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Avicultura

Mais de 70% dos avicultores no Oeste do Paraná optam pelo sol

Gastos com eletricidade equivalem a cerca de 30% dos custos de produção na avicultura, mas podem ser reduzidos em até 90% com a geração de energia solar – iniciativa que abrange 70% dos aviários no Oeste do Paraná

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Foto: Arquivo/OP Rural

Mais de 70% dos avicultores no Oeste do Paraná contam com geração de energia fotovoltaica, conforme apuração do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Paraná (Sindiavipar) junto à integradoras e cooperativas da região. O percentual é significativo, principalmente quando os gastos com energia giram em torno de 30% do custo total da produção. “O produtor integrado compromete de 18 a 25% dos custos diretos de criação do frango de corte com energia e 30 a 36% na produção de ovos férteis”, aponta levantamento do Sindiavipar, que calcula uma redução de até 90% no custo da energia elétrica com a instalação de usinas fotovoltaicas.

Para o consultor em avicultura e gerente-executivo de Agropecuária da Seara, Vamiré Luiz Sens Júnior, a energia solar aumenta a margem de lucro dos avicultores, o que possibilita maior segurança na atividade e, consequentemente, mais qualidade de vida no campo, perenização da atividade e um futuro melhor para as novas gerações. “Diante de um cenário de aumento de custos, a busca constante por alternativas de mitigação deve ser incansável”, avalia ele.

Consumo onipresente e demanda constante

Desde o alojamento dos animais, ambientação, alimentação e hidratação até o transporte, manutenção e desinfecção das granjas, além do consumo nas residências dos avicultores: todos os processos da avicultura exigem energia elétrica em algum nível. “Com a evolução do setor, houve incremento de escala e, com isso, cresceu a implementação de tecnologias de automação nos aviários, o que aumentou o consumo de energia elétrica e contribuiu na formação do custo de produção dos produtores”, diz Sens Júnior.

Além de onipresente, a demanda por energia é permanente. “O avicultor não tem alternativa. Não há como interromper o consumo de energia. Por isso, para reduzir prejuízos, grande parte dos produtores tem gerador de energia para emergência”, ressalta o também consultor em Avicultura no Paraná, Álvaro Baccin, que atua na Gestão de Projetos Agropecuários na Globoaves.

Alívio no sistema convencional

Neste cenário, os investimentos em fontes renováveis de energia reduzem os custos de produção e, pensando na sustentabilidade da cadeira produtiva, diminuem a sobrecarga do sistema produtivo e da distribuição de energia convencional. Na prática, quando menos consumidores dependem do abastecimento das concessionárias se diminui o acionamento de usinas termoelétricas, que consomem combustíveis fósseis, em períodos de escassez hídrica – o que também ‘livra’ os produtores que optam pela energia solar de arcar com os aumentos de tarifas das concessionárias nessas épocas de crise.

Através do Programa Renova Paraná, o Governo do Estado subsidia parte ou a totalidade dos juros de financiamentos para projetos de energia limpa e biogás em propriedades rurais. Somando as linhas de créditos disponíveis e a possibilidade de escapar das altas tarifas, o Sindiavipar considera que a crescente oferta de tecnologias e a maior eficiência de produção são pontos de sinergia para viabilizar cada vez mais o investimento em energias fotovoltaicas.

No entanto, na prática, os avicultores se deparam com limitações para acessar o crédito. Neste sentido, o sindicato encampa diálogos frequentes com o setor público para alavancar o uso de fontes renováveis de energia e adoção de linhas de financiamento realmente acessíveis, como exemplo da Lei Estadual nº 10.835/2020, que instituiu o Programa Paraná Energia Rural Renovável.

Como o sistema fotovoltaico funciona

Nas propriedades, produtores integrados e cooperados normalmente optam pela microgeração, com capacidade de geração equivalente à potência do transformador e ao padrão daquela unidade consumidora. Por exemplo, se o transformador é de 75 KVA, calcula-se quantas placas e a potência dos inversores para gerar, no máximo, esta mesma quantidade de energia.

