Notícias
Mapa participa de lançamento do PAE Sergipe para baixa emissão de carbono
Plano de Ação Estadual de Sergipe apresenta as diretrizes para o aprimoramento da sustentabilidade da produção agropecuária ao longo da presente década.

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), por meio da Superintendência de Agricultura e Pecuária do Estado de Sergipe (SFA-SE), participou da Exporingo 2023, realizada entre os dias 04 e 08 de outubro no município de Lagarto, no estado de Sergipe. Em sua terceira edição, a feira se consolida como uma das maiores do segmento na região com mais de 200 estandes oferecendo serviços, equipamentos agrícolas, estrutura para exposição de animais, além de opções gastronômicas para atender a todos os gostos.
O evento marcou o lançamento oficial do Plano de Ação Estadual de Sergipe (PAE Sergipe) para Adaptação à Mudança do Clima e Baixa Emissão de Carbono na Agropecuária com vistas ao Desenvolvimento Sustentável (Plano Estadual ABC+ 2020 – 2030). Sergipe se destaca como o segundo estado do Nordeste a lançar o plano e oitavo no país.
O PAE Sergipe tem a finalidade de deliberar, analisar, fomentar, articular e propor ações e medidas para garantir a implantação e efetivação do Plano, por meio de práticas de manejo e uso sustentáveis dos recursos naturais, com vista à redução da emissão de gases de efeito estufa, bem como aumento da fixação de carbono na vegetação e solo.
Para o superintendente de Agricultura e Pecuária de Sergipe, Jonielton Oliveira Dantas, o PAE Sergipe mostra que o estado está alinhado com as diretrizes do Mapa para o aprimoramento da sustentabilidade da produção agropecuária ao longo da presente década.
“O plano é um instrumento promotor da agropecuária sustentável, contribuindo para a mitigação de gases do efeito estufa. Além disso é um mecanismo de integração das ações dos vários entes estaduais e da sociedade civil que atua no setor produtivo. Mais do que ações pontuais e isoladas atinentes às práticas que envolvem a temática de sustentabilidade em Sergipe, a iniciativa anseia congregar políticas de estado que contribuam para a implementação de tecnologias, baseada na conservação ambiental, com inclusão social e viabilidade econômica”, avaliou.
Durante a exposição aconteceram rodas de conversa, entre elas, “Perspectivas da Retirada da Vacinação Contra a Febre Aftosa em Sergipe”, ministrada pela chefe do Serviço de Fiscalização de Insumos e Saúde Animal (SISA-SE/ Mapa), Vera Lúcia Minan de Oliveira.
Sobre o Programa ABC+
O Programa ABC+ é a linha de crédito do Plano ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono) destinada ao financiamento de tecnologias e sistemas de produção nas propriedades rurais, para promover uma agropecuária mais adaptada à mudança climática e também mitigadora de gases de efeito estufa.
O Mapa desempenha o papel de Coordenação Nacional do ABC+, cuja governança inclui o Sistema Integrado de Informações do Plano Setorial para Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura (SINABC).
PAE Sergipe
O Plano de Ação Estadual é a contribuição do estado de Sergipe ao compromisso institucional assumido pelo Brasil, na consolidação de uma agropecuária limpa, e é oferecido como instrumento incentivador de proposições e balizador de ideias e ações no âmbito da Agricultura de Baixo Carbono (ABC+), apresentando diretrizes mais pertinentes ao estado.
O Plano ABC+ foi estruturado em quatro metas, propondo tecnologia com alto potencial de mitigação das emissões de gases de efeito estufa (GEE) e combate ao aquecimento global: Recuperação de Pastagens Degradadas (PRPD) – 1.500 hectares; Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) – 1.000 hectares; Florestas Plantas – 1.000 hectares e Bioinsumos – 300 unidades produtivas.

Notícias
Câmara de Comércio Árabe Brasileira convoca agro a explorar mercado halal
Em encontro voltado ao agronegócio e adidos agrícolas em Brasília, a diretora de Marketing e Conteúdo da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Silvana Gomes, falou sobre as oportunidades que o setor pode encontrar entre os consumidores muçulmanos.

