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Suínos / Peixes Nutrição Animal

Intensificador de absorção: solução para rentabilidade na fase de engorda em suínos

Fase de engorda é uma fase em que o custo é uma grande preocupação, pois é a fase mais longa e de maior consumo de ração

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Arquivo/OP Rural

Artigo escrito por Mara Costa, gerente de Serviços Técnicos de Suínos da Kemin Saúde e Nutrição Animal – América do Sul

Quando se fala em custo de produção de suínos, a alimentação é o item de maior preocupação, pois a rentabilidade da atividade depende diretamente deste. Em cenários de alto custo de matéria-prima devem se buscar soluções para manter o ganho e evitar prejuízos. Uma escolha é manter os níveis nutricionais com maior custo de produção, mas ao final do alojamento receber pela melhor performance e eficiência alimentar. A outra opção é tentar manter o custo, o que leva a necessidade de trabalhar com os níveis nutricionais mais baixos, entretanto, a consequência será o menor ganho pela perda de performance e eficiência alimentar. A energia, pelo maior impacto no custo de formulação, acaba sendo o primeiro item a ter o nível reduzido.

Por que investir na energia da ração?

A rentabilidade da atividade depende diretamente da eficiência alimentar do animal. Para atender o rápido crescimento e máxima deposição de massa muscular, o suíno tem alto requerimento nutricional. Com o uso de dietas de alta densidade energética, o requerimento nutricional é atendido com o menor consumo.

A fase de engorda é uma fase em que o custo é uma grande preocupação, pois é a fase mais longa e de maior consumo de ração. O consumo é uma preocupação se estiver alto, mas muitas vezes o baixo consumo pode ser a causa da menor performance. Animais em estresse calórico podem diminuir seu consumo em 1% e 2% nas fases de crescimento e terminação, respectivamente, a cada grau Celsius acima do seu conforto térmico (15 a 17oC). Sendo assim, o uso de ração com maior densidade energética se torna necessário também.

Como a energia tem alto custo na dieta, o uso de tecnologias que otimizem ou substituam o seu uso se torna necessário nos diversos cenários para se alcançar a lucratividade.

Ferramenta para maximizar a energia da ração

Uma nova geração de emulsificantes, agora conhecida como “intensificador de absorção de nutrientes” (LEX) surge. Essa nova geração se deve pela atual composição de alguns produtos inovadores e seu modo de ação sobre a digestão e absorção de gorduras e demais nutrientes.

A fisiologia da digestão de gordura nos monogástricos consiste na emulsificação da gordura da dieta pelos sais biliares, seguida pela hidrólise dos triglicérides pela lipase em monoglicerídeos e ácidos graxos livres, e a absorção irá depender da solubilidade destes compostos formando as micelas. Estudos comprovam que o produto atua diretamente nas três fases da digestão de gorduras: emulsificação, hidrólise e absorção, promovendo melhor e mais estável digestão de óleos e gorduras das rações, se destacando entre os emulsificantes.

Para melhor performance uso “on top”

Ao aumentar a digestibilidade e promover maior absorção das fontes de gorduras, o produto promoverá aumento da energia disponível na ração. No caso de dietas com nível energético adequado, o resultado será mais performance com melhor eficiência alimentar.

Foi realizada uma avaliação em 7 granjas comerciais, totalizando 16.018 animais durante a fase de crescimento e terminação (140 dias de alojamento). Foi verificado o efeito do LEX  sobre a performance dos animais e características de carcaça (Tabela 1).

Ao aumentar a energia disponível na ração através do uso “on top”, animais que consumiram o produto tiveram maior ganho de peso, o que pode ser verificado pelo maior peso final (p<0,05), totalizando +3 Kg de ganho de peso na fase em relação ao grupo controle. O maior ganho foi com o mesmo consumo de ração (p>0,05), mostrando que os animais do grupo foram mais eficientes e sem efeito deletério na composição carcaça (p>0,05), além do lote se apresentar mais uniforme, o que pode ser verificado pelo menor coeficiente de variação dos dados avaliados.

Em situações em que não há disponibilidade de ingrediente fonte de energia, necessidade de menor inclusão por baixa qualidade do produto, uso de fonte alternativa (menos energética) e/ou dificuldade em trabalhar com esse tipo de produto por fatores relacionados ao armazenamento e/ou processo de fabricação, o LEX é uma solução como alternativa ao incremento energético da ração, com objetivo de melhorar a performance e, consequentemente a rentabilidade.