Com o sistema em funcionamento, a concessionária de energia faz a medida entre energia consumida e injetada, sendo que a energia injetada fica contabilizada em créditos de Kwh que são deduzidos da fatura conforme o consumo supera a quantidade injetada. “Desta forma, um sistema bem dimensionado tende a equilibrar geração e consumo, fazendo com que o produtor tenha a conta zerada ou muito próxima de zero. O principal benefício para quem já amortizou o investimento é um custo de energia acessível, constituído de taxa mínima”, expõe Baccin, que acrescenta: “A energia solar gerada está estimada em R$ 0,18 a 0,22 por KWh em comparação a R$ 0,66 por KWh do custo da energia rural proveniente da concessionária”.

Já nos aviários novos, é comum segmentar o projeto. “Primeiro constrói a parte produtiva, os aviários, as instalações e toda a infraestrutura. Depois, investe-se em projetos de geração de energia fotovoltaica. Desta forma, é importante ressaltar a responsabilidade compartilhada e apoio do governo paranaense na concessão de financiamento e ampliação do Programa Paraná Energia Rural Renovável”, adverte o gestor da Globoaves.

Tensões no caminho

Um dos desafios encontrados pelos produtores que optam pela energia fotovoltaica é a precariedade da rede elétrica da concessionária, pois, conforme apuração do Sindiavipar, a instabilidade e as interrupções no fornecimento dificultam a geração de energia solar. “Outro problema é manter os equipamentos eletrônicos com a manutenção em dia diante da oscilação de tensão provocada pelo sistema. Para isso, a qualidade dos inversores e os parâmetros utilizados precisam ser acompanhados, monitorados e ajustados pelo serviço de geração de energia”, explica Baccin, alegando que um modo de resolver é adequar os serviços da concessionária de energia aos padrões da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e garantir a assistência pós-venda dos equipamento de geração fotovoltaica.

Futuro da energia solar

Segundo a Organização das Nações Unidas, a demanda de alimento no planeta vai dobrar de volume até 2050 e, conforme Sens Júnior, a energia fotovoltaica é uma aliada nesse desafio, mostrando competência ambiental, técnica e econômica, permitindo a produção de um alimento sustentável e acessível à diferentes públicos. “A indústria avícola brasileira já possui uma produção mais sustentável que outros países. Pensando em toda a produção nacional, emitimos 45% menos CO₂ que a produção do Reino Unido, segundo o Defra – Dados do Reino Unido. Além disso, a Associação Brasileira de Proteína Animal lançou o selo ‘Good Food’ para posicionar a indústria avícola em nível global no quesito sustentabilidade, o que contribui para a impulsionar a atividade no mercado”, ressalta Baccin.

Para expandir os investimentos em energias renováveis, o consultor defende o aprimoramento da legislação, considerando que o produtor não pode ser enquadrado como consumidor horo sazonal e, além disso, demanda de projetos cada vez maiores. “Ele não pode interromper o consumo das 18 às 19 horas. Também os projetos atuais, para serem viáveis, estão maiores que no passado, porque hoje uma propriedade tem quatro, seis, oito ou mais aviários. Por este aspecto, e em razão da demanda de até 250 KVA ou mais, é essencial que a legislação referente à energia solar esteja em constante evolução para viabilizar a competitividade do agronegócio e da avicultura”, frisa.

Já Sens Júnior, por sua vez, projeta o crescimento de cooperativas de geração de energia elétrica através de parques fotovoltaicos. “Esta modalidade permite que o produtor com limitação de crédito, área reduzida na propriedade para instalação dos painéis ou mesmo aquele que reside em uma região com nível baixo de insolação possa participar da cooperativa, adquirindo a energia renovável de menor custo e melhorando a margem do seu negócio”, explica o gerente-executivo.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola do Brasil acesse a versão digital do jornal Avicultura Corte e Postura clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural

Avicultura

Mandato de Ricardo Santin é renovado na presidência da ABPA

Ele também preside o Conselho Mundial da Avicultura, o Conselho de Administração do Instituto Ovos Brasil e da Câmara Setorial de Aves e Suínos do Ministério da Agricultura, além de ocupar a vice-presidência da Associação Latinoamericana de Avicultura.

