre a intenção de retirar a vacinação ou diminuir sua aplicação. Sebastião Guedes, presidente do Grupo Interamericano para Erradicação da Febre Aftosa (Giefa), afirmou que 93% do rebanho da América do Sul estão livres de aftosa, graças ao trabalho do Centro Panamericano de Febre Aftosa (Panaftosa). No entanto, ele ressaltou que será necessária a união de toda a cadeia produtiva do Brasil e de outros países da América do Sul para erradicar definitivamente a doença dessa região.

Em conversa com a imprensa, Ottorino Covisi, diretor do Panaftosa, afirmou que o Paraguai tem avançado no combate à doença, após o último caso, ocorrido há cerca de quatro anos. "O principal fator de risco, no momento, é a Venezuela; recentemente, estivemos no país, para assegurar sua situação viral, porém, o acesso ainda é limitado a algumas áreas", contou.

"Temos dialogado com pecuaristas e lideranças para estabelecer um cronograma que permita um resultado efetivo, a cada ano, e que, em 2020, possamos considerar a retirada da vacinação", disse o presidente do Conselho Nacional da Pecuária de Corte (CNPC), Tirso Meireles.

Em sua opinião, a manutenção da vacinação contra a febre aftosa pode desestimular os investimentos realizados pelos pecuaristas nos últimos anos. "Somos eficientes da porteira para dentro, aumentamos a produtividade e cedemos muitos hectares à agricultura, mas temos que garantir rentabilidade para continuar na atividade; precisamos erradicar a aftosa", argumentou Meireles.

Fim gradativo

Entre os Estados brasileiros, somente Santa Catarina possui o status de livre de aftosa sem vacinação. Líderes das entidades do setor garantem que o País tem condições de se tornar livre, com vacinação, já no próximo ano, e começam a detalhar projetos para o fim gradativo da campanha nacional de vacinação.

A proposta apresentada no fórum é que, das duas vacinações anuais aplicadas atualmente nos rebanhos, a primeira seja destinada aos bezerros, até completar dois anos e a segunda, anual, aos bezerros, garrotes e vacas leiteiras, por cerca de três anos.

Sebastião Guedes (Giefa) e Tirso Meireles (CNPC) apoiam a decisão do Paraná e Mato Grosso, de alcançar o status de Estados livres sem vacinar o gado. "A suspensão da vacina contra aftosa é uma tendência mundial, permite o acesso a novos mercados e com maior valor agregado, como Estados Unidos, Japão, entre outros", comentou Guedes.

Na opinião de Antônio Jorge Camardelli, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), a discussão sobre a vacina pode até criar uma imagem não adequada para o Brasil.

"O negócio da vacina é o seguinte, bem simples, quem quiser tirar que tire, mas precisa ter segurança", argumentou. Segundo ele, o apelo que se faz é sobre a necessidade de unir esforços para resolver os problemas.

"Preciso dividir esse problema com o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos Saúde Animal (Sindan), com o CNPC e com a Associação Nacional dos Confinadores (Assocon), que me fornece boi", apontou.

Risco x valor

De acordo com Meirelles, o valor agregado da carne bovina aumenta no mercado internacional quando os compradores consideram que não há risco de transmissão de aftosa.

"O Japão, por exemplo, chega a pagar US$ 20 mil por tonelada de língua bovina importada de países nos quais os animais não sejam vacinados, ante a média atual de US$ 4 mil a US$ 5 mil a toneladas, no caso do Brasil, que não tem acesso ao mercado in natura japonês", ilustra Guedes.

Segundo, ele, há um mercado estimado em US$ 12 bilhões anuais, formado por Japão, Estados Unidos, México, Canadá e Coreia do Sul, mas o Brasil não tem acesso, por causa de barreiras comerciais com base na aftosa. "Dos vendedores de carne bovina do mundo, o Brasil é o único que pode garantir volume, qualidade e quantidade", destacou.

Os EUA abriram espaço para a carne bovina in natura do Brasil este ano, mas os embarques ainda não ocorreram, em consequência de questões burocráticas do país e da pressão contrária por parte de pecuaristas norte-americanos.

