Suínos / Peixes Bem-Estar Animal
Gestação coletiva ganha força e dispara entre gigantes da suinocultura brasileira
Na gestação coletiva as porcas ficam juntas e têm espaço para interagir e demonstrar seus comportamentos naturais
A gestação coletiva na suinocultura é tema recorrente nas discussões de produtores, agroindústrias, médicos veterinários, ONGs de proteção animal e consumidores. Mais que uma tendência, a gestação coletiva a partir do 35º dia agora tem data para acontecer. Os novos projetos terão dez anos para cumprir a meta, substituindo totalmente esses equipamentos por baias de gestação coletiva. Para empreendimentos anteriores à publicação da Instrução Normativa 113, que estabelece as boas práticas de manejo e bem-estar animal nas granjas de suínos de criação comercial, publicada em dezembro passado, o prazo para adequações é maior: até 2045.
Na gestação coletiva as porcas ficam juntas e têm espaço para interagir e demonstrar seus comportamentos naturais. Antes da lei entrar em vigor no entanto, por conta própria, as principais agroindústrias e restaurantes do país começaram a migrar das baias individuais para as coletivas. Em dezembro do ano passado, um estudo divulgado pela Alianima, organização de proteção animal e ambiental que atua diretamente para reduzir o sofrimento de animais, divulgou um balanço de como está esta transição de dez grandes empresas que assumiram compromissos públicos de eliminar as gaiolas de seus sistemas produtivos. Elas estão em estágios distintos de evolução.
Embora mais atentas e preocupadas em minimizar o sofrimento dos suínos, ainda há um caminho a percorrer até 2029. Em síntese, essa é a principal conclusão da primeira edição do Observatório Suíno 2020, relatório que visa acompanhar a evolução da transição das empresas com compromissos públicos voluntários de banir as celas de gestação na indústria da carne suína brasileira em um determinado prazo. O prazo varia conforme a empresa, entre 2022 e 2029.
“O alojamento das porcas em baias coletivas proporciona produtividade e saúde igual ou superior quando comparada às celas individuais. Além disso, o exercício físico durante a gestação melhora o desempenho no parto”, afirma Patrycia Sato, presidente da Alianima. Nos últimos cinco anos, quando essa agenda começou a ganhar corpo entre as organizações do terceiro setor no Brasil, constatou-se uma melhora significativa nesse cenário. “Temos um consumidor mais consciente e exigente, uma indústria mais atenta e preocupada com o sofrimento animal, e mais organizações oferecendo esclarecimento e suporte para que a transformação ocorra da forma mais justa e consistente possível”, sintetiza a presidente da Alianima, acrescentando que o Brasil é o quarto maior produtor e também o quarto maior exportador de carne suína do mundo. “O que torna essa agenda ainda mais relevante e urgente”, completa.
A primeira edição do relatório, que terá periodicidade anual, visou monitorar as dez empresas que hoje no Brasil têm o compromisso público de banir as celas de gestação na indústria da carne suína: Alegra Foods, Aurora, BFFC, BRF (Sadia e Perdigão), Burger King, Frimesa, JBS, McDonald’s, Pamplona e Subway. Dessas, seis são indústrias, grandes produtoras, e as outras quatro são redes de restaurantes, compradores de carne suína. “Esse relatório se faz mais do que necessário numa época em que cada vez mais é exigido um tratamento digno e com um mínimo de estresse aos animais, desde a gestação até o momento do abate”, diz Patrycia.
Das empresas observadas, quatro optaram por não responder ao questionário enviado: Aurora, Burger King, McDonald’s e Subway. “Esperamos que essas empresas possam revisar seus posicionamentos e dar mais transparência às suas ações nessa agenda. A transparência nas informações é cada vez mais cobrada por consumidores e investidores”, observa a presidente da Alianima.