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Ricardo Santin foi reconduzido ao cargo de presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal - Foto: Divulgação/ABPA

O advogado e mestre em Ciências Políticas, Ricardo Santin, foi reconduzido ao cargo de presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), após realização da Assembleia Geral realizada na quarta-feira (24), ocasião em que foi escolhido o novo Conselho Diretivo da associação.

O novo conselho será comandado por Irineo da Costa Rodrigues, que é diretor-presidente da Lar Cooperativa Agroindustrial há mais de três décadas, assumirá o posto até então ocupado pelo diretor comercial da Aurora Alimentos, Leomar Somensi.

O novo conselho diretivo contará ainda, entre titulares e suplentes com a participação de Neivor Canton, diretor presidente da Aurora Coop, José Carlos Garrote de Souza, presidente conselho de administração da São Salvador Alimentos, Cláudio Almeida Faria, gerente geral da Pif Paf Alimentos, Irani Pamplona Peters, presidente da Pamplona Alimentos, José Roberto Fraga Goulart, diretor-presidente da Alibem, José Mayr Bonassi, Rudolph Foods, Fábio Stumpf, diretor vice-presidente de agro e qualidade da BRF, Marcelo Siegmann, diretor de exportações da Seara, Dilvo Grolli, diretor presidente Coopavel, Bernardo Gallo, diretor geral Cobb-Vantress, Rogério Jacob Kerber, diretor executivo SIPS, Antônio Carlos Vasconcelos Costa, CEO Avivar Alimentos, Dilvo Casagranda, diretor de exportações da Aurora Alimentos, Carlos Zanchetta, Diretor de Operações da Zanchetta Alimentos, Nestor Freiberger, presidente da Agrosul, Cleiton Pamplona Peters, diretor comercial mercado interno da Pamplona Alimentos, Elias Zydek, diretor executivo da Frimesa, Gerson Muller, conselheiro Vibra Agroindustrial, Leonardo Dall’Orto, vice-presidente de mercado internacional e planejamento da BRF, Jerusa Alejarra, Relações Institucionais da JBS, Valter Pitol, diretor-presidente da Copacol, Mauro Aurélio de Almeida, diretor da Hendrix Genetics para o Brasil, José Eduardo dos Santos, presidente da Asgav, Jorge Luiz de Lima, diretor da Acav/Sindicarne, e Roberto Kaefer, presidente do Sindiavipar.

O ex-ministro e ex-presidente da ABPA, Francisco Turra, também foi reconduzido à presidência do Conselho Consultivo da associação, juntamente com os demais membros do conselho: “Agradeço a confiança do novo Conselho da ABPA e do presidente Irineu na continuidade deste trabalho da entidade que, pela união de esforços, tem gerado grandes resultados para a cadeia produtiva. Ao mesmo tempo, faço especial agradecimento a Leomar Somensi, que nos conduziu desde o primeiro dia de existência da associação, superando grandes crises e conquistando vitórias históricas para o nosso setor. O setor todo rende uma especial homenagem à esta inestimável liderança exercida por ele ao longo destes 10 anos”, destaca Ricardo Santin.

Além da presidência da ABPA, Santin é presidente do Conselho Mundial da Avicultura (IPC, sigla em inglês), do Conselho de Administração do Instituto Ovos Brasil e da Câmara Setorial de Aves e Suínos do Ministério da Agricultura, além de vice-presidente da Associação Latinoamericana de Avicultura (ALA).

Fonte: Assessoria ABPA
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Avicultura

Uma cooperativa para se chamar de Lar

No movimento cooperativista é possível encontrar histórias de dedicação, visão e colaboração. Uma delas, a Voz do Cooperativismo encontrou em Medianeira (PR), na conversa com Irineo da Costa Rodrigues, presidente da Lar Cooperativa, que compartilha os detalhes de sua jornada pessoal e profissional

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Fotos: Divulgação/OP Rural

No movimento cooperativista é possível encontrar histórias de dedicação, visão e colaboração. Uma delas, a Voz do Cooperativismo encontrou em Medianeira (PR), na conversa com Irineo da Costa Rodrigues, presidente da Lar Cooperativa, que compartilha os detalhes de sua jornada pessoal e profissional, destacando como sua vida se entrelaça com a história e os ideais da cooperativa. Confira!