"Estamos otimistas com a retomada das vendas para o mercado chinês, a perspectiva é excelente; em novembro, até dia 25, fechamos 22 dias com a China, com o total de 20 mil toneladas de carne", afirmou Camardelli, que acabou de voltar daquele país.

De acordo com o executivo, a entidade pretende abrir um escritório próprio na China, um mercado estimado em US$ 1 bilhão, em 2016.

"A gente volta inflamado da China, do sucesso do mercado, de ver o produto brasileiro na gôndola, de ver um espaço muito grande", comemorou .

Um bilhão de doses

"Vamos fechar este ano colocando no mercado 1 bilhão do doses de vacinas que estão sobre o manto do controle oficial, que são febre aftosa, raiva, brucelose e clostridiose, 80% das quais são rastreadas", disse Emilio Salani, vice-presidente executivo do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos Saúde Animal (Sindan). "Estamos embarcando este ano R$ 60 milhões na rastreabilidade desses produtos."

Neste sentido, Salani destacou a renovação da parceria com o Panaftosa, R$ 1,5 milhão, que vai beneficiar não apenas o controle da vacina de aftosa, mas estará à disposição das autoridades na avaliação de cobertura imunitária e circulação viral. "Desafio alguém a me dizer qual o produto que você ingere que tenha o controle e a rastreabilidade da vacina contra febre aftosa."

O executivo do Sindan afirmou que o custo sanitário de um animal de 18/20 arrobas equivale a 2,5%, quando muito, 2,8%. "Está muito equilibrado e há muito tempo trabalhamos nessa faixa." Atualmente, uma vacina contra febre aftosa é comercializada entre R$ 1,40 /R$ 1,50.

De acordo com o Salani, a produção da indústria veterinária no Brasil está muito bem adequada. "Estamos focados em profilaxia; nosso futuro aponta para vacinas, produtos biológicos na linha de organismos geneticamente modificados", previu.

Ele contou que, na Reunião Extraordinária da Comissão Sul-Americana para a Luta contra a Febre Aftosa 2015 (Cosalfa), ao ser questionado sobre quando um país deve retirar uma vacinação, seja qual for, um palestrante respondeu que "a região ou país não deve falar, deve trabalhar arduamente, ver qual a sua condição de segurança e vigilância, e, sim retirar".

Salani resumiu: "Se vocês estão seguros de que podem dar esse passo, a indústria de produtos veterinários dará o apoio e o suporte necessários."

Avanço

Presente na abertura do fórum, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, lembrou que há cem anos o Brasil importava carne bovina e hoje é o maior exportador do mundo. Também mencionou que há 19 anos São Paulo não tem registro de febre aftosa. "Houve um avanço significativo, e embora só tenhamos 5% do rebanho total de bovinos no Brasil, ainda transita pelo Estado o gado para abate e terminação da engorda, portanto, ainda há possibilidade em relação à doença", analisou o governador.

Para Alckmin, a proposta de vacinação mais espaçada para o gado adulto é interessante. "Até agradeço, porque lá em casa, em Pindamonhangaba (interior de São Paulo), quem vacina o gado sou eu mesmo", comentou.

"Estamos aqui para debater o futuro e a erradicação total da aftosa. Por isto, trouxemos pesquisadores para acompanhar e contribuir no que for preciso; vamos fazer um trabalho coordenado, afinal, sanidade é questão central na pecuária, visto que o setor de proteína animal tem alcançado recordes no Brasil, especialmente no atual momento econômico", disse Arnaldo Jardim, secretário de Agricultura do Estado de São Paulo.

Segundo Jardim, o governador Geraldo Alckmin tem mencionado a importância da agricultura e da pecuária brasileira. "O grande desafio é o aumento da produtividade, com foco na pecuária sustentável, o que será muito importante para nós e para todo mundo", ressaltou.

"Valorizamos muito o fato de o Brasil incluir em sua estratégia nacional a Bolívia e o Paraguai, por uma lógica muito simples. Com a Bolívia, por exemplo, o Brasil tem 3,2 mil quilômetros de fronteira nos Estados com maior vocação pecuária, e, por esse motivo, temos que trabalhar de forma coordenada", disse Carlos Peñaranda, membro do Giefa. "Porém, passamos por muitas dificuldades em nosso país, nesse setor, e sabemos que recuperar mercado é muito mais difícil do que conseguir mercados novos."