Entre as participantes, a Pamplona foi a que apresentou o maior grau de evolução, com 77% das matrizes suínas já alojadas em baias em grupo durante a fase de gestação. A JBS, segunda maior produtora de carne suína do mundo, também já entrou em uma fase mais avançada, com índice de 58%. A BRF, outra gigante do setor – 13ª maior indústria de carne suína do mundo –, e a rede BFFC – um dos maiores grupos de food service da América Latina (com as marcas Bobs, KFC, Pizza Hut e Yoggy), têm 35% das suas matrizes suínas alojadas em baias coletivas. Por fim, Alegra Foods e Frimesa apresentaram índice de 30%.
Além disso, todas as seis empresas produtoras de carne suína que participaram da pesquisa responderam que pretendem implementar ou já implementaram a castração cirúrgica com anestesia ou imunocastração, item também contemplado na IN 113. A maioria das empresas produtoras também disse que pretende implementar ou já implementou o banimento do corte de dentes. Já o corte de cauda é um procedimento que as empresas não demonstraram intenção de colocar em prática, alerta o estudo. A adoção de formas menos dolorosas para identificação dos animais foi ou será implementada por mais da metade das empresas produtoras participantes do estudo. Ainda, mais da metade das produtoras respondentes afirmaram que pretendem interromper o uso de antibióticos para fins não terapêuticos.
Avaliação
O questionário para medir o progresso em toda a cadeia de abastecimento das empresas sobre a eliminação das celas de gestação contemplou questões relacionadas aos seguintes itens de avaliação e monitoramento:
- Porcentagem de matrizes suínas já alojadas em baias em grupo durante a fase de gestação;
- Período de alojamento das matrizes em celas individuais preconizados por cada empresa;
- Implementação de melhores práticas no manejo de leitões, tais como imunocastração e banimento de corte de dentes, cauda e orelha;
- Verificação do uso de antibióticos para fins não terapêuticos;
- Dificuldades encontradas pelas empresas para prosseguir com a transição.
Mudanças
Na criação de suínos, algumas das principais mudanças apontadas pela Alianima são: fim das celas gestacionais. A porca prenha fica em uma cela mínima, que a impede de se mexer. Isso pode causar sofrimento, como dores e atrofia muscular; banimento de corte de dentes, caudas e orelhas de leitões, que causam dores e inflamações nos animais, além do fim do uso de antibióticos para fins não terapêuticos (promotores de crescimento).
Pamplona é a mais adiantada no processo de transição
A Pamplona Alimentos é quem está mais adiantada no processo, com 77% das matrizes já em sistemas de gestação coletiva. “A Pamplona Alimentos SA possui atualmente em seu sistema de integração 47.885 matrizes, sendo que 77,78% do plantel já atende a exigência da Instrução Normativa Nº 113 do Mapa”, destaca a empresa em entrevista exclusiva ao jornal O Presente Rural. As granjas, localizadas no Estado de Santa Catariana, principalmente nas regiões do Alto Vale do Itajaí, Sul e Meio Oeste, atingiram o índice no fim de 2020.
“A Pamplona vem trabalhando desde a formação de sua integração em projetos de gestação coletiva, entretanto com as mudanças de mercado e de legislações os projetos têm sofrido aprimoramentos. A visão de utilizar baias coletivas sofreu forte influência do mercado Europeu, que há muitos anos vem sinalizando as mudanças esse sistema produtivo”, destaca a empresa.
Manter os índices produtivos foi o maior desafio, de acordo com a empresa. “O principal desafio foi a confiabilidade na manutenção dos índices zootécnicos reprodutivos, pois as alterações de fluxo de manejo operacional e uso das instalações passaram e ser diferentes do que habitualmente fazíamos, e até que os resultados se consolidassem passamos por este desafio”, menciona a Pamplona. “Toda mudança gera adaptação, no início foram encontrados alguns desafios produtivos que com pequenos ajustes de manejo e infraestrutura foram sanados, hoje não observamos alterações entre diferentes instalações ou manejos”, sustenta a empresa.
