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Hidrogênio verde: o que fazer para não perder o bonde?

Não dúvidas de que o Brasil poderá ser um dos lugares mais competitivos do mundo para produzir hidrogênio verde. Para isso, o país precisa acelerar o desenvolvimento da demanda local e internacional, preferencialmente com contratos de longo prazo e, assim, garantir o fluxo de investimentos necessário para realizar os primeiros projetos e as infraestruturas associadas.

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Consultor independente e ex-diretor da Agência Nacional de Petróleo, Felipe Kury - Foto: Divulgação

O hidrogênio verde pode desempenhar um papel fundamental para ajudar o mundo a reduzir as emissões de gases de efeito estufa com objetivo de alcançar o “net-zero emissions” até 2050. Como complemento a outras tecnologias, incluindo energia renovável e biocombustíveis, o hidrogênio verde tem o potencial para descarbonizar indústrias, incluindo siderurgia, petroquímica, fertilizantes, transporte pesado, navegação marítima e aviação, bem como para ajudar na geração de energia, entre outras aplicações.

O Brasil pode se tornar um dos líderes mundiais na produção de hidrogênio verde – que utiliza fontes de energia renovável, tais como eólica, solar e hídrica. De fato, o país reúne atributos inigualáveis, como fontes renováveis de energia em abundância, rede elétrica integrada de baixo carbono e uma indústria nacional relevante para geração de demanda – além de uma posição geográfica estratégica importante para exportar hidrogênio verde, principalmente para a Europa e os Estados Unidos (EUA).

Segundo estudo recente da McKinsey & Company, o hidrogênio poderá contribuir com mais de 20% nas reduções de emissões globais anualmente. No caso do Brasil, a produção pode gerar uma oportunidade total de USD 15 a 20 bilhões em receitas até 2040, sendo que quase metade deste valor seria para atender o mercado doméstico, especialmente transporte pesado, produção de aço e outras indústrias intensivas em energia. Adicionalmente, outros US$ 4 a 6 bilhões poderiam vir de exportações de derivados verdes para os EUA e Europa, já que os custos de produção no Brasil seriam mais competitivos se comparados com exportações de outros países. Ainda assim, alguns projetos se destacam no Brasil.

No final de 2021, foi anunciada uma joint venture entre o Governo do Ceará e o Porto de Roterdã (o maior e principal da Europa), fazendo com que o complexo do porto de Pecém passe a abrigar um dos maiores projetos de produção de hidrogênio verde no país. O projeto, que tem foco na exportação, deve produzir em grande escala para atender o mercado doméstico, com aplicações em mobilidade pesada, indústria do aço, produção de químicos e mistura para as redes de transporte de gases. O fornecimento acontecerá a partir de uma unidade industrial com capacidade instalada de eletrólise entre 100 MW e 150 MW, durante um período de ativação que vai até 2026. Porém, o objetivo principal é chegar a 4 GW de capacidade em 2030.

Em outra importante iniciativa, em meados de 2022, o complexo Industrial Portuário de Suape anunciou que vai arrendar uma área para a instalação de uma planta industrial produtora de hidrogênio verde. O investimento estimado é de US$ 3,5 bilhões, com 1 GW de capacidade de eletrólise e área de 72,5 hectares. O arrendamento será por 25 anos, sendo possível prorrogação por igual período. A área situa-se fora da poligonal do Porto Organizado, sendo administrada diretamente pela estatal portuária. Na futura fábrica, o hidrogênio verde será produzido a partir da dessalinização da água do mar.

Outro projeto de destaque é da Unigel (Industria Química Brasileira Unigel), que anunciou, em janeiro de 2023, que investirá até US$ 1,5 bilhão na Bahia para produção de hidrogênio verde. O complexo se destaca como a primeira instalação do país para produção em escala industrial. Localizada em Camaçari, a fábrica deve ter a primeira de três fases inaugurada até o fim deste ano, ampliando a capacidade até chegar em 2027 produzindo 100 mil toneladas de hidrogênio, ou 600 mil de um de seus derivados, a amônia.