A diretora de Marketing e Conteúdo da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Silvana Gomes, chamou representantes do agronegócio brasileiro a explorarem ainda mais o mercado internacional de produtos halal. A executiva falou a adidos agrícolas e outros profissionais do segmento na última sexta-feira (24) durante o 1º Encontro Nacional do Agro e 5º Encontro dos Adidos Agrícolas do Brasil, na capital federal.

Diretora de Marketing e Conteúdo da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Silvana Gomes – Fotos: Divulgação/ANBA
Os adidos agrícolas atuam na abertura, manutenção e ampliação de mercados para o agronegócio brasileiro. Eles trabalham em embaixadas ou missões diplomáticas, em coordenação com o embaixador e outros diplomatas, para identificar oportunidades, desafios e possibilidades de comércio, investimentos e cooperação no setor.
A Câmara Árabe leva adiante com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) o Projeto Halal do Brasil, que tem como foco principal promover a presença de alimentos brasileiros com valor agregado e certificado halal no mercado internacional. Os produtos halal são consumidos em países árabes e outras nações muçulmanas, além de outras partes do mundo há essa demanda.
Silvana agradeceu o apoio que o projeto já encontra em ministérios e associações do agronegócio e disse contar com a colaboração de todos os adidos e instituições do segmento para trazer empresas a participarem do Halal do Brasil. O projeto arca com 50% do custo da primeira certificação halal de empresas interessadas. Silvana disse que o apoio ainda é pouco conhecido e chamou os presentes a divulgarem a oportunidade.
A executiva apresentou alguns dados que mostram o tamanho do mercado halal, avaliado em US$ 1,26 trilhões e formado por 2 bilhões de muçulmanos, ou um quarto da população mundial. Ela também contou como os consumidores muçulmanos estão preocupados em verificar a origem e certificação halal dos produtos em suas compras e relatou algumas iniciativas do projeto Halal do Brasil, como ação durante a feira Mihas, na Malásia, neste ano.

Presidente da ApexBrasil, Jorge Viana
O Halal do Brasil tem o intuito de inserir 500 empresas nacionais no mercado halal. Ele consta de várias fases: a capacitação, na qual as empresas ainda não certificadas recebem informações e são sensibilizadas sobre o halal, o treinamento online e segmentado para companhias interessadas em receber a certificação halal e a promoção comercial, com participação em feiras e em missões internacionais. Também há o apoio para obter a certificação.
O 1º Encontro Nacional do Agro e o 5º Encontro de Adidos Agrícolas foram organizados pela ApexBrasil em parceria com o Ministério da Agricultura e Pecuária, reunindo presidentes e diretores entidades setoriais, autoridades e adidos agrícolas.
O presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, esteve presente e falou ao público. O objetivo do evento foi promover diálogo na busca por estratégias para potencializar o agronegócio brasileiro no cenário global. Representantes de vários setores fizeram palestras e debateram. No encerramento estava prevista a presença do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin.
Notícias
El Niño ‘dos extremos’ prejudica planejamento da safra de grãos
Excesso de chuvas no Sul e precipitações abaixo do esperado no Centro-Oeste atrasam a semeadura da soja e podem prejudicar a janela ideal de cultivo de milho safrinha.

As condições climáticas atípicas estão afetando o planejamento da safra de grãos. A incidência do fenômeno El Niño, cuja intensidade atingirá o pico no mês de dezembro, vem provocando eventos climáticos extremos, causando danos em áreas de cultivo na maioria das regiões produtoras.
De acordo com o monitoramento de safra realizado pela seguradora FF Seguros, embora a semeadura da safra de soja 2023/24 já esteja em torno de 70% da área estimada, o período vem sendo marcado por incertezas. O clima está prejudicando lavouras em várias regiões do Brasil de maneira diversa e o ritmo das operações de campo enfrenta lentidão, se comparado com as safras anteriores. “Temos um cenário de excesso de chuvas no Sul, principalmente em Santa Catarina e Paraná, então os trabalhos de plantio da safra de soja 2023/24 podem ser suspensos em alguns momentos e há preocupações com a necessidade de replantio causado por alagamentos ou erosão. No Centro-Oeste, há uma tendência de temperaturas acima da média e anomalias de chuvas, com precipitações abaixo do normal. De forma geral, o plantio da safra de soja está atrasado”, analisa o superintendente de agronegócios da FF Seguros, Guilherme Frezzarin.