Para menor custo de ração: Uso da matriz energética

Por promover melhor digestibilidade e absorção da gordura, a matriz energética pode ser utilizada em suínos na fase final de creche e engorda, desde que a ração tenha extrato etéreo acima de 4,5%.

Seu uso é indicado quando se pretende manter o nível energético da ração com menor custo de formulação. Em situações em que o objetivo é diminuir a inclusão do ingrediente fonte de energia seja pela sua qualidade ou na busca de melhor produtividade e/ou qualidade de pellet no caso de rações peletizadas, o uso da matriz nutricional é uma alternativa.

Ao utilizar a matriz nutricional energética parte da fonte de gordura/óleo pode ser substituída pelo aditivo intensificador de absorção. Com isso, o nível de energia é mantido sem perda de performance, mas com menor custo de formulação.

Em leitões na fase de creche foi avaliado o uso do LEX, durante as fases iniciais (24 a 45 dias de idade) o uso foi de forma “on top”, e na fase final (46 a 73 dias de idade) foi utilizada a matriz nutricional de energia (50 kcal). Ao reformular, foi possível substituir o produto por 1% de óleo de soja, sem efeito nos dados de performance em relação ao grupo controle (Tabela 2).

Para verificar a eficácia do uso da matriz do produto, foi realizada uma avaliação com 560 animais na fase de crescimento e terminação. Foi utilizada a matriz nutricional e a ração reformulada, permitindo a redução de 33% e 47% de gordura total da ração na primeira e última ração (22 e 59 dias de consumo, respectivamente).

Através do uso da matriz nutricional, houve redução no custo da ração pela redução do nível de gordura total, sem perda de desempenho na fase em relação ao ganho de peso (p>0,05). Houve maior consumo de ração no grupo testado (p<0,01), mas ao corrigir a conversão alimentar, esta foi semelhante entre os grupos. O uso do produto permitiu maior uniformidade do lote, verificado pelo menor coeficiente de variação no peso final, o que é interessante na composição de carcaça (Tabela 3).

Conclusão

Um novo conceito de aditivo, aqui descrito como “intensificador de absorção” ao atuar diretamente nas três fases da digestão de gorduras: emulsificação, hidrólise e absorção, promove melhor e mais estável digestão de óleos e gorduras das rações. Sua composição diferenciada permite ação sobre a digestão e absorção de gorduras e absorção de demais nutrientes.

O seu uso em suínos na fase de crescimento e terminação é indicado:

  • Para aumentar a rentabilidade ao melhorar a eficiência alimentar do suíno;
  • Alternativa como fonte de energia em cenários de alto custo de matéria-prima;
  • Solução quando há necessidade em diminuir a inclusão de fonte de energia

Os benefícios do uso em suínos em crescimento e terminação são:

  • Aumento da digestibilidade da energia metabolizável aparente e a digestibilidade ileal de aminoácidos como a lisina, metionina e treonina;
  • Aumento da rentabilidade através do melhor desempenho como ganho de peso e melhor eficiência alimentar quando utilizado de forma “on top”;

Redução do custo de formulação ao substituir parte da fonte de energia com o uso da matriz energética (em dietas com extrato etéreo acima 4,5%) sem efeito deletério na performance e características de carcaça do animal.

Outras notícias você encontra na edição de Suínos e Peixes de julho/agosto de 2021 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Suínos / Peixes

ACCS 65 anos: força e inovação na suinocultura catarinense

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Presidente Losivanio Luiz de Lorenzi: "Que podemos continuar juntos, superando desafios e construindo um futuro ainda mais promissor para a suinocultura e aos suinocultores catarinenses" - Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Fundada em 24 de julho de 1959, a ACCS surgiu em um momento determinante para a suinocultura em Santa Catarina. Na década de 1940, o Oeste Catarinense destacou-se na produção de suínos, impulsionado pela chegada de colonos do Rio Grande do Sul. Entre os pioneiros, Attílio Fontana, fundador da Sadia, viu o potencial da região e investiu na criação de suínos, transformando a produção local em um pilar econômico.