E, finalmente, também entre os projetos de grande relevância, estão a Shell Brasil e o Porto do Açu que assinaram, em novembro de 2022, um Memorando de Entendimento (MoU) para o desenvolvimento conjunto de uma planta-piloto de geração de hidrogênio verde nas instalações do porto, localizado na região norte do estado do Rio de Janeiro. O projeto deverá ficar pronto em 2025 e terá capacidade inicial de 10 MW (Mega Watt), podendo chegar a 100 MW, com investimentos estimados entre US$ 60 milhões e US$ 120 milhões.

Observa-se nos projetos mencionados acima que investimentos no desenvolvimento da infraestrutura estão acontecendo, principalmente em áreas portuárias para facilitar o acesso de insumos e distribuição do produto para exportação ou mercado doméstico. Entretanto, para que o hidrogênio verde tenha contribuição importante na transição energética, é necessário acelerar o desenvolvimento da infraestrutura de distribuição, a integração de toda a cadeia de valor e, inevitavelmente, aumentar a produção em grande escala ao longo da próxima década.

Do lado da demanda, os formuladores de regulação e política públicas deveriam criar mais incentivos para a economia verde e/ou taxação para economia fóssil, além de estabelecer cotas para que as empresas possam desenvolver planos mais agressivos de transição energética. Evidentemente, estes incentivos e/ou taxação precisam ser bem estruturados para não criar desequilíbrios concorrenciais e/ou de competividade, além de considerar as características e nível de desenvolvimento de cada setor da economia.

A demanda de hidrogênio atingirá adoção em larga escala somente quando o fornecimento de hidrogênio limpo de baixo custo estiver disponível. Isso exigirá um aumento na capacidade de eletrólise e acompanhamento da capacidade de energia renovável, bem como a construção de infraestrutura de captura, utilização e armazenamento de carbono. Quanto antes estes investimentos forem feitos para alcançar uma produção em grande escala, mais rápido será possível alcançar a competividade de custos.

Não dúvidas de que o Brasil poderá ser um dos lugares mais competitivos do mundo para produzir hidrogênio verde. Para isso, o país precisa acelerar o desenvolvimento da demanda local e internacional, preferencialmente com contratos de longo prazo e, assim, garantir o fluxo de investimentos necessário para realizar os primeiros projetos e as infraestruturas associadas. Igualmente importante, o país precisa desenvolver políticas públicas e regulação adequadas para estabelecer um ambiente de negócios favorável no longo prazo.

Num momento de grandes incertezas, adversidades e limitações de investimento pelo setor público, atrair o capital privado requer uma coordenação e equilíbrio eficiente dos vários interesses em questão. Esses fatores tornam ainda mais crítica a construção de uma agenda de Estado, de longo prazo, que promova estabilidade, previsibilidade e segurança jurídica para o setor e para o país. Sem isso, o Brasil corre o sério risco de ficar para trás – como habitualmente, perdendo o bonde.

Fonte: Por Felipe Kury, consultor independente e ex-diretor da Agência Nacional de Petróleo.

Bovinos / Grãos / Máquinas

Por que suplementar?

O uso de suplementos possibilita a melhoria da produção animal no Brasil.

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Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

A produção animal no Brasil, pecuária de corte, leite, avicultura e suinocultura, apresentou um avanço nos últimos 30 anos tornando o país um dos maiores produtores e exportadores de proteína animal do mundo. Tudo isso motivado por vários fatores como o avanço do melhoramento genético, aliado as melhorias dos manejos sanitário e nutricional.

Outro fator que merece destaque é o uso de suplementos vitamínicos, minerais e aminoácidos (injetáveis, oral, ou em pó) por parte dos produtores. Vale citar que o uso de suplementos minerais e proteinados na pecuária de corte e leite corrige e previne as carências.

Segundo Vieira (2024) o desenvolvimento e aprimoramento dos suplementos minerais (sal mineral), dos proteinados, dos suplementos vitamínicos injetáveis, orais e premix[2] contribuíram para o desenvolvimento da produção animal, na prevenção de doenças de origens nutricionais, na correção das deficiências minerais, vitamínicas, potencializando a produção de carne, leite e ovos.