Fonte: VS Comunicação- SNA

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Por que suplementar?

O uso de suplementos possibilita a melhoria da produção animal no Brasil.

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Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

A produção animal no Brasil, pecuária de corte, leite, avicultura e suinocultura, apresentou um avanço nos últimos 30 anos tornando o país um dos maiores produtores e exportadores de proteína animal do mundo. Tudo isso motivado por vários fatores como o avanço do melhoramento genético, aliado as melhorias dos manejos sanitário e nutricional.

Outro fator que merece destaque é o uso de suplementos vitamínicos, minerais e aminoácidos (injetáveis, oral, ou em pó) por parte dos produtores. Vale citar que o uso de suplementos minerais e proteinados na pecuária de corte e leite corrige e previne as carências.

Segundo Vieira (2024) o desenvolvimento e aprimoramento dos suplementos minerais (sal mineral), dos proteinados, dos suplementos vitamínicos injetáveis, orais e premix[2] contribuíram para o desenvolvimento da produção animal, na prevenção de doenças de origens nutricionais, na correção das deficiências minerais, vitamínicas, potencializando a produção de carne, leite e ovos.

Bútolo (2010) destaca os avanços da pesquisa técnica e científica da nutrição animal nos últimos cinquenta anos, no qual possibilitou a melhoria da produção animal e consequentemente a produção de alimentos. Enfatiza que os estudos, além de avaliarem o valor nutritivo dos alimentos, evoluiu para os estudos de avaliação dos processos fisiológicos e como eles são afetados.

Tais estudos levaram ao desenvolvimento de compostos e suplementos que atuam no metabolismo, aumentando a eficiência fisiológica (principalmente na utilização de alimentos) e consequentemente aumentando a produção animal.

Um dos exemplos, pode citar os suplementos injetáveis múltiplos, nos quais cada nutriente tem uma ação específica.

Lobão (1984) compara o animal como uma empresa industrial. Segundo o autor, na empresa industrial existem três fatores importantes: matéria-prima, máquina e produto. Ao fazer a comparação, seu corpo é uma máquina, aquilo que entra no animal é a matéria-prima (alimento). Ele precisa deste alimento para produzir (em seus processos biológicos) e o produto final é carne, leite, bezerro, ovos, excreções, entre outros. Mas precisa haver um balanço desses fatores, senão haverá desgaste da máquina e cessa a produção. O animal, como qualquer outra máquina, precisa ter sua manutenção durante o processo produtivo passando por manutenções preventivas e corretivas (caso as deficiências nutricionais). O uso de suplementos é uma poderosa ferramenta para a manutenção do organismo animal, considerando que nem todos os nutrientes estão presentes na composição de sua dieta.

Por que suplementar? Esta é a pergunta que grande parte dos produtores fazem aos técnicos sempre olhando pelo lado econômico, sem se preocupar com o lado técnico e fisiológico da questão.

Diante do exposto, o artigo pretende responder aos questionamentos do uso dos diversos tipos de suplementos.

O que é suplementar? Por que suplementar?

De acordo com Veiga (1984), Nunes (1998), suplementar significa complementar; adicionar; suprir.

Segundo Veiga (1984) quando se faz uso de qualquer suplemento, completa-se, corrige-se a composição das dietas, ou atende-se as necessidades dos animais, desta forma responde-se aos questionamentos do porquê suplementar. O mesmo autor esclarece que as quantidades de nutrientes exigidas pelos animais para o perfeito desenvolvimento de suas funções são expressas em termos das necessidades. Essas necessidades são expressas em duas ordens, a se destacar:

  • Necessidades para manutenção: representam as quantidades de nutrientes exigidas por um animal sadio, mantido em um local compatível com sua saúde, suficiente parta manter seu organismo em perfeito “funcionamento” sem ganhar ou perder peso;
  • Necessidades para produção: representam as quantidades exigidas pelo animal para geração de alguma finalidade produtiva. Consideram-se como produções: crescimento, engorda, reprodução, produção de carne, leite, ovos, entre outros.