Inovação e melhoramento genético

Na virada da década de 1940 para 1950, a ACCS foi pioneira na introdução de práticas de melhoramento genético. Victor Fontana, sobrinho de Attílio, aplicou métodos racionais e técnicos de criação, resultando em ninhadas de leitões saudáveis e precoces. A Sadia distribuiu um fomento experimental, fornecendo matrizes e ração aos produtores que seguiram suas exigências de higiene e instalações, marcando o início de uma revolução na suinocultura.

Expansão e modernização

Nos anos 1960 e 1970, a ACCS ampliou suas atividades, implementando o registro genealógico dos suínos e promovendo a exposição de suínos que incentivavam a melhoria genética. Em 1976, sob a presidência de Paulo Tramontini, a ACCS liderou a criação da primeira central de inseminação artificial de suínos do Brasil, consolidando Santa Catarina como líder na produção de material genético de qualidade.

Evolução estrutural

A Central de Coleta e Difusão Genética da ACCS (CDG-ACCS), localizada na comunidade de Fragosos em Concórdia, representa um marco de inovação e excelência na suinocultura brasileira. Reinaugurada em 2016, a CDG-ACCS foi a primeira do Brasil a operar dentro dos padrões rigorosos de Bem-Estar Animal, incorporando as melhores genéticas do mercado e estabelecendo um alto padrão de sanidade e produtividade.

Com uma produção mensal de aproximadamente 19 mil doses de sêmen, a central não apenas impulsiona a qualidade genética dos rebanhos, mas também garante a sustentabilidade e a competitividade dos suinocultores catarinenses. O reconhecimento da CDG-ACCS como referência em produtividade e sanidade, destacado em reportagens especiais como a do Globo Rural, reforça seu papel na modernização e no desenvolvimento da suinocultura em Santa Catarina e no Brasil.

Parcerias e crescimento sustentável

Ao longo das décadas, a ACCS tem sido uma força importante na promoção e no desenvolvimento da suinocultura em Santa Catarina. Parcerias estratégicas com indústrias, cooperativas e entidades governamentais foram fundamentais para o crescimento do setor. A criação da Cooperativa Agroindustrial dos Suinocultores Catarinenses (Coasc) em 2014 exemplifica esse espírito cooperativo, ajudando produtores independentes a obter melhores condições na compra de insumos.

Desafios e superações

A ACCS não se limita a celebrar conquistas, mas também se destaca pelo seu papel de apoio em tempos de crise. A associação esteve presente em momentos de adversidade, mobilizando a classe e chamando a atenção para as necessidades e demandas dos suinocultores. Este espírito de luta e resiliência garante que os suinocultores continuem a desempenhar um papel vital na economia do país.

Uma voz ativa e presente

A ACCS se tornou uma referência, tanto para a imprensa quanto para os suinocultores. Com um site atualizado diariamente e participações ativas em comissões e eventos, a associação promove o diálogo entre produtores e especialistas, sempre inovações buscando e políticas públicas desenvolvidas ao setor.

Celebração e futuro promissor

Ao comemorar 65 anos, a ACCS reafirma seu compromisso com a inovação e a sustentabilidade do setor. O presidente Losivanio Luiz de Lorenzi destaca a importância de continuar unidos, superando desafios e construir um futuro ainda mais promissor para a suinocultura catarinense. “Que podemos continuar juntos, superando desafios e construindo um futuro ainda mais promissor para a suinocultura e aos suinocultores catarinenses,” ressalta.

A trajetória da ACCS é um exemplo de dedicação e sucesso, refletindo a força e a inovação que definem a suinocultura em Santa Catarina. Comemoramos não apenas o passado, mas também as possibilidades ilimitadas do futuro. Parabéns a todos que fazem parte dessa história!

Fonte: Assessoria ACCS
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Suínos / Peixes

Preços do suíno vivo têm movimentos distintos no Brasil

Aumentos foram influenciados pela firme demanda da indústria por novos lotes de animais para abate. As quedas em algumas praças, por sua vez, decorreram do típico enfraquecimento da procura na segunda quinzena do mês.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Os preços do suíno vivo e da carne vêm apresentando movimentos distintos dentre as regiões acompanhadas pelo Cepea.

Segundo pesquisadores deste Centro, os aumentos foram influenciados pela firme demanda da indústria por novos lotes de animais para abate.