Bútolo (2010) destaca os avanços da pesquisa técnica e científica da nutrição animal nos últimos cinquenta anos, no qual possibilitou a melhoria da produção animal e consequentemente a produção de alimentos. Enfatiza que os estudos, além de avaliarem o valor nutritivo dos alimentos, evoluiu para os estudos de avaliação dos processos fisiológicos e como eles são afetados.

Tais estudos levaram ao desenvolvimento de compostos e suplementos que atuam no metabolismo, aumentando a eficiência fisiológica (principalmente na utilização de alimentos) e consequentemente aumentando a produção animal.

Um dos exemplos, pode citar os suplementos injetáveis múltiplos, nos quais cada nutriente tem uma ação específica.

Lobão (1984) compara o animal como uma empresa industrial. Segundo o autor, na empresa industrial existem três fatores importantes: matéria-prima, máquina e produto. Ao fazer a comparação, seu corpo é uma máquina, aquilo que entra no animal é a matéria-prima (alimento). Ele precisa deste alimento para produzir (em seus processos biológicos) e o produto final é carne, leite, bezerro, ovos, excreções, entre outros. Mas precisa haver um balanço desses fatores, senão haverá desgaste da máquina e cessa a produção. O animal, como qualquer outra máquina, precisa ter sua manutenção durante o processo produtivo passando por manutenções preventivas e corretivas (caso as deficiências nutricionais). O uso de suplementos é uma poderosa ferramenta para a manutenção do organismo animal, considerando que nem todos os nutrientes estão presentes na composição de sua dieta.

Por que suplementar? Esta é a pergunta que grande parte dos produtores fazem aos técnicos sempre olhando pelo lado econômico, sem se preocupar com o lado técnico e fisiológico da questão.

Diante do exposto, o artigo pretende responder aos questionamentos do uso dos diversos tipos de suplementos.

O que é suplementar? Por que suplementar?

De acordo com Veiga (1984), Nunes (1998), suplementar significa complementar; adicionar; suprir.

Segundo Veiga (1984) quando se faz uso de qualquer suplemento, completa-se, corrige-se a composição das dietas, ou atende-se as necessidades dos animais, desta forma responde-se aos questionamentos do porquê suplementar. O mesmo autor esclarece que as quantidades de nutrientes exigidas pelos animais para o perfeito desenvolvimento de suas funções são expressas em termos das necessidades. Essas necessidades são expressas em duas ordens, a se destacar:

  • Necessidades para manutenção: representam as quantidades de nutrientes exigidas por um animal sadio, mantido em um local compatível com sua saúde, suficiente parta manter seu organismo em perfeito “funcionamento” sem ganhar ou perder peso;
  • Necessidades para produção: representam as quantidades exigidas pelo animal para geração de alguma finalidade produtiva. Consideram-se como produções: crescimento, engorda, reprodução, produção de carne, leite, ovos, entre outros.

Vale enfatizar outras reflexões respondendo aos questionamentos da necessidade de suplementar os animais, principalmente quando se trata da produção de bovinos de corte e leite.

Teoricamente, as forragens consideradas de alta qualidade, devem ser capazes de fornecer os nutrientes necessários para atender as exigências dos animais em pastejo, quais sejam energia, proteína, vitaminas e minerais (Paulino, 2004).

Entretanto, a qualidade das pastagens no Brasil tem na sazonalidade climática (pastagens verdes na época das chuvas e secas nas épocas de estiagens) um dos fatores limitantes para o desenvolvimento produtivo dos animais, comprometendo a reprodução, engorda, recria e demais índices produtivos (Vieira, 2019).

Paulino et al (2004) sugere que nos locais produtivos, onde não há possibilidade de produção e fornecimento contínuo de pastagens de qualidade ao longo do ano, o uso de sistemas de alimentação combinando pastagens, fornecimento de silagens, feno (grifo meu), suplementos adicionais (minerais e proteinados) são requeridos para viabilizar o ajuste nutricional necessário e com isso atender as necessidades nutricionais dos animais.

