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Ingestão de água com algas pode levar animais a morte

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Guilherme Augusto Vieira[1]

 Se a sua fazenda apresenta este problema, seus animais correm sérios riscos de ficarem doentes e até mesmo ir a óbito.

Quem explica é o Médico Veterinário e Professor Universitário Guilherme Vieira.

Estas algas, dentre os grupos de algas que se desenvolvem nos bebedouros, estão as Cianobactérias, que é um grupo de algas cianofíceas.

Algumas florações de cianobactérias provocam alterações no gosto e no sabor da água, redução no oxigênio dissolvido, além da liberação de toxinas prejudiciais à saúde do homem e dos animais. De acordo com o Professor , há diversos registros de morte por envenenamento de bovinos, equinos, suínos, ovelhas, cães, peixes e invertebrados.

As toxinas das cianobactérias são conhecidas como cianotoxinas. As cianotoxinas produzidas ficam contidas dentro das células de cianobactérias em crescimento ativo, são liberadas para a água quando as células envelhecem, morrem ou rompem, tornando-se toxinas dissolvidas na água.

Um dos gêneros mais comuns de incidência nas florações algais é o gênero Microystis que sintetiza uma hepatotoxina chamada Microcistina, que pode permanecer na água por mais de 03 semanas (JACINAVICIUS, 2015)

 

Mas porque ocorre o aparecimento de algas no interior dos bebedouros dos bovinos?

O aumento da “população” de algas nos ambientes aquáticos deve-se a ocorrência da Eutrofização, que vem a ser um enriquecimento artificial causado pelo aumento das concentrações de nutrientes na água, principalmente por compostos nitrogenados e fosfatados, resultando num aumento dos processos naturais da produção biológica (Veiga,2011 apud Silva,2011).

A eutrofização natural ocorre em águas provenientes do escoamento superficial e também dos rios das bacias de drenagem que arrastam a matéria orgânica para dentro destes ecossistemas. Daí conclui-se que a captação de água dos rios são armazenadas e distribuídas aos bebedouros encontra-se rica em matéria orgânica , fato este que propicia ao aparecimento das algas.

Além disso, segundo levantamentos e pesquisas relatadas por Vieira (2019), na maioria das vezes não há uma limpeza e higiene dos bebedouros nas fazendas, não ocorre tratamento das águas ,  propiciando o desenvolvimento das algas e bactérias nos bebedouros.

Vale ressaltar, que depois que publiquei este relato de caso no meu site, recebi várias comunicações de bebedouros sujos com algas em todo o Brasil, mortes de animais e outras conversações sobre o assunto, mas nada que pudesse comprovar os fatos.

Outra questão importante é quanto a ingestão da água de qualidade. Bebedouros com águas sujas limitam o consumo de água por parte dos animais e os animais entram em emagrecimento progressivo, pois não ingerem a quantidade de matéria seca para o seu desenvolvimento.

 

Como resolver o problema de limpeza dos bebedouros?

Após pesquisar bastante sobre o assunto, propus para o proprietário da fazenda um Programa de Higiene de bebedouros (PHB), com várias etapas. O mesmo aceitou e colocamos mãos à obra.

 

Qual a finalidade do PHB?

A finalidade do PHB é manter a saúde dos animais através da diminuição da possibilidade de contaminação de doenças de origem hídrica, mantendo os níveis baixos dos agentes patogênicos nos bebedouros.

É importante que todos na fazenda tenham consciência da importância do PHB e que todos os colaboradores, gerentes, proprietários sejam educados quanto a importância e conhecimento das etapas do PHB, estando cientes das consequências de seu emprego incorreto.

MV Guilherme Vieira orientando a limpeza correta dos bebedouros. – Foto: arquivo pessoal

Quando foi elaborado o  Programa de Higiene de Bebedouros pensou-se em propor um programa de fácil execução, com adoção de técnicas simples, utilização de materiais de fácil acesso e o mais importante: seja executado da maneira mais simples possível.