Vale enfatizar outras reflexões respondendo aos questionamentos da necessidade de suplementar os animais, principalmente quando se trata da produção de bovinos de corte e leite.

Teoricamente, as forragens consideradas de alta qualidade, devem ser capazes de fornecer os nutrientes necessários para atender as exigências dos animais em pastejo, quais sejam energia, proteína, vitaminas e minerais (Paulino, 2004).

Entretanto, a qualidade das pastagens no Brasil tem na sazonalidade climática (pastagens verdes na época das chuvas e secas nas épocas de estiagens) um dos fatores limitantes para o desenvolvimento produtivo dos animais, comprometendo a reprodução, engorda, recria e demais índices produtivos (Vieira, 2019).

Paulino et al (2004) sugere que nos locais produtivos, onde não há possibilidade de produção e fornecimento contínuo de pastagens de qualidade ao longo do ano, o uso de sistemas de alimentação combinando pastagens, fornecimento de silagens, feno (grifo meu), suplementos adicionais (minerais e proteinados) são requeridos para viabilizar o ajuste nutricional necessário e com isso atender as necessidades nutricionais dos animais.

No caso das vitaminas, minerais e aminoácidos, além do fornecimento de silagens, fenos de boa qualidade (mais econômico), a suplementação pode ser oferecida por meio de rações concentradas, suplementos alimentares em pó e suplementos injetáveis.

Por que fazer a suplementação a pasto com suplementos minerais e proteinados?

De acordo com Reis et al (1997), a “suplementação a pasto” atua como o ato de adicionar os nutrientes à nutrição dos animais na pastagem, relacionando-os com a exigência dos animais em pastejo. Conforme citado anteriormente, os suplementos são comumente utilizados para adicionar nutrientes extras ou suprir aqueles limitantes ao desempenho do animal.

Utiliza-se a suplementação a pasto no Brasil em virtude das alterações quantitativas e qualitativas observadas nas pastagens ao longo do ano, principalmente no período seco do ano, quando a qualidade nutricional tem uma queda significativa, principalmente nos valores proteicos e minerais levando a baixa produção de carne e leite neste período.

Assim surge-se a necessidade de ofertar suplementos minerais (corrigir as deficiências minerais) e suplementos minerais proteinados (alto teor de proteínas) com a finalidade de corrigir as deficiências proteicas presentes nas pastagens.

No período chuvoso administra-se o suplemento proteinado energético no intuito de potencializar o ganho de peso dos animais.

São várias as vantagens de se utilizar a suplementação a pasto, a se destacar: corrige a deficiência de nutrientes das forragens, aumenta a capacidade de suporte das pastagens, auxilia no manejo das pastagens, previne as doenças carenciais, mantém o peso dos animais no período seco e em muitos casos dependendo do tipo de proteinado ofertado (médio ou alto consumo), ocorre uma engorda relativa.

Alguns autores como Lobão (1984), Nunes (1998) e Paulino et al (2004) fazem considerações, nas quais considera-se pertinente quanto a utilização dos suplementos minerais e proteinados, a fim de:

  • Os suplementos minerais devem ser administrados durante os 365 dias do ano, em todas as categorias animais, e se possível com o teor de fósforo adequado para cada finalidade produtiva (reprodução, engorda, crescimento, entre outros);
  • O mercado oferece um suplemento proteinado para cada época do ano;
  • Vários fatores interferem na ingestão dos suplementos, nos quais os produtores e técnicos devem ficar atentos, como: patologias na boca dos animais, animais doentes, mistura inadequada, temperatura ambiente, cocho descoberto (interferência das chuvas), altura do cocho, largura do cocho muito curta e localização do cocho. Todos esses fatores podem levar os animais a uma ingestão inadequada e como consequência levar as deficiências nutricionais.

Por que utilizar os suplementos a base de minerais, vitaminas e aminoácidos?

A deficiência de vitaminas e minerais é uma realidade cada vez mais comum nos manejos nutricionais da produção animal.