O sistema de integração da Pamplona vem se adaptando à gestação coletiva há vários anos, “sendo esta uma questão intrínseca ao modelo produtivo que preconizamos, ou seja, nós acreditamos que este modelo é o mais sustentável e faz parte da cultura da empresa”, diz em resposta ao jornal O Presente Rural.
Conforto
Entre os pontos positivos da gestação coletiva, a empresa observou uma qualidade de vida superior para as fêmeas que se reflete até para os funcionários das granjas. “O conforto dos animais é nítido neste modelo, ocorre redução dos comportamentos estereotipados, as matrizes ficam mais tranquilas, o que provoca nas pessoas uma sensação mais prazerosa no trabalho com os animais”, destaca.
Ente os pontos negativos do sistema, cita a empresa, “ocorrências de disputas hierárquicas no momento da formação dos lotes (baias) e maior dificuldade de controlar o escore corporal.
Questionada sobre a possibilidade de antecipar-se ao prazo de 2026 estipulado por ela, já que hoje praticamente 8 em cada 10 matrizes já estão nesse sistema, a empresa respondeu: “O compromisso que o Pamplona SA assumiu é de até o final do ano de 2026 tenhamos concluído toda a transição para o modelo de gestação coletiva. Os esforços da empresa são para atender esta data. Estaremos mantendo o mercado informado da evolução”.
Outras notícias você encontra na edição de Suínos e Peixes de fevereiro/março de 2021 ou online.
Suínos / Peixes
Otimização da absorção de Cálcio e Fósforo em Suínos
Farinha de carne e ossos é uma opção, por seu baixo custo, e por agregar proteína e aminoácidos essenciais à formulação, além de ser um ingrediente sustentável
Cálcio (Ca) e fósforo (P) são dois macroelementos minerais fundamentais para a produção de suínos, sendo ambos de suplementação obrigatória. A farinha de carne e ossos é uma opção, por seu baixo custo, e por agregar proteína e aminoácidos essenciais à formulação, além de ser um ingrediente sustentável. Entretanto, representa alto risco sanitário, sendo a principal fonte de patógenos como salmonela e clostridium. Além disso, a farinha de carne e ossos é muito utilizada em petfood e aquacultura, o que tende a fazer subir seu custo. Assim sendo, observa-se crescente uso de fosfato bicálcico como a principal fonte de P para produção animal. O fosfato bicálcico é um ingrediente finito, não sustentável, e de alta demanda para agricultura, com custos em elevação e risco crescente de escassez. A redução do uso de fontes de P é um tema central dentro do moderno conceito de gestão ESG, com respeito às questões de ambientais, sociais e de governança.
Para a redução do uso de fontes de Ca e P, dois pontos devem ser considerados. Um diz respeito aos requerimentos nutricionais de cada categoria animal, para cada um dos elementos. O outro ponto diz respeito à digestibilidade das fontes de cada um, sejam os grãos, farinhas de origem animal, ou ingredientes de origem mineral. Vale observar que o estudo de um aspecto sempre estará intimamente associado ao outro, nos experimentos com animais.
Quanto aos requerimentos de P e Ca, o constante melhoramento genético dos suínos cria um desafio recorrente aos nutricionistas, que precisam acompanhar a evolução da capacidade produtiva de cada linhagem e cada cruzamento. Particularmente, no que diz respeito a matrizes e leitões, convive-se com a constante probabilidade de que a quantidade de fósforo efetivamente absorvida seja limitante à produção. A seleção para aumento de prolificidade e habilidade materna gera um incremento proporcional dos requerimentos. Durante a gestação, a demanda nutricional é relativamente baixa, mas a lactação representa uma demanda muito superior à manutenção. Limitações na quantidade de P disponível nesses períodos terão um reflexo direto na qualidade e desenvolvimento dos leitões, não só no período de aleitamento/maternidade, como também no período pós-desmame.
Observa-se então que essas categorias animais respondem positivamente ao aumento da disponibilidade de nutrientes, com melhor performance reprodutiva das matrizes e melhor desempenho zootécnico dos leitões. É importante lembrar que o P participa da transferência de energia em praticamente todas as vias metabólicas do organismo, na forma de ATP, GTP, etc.