Existe ainda a perspectiva de que o El Niño tenha influência prolongada, com previsão de manutenção do fenômeno até meados do outono de 2024. Dessa forma, a safra seguinte possivelmente será impactada. “Já começamos a mirar para o planejamento do milho safrinha e avaliar de que forma esse atraso no cultivo da soja poderá causar problemas e riscos de perda de janela ideal do plantio de milho, principalmente no Centro-Oeste”, afirma Frezzarin.
Além de alterar o planejamento das atividades de campo e prejudicar lavouras, esse contexto pode alterar a dinâmica de contratações de seguros. O fenômeno atual está sendo chamado de ‘El Niño dos extremos’, sendo comparável ao histórico de intempéries intensas que foi registrado na safra de grãos 2015/16. A elevação dos riscos associados ao clima leva à conscientização sobre o papel do seguro agrícola e impacta na precificação das apólices.
Outra tendência é o fortalecimento de mais alternativas de financiamento de safras. Esse movimento pode reduzir a dependência dos agricultores dos programas de incentivo governamental para o custeio rural, alterando a tradicional calendarização de contratação de seguros.
Além disso, a perspectiva de ocorrência de eventos climáticos com maior frequência e intensidade poderá ameaçar benfeitorias, como danos em silos causados por vendavais, morte de gado em decorrência de queda de raios, entre outros prejuízos possíveis. Dessa forma, outras modalidades de seguro se tornam cada vez mais relevantes.
Notícias
Projeto internacional avalia serviços ecossistêmicos do solo no Matopiba
Iniciativa envolve Brasil, Argentina, Colômbia e Uruguai e tem apoio de programa da União Europeia.

A Embrapa está desenvolvendo protocolos para avaliar, modelar, mapear e monitorar os serviços ecossistêmicos do solo em áreas de intensificação sustentável da produção agrícola. No Brasil, a área de estudo será o Matopiba, região de expansão agropecuária formada pelos estados do Tocantins e partes do Maranhão, Piauí e Bahia.
O projeto Soil-ES integra uma iniciativa internacional, com ações equivalentes acontecendo na Argentina, no Uruguai e na Colômbia, com financiamento da União Europeia e parceria de uma instituição de pesquisa da França. Os indicadores e os protocolos serão desenvolvidos e adaptados às condições da América do Sul, com o objetivo de apoiar sistemas de pagamento por serviços ambientais, mercados de carbono e planejamento territorial para uma agricultura sustentável.
À frente do projeto, a pesquisadora Rachel Prado, da Embrapa Solos (RJ), explica que os serviços ecossistêmicos do solo são pouco conhecidos e muitas vezes negligenciados, principalmente na tomada de decisão e nos mecanismos de compensação econômica. Por isso, a iniciativa envolve avaliar, modelar e mapear a regulação climática/sequestro de carbono, o controle à erosão, a regulação de água e o fornecimento de alimentos. “Serão testados métodos relacionados à avaliação da saúde do solo também. Os métodos mais conhecidos e padronizados são para a estimativa do sequestro de carbono e fertilidade do solo. Já os métodos para a estimativa dos demais serviços ecossistêmicos do solo são diversos e alguns deles possuem custos elevados”, detalha.
O objetivo dos pesquisadores é chegar a protocolos padronizados e de baixo custo. O Matopiba foi escolhido para ser uma fronteira de expansão da agricultura brasileira, onde o uso e o manejo do solo e dos recursos demais naturais são cruciais para garantir a sustentabilidade da produção agrícola e a qualidade de vida para todos. “A abordagem dos serviços ecossistêmicos do solo, que evidencia os benefícios que o homem obtém da natureza, parece ser bastante adequada para alertar para a necessidade de sistemas de produção agrícola sustentáveis, como o Sistema Plantio Direto e a integração Lavoura-Pecuária-Floresta, que levam a uma agricultura de baixo carbono, além de promover paisagens multifuncionais”, argumenta a líder do projeto.