No caso das vitaminas, minerais e aminoácidos, além do fornecimento de silagens, fenos de boa qualidade (mais econômico), a suplementação pode ser oferecida por meio de rações concentradas, suplementos alimentares em pó e suplementos injetáveis.

Por que fazer a suplementação a pasto com suplementos minerais e proteinados?

De acordo com Reis et al (1997), a “suplementação a pasto” atua como o ato de adicionar os nutrientes à nutrição dos animais na pastagem, relacionando-os com a exigência dos animais em pastejo. Conforme citado anteriormente, os suplementos são comumente utilizados para adicionar nutrientes extras ou suprir aqueles limitantes ao desempenho do animal.

Utiliza-se a suplementação a pasto no Brasil em virtude das alterações quantitativas e qualitativas observadas nas pastagens ao longo do ano, principalmente no período seco do ano, quando a qualidade nutricional tem uma queda significativa, principalmente nos valores proteicos e minerais levando a baixa produção de carne e leite neste período.

Assim surge-se a necessidade de ofertar suplementos minerais (corrigir as deficiências minerais) e suplementos minerais proteinados (alto teor de proteínas) com a finalidade de corrigir as deficiências proteicas presentes nas pastagens.

No período chuvoso administra-se o suplemento proteinado energético no intuito de potencializar o ganho de peso dos animais.

São várias as vantagens de se utilizar a suplementação a pasto, a se destacar: corrige a deficiência de nutrientes das forragens, aumenta a capacidade de suporte das pastagens, auxilia no manejo das pastagens, previne as doenças carenciais, mantém o peso dos animais no período seco e em muitos casos dependendo do tipo de proteinado ofertado (médio ou alto consumo), ocorre uma engorda relativa.

Alguns autores como Lobão (1984), Nunes (1998) e Paulino et al (2004) fazem considerações, nas quais considera-se pertinente quanto a utilização dos suplementos minerais e proteinados, a fim de:

  • Os suplementos minerais devem ser administrados durante os 365 dias do ano, em todas as categorias animais, e se possível com o teor de fósforo adequado para cada finalidade produtiva (reprodução, engorda, crescimento, entre outros);
  • O mercado oferece um suplemento proteinado para cada época do ano;
  • Vários fatores interferem na ingestão dos suplementos, nos quais os produtores e técnicos devem ficar atentos, como: patologias na boca dos animais, animais doentes, mistura inadequada, temperatura ambiente, cocho descoberto (interferência das chuvas), altura do cocho, largura do cocho muito curta e localização do cocho. Todos esses fatores podem levar os animais a uma ingestão inadequada e como consequência levar as deficiências nutricionais.

Por que utilizar os suplementos a base de minerais, vitaminas e aminoácidos?

A deficiência de vitaminas e minerais é uma realidade cada vez mais comum nos manejos nutricionais da produção animal.

Apesar dos pecuaristas oferecerem volumosos e suplementação mineral/proteica aos animais, os produtores darem ração aos animais para manter uma saúde equilibrada e aumentar a produção, algumas fases da produção exigem muito do organismo animal como a reprodução, a gestação, a produção intensiva (confinamento, semiconfinamento e engorda de leitões), a produção leiteira, quadro de doenças infecciosas, parasitárias que podem levar a uma carência de nutrientes importantes para a saúde dos animais e comprometer o processo produtivo.

Nesses casos, a suplementação a base de vitaminas, sais minerais e aminoácidos pode ser uma alternativa para repor esses nutrientes e evitar problemas de saúde decorrentes da deficiência nutricional.

Uma das opções de suplementação é a via oral, em que as vitaminas e minerais são ingeridos por meio de comprimidos, pós ou líquidos. No entanto, nem sempre essa opção é suficiente para garantir a absorção completa dos nutrientes pelo organismo.

Outro fator a enfatizar é a administração via oral de suplementos a base de líquidos para determinadas espécies como os bovinos, suínos, cujo manejo dos animais impedem uma melhor administração dos suplementos.

Nesse sentido, o uso dos suplementos injetáveis surge como uma alternativa interessante para garantir uma absorção mais rápida e completa dos nutrientes. A grande vantagem do uso dos suplementos injetáveis é que eles são absorvidos de forma mais rápida pelo organismo, adentram na corrente sanguínea promovendo ações aceleradas, no que tange a prevenção e na correção dos sintomas carenciais.