Apesar dos pecuaristas oferecerem volumosos e suplementação mineral/proteica aos animais, os produtores darem ração aos animais para manter uma saúde equilibrada e aumentar a produção, algumas fases da produção exigem muito do organismo animal como a reprodução, a gestação, a produção intensiva (confinamento, semiconfinamento e engorda de leitões), a produção leiteira, quadro de doenças infecciosas, parasitárias que podem levar a uma carência de nutrientes importantes para a saúde dos animais e comprometer o processo produtivo.

Nesses casos, a suplementação a base de vitaminas, sais minerais e aminoácidos pode ser uma alternativa para repor esses nutrientes e evitar problemas de saúde decorrentes da deficiência nutricional.

Uma das opções de suplementação é a via oral, em que as vitaminas e minerais são ingeridos por meio de comprimidos, pós ou líquidos. No entanto, nem sempre essa opção é suficiente para garantir a absorção completa dos nutrientes pelo organismo.

Outro fator a enfatizar é a administração via oral de suplementos a base de líquidos para determinadas espécies como os bovinos, suínos, cujo manejo dos animais impedem uma melhor administração dos suplementos.

Nesse sentido, o uso dos suplementos injetáveis surge como uma alternativa interessante para garantir uma absorção mais rápida e completa dos nutrientes. A grande vantagem do uso dos suplementos injetáveis é que eles são absorvidos de forma mais rápida pelo organismo, adentram na corrente sanguínea promovendo ações aceleradas, no que tange a prevenção e na correção dos sintomas carenciais.

Atualmente a indústria tem desenvolvido suplementos injetáveis com múltiplos nutrientes, cuja finalidade principal é desempenhar simultaneamente várias funções no organismo.

Os suplementos injetáveis a base de minerais e aminoácidos, acrescidos ou não de vitaminas atuam também com potencializadores de desempenho e são aplicados antes e durante (manutenção) o processo produtivo, como na reprodução (fêmeas e machos), produção intensiva (confinamento e semiconfinamento) e recria acelerada.

Os suplementos injetáveis também são utilizados em animais convalescentes após as cirurgias, na recuperação (auxílio) de patologias toxicológicas e nos casos de animais com dificuldades de se alimentarem.

Portanto, o uso de suplementos tem contribuído para o aumento da produção animal.

Suplementar significa acrescentar, complementar, suprir e o seu uso baseia-se nas necessidades de manutenção e produção por parte dos animais e são utilizados para corrigir ou suprir as deficiências, de acordo com as necessidades.

O uso da suplementação a pasto, com suplementos minerais e proteinados, cuja principal função é a correção das deficiências nutricionais presentes nas pastagens, e também o uso de suplementos a base de minerais, vitaminas e aminoácidos em suas várias formas de administração, destacando-se os suplementos injetáveis múltiplos, desempenham funções simultâneas, no qual conferem absorção rápida pelo animal e segura.

As referências podem ser solicitadas ao autor pelo e-mail guilherme@farmacianafazenda.com.br.

Fonte: Por Guilherme Augusto Vieira, médico-veterinário, professor universitário e doutor em História das Ciências; estudos foram realizados em parceria com a Noxon Saúde Animal (Megabov).
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Governo Federal publica medidas excepcionais para apoiar setor lácteo no Rio Grande do Sul

Iniciativa vai simplificar a coleta do produto no estado gaúcho. O ministro Fávaro reforçou que a Pasta está comprometida em desenvolver ações emergenciais em apoio ao estado gaúcho.

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Foto: Juliana Sussai

Diante do cenário de calamidade pública em diversos municípios do Rio Grande do Sul, na última quinta-feira (09), o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) publicou a Portaria nº 1.108/24 que autoriza, temporariamente, a implementação de medidas excepcionais que simplifica as regras a serem cumpridas pelos estabelecimentos produtores de leite e derivados registrados no Serviço de Inspeção Federal (SIF) na região.

A Portaria visa fornecer suporte aos produtores afetados, permitindo-lhes adotar medidas que possibilitem a continuidade das operações diante das adversidades enfrentadas. “O governo está trabalhando para dar total apoio ao agro no Rio Grande do Sul. Nós do Mapa estamos desempenhando um papel ativo para apoiar o produtor gaúcho. O Brasil reconhece a importância do estado. A preservação do produtor vai ser feita”, reforçou o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.