O Presente Rural – Fale um pouco sobre sua história dentro do cooperativismo e na Lar. Como essas duas histórias se unem?

Irineo da Costa Rodrigues – A Cooperativa Lar foi criada nos anos 1960, quando houve uma migração de pessoas do sul do país para onde hoje é o município de Missal. A Igreja Católica inclusive, através de uma encíclica do Papa João XXIII, que dizia que as pequenas economias deviam se juntar ou em cooperativas. Cinco dioceses na época foram até o governador Moisés Lupion pedir uma ajuda à Igreja. O governador doou a essas cinco dioceses cinco mil alqueires, ou seja, mil alqueires a cada. Assim, vieram agricultores do sul da região das Missões, de origem alemã e católicos pequenos agricultores.

Presidente da Lar Cooperativa, Irineo da Costa Rodrigues: “Nosso quadro de associados está caminhando para chegar a 14 mil”

Na medida em que eles vinham, compravam uma colônia de terra que é dez alqueires e a igreja separava um valor para formar uma cooperativa. E assim nasceu a Cooperativa Lar, que foi fundada no dia 19 de março de 1964. Dia 19 de março é Dia de São José, esposo de Maria e o nome do padre que foi colonizador e gerente da colonizadora, e foi o primeiro presidente da cooperativa. A cooperativa nasceu sob a égide da Igreja. No dia 19 de março de 2024 a Lar completou 60 anos.

Eu sou da região da campanha do Rio Grande do Sul. Minha cidade natal é Canguçu e meu pai era pequeno produtor. Produzia leite, batata, cebola, pêssego e na época ele se associou à cooperativa de leite. Infelizmente ela descontinuou por má gestão e então eu sempre convivi com meu pai falando em cooperativa.

Depois fui estudar sete anos no Colégio Agrícola Visconde da Graça, em Pelotas (RS), e lá nós tínhamos uma cooperativa escolar. Então, de novo falando em cooperativa e estudando um pouco. Quando vim para a agronomia, me formei em 1973, em Pelotas, também na grade curricular tinha matérias voltadas ao cooperativismo.

No comecinho de 1974 me formei engenheiro agrônomo e pensei em sair do Rio Grande do Sul, porque as faculdades de agronomia estavam lá na cidade de Pelotas, que é mais antiga do país. Já tinha a URGS, de Porto Alegre, e tinha a de Santa Maria. O Paraná só tinha uma que era a Federal do Paraná. Santa Catarina não tinha faculdade de agronomia, ou seja, o Rio Grande do Sul formava muitos agrônomos. E eu vi o exemplo de outros, eu queria ser produtor rural. Pensei “vou no rumo do Centro-Oeste, no Mato Grosso”, mas o Mato Grosso ainda não tinha a agricultura.

Entrei na Emater do Paraná, trabalhei sete anos e, mais da metade do tempo, com o chefe em Cascavel. Fui chamado pela Embrapa em 1974, não quis ir, eu até tinha uma data para ir para a Carolina do Norte fazer o mestrado nos Estados Unidos. E digo “não, se eu for para a Embrapa eu vou ter que ir fazer mestrado, quem sabe doutorado, e eu não vou ter oportunidade de começar na agricultura antes”. Fiquei sete anos na antiga Carpa, a Emater hoje. E a Carpa tinha o trabalho de fomentar o cooperativismo, falar com os agricultores e é um trabalho que eu fazia. Ou seja, em quatro momentos: com o meu pai, colégio agrícola, na faculdade e depois na antiga Carpa, eu sempre vivi, respirei um pouco o cooperativismo.

Quando saí da Emater, a Sudcoop, que hoje é a Frimesa, entrou em dificuldade e vim ser presidente dessa cooperativa e fiquei até o ano de 1983. Em 1984 e 1986 vim para a Cotrefal (Lar) como diretor-secretário e fiquei um pouco frustrado porque a cooperativa não andava. Então me afastei e, quando voltei, em 1990 por nove anos acumulei a Presidência da Sicredi e da atual Lar.