Os detergentes e desinfetantes são de usos específicos, devem ser aplicados de maneira correta, com indicação técnica, ou seja não se deve utilizar detergentes neutros e desinfetantes de uso doméstico, pois não apresentam efetividade na remoção da matéria orgânica.

Os trabalhos para elaboração, testes e execução do Programa de Higiene de Bebedouros ocorreram no período de Janeiro a dezembro de 2018.

 

Ao final dos trabalhos, deixamos assim:

Ao concluir este trabalho, verificou-se que água suja com algas pode levar os animais a morte, interfere na sanidade animal e também no consumo limitante da matéria seca.

Demonstrou-se também que há soluções técnicas como o Programa de Higiene de Bebedouros que deve ser executado de acordo com as orientações técnicas adequadas.

Quem desejar conhecer mais sobre o nosso trabalho, visite o site: www.farmacianafazenda.com.br/higiene ou através do email: contato@farmacianafazenda.com.br  , teremos o máximo prazer em atende-lo.

 

[1] Guilherme Augusto Vieira é Médico Veterinário, Doutor em História das Ciências, Autor do livro Como montar uma farmácia na fazenda , coordena os sites farmácia na fazenda e www.bebedourolimpo.com.br , contato: guilherme@farmacianafazenda.com.br

Fonte: Prof. Guilherme
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Especialistas abordam impacto das micotoxinas e colostragem de bezerras

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Foto: Giuliano De Luca/OP Rural

O médico-veterinário Carlos Augusto Mallmann apresentou os impactos das micotoxinas na produção de leite, durante o 12º Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite (SBSBL). As micotoxinas são metabólitos secundários sintetizados por fungos, tóxicos para animais e seres humanos. Na cadeia produtiva do leite, podem acometer o sistema de defesa dos animais, bem como outros sistemas, causando perdas econômicas consideráveis para o produtor.

O palestrante trouxe ponderações sobre a ocorrência das micotoxinas, seus efeitos na cadeia de produção de leite e medidas mitigadoras. De acordo com Mallmann, o Brasil é pioneiro em reconhecer o problema e buscar soluções para as micotoxinas, com estudos e uma legislação avançada sobre o assunto. Ainda assim, há vários desafios no controle.

Algumas das principais micotoxinas são aflatoxinas (AFs), fumonisinas (FBs), ocratoxinas (OTs), desoxinivalenol (DON), zearalenona (ZEN) e a Toxina T-2. Já entre os métodos mais utilizados para detectar essas substâncias, o pesquisador citou técnicas como a Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (HPLC) e o ensaio de imunoabsorção enzimática (Elisa). “Geralmente o diagnóstico é feito quando o prejuízo já está avançado. E é difícil detectar sinais clínicos”, salientou.

Médico veterinário Carlos Augusto Mallmann – Foto: Divulgação/MB Comunicação

Mallmann ressaltou que as micotoxinas afetam diretamente a produtividade e, por consequência, o desempenho econômico da propriedade. “É um risco e precisamos alertar o produtor. Há soluções como aditivos, que são produtos de fácil acesso para incluir na ração. “Temos que nos preocupar com os bezerros, por terem capacidade de metabolização inferior, mas, ao mesmo tempo, protegermos as vacas adultas no período de lactação, para evitar a contaminação do leite e os danos à indústria”.

Colostragem

A segunda palestra do painel, com a médica veterinária Sandra Gesteira, tratou da colostragem em bezerras. A administração adequada de colostro nas primeiras horas de vida vai garantir que as bezerras recebam uma importante fonte de anticorpos, por conta da absorção intestinal de imunoglobulinas, que contribuirão para proteger esses animais contra doenças e reduzir índices de mortalidade.

Sandra Gesteira palestra sobre a colostragem em bezerras – Foto: Divulgação/MB Comunicação

Segundo Sandra, os aspectos que mais afetam a qualidade do colostro são a dieta, influências das estações, duração do período seco, quadros de mastite antes de a vaca parir, ordenha, ordem de parto, raça, bem como características individuais. Quanto à raça, por exemplo, a concentração menor de imunoglobulinas no gado holandês e no gado pardo suíço trará mais desafios para uma boa colostragem. Já em relação ao período seco, é importante respeitar essa fase para preparar a vaca para a próxima lactação. “Precisamos manejar vacas no pós- parto para que tenham conforto e a qualidade do colostro não seja afetada”, pontuou.

