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Bovinos / Grãos / Máquinas

Manejo do silo: consistência e segurança

Adoção de boas estratégias de produção e conservação de forragens assume um papel crucial em seu desenvolvimento e sucesso financeiro

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Artigo escrito por Diego Soares Gonçalves Cruz, médico veterinário, doutor em Nutrição Animal e Forragicultura e assistente Técnico Comercial de Bovinos da Tectron

A acentuada sazonalidade de produção de forragem é uma característica observada em grande parte do território brasileiro, afetando diretamente a manutenção e a produtividade dos rebanhos, principalmente de bovinos, equinos e pequenos ruminantes. Nesses sistemas de produção, a adoção de boas estratégias de produção e conservação de forragens assume um papel crucial em seu desenvolvimento e sucesso financeiro. Sob essa realidade, a silagem é sem dúvida o processo de conservação de forrageiras mais empregado nas fazendas brasileiras. Daí surge a importância de uma discussão mais aprofundada sobre a segurança alimentar dessa fonte de volumoso que alimenta grande parte do rebanho. Mais do que isso, é importante entender e avaliar quais os riscos e consequências aos quais está exposta a saúde, tanto dos animais que geram renda aos seus proprietários quanto dos consumidores finais dos produtos de origem animal.

Conceitualmente, a silagem é o material produzido pela fermentação controlada de uma forragem, subprodutos agrícolas ou agroindustriais objetivando conservar ao máximo o valor nutritivo do material. A partir do início do enchimento do silo, um grupo específico de bactérias passa a fermentar carboidratos solúveis e produzir ácidos orgânicos, principalmente ácido lático, provocando a redução do pH da massa ensilada e a inativação de microrganismos indesejáveis, tais como enterobactérias, clostrídios, leveduras e fungos. É importante ressaltar que a proliferação das bactérias ácido láticas ocorre mais rápido quanto maior a disponibilidade de nutrientes (carboidratos solúveis), e menor a presença de oxigênio no meio. Em silos bem confeccionados e vedados, após essa fase de fermentação anaeróbica ocorrem poucas alterações e não há presença de oxigênio no silo. Com a abertura do silo e nova exposição ao oxigênio ocorre o crescimento dos microrganismos que estavam em dormência, que agem consumindo nutrientes e produzindo CO2 e água.  Este fenômeno é caracterizado como deterioração aeróbia das silagens.

Na prática, a deterioração aeróbia das silagens geralmente é manifestada pelo aparecimento de fungos e aumento da temperatura do silo. A presença dos fungos é indesejável, pois esses microrganismos consomem os açúcares e o ácido lático pela via normal da respiração e ainda metabolizam a celulose e outros componentes da parede celular. Além disso, alguns fungos podem oferecer riscos aos animais e às pessoas pela produção e transferência de micotoxinas ao longo da cadeia alimentar, inclusive através da excreção pelo leite (aflatoxina M1).

Efeitos

As micotoxinas formam um grupo de metabólitos secundários produzidos por certos fungos incluindo os gêneros Aspergillus, Penicilium, Fusarium e outros. Já existe uma gama de micotoxinas identificadas (aflatoxinas, zearalenona, DON, ocratoxina, fumonisina, etc.), mas o seu verdadeiro número contido nos alimentos ainda está sendo determinado, pois novos metabólitos fúngicos estão sendo descobertos e aguardam a avaliação de seu potencial e contribuição sinérgica para doenças nos animais. A literatura relata uma grande quantidade de efeitos maléficos à saúde dos animais expostos às micotoxinas. Esses feitos variam de ingestão reduzida até efeitos neurológicos, hepatotóxicos, estrogênicos e imunotóxicos, podendo causar a morte do animal em casos mais graves. Nesses casos, normalmente os animais mais produtivos do rebanho são mais suscetíveis devido à maior quantidade de alimento ingerido.

Sabe-se que a forragem ensilada pode ser uma grande fonte de fungos e micotoxinas. Segundo dados do Laboratório de Análises Micotoxicológicas (Lamic) da Universidade Federal de Santa Maria, no período entre 2004 e 2014 foram encontradas aflatoxinas, zearalenona ou fumonisina em 16, 57 e 59% das amostras de silagem analisadas no próprio laboratório, respectivamente.

Controle

No entanto, algumas medidas podem ser adotadas a fim de contribuir para a redução da produção de micotoxinas nas silagens. Uma compactação adequada e homogênea e a utilização de lonas de boa qualidade que possuem menor porosidade e permeabilidade ao oxigênio pode reduzir significativamente a presença de oxigênio no silo e, consequentemente, a proliferação de fungos produtores de micotoxinas durante o armazenamento. Pesquisadores avaliaram a penetração do ar em silos e verificaram que a concentração de oxigênio e a contagem de microrganismos era maior na parte superior do painel do silo, onde a compactação era menos eficiente. Esses mesmos autores também verificaram que na parte superior do silo, que era menos compactada, o oxigênio penetrou quatros metros, enquanto na parte inferior, mais compactada, a penetração foi de apenas um metro. Outro ponto importante a ser observado é respeitar a retirada diária de uma camada mínima de silagem em todo o painel buscando sempre manter a face do silo de forma regular. Esse procedimento garante que a silagem fornecida diariamente aos animais tenha ficado o menor tempo possível exposta ao oxigênio.