Esse foi o caso dos mercados independentes do suíno vivo nos estados de São Paulo e do Rio Grande do Sul.

As quedas em algumas praças, por sua vez, decorreram do típico enfraquecimento da procura na segunda quinzena do mês, devido ao menor poder de compra da população, ainda conforme explicam pesquisadores do Cepea.

 

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos / Peixes Nutrição

Especialista aponta desafios e alternativas para melhorar desempenho zootécnico dos suínos

Penz ressalta ainda os avanços recentes na nutrição de suínos e como essas inovações impactam a eficiência alimentar, o crescimento, a saúde dos animais e a sustentabilidade da produção.

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Foto: Shutterstock

A qualidade nutricional dos alimentos não só influencia o desempenho dos animais, mas também afeta diretamente sua capacidade de digestão e absorção de nutrientes, bem como a quantidade de resíduos gerados. Durante o 16º Simpósio Internacional de Suinocultura (Sinsui), que será realizado entre os dias 14 e 16 de maio no Centro de Eventos da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, essa temática será abordada pelo mestre em Zootecnia, doutor em Nutrição e professor titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Mário Penz.

O especialista vai participar do Painel Novos Desafios na produção de suínos – o que vem por aí?, em que vai tratar sobre “Onde estamos e para onde deveremos ir na área de Nutrição”. Em entrevista exclusiva ao Jornal O Presente Rural, o doutor em Nutrição enfatizou que quanto melhor compreendermos a qualidade dos ingredientes utilizados na formulação dos alimentos para suínos, mais eficiente será a produção dos animais e menores serão os impactos ambientais.

Penz ressalta ainda os avanços recentes na nutrição de suínos e como essas inovações impactam a eficiência alimentar, o crescimento, a saúde dos animais e a sustentabilidade da produção. Aborda temas como nutrição de precisão, ingredientes alternativos, redução do uso de antibióticos, nutrigenômica, considerações nutricionais por fase de crescimento, desafios ambientais, estratégias nutricionais para minimizar o estresse térmico e oportunidades para colaboração entre a indústria, academia e o poder público. Confira!

O Presente Rural – Quais são os avanços recentes na nutrição voltada à suinocultura e como essas inovações estão impactando a eficiência alimentar, o crescimento e a saúde dos suínos?

Mário Penz – Quanto mais conhecemos a qualidade dos ingredientes que são empregados na elaboração dos alimentos para os suínos, mais eficiente se torna a produção dos animais e menores são os efeitos poluidores, que podem ser causados pela indevida digestão dos nutrientes e pelo aumento dos dejetos produzidos. Por exemplo, vários nutricionistas calculam as necessidades energéticas dos animais com base nas energias líquidas dos ingredientes, enquanto outros ainda usam energia metabolizável ou, menos comum, energia digestível, ambas menos precisas que a expressão da energia, com base no conhecimento dos valores de energia líquida dos ingredientes.

O Presente Rural – Quais são os principais desafios que os nutricionistas enfrentam atualmente na formulação de dietas para suínos e como estão sendo abordados?

Mário Penz – Continua sendo o conhecimento da real composição dos ingredientes usados nas formulações das dietas para as diferentes fases de produção.

O Presente Rural – Como a nutrição de precisão está sendo aplicada na suinocultura e quais são os benefícios em termos de otimização dos recursos alimentares e redução dos custos de produção?

Mário Penz – Nutrição de precisão tem por objetivo, sempre um pouco paradoxal, oferecer aos animais nutrientes e energia líquida, de acordo com suas necessidades, nas diferentes fases de produção. Quando se lida com nutrição de populações, em diferentes fases de produção, o que se quer chegar é o mais perto do que os animais necessitam, desconsiderando várias diferenças que podem ocorrer por idade, sexo, linhagem, ambiente, propósito de produção, etc. Essa nutrição não obrigatoriamente é “de custo mínimo”.

O Presente Rural – Quais são as tendências emergentes na formulação de dietas para suínos, como a utilização de ingredientes alternativos e a redução do uso de antibióticos promotores de crescimento?