Foto: Lauro Nogueira Jr
Os estudos estão concentrados nas bacias do alto rio Parnaíba e do rio das Balsas. Essas áreas foram escolhidas pela sua importância no fornecimento de água e relevância na produção agropecuária. “Essa região está nascente do rio Parnaíba, que perpassa e contribui com os usos múltiplos da água de diversos municípios do Maranhão e Piauí”, explica Rachel.
Atuação em três escalas
Os pesquisadores atuam em três escalas diferentes: local, bacia hidrográfica e regional. Na escala local, estão identificando protocolos e indicadores capazes de monitorar impactos da intensificação sustentável da agricultura nos serviços ecossistêmicos do solo. Na escala da bacia hidrográfica e no nível da fazenda, estão construindo um protocolo para o mapeamento integrado dos serviços ecossistêmicos do solo e das práticas relacionadas aos sistemas intensivos.
Para tanto, aplicam-se ferramentas de sensoriamento remoto e modelagem, com o objetivo de apoiar sistemas de pagamento para serviços ambientais e mercados de carbono. Já na escala regional, será desenvolvido e validado um protocolo para o zoneamento dos serviços ecossistêmicos do solo e seu ambiente, visando subsidiar o planejamento sustentável da paisagem rural, com destaque para a agricultura.
Avaliação em áreas de commodities
A Embrapa Cocais (MA) é responsável pelas amostragens do solo para a avaliação dos indicadores de serviços ecossistêmicos do solo, selecionados previamente, em áreas de produção das commodities soja, milho e algodão, portanto, na escala local. O pesquisador Dirceu Klepker, coordenador técnico da Unidade de Execução de Pesquisa (UEP) em Balsas (MA), conduz, com sua equipe, experimentos de longa duração sobre a fertilidade e manejo do solo em áreas experimentais do Matopiba.
Uma das áreas experimentais, localizada em Tasso Fragoso (MA), foi visitada pelos pesquisadores durante a primeira campanha de campo, que ocorreu em outubro de 2023. “O papel da Embrapa Cocais será a aplicação do protocolo de avaliação de serviços ecossistêmicos de solo em escala local. A expectativa é aplicar e validar o protocolo em sistemas de intensificação da produção agrícola, em diferentes solos do bioma Cerrado na área de estudo, mudanças na produção agrícola sustentável no Brasil”, diz Klepker.

Foto: Lauro Nogueira Jr
A intensificação compreende o uso de diferentes sistemas de produção (agrícola, pecuária e florestal) dentro de uma mesma área de forma integrada. “Vamos realizar uma coleta de dados (solo e plantas), em escala local, em áreas em que temos ensaios instalados com diferentes sistemas de produção, onde, além de soja, algodão e milho, temos culturas de cobertura do solo, como braquiária e milheto, ademais da região do cerrado nativo, que será usado como referência”, diz o pesquisador da Embrapa Algodão João Henrique Zonta, que exerce suas atividades na Embrapa Cocais.
A expectativa é que os resultados gerados sejam utilizados como base para mercados de créditos de carbono, além de preservar a qualidade do solo. Os resultados do projeto também poderão ser usados, futuramente, para apoiar políticas públicas de incentivo às boas práticas agrícolas, de acordo com Zonta.
A partir de workshops que ocorrem com a participação de equipes de diferentes países, os indicadores estão sendo consolidados e serão incorporados no protocolo final, sendo também definidos diretrizes para aplicação nas áreas de estudo no Brasil, Argentina, Uruguai e Colômbia. A responsabilidade pela consolidação do protocolo e geração de um índice de serviços ecossistêmicos do solo é da pesquisadora Romina Romaniuk e sua equipe, do Instituto Nacional de Tecnologia e da Agropecuária (Inta).
Modelagem em escala de bacia hidrográfica
Na escala de bacia hidrográfica, sob responsabilidade da Embrapa Territorial (SP), o objeto de estudo consiste em duas bacias menores, a do rio Marcelino (989 Km²), que fica dentro da bacia do rio Parnaíba, e a do rio Verde (357 Km²), que fica na bacia do rio das Balsas, onde estão os experimentos nas fazendas parceiras da Embrapa (escala local). A seleção das duas bacias foi precedida de um estudo técnico, que levou em conta a extensão do território, a distribuição de registros de imóveis no Cadastro Ambiental Rural (CAR), os tipos de solo presentes e o uso e ocupação das terras.