A norma busca mitigar os impactos econômicos enfrentados pelo setor de laticínios, garantindo a manutenção do abastecimento para a população e evitando tanto a escassez quanto o aumento dos preços dos produtos lácteos. Além disso, são estabelecidas regras sanitárias adaptadas à situação de crise, preservando a rastreabilidade e a inocuidade desses alimentos de origem láctea.

Uma das medidas emergenciais adotadas pelo Mapa foi a coleta de leite e derivados, que possuem registro no SIF), ser realizada diretamente das propriedades rurais, localizadas nos municípios afetados pela situação de calamidade, sem a necessidade de cadastro prévio dos produtores no Sistema de Informações Gerenciais do Serviço de Inspeção Federal (SIGSIF) ou de realizar previamente as análises laboratoriais dos produtos.

Ainda, a medida reforça que o empréstimo de embalagens e produtos controlados entre os estabelecimentos de leite e derivados, registrados sob diferentes esferas de inspeção sanitária, deverá ser realizado mediante controle da cessão e recebimento dos produtos ou embalagens, com a emissão de documentos ou registros da quantidade e destinação para fins de arquivo e controle.

Fonte: Assessoria Mapa
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Ferramenta de seleção para facilidade de parto em novilhas Nelore reduz distocias e aumenta a rentabilidade

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Foto: Gabriel Faria

Tradicionalmente, a seleção genética nas raças zebuínas é focada em características relacionadas ao crescimento, devido à importância produtiva, econômica e por apresentarem resposta favorável à seleção quando aplicadas como critério de seleção. Contudo, nos últimos tempos há uma preocupação emergente sobre a seleção focada em características de crescimento em idades jovens e o impacto no tamanho adulto, composição da carcaça, fertilidade e produtividade nos rebanhos zebuínos.

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

A seleção para precocidade sexual e fertilidade também tem notoriedade dentro do melhoramento genético de zebuínos. A antecipação da prenhez é uma característica que possibilita melhorar a fertilidade e a precocidade sexual, e apresenta alta variabilidade genética aditiva, justificando sua aplicação como critério de seleção na pecuária de corte.

Diante disso, na seleção para maiores taxas de crescimento e precocidade sexual, nota-se que a incidência de problemas ao parto (distocia) aumentou nos últimos anos, provavelmente devido ao maior peso ao nascer do bezerro e menor idade ao primeiro parto de novilhas precoces, como consequência do incremento da precocidade sexual dos rebanhos. A distocia em novilhas tem efeitos desfavoráveis na fertilidade, proporcionando menores taxas de reconcepção, descarte de matrizes, além de prejudicar a viabilidade e aumentando a taxa de mortalidade de bezerros.

Atualmente, a característica peso ao nascer (PN) é o critério de seleção adotado para indicar dificuldade de parto nas raças zebuínas. As estratégias de acasalamento envolvem o uso de DEPs (diferença esperada na progênie) moderadas a baixas para PN visando menor incidência de distocias. No entanto, estudos evidenciam que a seleção para baixo PN pode interferir no desenvolvimento animal, prejudicando o ganho de peso e peso vivo em idades mais avançadas. Em vista disso, são necessárias alternativas de seleção genética que possibilitem solucionar essa questão.

Nas raças taurinas, a característica facilidade de parto (FP) é um componente essencial da eficiência reprodutiva. Já nas raças zebuínas ainda são escassos relatos dessa característica. Embora a seleção indireta para baixo PN possa contribuir para reduzir distocias, a seleção direta para FP associada com a seleção para PN seria uma interessante alternativa e resultaria em ganho genético em longo prazo.

Estudo avalia a importância da facilidade de parto

O cenário da pecuária de corte atual busca aumentar de forma sustentável a rentabilidade do rebanho e reduzir a incidência de problemas ao parto. Diante disso, a Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP) em parceria com a USP, Unesp e Embrapa Cerrados realizou um estudo com o intuito de analisar a importância da adoção da facilidade de parto como critério de seleção, quantificar a variabilidade genética dessa característica e a associação genética entre FP e outras características como crescimento, reprodução, carcaça e eficiência alimentar em primíparas da raça Nelore.