É fundamental, ainda, ter atenção para a ordem do parto. “Assim que o animal entra em trabalho de parto terá um pico de prolactina, fundamental para que haja proteína no leite. Assim que a prolactina age, não passará mais imunoglobulinas pelos alvéolos. Por isso, quanto mais tempo demoramos para obter colostro após o parto, mais esse colostro vai sendo diluído e perderá qualidade”.
Outra forma de melhorar o colostro é vacinar as vacas no pré-parto, conforme estudo apresentado pela palestrante. “Além de controlar especificamente a diarreia infecciosa em bezerros, observamos que a vacina melhora a qualidade do colostro, ao aumentar as concentrações de IgM colostral”.

Para garantir que não falte colostro de qualidade na propriedade, uma alternativa essencial destacada pela especialista é a criação de bancos de colostro. “É um desafio conseguirmos sempre um bom colostro na fazenda, e os bancos são uma garantia para que não falte este componente tão importante”.

Além do seu papel essencial no desenvolvimento dos bezerros, pesquisas demonstram o potencial da comercialização do colostro para uso humano. “É uma substância que pode ser usada em nutracêuticos, para melhorar a qualidade intestinal, em alimentos funcionais, para reduzir infecções gastrointestinais e respiratórias, para melhorar a performance de atletas, fortificar o leite consumido por crianças e pela indústria de cosméticos”.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo na Nutrição e Saúde Animal clique aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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Custo da pecuária leiteira cai, mas receita recua com ainda mais força

Os recuos, em boa parte do ano, nos valores de comercialização de importantes insumos, como rações, adubos, corretivos, e diesel, favoreceram a retração dos custos produtivos.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

O Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira apresenta retração acumulada de 5,4% de janeiro a outubro de 2023 – considerando- -se a “Média Brasil”, que é formada pelas bacias leiteiras de Bahia, Goiás, Minas Gerais, Santa Catarina, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. Os recuos, em boa parte do ano, nos valores de comercialização de importantes insumos, como rações, adubos, corretivos, e diesel, favoreceram a retração dos custos produtivos. Porém, com as sucessivas retrações no preço do leite pago ao produtor no período (queda real 21,4% desde janeiro, também na média nacional), a receita e, consequentemente, as margens foram se estreitando.

O Cepea estima que, de janeiro a outubro de 2023, a receita total das fazendas modais recuou 19% na “Média Brasil” e a margem bruta (receita – COE), expressivos 55%. A distância entre as desvalorizações dos grãos e as observadas nos produtos de dieta comercializados em revendas e em casas agropecuárias explica, pelo menos em parte, esse movimento.

Enquanto o preço do milho – principal componente energético – apresentou forte recuo de 31% nos primeiros 10 meses do ano (Indicador Esalq/BM&FBovespa, base Campinas – SP), no mesmo período, o grupo de insumos formado pelos concentrados teve queda de apenas 10% na “Média Brasil”.

A transmissão de preços ao produtor, a margem das revendas, o frete e os custos de fabricação desses insumos podem justificar essa diferença. Em outubro, especificamente, acompanhando a valorização ocorrida para o milho, os insumos dessa categoria voltaram a subir na maioria dos estados acompanhados, resultando em uma leve alta na “Média Brasil”.

Quanto ao grupo de adubos e corretivos, quedas foram registradas especialmente em alguns formulados, enquanto que adubos à base de ureia e fósforo apresentaram elevação nas cotações – impulsionadas pela valorização externa. Retrações no preço do diesel em grande parte das regiões acompanhadas resultaram em queda nos custos com as operações mecânicas de reforma e manutenção realizadas na propriedade no mês.