Durante o trabalho de campo, a equipe percorreu a região pelo interior e bordas das bacias, tomando pontos georreferenciados e observando as características naturais, o estado de conservação do solo e o uso e ocupação das terras. Os pesquisadores Angelo Mansur Mendes e Lauro Nogueira Júnior, junto com o analista Hilton Ferraz da Silveira, da Embrapa Territorial, observaram contrastes no local. Nas áreas planas, no alto das bacias, há trabalhos de grãos altamente tecnificados. Já nos terrenos declivosos, na parte mais baixa, há pequenas propriedades, com pastos sem manejo e pouca produção agrícola. Viram também os processos erosivos que já ocorreram por todos.
Para Nogueira Júnior, as observações de que o grupo de pesquisa foram importantes para compreender os resultados da modelagem para apoio a iniciativas de pagamento por serviços ambientais. Este componente do projeto conta com a expertise de instituições de instituições da França e Uruguai.
Zoneamento dos Serviços Ecossistêmicos do Solo
Também foram obtidas, nos primeiros trabalhos de campo, informações relacionadas aos solos, uso e manejo da terra, às práticas agrícolas e à conservação dos recursos naturais (uso e disponibilidade hídrica, estado de conservação e gestão das unidades de conservação, dentre outros) na escala regional, ao se percorrer mais de 2 mil km na área de estudo no Matopiba. Houve ainda interação com atores e investidores locais-chave para o projeto. Participaram dos trabalhos de campo os pesquisadores da Embrapa Solos Rachel Prado, Elaine Fidalgo, José Francisco Lumbreras e Amaury de Carvalho Filho .
O trabalho na escala regional subsidiará a elaboração de um Zoneamento dos Serviços Ecossistêmicos do Solo. Ele será inspirado nas ferramentas que já vêm sendo utilizadas no Brasil há décadas para ações de planejamento e gestão do território, como o Zoneamento Econômico-Ecológico (ZEE) e o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc). Será baseado em informações disponíveis, especialmente provenientes de levantamentos de solos da região e na avaliação da totalidade agrícola das terras, que está sendo evidenciada incluindo a exclusão para sistemas de produção integrados. “Trará ainda informações espacializadas sobre o potencial dos solos da região em provar serviços ecossistêmicos sob diferentes usos e sistemas de produção e manejo”, conta Rachel.
Ela acredita que o novo zoneamento e os protocolos que vêm sendo construídos, de forma integrada, poderão apoiar a regulamentação da Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais (Lei nº 14.119), instituída em janeiro de 2022, dentre outras políticas de incentivo aos mecanismos de compensação financeira, voltada para a sustentabilidade da agricultura.
Programa da União Europeia
O projeto “Serviços ecossistêmicos do solo sob intensificação sustentável da agricultura: em busca de mapeamento e monitoramento inovador em múltiplas escalas (Soil-ES)” foi aprovado em um edital de um programa da União Europeia direcionado à cooperação da cooperação internacional na área científica de sustentabilidade dos solos, o Programa Conjunto Europeu Cofund para Gestão de Solos Agrícolas ( EJP Soil ).
Outro projeto liderado pela Embrapa planejado na chamada do EJP Soil é o “C-arouNd: Refinando práticas regenerativas e de conservação do solo para melhorar o sequestro de carbono e reduzir as emissões de gases do efeito estufa”, coordenado pela pesquisadora da Embrapa Arroz e Feijão Mellissa Soler. Outras 12 unidades da Embrapa são parceiras nesse projeto: Acre, Agrobiologia, Clima Temperado, Algodão, Pesca e Aquicultura, Florestas, Milho e Sorgo, Mandioca e Fruticultura, Meio-Norte, Roraima, Semiárido e Solos.
O objetivo da proposta é avaliar a influência de práticas agrícolas conservacionistas e regenerativas na ciclagem de carbono (C), nitrogênio (N) e fósforos (P) na biodiversidade do solo e nas emissões de gases de efeito estufa, com ênfase nos estoques de carbono do solo e processos que governam a persistência desse elemento químico em experimentos de longa duração.