Mestre em Zootecnia, doutor em Nutrição e professor titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Mário Penz: “Sempre é mais difícil pensar em saúde do que pensar em doença”. Foto: Divulgação

Mário Penz – Ingrediente alternativo é todo aquele que pode substituir os ingredientes convencionais das dietas, que no Brasil são milho e farelo de soja. Ingredientes como sorgo, milheto, farinhas de origem animal, entre outros, poderão ser empregados, desde que estejam disponíveis em quantidades relevantes, nem que seja por um período específico do ano. Além disso, é importante que se conheça a composição nutricional e energética desses ingredientes, para evitar que tenham seus valores sub ou superestimados. Levando isso em consideração, qualquer oportunidade tem que ser avaliada quanto ao seu custo e ao seu benefício, relacionados com aqueles que o milho e o farelo de soja podem trazer aos animais.

Quanto a redução do uso de antibióticos promotores de crescimento, esse é um caminho sem volta. Para que não haja perda de desempenho dos animais, os profissionais deverão dar mais atenção aos princípios básicos de saúde animal (saúde intestinal) e menos na mitigação das ações microbianas deletérias. Nesse conjunto de ações, cuidado com a biosseguridade, do ambiente, das dietas empregadas, farão parte dessa nova necessidade de produção.

Sempre é mais difícil pensar em saúde do que pensar em doença. Saúde é um processo contínuo, que se mitiga todo o tempo. Doença, mesmo que seja só mitigada pelos promotores de crescimento, sugerem respostas mais rápidas, mas não obrigatoriamente com consistência. Mudar de doença para saúde é algo complexo e que requer mais conhecimento dos profissionais envolvidos na produção de suínos.

O Presente Rural – Como a nutrigenômica e outras tecnologias de ponta estão sendo exploradas para entender melhor as necessidades nutricionais específicas dos suínos e melhorar a saúde intestinal?

Mário Penz – Nutrigenômica é o conhecimento que permite a seleção específica de nutrientes que favorecem a melhor expressão gênica dos animais, permitindo, como consequência, melhor saúde e desempenho dos animais. Esse é outro caminho sem volta, especialmente quando se trata de produzir animais saudáveis e sem o uso de antibióticos. Mas, ainda todo esse conhecimento está pouco apreciado no dia a dia das produções. Entretanto, importantes informações acadêmicas estão disponíveis, que mostram que teremos que olhar o suíno não por fase, mas olhar os resultados finais, desde o início da produção dos reprodutores, que lhes dão origem.

O Presente Rural – Quais são as considerações nutricionais específicas para diferentes fases de crescimento dos suínos, desde a creche até a terminação, e como essas necessidades estão sendo atendidas?

Mário Penz – Lamentavelmente, essa pergunta é extremamente complexa, para que tenha uma resposta simples. Entretanto, tomando o risco da simplificação, os nutricionistas devem estar muito próximos dos técnicos das genéticas, para entender quais são as recomendações por eles oferecidas. Com o tempo, cada profissional vai adaptando seus referenciais, com base na sua experiência e nos resultados práticos de campo. Aqui não tem uma resposta única e a complexidade começa com a identificação que o nutricionista tem com relação ao produto final da produção. Ele está preocupado com o ganho de peso, com a conversão alimentar, com a qualidade da carcaça ou com o menor custo no frigorífico?

O Presente Rural – Quais são os aditivos alimentares desenvolvimentos mais recentemente, como probióticos, prebióticos e enzimas, para promover a saúde intestinal e melhorar o desempenho dos suínos?

Mário Penz – Essa é uma nova era na produção de suínos. Reforço que estamos saindo de uma longa fase, onde os profissionais se preocupavam e se preocupam com eventos sanitários, os mitigando com o uso de antibióticos promotores de crescimento e/ou antibióticos usados de forma preventiva ou terapêutica. Agora estamos entrando na fase da saúde animal, mais complexa, porém inevitável. Muitas são as opções para melhorar a saúde dos animais. Não há um único produto que tenha a chancela de resolver tudo! O técnico deverá ter claro o que está buscando e, com isso olhar as oportunidades disponíveis. De uma maneira geral, tenho me posicionado que nessa nova fase, tudo começa pelo uso de enzimas exógenas, como suplementos indispensáveis. Dietas bem digeridas diminuem a disponibilidade de nutrientes aos microrganismos. Depois, todas as dietas devem ser suplementadas com um antioxidante que tenha ação efetiva, para mitigar processos de oxirredução contínuos dos enterócitos. Enzimas e antioxidantes fazem uma eficiente “dobradinha”. Depois vem os demais aditivos não antibióticos. Aqui o técnico tem que saber o que quer: fortalecer o sistema imune dos animais? A integridade intestinal? A digestibilidade dos nutrientes? Colaborar na regulação da microbiota? São perguntas indispensáveis, pois nessa nova fase não há “receita pronta”. As alternativas serão customizadas, de acordo com as expectativas técnicas esperadas. Para completar, aditivos não antibióticos não estão chegando para melhorar os resultados de granjas que não deem atenção a biosseguridade, ao ambiente, ao bem-estar animal, como sempre pensamos que os antibióticos ajudam ou ajudavam. Essa nova produção animal vem para se empregada em granjas que atendem os princípios básicos de boas práticas de produção e manejo. Ou seja, a mudança de paradigma é grande. Por isso que sempre sugiro que, independente da necessidade de se acomodar a essa nova realidade, o técnico deve começar, com cautela, a entender como produzir nesse novo ambiente tendo parte de seu plantel submetido a essas novas alternativas.