Por outro lado, existem substâncias que agem com o objetivo de reduzir a absorção das micotoxinas. No entanto, devido à grande variação na quantidade e estrutura química das micotoxinas, há uma limitação na capacidade preventiva dessas moléculas quando utilizadas isoladamente. Além disso, na maioria das vezes não há uma preocupação com a mitigação dos efeitos deletérios sobre o organismo animal das micotoxinas já absorvidas. Sob esse aspecto é papel do nutricionista analisar o modo de ação dessas ferramentas nutricionais disponíveis, buscando aplicá-las sob um conceito mais amplo de prevenção e detoxificação animal.

Por isso, diante do desafio crescente da produção de proteínas de origem animal sustentáveis e seguras, que promovam a segurança alimentar para a população mundial, os técnicos e produtores possuem a necessidade e a responsabilidade cada dia maior de adotar soluções inteligentes para a produção animal.

Mais informações você encontra na edição de março/abril de 2018.

Fonte: O Presente Rural

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Touros participantes do PNAT 2024 começam a chegar à Fazenda Escola da Fazu

Mais de 130 reprodutores de seis raças zebuínas participam do PNAT 2024, em Uberaba (MG).

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Foto: Divulgação/ABCZ

Os touros participantes da edição deste ano do Programa Nacional de Avaliação de Touros Jovens (PNAT) já estão na Fazenda Escola da Faculdades Associadas de Uberaba (Fazu), em Uberaba (MG). Mais de 130 reprodutores de seis raças zebuínas participam do PNAT 2024: Brahman, Guzerá, Nelore, Nelore Mocho, Sindi e Tabapuã.

Após a chegada, os animais passaram por um período de adaptação ao ambiente da fazenda, onde foram realizadas as provas do TDEA (Teste de Desempenho e Eficiência Alimentar). “Todos os animais que participam da prova na Fazu foram previamente selecionados nas fazendas, sendo que somente os animais geneticamente superiores e que apresentaram um biótipo classificado como ‘Muito Bom’ ou ‘Excelente’, na avaliação visual realizada por um técnico da ABCZ,  participam dessa etapa”, afirma o superintendente técnico adjunto de Fomento do Leite da ABCZ, Carlos Henrique Cavallari Machado.

O supervisor de Provas Zootécnicas da ABCZ, Paulo Ricardo Martins Lima, explica como é feito o TDEA. “Essa etapa inclui várias avaliações, como a visual, pelo EPMURAS, ultrassom de carcaça e o consumo alimentar, com o ganho de peso e o CAR, mensurado nos cochos eletrônicos da fazenda”, aponta.

Os touros que se revelarem superiores nessas avaliações participarão da ExpoGenética, onde serão selecionados para produção de sêmen.
“Esses animais terão oportunidade de ir para uma central de inseminação, no intuito de distribuir material genético entre os rebanhos colaboradores participantes do PMGZ, com o objetivo de serem efetivamente testados, confirmando o valor genético superior do reprodutor”, explica Paulo.

Desde 2010, mais de 200 touros PNAT distribuíram mais de 145 mil doses de sêmen para quase 900 criadores que participam do PMGZ (Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos).

Fonte: Assessoria ABCZ
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Inscrições ao 3º Prêmio Referência Leiteira vão até 14 de junho

Estão aptas para participarem, propriedades estabelecidas no Rio Grande do Sul e que comercializam leite cru in natura para indústria ou que processem o leite em agroindústria própria. Os vencedores serão conhecidas durante a Expointer 2024.

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Foto: Arnaldo Alves

As inscrições para a categoria “Cases de Sucesso” do 3º Prêmio Referência Leiteira encerram no dia 14 de junho. O regulamento e a Ficha de Inscrição estão disponíveis nos escritórios municipais da Emater/RS e também podem ser acessados clicando aqui.

“Ao longo das edições temos, através dos destaques, alcançado tanto a divulgação das melhores práticas, quanto o reconhecimento de quem se dedica no campo, bem como a propagação dessas ações como inspiração para quem está na produção”,  assinala o vice-coordenador do 3° Prêmio Referência Leiteira, Darlan Palharini, secretário-executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat/RS), entidade promotora da ação, juntamente com a Emater/RS e a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural (SDR).