Atualmente a indústria tem desenvolvido suplementos injetáveis com múltiplos nutrientes, cuja finalidade principal é desempenhar simultaneamente várias funções no organismo.

Os suplementos injetáveis a base de minerais e aminoácidos, acrescidos ou não de vitaminas atuam também com potencializadores de desempenho e são aplicados antes e durante (manutenção) o processo produtivo, como na reprodução (fêmeas e machos), produção intensiva (confinamento e semiconfinamento) e recria acelerada.

Os suplementos injetáveis também são utilizados em animais convalescentes após as cirurgias, na recuperação (auxílio) de patologias toxicológicas e nos casos de animais com dificuldades de se alimentarem.

Portanto, o uso de suplementos tem contribuído para o aumento da produção animal.

Suplementar significa acrescentar, complementar, suprir e o seu uso baseia-se nas necessidades de manutenção e produção por parte dos animais e são utilizados para corrigir ou suprir as deficiências, de acordo com as necessidades.

O uso da suplementação a pasto, com suplementos minerais e proteinados, cuja principal função é a correção das deficiências nutricionais presentes nas pastagens, e também o uso de suplementos a base de minerais, vitaminas e aminoácidos em suas várias formas de administração, destacando-se os suplementos injetáveis múltiplos, desempenham funções simultâneas, no qual conferem absorção rápida pelo animal e segura.

As referências podem ser solicitadas ao autor pelo e-mail guilherme@farmacianafazenda.com.br.

Fonte: Por Guilherme Augusto Vieira, médico-veterinário, professor universitário e doutor em História das Ciências; estudos foram realizados em parceria com a Noxon Saúde Animal (Megabov).
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Agro solidário

Essa é uma verdade constatável sempre que os atores do universo rural – famílias, produtores e empresários rurais – são convocados para auxiliar em alguma ação de interesse social. Essa virtude do agro se manifesta novamente, agora, no apoio às vítimas da tragédia climática e amplo sofrimento humano que se abate sobre o Rio Grande do Sul.

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O agronegócio é solidário. Essa é uma verdade constatável sempre que os atores do universo rural – famílias, produtores e empresários rurais – são convocados para auxiliar em alguma ação de interesse social. Essa virtude do agro se manifesta novamente, agora, no apoio às vítimas da tragédia climática e amplo sofrimento humano que se abate sobre o Rio Grande do Sul.

É preciso lembrar que o agronegócio brasileiro, reconhecido como um dos principais pilares da economia nacional, exerce um papel fundamental não só na produção alimentícia e na geração de renda, mas também na gestão sustentável dos recursos naturais. Com uma crescente conscientização sobre a importância de práticas agrícolas ambientalmente responsáveis, o setor vem reafirmando seu compromisso com a preservação do meio ambiente.

Nesse cenário, é imprescindível entender que as trágicas enchentes no Rio Grande do Sul destacaram a necessidade urgente – em todas as atividades econômicas no campo ou nas cidades – de priorizar a gestão sustentável das bacias hidrográficas e o uso responsável dos recursos naturais.

Não só o agronegócio, mas também a indústria e outras atividades humanas – têm o dever de adotar técnicas que podem mitigar tais desastres naturais. Métodos como o plantio direto, a rotação de culturas e a conservação de áreas de preservação permanente – ao lado de questões como a correta alocação de indústrias, empresas e atividades extrativas – são essenciais para reduzir a ocorrência de enchentes e minimizar a degradação ambiental.

Neste momento crítico, o agronegócio demonstra não apenas sua capacidade técnica e ambiental, mas também um profundo senso de responsabilidade social. Diante da devastação causada pelas enchentes, a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc) e os Sindicatos Rurais de Santa Catarina mobilizaram-se rapidamente para enviar ajuda às vítimas. Essas ações de solidariedade são fundamentais para o socorro e a recuperação das áreas afetadas, mostrando o compromisso do setor para com a comunidade.