Relação de troca

Em setembro, o produtor de leite precisou de 26,6 litros de leite para a aquisição de uma saca de 60 kg de milho, 12,3% a mais do que em agosto. A desvalorização do leite no período e a alta no preço do milho influenciaram essa piora na relação de troca do pecuarista leiteiro. A relação de troca se aproximou da média dos últimos 12 meses, de 27,9 litros/saca.

Fonte: Cepea-Esalq/USP.

Fonte: Assessoria Cepea
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Especialistas debatem produtividade, sustentabilidade e rentabilidade na cadeia de leite

Palestrantes discutiram sobre estratégias de gestão financeira nas propriedades e a busca por produtividade e sustentabilidade nos sistemas de produção de leite à base de pastagens.

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Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

Uma gestão econômica eficiente e práticas assertivas para o aumento da produtividade são aliadas a sustentabilidade na cadeia leiteira. Durante o 12º Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite (SBSBL), realizado em meados de outubro, especialistas do setor apresentaram estratégias para administrar recursos em busca de um melhor desempenho nas propriedades.

O zootecnista Christiano Nascif pontuou aspectos críticos para atingir a rentabilidade e sustentabilidade na produção de leite. Segundo o especialista em gestão financeira, a sustentabilidade, a intensificação da produção e a rentabilidade andam juntas e o sucesso da atividade leiteira vai depender destes fatores. “A intensificação do negócio poupa recursos e, assim, você aumenta a rentabilidade do negócio. Essa atividade tem centenas de indicadores, mas alguns são definitivos para que o produtor tenha êxito, como produtividade da terra em litros por hectare/ano, estrutura de rebanho e escala de produção. Quando pegamos a eficiência técnica e transformamos em eficiência econômica, vamos ter a taxa de retorno, que é a rentabilidade do negócio”, pontuou.

Zootecnista Christiano Nascif apresentou estratégias para rentabilidade e sustentabilidade na produção de leite

Para Nascif, a rentabilidade é um reflexo da eficiência técnica, mas essa eficiência não equivale a produzir ao máximo e, sim, no melhor contexto econômico. “Produzir muito e ser eficiente tecnicamente, sem ganhar dinheiro, não adianta”.

O palestrante trouxe exemplos práticos, com cases de propriedades de sucesso e comparativos de indicadores fundamentais para a gestão da propriedade. “Eficiência é produzir mais e melhor com menos. Temos que dominar esses indicadores e interpretar para que o produtor saiba o que interfere no dia a dia dele e o que vai dar sustentabilidade para seu negócio”.

Produção à base de pastagens 

Pesquisador Rêmy Delagarde citou exemplos de manejo de pastagens, especialmente no clima temperado

O pesquisador francês Remy Delagarde abordou produção e sustentabilidade nos sistemas de produção de leite à base de pastagens. Ele apresentou medidas para um manejo eficiente do pastejo, técnicas de como alcançar um bom uso das pastagens ao longo do ano, relacionando a produção por vaca e produção por hectare, além de abordar a importância da otimização de recursos e redução de impactos ambientais deste sistema.

O especialista em produção de leite em sistemas pastoris trouxe referências da Europa, especialmente da França, baseadas em experiências de pastagens no clima temperado. De acordo com Delagarde, o sistema de pastagens é fundamentalmente dinâmico, por isso é necessário pensar continuamente estratégias, elencando o manejo anual, manejo tático mensal, custos de produção e acompanhar atentamente o plano nutricional das vacas.

“Para termos um sistema de pastagens sustentável, precisamos antecipar ao máximo as decisões e definir com cautela o planejamento forrageiro, considerando as particularidades de cada localidade e de seu clima. Para melhoria da eficiência do sistema, é necessário oferecer o máximo possível de pastagem ao longo do ano, dentro da realidade de cada propriedade. Também é importante evitar excesso de oferta de forragem por animal, fazendo o correto manejo de altura de entrada e saída dos piquetes, ajustar a quantidade oferecida de forragem conservada de acordo com a disponibilidade de pastagem e utilizar estrategicamente a suplementação com concentrados”, mencionou.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo na Nutrição e Saúde Animal clique aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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