Recentemente, algumas linhagens de matrizes têm apresentado alta incidência de prolapsos retais ou vaginais/uterinos, ao ponto de a mortalidade de matrizes impactar significativamente a economia da produção. A causa desses prolapsos ainda não é totalmente conhecida. Estudos têm sido feitos sobre o papel da fibra e do teor de energia das dietas na incidência de prolapsos, porém são inconclusivos. Outra causa provável é a hipocalcemia que acomete as parturientes, assim como acontece em vacas leiteiras. A falta de cálcio compromete a manutenção do tônus muscular visceral, favorecendo o deslocamento e perda da relação anatômica. Garantir a correta disponibilidade de cálcio e fósforo nesse período pode auxiliar na prevenção dessa ocorrência.
O estudo da digestibilidade desses minerais pelos suínos tem sido uma preocupação recente. Apesar de sua importância, a realidade é que é bastante difícil avaliar com precisão a digestibilidade de cada um desses minerais. Há vários fatores em ação simultaneamente, como pH de cada parte do trato digestivo, presença de outros íons, relação entre Ca e P, vitamina D, grau de hidratação, granulometria, etc. Se cada um deles não for cuidadosamente abordado nos experimentos, resultados discrepantes serão obtidos, inclusive com digestibilidade negativa. Essa ocorrência se deve ao fato de que tanto Ca como P endógenos são também excretados ao longo do trato digestivo, dificultando a mensuração de quanto de cada mineral de fonte exógena foi retido no organismo.
A eficácia das fitases microbianas na liberação do P fítico das matérias-primas de origem vegetal, como os grãos e farelos é amplamente conhecida. O valor exato de quanto P e quanto Ca serão efetivamente utilizados pelos animais, por outro lado, ainda deixa espaço para discussão, justamente pela interferência de vários outros fatores. Este fato, aliado à digestibilidade variável dos ingredientes, nos permite concluir que há espaço para melhoria na absorção e retenção de Ca e P pelos suínos, permitindo a melhoria da produção, além da redução do impacto ambiental pela excreção dos mesmos.
MOLÉCULA SENDO ESTUDADA
Com este objetivo, uma molécula inovadora vem sendo estudada. Trata-se de um ácido graxo de cadeia longa, com hidroxilas em substituição a hidrogênio. A mesma tem alta ação emulsificante, mas, além disso, age também como carreadora de Ca e P. Uma vez ionizados pelo baixo pH do estômago, e liberados do inositol pelas fitases, os íons fosfato e Ca formam complexos com essa molécula, seja por ligação iônica entre o fosfato e a hidroxila, seja por reação de saponificação com a carboxila terminal. Nessa forma de sabões de Ca e fosfolipídeos, os íons são absorvidos pela via de absorção de lipídeos, em micelas contendo sais biliares, esteróides, mono e diglicerídeos, e vitaminas lipossolúveis. Sua ação emulsificante inclusive melhora a formação dessas micelas, aumentando a absorção de lipídeos da dieta, e a consequente energia metabolizável da mesma.
Com a finalidade de avaliar o efeito dessa molécula no desempenho de matrizes e leitões, um experimento foi realizado na Unidade Experimental Bom Sucesso do Sul (UEBSS) conveniada com a Universidade Federal do Paraná – Setor Palotina. Um total de 52 matrizes foram distribuídas em três tratamentos: T1 (Controle), T2 (100g da molécula por ton de ração lactação) e T3 (200g/Ton de ração lactação). Para tanto, foram considerados a ordem de parto e o escore corporal pré-parto (Caliper). Após o desmame, os leitões foram classificados por peso, sexo e tratamento da mãe. No total 540 leitões receberam uma de duas rações, sem produto ou com 200g da molécula por tonelada de ração, nas fases Pré-Inicial 1(1kg), Pré-Inicial 2 (3kg), Inicial 1 (5kg) e Inicial 2 (14kg). Dessa forma, os leitões foram distribuídos em seis tratamentos, em função dos 3 tratamentos das mães versus os dois tratamentos dos leitões.