O Presente Rural – Como os desafios ambientais – a redução das emissões de gases de efeito estufa e a sustentabilidade da produção de alimentos – estão moldando a pesquisa em nutrição suína?

Mário Penz – Sustentabilidade é a palavra de ordem. O grande desafio é que a sustentabilidade está baseada em três pilares – econômico/ambiental/social. Com isso, em cada ação temos que olhar como ela afeta um ou mais dos três pilares. O que é certo é que sempre será impossível ter os três pilares sendo atendidos na íntegra. A produção animal sempre buscou a sustentabilidade, mesmo antes do termo ter se consagrado pela Comissão de Bruntland em 1987, que definiu o que seria o Desenvolvimento Sustentável. Por que digo isso? Porque os produtores seguem em suas propriedades em muitos casos por três ou mais gerações. Se não fossem sustentáveis já teriam migrado, como muitos fizeram. Os produtores sempre estão perseguindo, pelos conhecimentos técnicos adquiridos, melhores resultados zootécnicos, representados por melhores conversões alimentares de seus animais. Melhor conversão animal, menos consumo de alimento e água, menor excreção de dejetos, menor poluição do ambiente, especialmente pelo nitrogênio e fósforo excretados. Tudo isso podendo também ser representado pela menor produção de CO₂. Assim, a ciência subsidia os produtores com seus conhecimentos e eles aplicam, para que sigam sendo viáveis economicamente.

O Presente Rural – Quais são as estratégias nutricionais mais eficazes para minimizar o estresse térmico em suínos durante períodos de temperatura extrema?

Foto: Shutterstock

Mário Penz – Não criá-los em temperaturas quentes! A nutrição pode mitigar eventos térmicos de calor, mas são pouco eficientes (reduzir proteína, aumentar a energia por intermédio da inclusão de gordura nas dietas, etc.). O uso de ambiente controlado é uma necessidade indispensável nos novos projetos suinícolas. Além disso, a curto prazo, os animais, nessas condições devem receber água fria, junto com o alimento que consomem. Imaginem uma reprodutora em lactação, que tem que comer algo em torno de 6 a 7 kg de alimento/dia e necessita tomar água com uma temperatura próxima de 15ºC e a ela é oferecida uma água com 30ºC. O que ela vai fazer? Irá comer menos! E, as consequências já sabemos. Assim, resumindo, estresse por elevada temperatura ambiente, primeiro se mitiga com água fria e depois, nos novos projetos, com a construção de galpões climatizados.

O Presente Rural – Quais são as oportunidades futuras para a colaboração entre a indústria de nutrição animal, academia e poder público para impulsionar ainda mais a inovação e o progresso na área de nutrição voltada à suinocultura?

Mário Penz – A tríade indústria, academia e poder público é indispensável se quisermos avançar mais rápido. Cada um dos três segmentos tem a sua responsabilidade. Entretanto, primeiramente cabe a indústria ser clara no que necessita para que a academia se prepare para responder os desafios. Cabe a academia entender que a indústria tem pressa em várias de suas necessidades e se colocar como disponível frente a esses desafios. Ao poder público, favorecer qualquer inciativa pertinente, colaborando com financiamentos e com normas e regulamentos que favoreçam novas descobertas.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor de suinocultura acesse a versão digital de Suínos, clique aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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