Então eu já tinha passado pela diretoria da Frimesa, fui presidente da Codetec sempre – eu a fundei e a vendi, e ela teve um papel bem importante. Foi vendida por uma decisão das cooperativas, não era minha decisão.

O Presente Rural – Quando a Lar decidiu diversificar e industrializar sua produção?

Irineo da Costa Rodrigues – Eu só assumi a presidência da Lar com essa ideia de que tinha que fazer duas coisas, até pelo lado de engenheiro agrônomo e de educador da Emater, que tinha que profissionalizar, que tinha que trazer mais eficiência na agricultura e, também, tinha que agregar valor, porque pequenas propriedades não se viabilizam só com grãos e nós já tínhamos através da Frimesa um pouco de suinocultura e leite. Primeiro passo foi aumentar a suinocultura, aumentar a produção de leite, buscar mais produtividade. Na época, criamos os chamados programas de eficácia. Aí nós entramos com a cultura da mandioca e de hortigranjeiros, mas mirando frango. Até que foi possível, quatro anos depois, pois estávamos com um estudo pronto para entrar na avicultura, no dia 09/09/1999, ou seja, em menos de uma década a Lar já estava agregando valor, diversificada e mais industrializada.

O Presente Rural – Presidente, a Lar é destaque tanto em número de colaboradores como associados. Ao que o senhor atribui esse desempenho todo?

Irineo da Costa Rodrigues – Cresceu o número de associados porque mais agricultores passaram a confiar na gestão. Não tínhamos médios e muito menos grandes produtores associados à cooperativa. Passaram a se associar e depois aumentou o quadro de associados quando a Lar foi para o Mato Grosso do Sul, claro, tínhamos associados lá, mas muitos sul-mato-grossenses se associaram à Lar. Como também quando fomos para o Norte do Paraná, para expansão da avicultura. O nosso quadro de associados está caminhando para chegar a 14 mil. Por termos uma avicultura muito intensa, a Lar se tornou em 24 anos a terceira maior empresa de abate de frango do país, a quarta maior da América Latina. A avicultura é muito intensa em ocupação de mão de obra. Nossa avicultura, hoje, precisa de 21 mil funcionários. Então, dos 24 mil funcionários, 21 mil estão na avicultura.

Presidente da Lar Cooperativa, Irineo da Costa Rodrigues: “Uma cooperativa vai bem quando ela preenche uma necessidade do agricultor, porque ele tem que precisar da cooperativa”

O Presente Rural – Ainda em relação ao quadro de colaboradores e dos associados, quais os benefícios ou ações que a Cooperativa tem nessas duas frentes?

Irineu da Costa Rodrigues – Perante aos associados é o trabalho intenso de levar tecnologia, levar a atualidade para eles produzirem mais. E pela diversificação, também conseguimos levar mais renda aos associados. Mas a Lar também tem alguns programas adicionais. Nós bonificamos os associados por fidelidade, por compra de insumos e por milho de qualidade, pois precisamos de uma matéria-prima boa para nossa pecuária. Com isso, premiamos quem tem milho com mais qualidade. Além de distribuição de sobras, podemos citar levar educação e oportunidade para os associados estudarem. Hoje nós temos o curso, talvez inédito no Brasil, de bacharel em agronegócio para agricultores.  Para os funcionários, é um trabalho incessante de qualificação, gerar oportunidades para que nossos funcionários estudem para serem melhores técnicos e melhores gestores.

O Presente Rural – Como o senhor avalia o cooperativismo no ramo agropecuário e o cooperativismo no Brasil?

Irineu da Costa Rodrigues – Ele é extremamente necessário. Penso que ele vai se expandir. Claro que, vez ou outra, alguma cooperativa não tem sucesso, mas isso se deve a alguns fatores. Primeiro, uma cooperativa vai bem quando ela preenche uma necessidade do agricultor, porque ele tem que precisar da cooperativa. Se a cooperativa preenche essa necessidade é meio caminho andado. Segundo, tem que ter uma gestão boa. E, às vezes, as cooperativas se perdem um pouco com a vontade de querer ajudar o associado, exagera na ajuda, ou também por falta de conhecimento, não são felizes nas decisões tomadas na área comercial, industrial. A cooperativa tem que preencher o interesse do associado e tem que ter uma boa gestão.