Durante o período de aleitamento, ainda que as diferenças não tenham sido significativas, há uma clara tendência de melhor desempenho das matrizes e leitões tratados com a molécula, com resultados melhores para consumo de ração pela matriz, consumo de ração pelos leitões, conversão alimentar das matrizes, conversão alimentar dos leitões, ganho médio diário dos leitões e peso final da leitegada. Já nos períodos posteriores à desmama, diferenças estatísticas foram obtidas. Os leitões tratados apresentaram melhor ganho de peso diário e melhor conversão alimentar do que os leitões não tratados. Entre os leitões não tratados, aqueles cujas mães receberam a molécula tiveram melhor desempenho do que os filhos das mães controle. Em geral, o melhor desempenho foi do tratamento em que tanto mães como leitões receberam rações contendo 200g da molécula por tonelada de ração. Com esse protocolo, obtivemos o melhor arranque dos leitões, com maior ganho médio diário e melhor conversão, tanto das mães como dos leitões, com um enorme potencial de retorno econômico. Conclui-se que o uso da molécula é efetivo em suínos, assim como já observado em aves, e que apresenta excelente potencial para otimizar a produção, com alta relação custo:benefício, especialmente no cenário desafiador da hiperprolificidade.
As referências bibliográficas estão com os autores. Contato: fernando.blini@gfs.group.
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Suínos / Peixes
Maior núcleo genético de suínos da América, granja de Paranavaí inicia comercialização em abril
O Paraná é o segundo maior produtor de suínos do País. Em 2023, o Estado abateu 12 milhões de cabeças, representando 21,2% do mercado nacional. Investimentos privados qualificados potencializam produção e exportação.
Maior núcleo genético de suínos da América Latina e um dos maiores do mundo, a Granja Gênesis, da Agroceres PIC, em Paranavaí, Noroeste do Paraná, vai lançar em abril seus primeiros animais no mercado. Serão mais de mil suínos reprodutores de elite que, inicialmente, serão comercializados para o mercado interno e países da América do Sul. A expectativa da empresa é comercializar, no mínimo, 10 mil suínos só em 2024.
A entrada desses animais no mercado trata-se de um marco para a suinucultura paranaense e brasileira. Isso porque a Granja Gênesis é a primeira unidade para produção de reprodutores elite no Brasil, o que eleva o nível da criação paranaense. O Paraná é o segundo maior produtor de suínos do País. Em 2023, o Estado abateu 12 milhões de cabeças, representando 21,2% do mercado nacional. “A Granja Genêsis posiciona-se como uma estrutura de excelência para atender o mercado internacional e transforma o Paraná em um polo mundial de exportação de material genético”, destaca o gerente de produção da Agroceres PIC, Nevton Hector Brun.
Inaugurada há um ano com representantes do Governo do Estado, com investimento de R$ 332 milhões, a granja é formada por 22 galpões, distribuídos por 70 mil metros quadrados, cuja capacidade é de alojar 3,6 mil fêmeas de altíssimo valor genético.
Com tal rebanho, a granja tem capacidade de produzir 15 mil reprodutores de elite por ano, entre bisavôs, bisavós, avôs e avós. A referência familiar traz o histórico da linhagem de cruzamento dos animais selecionados para o melhoramento genético. Para efeito de exemplo e parametrização, uma bisavó influencia a produção de 6 mil suínos e um bisavô a produção de 400 mil suínos.
O foco principal da Agroceres PIC é fazer com que a Granja Gênesis atenda o mercado sul-americano. Além da Argentina, país onde mantém operação e é líder de mercado, a empresa mantém exportações regulares para o Paraguai e Uruguai. Ela também está habilitada para exportar reprodutores e matrizes para o Chile, Bolívia e Colômbia e mantém tratativas para abertura de mercado no Equador e Peru. “Países como Estados Unidos, Canadá, México, Rússia e a China também são potenciais compradores do material genético produzido pela empresa”, aponta Brun.