Cooperação Internacional
Os protocolos desenvolvidos no âmbito do projeto Solo-ES serão validados nas três áreas de estudo definidas: no Pampa argentino e uruguaio, onde predomina a pecuária; em áreas montanhosas da Colômbia, com produção de café; e na região do Matopiba no Brasil, com alimentos de grãos e pecuária. Além da Embrapa, participa do projeto o Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (Inta, Argentina); o Centro Nacional de Pesquisa Científica da França (Centre National de la Recherche Scientifique, CNRS ); a Universidad del Quindío (Colômbia) e o Instituto Nacional de Investigação Agropecuária (Inia, Uruguai). “Cada vez mais se torna importante trabalhar em redes de pesquisa nacionais e internacionais em grandes temas que buscam soluções para os problemas da humanidade”, ressalta Rachel.

Foto: Sam Manhães
Ela chama a atenção para a importância de temas relacionados à manipulação de terras e ao uso inadequado do solo, e aos prejuízos ambientais, sociais e econômicos que esse processo acarreta. “A cooperação e a visão interdisciplinar são essenciais para obter avanços na pesquisa e apoiar decisões mais assertivas”, opina.
Um cientista revelou que, para ampliar os resultados do projeto, está sendo fortalecida uma Rede de Conhecimento sobre Serviços Ecossistêmicos do Solo na América Latina.
O Inia, um dos parceiros no projeto Soil-ES, tem uma longa tradição no estudo da sustentabilidade dos agroecossistemas, particularmente em relação às propriedades do solo. O pesquisador do Inia José Paruelo afirma que o compartilhamento de protocolos de avaliação e estruturas conceituais contribui para o desenvolvimento de visões comuns sobre a sustentabilidade dos sistemas agrícolas na América Latina, promovendo a colaboração Sul-Sul. “A oportunidade de compartilhar experiências e experiências e construir metodologias de conhecimento e tecnologia para a sustentabilidade dos sistemas agrícolas com colegas da América Latina foi uma grande motivação para participarmos desse projeto conjunto”, relata.
Para Paruelo, as possibilidades de melhorar a sustentabilidade ambiental, social e econômica dos sistemas agrícolas estão diretamente associadas à capacidade de medir resultados. “Ser capaz de chegar a um acordo sobre indicadores e estatísticas no nível regional que descrevam a oferta de serviços ecossistêmicos irá contribuir, sem dúvida, para um melhor registro do desempenho ambiental do setor agrícola Uruguai, e permitir o desenvolvimento de melhores práticas, gestão e políticas públicas”, acredita.
Na Colômbia, serão avaliados os sistemas produtivos dos Andes, historicamente transformados pela produção de café e pela pecuária. Devido à sua geografia complexa, a Paisagem Cultural do Café, declarada Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco, possui sistemas que se alternam com áreas onde ainda existem florestas preservadas. “Esse cenário oferece a oportunidade específica de uma comparação entre os solos originais e aqueles transformados, a fim de compreender que tipos de serviços ambientais perdemos e como podem ser restituídos”, disse o professor Hugo Mantilla, da Universidade de Quindió.
Matopiba: alto potencial e contrastes
A expectativa para a produção de soja e milho no Maranhão é de crescimento, entre 3,7% e 5,5% para a safra 2023/2024, podendo chegar de 3 milhões de toneladas a 3,77 milhões de toneladas, respectivamente. As informações estão no 5° Levantamento da Safra de Grãos 2022/2023, divulgado em outubro pela Companhia Nacional de Abastecimento ( Conab ). O aumento de área plantada esperado para a soja no estado é de 3,4% em relação à safra anterior, projetado em 1,1 milhão de hectares. Por outro lado, pesquisadores da Embrapa apontam que contrastes socioeconômicos e de uso de tecnologias são aplicados na região.
“Os processos erosivos têm se intensificado, principalmente nas encostas das chapadas. Desafios também são encontrados em relação à disponibilidade hídrica e ao uso da água, ao abastecimento de alimentos frescos para as cidades, à infraestrutura e outros. Conhecer a dinâmica da região é fundamental para a proposição e validação de métricas e métodos mais eficazes para a avaliação dos serviços ecossistêmicos do solo, nas três escalas e para a sustentabilidade da agropecuária, que deve incluir a conservação ambiental”, explica Rachel.