O conjunto de dados fenotípicos utilizados foi fornecido pelo programa de melhoramento genético Nelore Brasil da ANCP. Os dados de FP de novilhas primíparas foram coletados

de 21 rebanhos distribuídos pelo Brasil. Os animais foram classificados quanto à necessidade de assistência ao parto, sendo 88% dos partos sem assistência e 12% necessitaram de assistência.

O estudo, que teve início em 2019, comprovou que a correlação genética estimada entre FP e características indicadoras de precocidade sexual das fêmeas foi moderada, sugerindo que a seleção para antecipação do parto em novilhas aumentaria a incidência de problemas de parto nessa categoria, o que traz consequências negativas para a fertilidade, reforçando a importância da seleção para facilidade de parto como critério auxiliar de seleção, principalmente em rebanhos selecionados para precocidade sexual.

Entre peso ao nascer e facilidade de parto as estimativas de correlação genética foram moderas e negativas, indicando que a seleção para menor peso ao nascer reduziria a incidência de distocia. Apesar da correlação genética moderada com FP, a estimativa não é alta o suficiente para afirmar que a característica PN possa substituir ou servir como indicador direto de FP em bovinos Nelore. Além disso, a seleção para baixo PN pode proporcionar impacto negativo nos pesos subsequentes após o desmame. Assim, é possível inferir que a FP é um componente crucial a ser considerado para reduzir problemas de parto em vacas primíparas da raça Nelore.

Para características de crescimento pós-desmame, as estimativas de correlação genética foram baixas e próximas de zero, indicando que a seleção para desempenho pós-desmame não influenciaria a FP. Esses resultados reforçam que se o objeto de seleção é reduzir problemas de parto, é mais vantajoso aplicar a seleção direta para FP ao invés da seleção para PN, uma vez que a seleção para baixo PN poderia potencialmente retardar o crescimento animal, dada a sólida e favorável correlação genética entre PN com peso ao desmame e sobreano.

Em relação às características de carcaça, as estimativas de correlações genéticas com FP foram baixas, sugerindo que a seleção para facilidade de parto não afetaria o rendimento de carcaça, a deposição de gordura intramuscular ou a espessura da gordura subcutânea. Da mesma forma, as estimativas de correlações genéticas obtidas entre FP com características indicadoras de eficiência alimentar foram baixas. Assim, se é desejável obter seleção genética para carcaça, eficiência alimentar e bom desempenho ao parto, todos esses critérios de seleção devem ser trabalhados em conjunto, uma vez que essas características apresentam correlações desfavoráveis.

A seleção para FP em primíparas é um critério importante a ser considerado na raça Nelore, dado o impacto dos efeitos genéticos diretos e maternos sobre esta característica. As estimativas de herdabilidade para FP obtidas no estudo indicaram que a seleção para essa característica é viável para reduzir os problemas ao parto em novilhas precoces.

Outro ponto importante evidenciado neste estudo é a seleção e acasalamento de fêmeas precoces, onde a FP deve ser levada em consideração para reduzir problemas de parto nessa categoria. Além disso, a associação genética entre FP e PN apontou que selecionar apenas para baixo peso ao nascer para reduzir problemas de parto não é a estratégia mais adequada para aumentar a facilidade de parto em novilhas Nelore.

Portanto, os resultados indicam que a adoção de um modelo de seleção multicaracterística combinando a seleção para FP com características reprodutivas e de crescimento melhoraria a seleção para precocidade sexual, resultando em maior sucesso reprodutivo, com menor incidência de problemas ao parto, sem prejudicar o desempenho das características de crescimento, eficiência alimentar e de carcaça.

Os cinco anos de estudo científico resultaram na criação da DEP para facilidade de parto para a raça Nelore que será lançada de forma inédita ao mercado brasileiro no 28° Seminário Nacional de Criadores e Pesquisadores da ANCP, que acontece no dia 16 de agosto, em Uberaba (MG).

Fonte: Por Maria Paula Marinho de Negreiros, médica-veterinária e mestre em Ciências. Atua no setor de Genótipos da ANCP.
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