E outra palavra que não é mágica, mas é importante, é confiança. A cooperativa tem que gerar confiança. Com esses três alicerces uma cooperativa vai bem, ela cada vez mais encanta seu associado, cada vez se expande mais. Claro que isso não é unanimidade, até porque não dá para uma diretoria de cooperativa atender tudo que o associado quer, pois têm alguns que exageram no pedido. O cooperativismo está sendo cada vez mais importante para o país. Cada vez mais está participando mais da produção, como no estado do Paraná, onde mais de 50% da produção do estado passa por cooperativas.

O Presente Rural – Hoje a cooperativa trabalha em diversas áreas do agronegócio. Poderia traçar um panorama dessas áreas?

Irineu da Costa Rodrigues – A Lar tem um foco. Isso foi definido há duas décadas, quando nós passamos a diversificar muito e poucos associados tinham o interesse por aquelas atividades. O foco da Lar é o que a nossa região faz, foco em grãos, em carnes e insumos. Temos logística, temos transporte, serviços. Criamos a cooperativa de crédito, a Lar Credi para focarmos no agricultor. Não é uma crítica, mas as cooperativas quando ficam grandes, focam muito no meio urbano, de certa forma deixam um pouco de lado o agricultor. Atendem muito bem, são fantásticas, são muito fortes, têm uma boa gestão, mas na nossa região, quando a Lar Credi foi criada, levou um choque. Nós percebemos as outras cooperativas, sem citar o nome, se voltando mais para o agricultor porque viram a Lar Credi como uma concorrente forte. E nós não vamos fazer muito barulho, vamos crescendo pouco a pouco, porque a base da Lar Credi é operar com simplicidade, com baixo custo e focada no agricultor. Nós trouxemos um seguro que, para os nossos produtores, foi fantástico. Na avicultura, por exemplo, era um seguro muito caro e esse seguro que nós trouxemos cobre a mortalidade de aves.

O Presente Rural – A avicultura teve uma expansão expressiva nos últimos anos. Até onde a Lar pretende chegar?

Irineu da Costa Rodrigues – De certa forma, a Lar chegou onde queria chegar. Nós precisávamos aumentar a nossa avicultura, porque é uma atividade que tem que crescer para diluir custo. Nós tivemos essa percepção. Nos ressentíamos de ter uma planta para o mercado interno, então, adquirimos a Granjeiro, em Rolândia. Conversávamos muito com a Copagril sobre a necessidade que eles tinham de aumentar, porque com o abate pequeno não era sustentável. O Ricardo Chapla era o presidente, ele cogitou outras empresas que poderiam comprar, outras cooperativas e eu fiquei um pouco frustrado que a Lar não estava na lista, acho que ela era considerada meio pequena. Mas a Lar precisou ser ousada, ter coragem para assumir uma atividade que tinha valor alto e deu certo.  O negócio foi relâmpago. No primeiro dia útil de três anos atrás, a Lar já estava abatendo frango em Marechal Cândido Rondon. Acreditamos que a Lar é reconhecida, está fazendo um bom trabalho.

Presidente da Lar Cooperativa, Irineo da Costa Rodrigues foi entrevistado pelo jornalista e editor-chefe do Jornal O Presente Rural, Giuliano De Luca e por Ueslei Stankovicz para o Programa Voz do Cooperativismo

O Presente Rural – Falando também em suinocultura, como estão as perspectivas? E, falando do aumento no abate do frigorífico Frimesa, tem expectativas de crescimento nessa área também?