Estão aptas para participarem, propriedades estabelecidas no Rio Grande do Sul e que comercializam leite cru in natura para indústria ou que processem o leite em agroindústria própria. As melhores práticas da produção leiteira gaúcha serão destacadas entre seis categorias de Cases: Inovação, Sustentabilidade Ambiental, Bem-estar Animal, Protagonismo Feminino, Sucessão Familiar e Gestão da Atividade Leiteira.

Conforme o regulamento, cada propriedade pode se inscrever em apenas uma das categorias através do envio das informações solicitadas no regulamento, em remessa única, por correio eletrônico, à Emater/RS (jries@emater.tche.br) e ao Sindilat (sindilat@sindilat.com.br).

As melhores em cada Cases de Sucesso, serão conhecidas durante a Expointer 2024, juntamente com as melhores nas categorias Propriedade Referência em Produção de Leite, divididas entre sistemas de criação a pasto com suplementação ou de semiconfinamento/confinamento.

Fonte: Assessoria Sindilat/RS
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Ranking revela concentração do leite nos maiores laticínios e redução no número de produtores

Participaram da pesquisa 17 laticínios e cooperativas, cinco empresas pela primeira vez, sendo nove cooperativas e oito empresas privadas.

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Foto: Shutterstock

O Ranking do Maiores Laticínios do Brasil é uma iniciativa e realização da Associação Brasileira dos Produtores de Leite-Abraleite. A edição de 2023 completa 27 anos ininterruptos com a maioria das empresas participando desde 1997.

Participaram do ranking 17 laticínios e cooperativas, cinco empresas pela primeira vez, sendo nove cooperativas e oito empresas privadas. Seis empresas que integrariam esse ranking foram convidadas, mas não responderam. São elas Lactalis, Italac, Alvoar, Tirol, Vigor e DPA.

O Laticínios Bela Vista ocupou, pelo quarto ano consecutivo a primeira posição no ranking com captação de, aproximadamente 1,8 bilhão de litros de leite em 2023, crescimento de 13% em relação a 2022. A Unium, intercooperação de Lácteos das cooperativas Frisia, Castrolanda e Capal, manteve o segundo lugar com, aproximadamente 1,5 bilhão de litros, um crescimento de 14%.

Outros números
Diferentemente de 2022, quando houve uma queda na captação da soma das empresas que participaram do ranking em -2,4%, no ano de 2023 houve um crescimento de 5%. No mesmo sentido caminhou a Pesquisa Trimestral de Leite, divulgada pelo IBGE, que teve um crescimento no leite inspecionado de 2,5%.

As 17 empresas participantes do ranking foram responsáveis por 72% no crescimento de captação de leite inspecionado total do Brasil do ano de 2022 para 2023. O leite entregue diretamente por produtores aos 17 maiores laticínios cresceu 6,5% contra uma queda de -2,7% no leite adquirido de terceiros.

A captação das 17 empresas somou 9 bilhões de litros, representando 37% do total do leite sob inspeção no Brasil, que somou 24,5 bilhões de aproximadamente 1,8 mil laticínios sob todos os tipos de inspeção.

Presidente da Abraleite, Geraldo Borges: “Abraleite vai continuar trabalhando para aumentar o número de empresas participantes, lembrando da importância de participar para termos mais dados e informações do nosso setor leiteiro, que carece muito de informações” – Foto: Divulgação/Abraleite

O número de produtores caiu 4,2% em 2023 em relação ao ano de 2022. O tamanho médio das propriedades medido em litros/produtor/dia teve um crescimento de 10,5% passando de 426 em 2022 para 471 em 2023.

O presidente da Abraleite, Geraldo Borges, destaca que o Ranking dos Laticínios de 2023 espelha a situação vivida no mercado. “As indústrias comprando maior volume de leite, a despeito de todas as adversidades enfrentadas, provavelmente para ter maior escala de produção e reduzir custos. Treze das 17 empresas tiveram aumento na captação. O tamanho da produção diária média do produtor também em crescimento, mostrando que a queda no número de produtores foi decorrente de aumento de custos e queda de rentabilidade, causando grande desestímulo a milhares de produtores, sobretudo aos pequenos. O destaque deste Ranking é também a adesão de cinco novos laticínios que participaram pela primeira vez. A Abraleite vai continuar trabalhando para aumentar o número de empresas participantes, lembrando da importância de participar para termos mais dados e informações do nosso setor leiteiro, que carece muito de informações”, enfatiza.

Segundo o vice-presidente da Abraleite, Roberto Hugo Jank Jr. o número mostra que o leite está mais concentrado nos maiores laticínios. “Como a produção total do país não sobe há 10 anos, houve migração do leite informal para formal e dos menores laticínios para os maiores. Mas o fato dos laticínios maiores concentrarem mais leite não significa que a produção do país aumentou. A importação foi recorde e ocorreu por arbitragem cambial e custo internacional baixo, não por demanda. Houve saída expressiva de produtores da atividade e quem está ficando, está crescendo”, aponta.

Fonte: O Presente Rural
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