Logística
Para formar o rebanho da Granja Gênesis, a Agroceres PIC importou mais de 4 mil animais de elite em cinco importações. Essa foi a maior importação da história do segmento brasileiro de genética de suínos. O Paraná foi o estado que mais investiu em 2023 na importação de suínos de alto valor genético, que ajudam no aprimoramento do rebanho. Foram empregados cerca de US$ 4,1 milhões. O montante representou 74% dos US$ 5,5 milhões investidos nesse setor em todo o País.
A logística para trazer esses animais e formar o rebanho da granja em Paranavaí foi uma verdadeira “operação de guerra”, como a própria empresa define. Os reprodudores vieram diretamente de uma uma granja elite de Ohio, nos Estados Unidos. Um Boing 747 foi fretado exclusivamente para o transporte dos suínos.
A importação e o alojamento dos animais exigiram um planejamento meticuloso e uma série coordenada de ações e estratégias em diferentes áreas. O serviço mobilizou a equipe de múltiplas áreas – da genética à produção, passando pelos serviços veterinários, boas práticas de produção e bem-estar animal, além de gestão de informação e logística. No total, 50 profissionais se envolveram na operação.
Suínos / Peixes
Suinocultores destacam ano positivo e investem para aumentar plantel
Família Herrmann tem uma pequena propriedade rural no interior de Marechal Cândido Rondon, PR, em que diversifica suas atividades, além da suinocultura, com pecuária leiteira e produção de milho. Diante das perspectivas positivas para a cadeia suinícola, está em construção um novo galpão para alojar mais mil suínos, que deve receber os primeiros animais ainda no primeiro semestre de 2024.
Há oito anos atuando na suinocultura, o casal de produtores Olivio e Silvana Herrmann se destacam pela eficiência em sua produção de suínos na região Oeste do Paraná. No fim de 2023, eles receberam o prêmio de 1º lugar por ter alcançado nota máxima no Programa Suíno Certificado Frimesa, iniciativa que promove a produção sustentável e certifica, por meio de diretrizes e procedimentos, os pilares fundamentais da segurança alimentar, rastreabilidade, proteção ambiental e bem-estar animal. “Faz dois anos que somos certificados. Em 2023 atingimos 100% dos pontos e fomos premiados em primeiro lugar, o que muito nos orgulha”, enaltece Silvana, que faz a gestão da propriedade junto com o marido.
A família Herrmann tem uma pequena propriedade rural de 19 hectares na Linha Palmital, Distrito de Margarida, em Marechal Cândido Rondon, PR, em que diversifica suas atividades, além da suinocultura, com pecuária leiteira e produção de milho. “Destinados oito hectares para a lavoura de milho, produção que usamos para fazer silagem da planta inteira para alimentar os animais, e outros cinco hectares planto pastagem e grama para fazer feno e pré-secado. O restante da área tem mata ciliar, nossa casa e a infraestrutura para a criação de suínos. Tenho 30 vacas no sistema semiconfinado e na terminação possuo atualmente 612 suínos”, conta o casal.
Olivio destaca que o último ano foi positivo para as suas atividades, especialmente no segmento de suínos. “Foi um ano bom para nós, principalmente em suínos. Não temos do que nos queixar. Obtivemos bons resultados, com lotes bem uniformes, entregando os suínos para a Copagril com média superior a 130 quilos”, salienta, ampliando: “Nos últimos lotes tiramos em média acima de R$ 40 de bonificação, valor pago com base no desempenho de cada lote”.
Projeto de expansão
O produtor adianta que está em construção um novo galpão para alojar mais mil suínos, que deve receber os primeiros animais ainda no primeiro semestre de 2024. O investimento foi de R$ 850 mil. “Essa ampliação estamos fazendo para atender a demanda do Frigorífico da Frimesa, central que a Copagril faz parte junto com outras quatro cooperativas”, explica.