Além do auxílio emergencial será necessário pensar em apoio pós-catástrofe. O engajamento do agronegócio reflete uma visão de longo prazo sobre sua interação com a comunidade e o ambiente. Adotar práticas sustentáveis e apoiar as comunidades em momentos de crise são atitudes que demonstram o compromisso do setor com um desenvolvimento que busca ser economicamente viável, socialmente justo e ecologicamente correto.

Investimentos contínuos em tecnologia e pesquisa são essenciais para desenvolver e implementar práticas que garantam a sustentabilidade do agronegócio, da indústria, do comércio e da prestação de serviços bem com a resiliência das comunidades rurais e urbanas. O foco na preservação ambiental transcende a mera conformidade com normas; trata-se de uma estratégia integral que beneficia a produção agrícola, conserva recursos hídricos, protege a biodiversidade e assegura a qualidade de vida das futuras gerações.

É papel de todos integrar esforços para a recuperação e prevenção de desastres naturais com a implementação de práticas econômicas responsáveis. O agronegócio cumpre seu papel como um agente de transformação social e ambiental.

Fonte: Por José Zeferino Pedrozo, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/SC).
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A importância dos dados ambientais na mitigação das emissões de gases de efeito estufa nas operações agrícolas

Agronegócio é responsável por 74% das emissões de gases do efeito estufa do país.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Em um mundo cada vez mais preocupado com as mudanças climáticas, a agricultura surge como uma peça-chave na busca por soluções sustentáveis. No entanto, compreender e mitigar as emissões de gases de efeito estufa (GEE) provenientes das operações agrícolas requer uma abordagem baseada em dados ambientais precisos e abrangentes. Esses números não apenas ajudam na avaliação das emissões, mas também orientam estratégias eficazes de adaptação.

Os dados ambientais nos fornecem uma visão detalhada das práticas agrícolas, condições do solo, uso da terra e padrões climáticos, que são todos determinantes nas emissões de GEE. Por exemplo, a aplicação de fertilizantes pode levar à emissão de óxido nitroso (N2O), enquanto a decomposição anaeróbica de resíduos orgânicos pode resultar em emissões de metano (CH4). Sem dados precisos sobre esses processos, é impossível desenvolver estratégias eficazes de mitigação.

Vejo os dados ambientais como essenciais para identificar áreas de risco e pontos críticos de emissão. Com o monitoramento contínuo do ambiente agrícola, podemos detectar padrões sazonais, tendências de longo prazo e pontos de emissões específicos que exigem atenção. Isso permite uma abordagem mais direcionada na implementação de medidas de mitigação, maximizando o impacto positivo das ações tomadas.

A agropecuária que usa sistemas integrados e outras práticas de baixo carbono é a única atividade produtiva que remove carbono em seu ciclo e deve ser a melhor ferramenta para contribuir para a mitigação de eventos climáticos, principalmente no Brasil. Conhecer as informações de emissões nas operações ajuda a direcionar e planejar a prioridade dos investimentos em descarbonização.

No entanto, é importante reconhecer que a mitigação das emissões de GEE na agricultura não é uma tarefa fácil. Requer uma abordagem colaborativa que envolva agricultores, pesquisadores, governos e a sociedade como um todo. Creio que os dados ambientais não são apenas uma ferramenta técnica, mas também uma fonte de informação que pode influenciar políticas, incentivar práticas sustentáveis e promover uma mudança cultural em direção a uma agricultura mais verde e resiliente.

Além disso, os dados ambientais alimentam modelos de emissões de gases de efeito estufa, fornecendo previsões precisas sobre os impactos de diferentes práticas agrícolas e cenários climáticos. Acredito que esses modelos ajudam os agricultores a tomar decisões sobre estratégias de mitigação, como o uso de técnicas de cultivo de baixo carbono, gestão eficiente de fertilizantes e captura de biogás a partir de resíduos agrícolas.

Ao investir em tecnologias de monitoramento e análise de dados, os agricultores podem reduzir suas emissões de GEE e também contribuir significativamente para os esforços globais de combate às mudanças climáticas.

Fonte: Por Mariana Caetano, agro ambientalista, cofundadora e CEO da Salva.
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