Irineu da Costa Rodrigues – A avicultura do ano passado sofreu muito. O Brasil estava com o abate muito alto. Deu muito prejuízo até o mês de agosto, mas muito prejuízo mesmo. A partir de setembro passa a ter resultado positivo, mas nós não cobrimos o prejuízo de avicultura do ano passado. Isso vai demorar uns meses ainda. A suinocultura está com problema semelhante. Ela não deu prejuízo que o frango deu, mas a gente vai ver balanços complicados em empresas que só têm suínos. Isso porque a China deu um “boom” quando ela precisou controlar a peste suína africana, depois se preparou para poder voltar com produção máxima e modernizada e ela está comprando pouco. Então a suinocultura no Brasil possivelmente terá o primeiro semestre ainda duro, sem grandes margens, ou em alguns casos sem margem, acumulando algum prejuízo.

Mas a suinocultura da Lar foi positiva no ano passado. Na nossa forma de ver, no sistema integrado da Frimesa, você deve olhar seu custo e sanidade e a Lar tem sanidade extraordinária. E quando se tem mais produtividade, se diluem os custos. A Frimesa entrou numa época difícil e ela precisa aumentar o abate, pois caso contrário não irá diluir custos.  Mas isso está acontecendo. No ano passado ela teve que arcar com todos os custos de uma empresa em seu início, o que não foi tão fácil, mas teve bom resultado. Precisamos olhar na suinocultura, tanto quando na avicultura, o nível de alojamento, se não passaremos a ver problemas financeiros nessas áreas este ano.

A Lar cresceu muito na produção de suínos, tanto é que no ano passado nós entregamos suínos para Frimesa, para a Friela, Frivatti e vendemos um pouco para o mercado livre. Agora, a partir de janeiro, com a Frimesa ampliando o abate, 100% da matéria prima da Lar está indo para ela.

O Presente Rural –  No Brasil, as taxas estão um pouco elevadas. Isso tem algum impacto na ideia de crescimento da Lar, ou dos próprios produtores rurais?

Irineu da Costa Rodrigues – Primeiramente, a Lar chegou num tamanho adequado, então não temos hoje grandes ideias de expansão. Ela vai investir esse ano mais de 500 milhões para modernizar parque industrial, aumentar um pouco a frota, ampliar grãos. A Lar poderá crescer, eventualmente se surgir uma boa oportunidade, como surgiu a Granjeiro, como surgiu a própria intercooperação com a Copagril. Mas, uma das razões é o juro alto, sim.

O Presente Rural – Quais os principais desafios que a Lar sente hoje?

Irineu da Costa Rodrigues – Nossa preocupação é a queda no preço dos grãos, pois produzimos ainda com custos altos. E, claro, estamos muito preocupados com essas questões de logística que não melhoram nunca. As estradas já deveriam estar todas duplicados, elas são deficientes. Nos preocupa também energia elétrica, que não é adequada ao nível de consumo que temos hoje. A toda hora cai energia, morre frango. Nós não temos conectividade, não temos sinais bons aqui para as máquinas modernas que temos. Em alguns lugares há problemas de água e estradas vicinais. Segurança jurídica e marco temporal, por exemplo. Há indígenas que vêm do Paraguai, que são massa de manobra, criar tensão na região. Como, de certa forma, o MST, que na nossa região está tranquilo, mas a toda hora a gente vê alguém incentivando os movimentos sociais.

O Presente Rural – Quais são as oportunidades emergentes que a Lar observa par ao agronegócio brasileiro?

Irineu da Costa Rodrigues As oportunidades são muito grandes, porque nós temos território, nós temos terra, nós temos know how, nós temos clima. E quando falo em know how é porque temos pessoas que sabem fazer agricultura. Os outros países também têm esse potencial, mas não têm a tecnologia, não tem know how como o nosso agricultor sabe fazer. Então, por isso, o Brasil seguramente vai, cada vez mais, ter uma produção maior.  Mas claro, outros países começam a criar barreiras, barreiras tarifárias, sanitárias. Precisamos ter um governo que faça o trabalho contraponto, que divulgue mais como trabalhamos. Nós temos uma narrativa muito ruim no Brasil, inclusive brasileiros estão falando que a nossa produção não é saudável, que agride o meio ambiente, que tem trabalho escravo. Brasileiros fazendo jogo de interesses fora do país. Nós temos que sair na frente com uma nova narrativa, falar qual agricultura nós fazemos e chamar os clientes, mostrar para eles. Já ocorreu de clientes da Lar que vieram do exterior ficarem surpresos ao verem árvores na beira das estradas e rios, pois se fala que no Brasil não há mais mata. Essa narrativa precisa ser construída para que sejamos melhores vistos lá fora.