O produtor relembra dos tempos em que a propriedade era de seus pais e como a mecanização transformou a forma como a agricultura e a pecuária são conduzidas nos dias atuais. Seu filho Alexandre, aos 22 anos, voltou ao campo para ajudar a família há pouco mais de um ano, fortalecendo a continuidade da atividade. “É o sonho de todo pai que seus filhos deem sequência nas atividades da família. Eu já estou beirando os meus 50 anos, amanhã ou depois serão meus filhos que estarão à frente da propriedade. Até em virtude disso que estamos investindo em um barracão novo para aumentar a produção de suínos. No fim do ano passado também melhoramos a estrutura da pecuária leiteira na extração da ordenha, investimentos esses que vão nos dando condições de aumentar a nossa produção”, enfatiza.
Estratégias para redução de custos
Olivio destaca a importância da autonomia na produção de alimentos para o rebanho, o que contribuiu para a redução de custos. “O produtor, que assim como nós, produz o próprio alimento para o plantel, consegue baixar seus custos de produção e com isso sobra mais dinheiro, que pode ser usado para outras melhorias”, pontua.
No cenário energético, a família Herrmann adotou a energia solar há quatro anos, reduzindo de forma significativa os custos com eletricidade. “Antes de ter o sistema de energia solar pagávamos em média entre R$ 1 mil e R$ 1,2 mil mensais, depois da instalação passamos a pagar até R$ 40; agora, de um tempo para cá esse valor subiu para R$ 200. Como nós também aumentamos nossa demanda por energia, o sistema atual não consegue mais abastecer toda a propriedade, teríamos que ampliar o número de placas para gerar mais energia para a propriedade, contudo ainda assim nosso custo é baixo com energia elétrica da rede convencional”, avalia, e acrescenta: “Para não depender da energia elétrica da rede convencional precisamos ampliar o sistema, mas para isso temos que trocar o padrão também, e neste momento não sei se conseguimos investir em mais painéis para a atual estrutura implantada”.
Olivio ressalta ainda que a mão de obra, por ser familiar, constitui um custo intrínseco à operação. “Trabalham junto comigo minha esposa Silvana e meu filho Alexandre, mas a Samara, minha filha mais nova, também já nos ajuda. É muito bom perceber que conseguimos em família gerenciar o trabalho na granja de maneira eficiente”, diz, orgulhoso.
Com o objetivo de assegurar a sustentabilidade do negócio a longo prazo, a família Herrmann adota práticas ambientalmente responsáveis. São empregados os resíduos dos suínos para realizar fertirrigação na lavoura, assegurando um aproveitamento eficiente desses materiais. Além disso, implementa uma gestão apropriada dos resíduos de medicação, garantindo uma destinação adequada. Em relação às carcaças de suínos mortos, adotam o método de compostagem, contribuindo assim para uma abordagem holística e sustentável na gestão dos subprodutos.
Ano bom para o produtor, mas difícil para integradora
No Paraná, as exportações de carne suína registraram em 2023 um aumento de 7% em volume e de 12,6% em valores. Com um total de 168 mil toneladas exportadas, o setor alcançou um faturamento de US$ 375,6 milhões.
Embora muitos produtores tenham vivenciado um ano positivo, as cooperativas enfrentaram desafios significativos, operando com prejuízos ao longo do período devido aos custos dos insumos.
Agricultura
O produtor paranaense indica que, apesar das adversidades causadas pela seca, ainda teve uma boa produção de milho. Se optasse por colher para o mercado em grãos, estima que poderia ter alcançado na safra 2023 em média 1,5 mil sacos. “Não colho em grão, faço a silagem de planta inteira, mas esta é a estimativa de produção que eu teria se fosse colher o grão”, pondera. Comparando com o ano anterior, quando a estiagem foi mais severa, Olivio acredita que a produção não teria ultrapassado 800 sacos. “Os desafios são grandes, mas eu sou feliz no que eu faço”, enfatiza Herrmann.
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