O Presente Rural – Na sua visão, o que é o agronegócio do futuro e como o cooperativismo se encaixa nele?

Entrevistado do Programa Voz do Cooperativismo, presidente da Lar Cooperativa, Irineo da Costa Rodrigues destacou os principais avanços e conquista da cooperativa

Irineu da Costa Rodrigues – O agronegócio é uma necessidade. Nós vamos ter nove bilhões de pessoas, então é um incremento de mais de um bilhão e meio de pessoas que precisam se alimentar e têm muitas regiões do mundo em que as pessoas passam fome. Estamos numa atividade essencial, diria até mais essencial que a saúde, porque não tendo alimentação, não tem como ter saúde.

Isso tem uma perspectiva muito grande para o nosso país. Cada vez mais a gente observa que quem tem tecnologia para o agro vem para o Brasil. O país vai atrair muitos investidores porque ele tem uma condição espetacular para produzir muito mais. E nós temos que ter a sabedoria de aproveitarmos essas oportunidades. E sim, penso que as cooperativas estão fazendo isso. A Lar não cresceu nos últimos anos à toa, ela buscou crescer, ela se preparou, ela tem na educação e na inovação pilares importantes. Nós somos uma cooperativa que estuda muito. Até temos falado que a Lar é uma cooperativa educadora. Temos aqui grupos de cumbuca espalhados em todo a cooperativa, onde as pessoas se reúnem para estudarem juntas, discutir o que estudam e aplicarem o estudo. Isso está dentro do DNA da cooperativa e é isso que nos dá essa confiança de que a Lar tem mais facilidade de superar dificuldades. Nós acreditamos que ela é uma cooperativa bem resiliente, porque ela, desde o começo do ano, trabalha como se já fosse um cenário difícil. E se ele aperta, o pessoal se dedica um pouco mais. Se o ano vai bem, a gente não afrouxa não. Então vamos produzir um bom resultado financeiro no final do ano, porque o associado quer sobra e o funcionário quer participação do resultado.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse a versão digital de Avicultura de Corte e Postura clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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Avicultura

Inscrições com desconto ao Simpósio de Incubação e Qualidade de Pintos encerram dia 30 de abril

Evento será realizado nos dias 21 e 22 de maio em Uberlândia (MG).

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Foto: Shutterstock

A Fundação de Apoio à Ciência e Tecnologia Avícolas (Facta) realiza, entre os dias 21 e 22 de maio, o Simpósio de Incubação e Qualidade de Pintos no Nobile Suíte Hotel em Uberlândia (MG),

Todas as palestras serão realizadas de forma presencial e as inscrições podem ser feitas pelo site da Facta. Os valores, com desconto do primeiro lote variam de R$ 390,00 para profissionais e R$ 195,00 para estudantes. Estes valores estarão disponíveis até o dia 30 de abril.

Para se inscrever clique aqui. A inscrição só será confirmada após o pagamento, que pode ser realizado via depósito bancário, PIX, transferência bancária ou pelo cartão de crédito.

As inscrições antecipadas podem ser feitas até dia 16 de maio, não sendo possível se inscrever presencialmente no dia do evento.

Programação explora tópicos importantes para a avicultura

Durante o Simpósio de Incubação e Qualidade de Pintos, os participantes terão a oportunidade de se aprimorar em uma variedade de temas fundamentais para o setor avícola. Um dos pontos de discussão será a otimização da janela de nascimento e seus impactos na qualidade e desempenho das aves adultas. Os especialistas compartilharão novos conceitos sobre como aperfeiçoar esse processo para garantir melhores resultados na produção avícola.

Além disso, a limpeza, desinfecção e controle da contaminação no incubatório serão abordados em detalhes. Os participantes terão  acesso à informações sobre as melhores práticas para manter um ambiente higiênico e seguro para o desenvolvimento dos pintinhos. Confira a programação completa clicando aqui.

Fonte: Assessoria Facta
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