Suínos / Peixes Do campo à logística para o supermercado
Frimesa pretende encerrar 2024 com mais de 10% de toda carne suína produzida no Brasil
Em uma entrevista exclusiva ao jornal O Presente Rural, o presidente da Frimesa, Elias Zydek, compartilhou os planos ambiciosos da empresa para o ano de 2024, revelando estratégias que visam um crescimento expressivo em sua produção e presença de mercado.
Em uma entrevista exclusiva ao jornal O Presente Rural, o presidente da Frimesa, Elias Zydek, compartilhou os planos ambiciosos da empresa para o ano de 2024, revelando estratégias que visam um crescimento expressivo em sua produção e presença de mercado. O destaque do ano anterior foi a inauguração de um novo frigorífico em Assis Chateaubriand, PR, que impulsionou a produção da Frimesa a um aumento de 23% no volume de abate em comparação a 2022.
A cooperativa chegou no fim do ano passado com abate de cerca de 11 mil cabeças por dia (10.990). A Frimesa busca agora ocupar completamente o potencial desse novo empreendimento. “Em 2024, nossa meta é atingir sete mil cabeças por dia no frigorífico de Assis, um salto significativo comparado às quatro mil atuais, fechando a primeira etapa do novo frigorífico”, afirmou Zydek.
Para alcançar esse objetivo, a Frimesa planeja intensificar sua presença no mercado interno, expandindo suas operações para todos os estados de forma capilarizada.
Além disso, a estratégia inclui um aumento no volume a ser exportado, mantendo a proporção de 75% das vendas no mercado interno e destinando 25% para a exportação. “As estratégias de produção no campo já estão estabelecidas, com um planejamento que se estende até 2030. Agora, nos concentramos em cumprir as metas de 2024 através dos produtores e cooperativas filiadas”, ressaltou o presidente.
A Frimesa, que integra suinocultores em sua cadeia produtiva, planeja expandir seu número de produtores em 10%, totalizando 1.150 produtores em 2024, ante aos atuais 1.050 integrados. No entanto, o foco não está apenas em aumentar o número de produtores, mas principalmente em ampliar a escala de produção em cada propriedade. “O número de produtores que vamos aumentar não é assim tão significativo, mas vai aumentar em torno de 10%. O que mais vai aumentar é o número de matrizes por produtor, aumentando assim o tamanho da produção em cada propriedade. A estratégia maior é aumentar a escala de produção em cada produtor”, sustenta Zydek.
A empresa também tem planos para expandir sua presença geográfica, especialmente no Nordeste, mirando cidades do interior de toda a região. O objetivo é aumentar o número de clientes ativos de aproximadamente 49 mil para 61 mil até o fim deste ano. Para facilitar a distribuição, a Frimesa planeja abrir quatro novos Centros de Distribuição em Goiânia, Salvador, Belém do Pará e Recife ainda em 2024. Esses pontos estratégicos permitirão uma logística eficiente, atendendo à demanda crescente e facilitando a entrega aos clientes.
Crescimento sustentável
O presidente da Frimesa reitera o compromisso da cooperativa com um crescimento sustentável, destacando a responsabilidade assumida em fazer acontecer passo a passo o planejamento estratégico de longo prazo. A cooperativa, orgulhosa de sua iniciativa no cooperativismo, está dedicada a realizar a sustentabilidade no país, envolvendo desde os produtores até chegar à mesa do consumidor final. Zydek ressalta que, embora a responsabilidade aumente com essa abordagem integral, o orgulho e a satisfação de contribuir para a sustentabilidade de toda a cadeia produtiva compensam o desafio.
Em relação aos abates nos frigoríficos, a Frimesa estabeleceu ambiciosas metas para 2024. O planejamento estratégico prevê atingir uma média de 14.130 cabeças de suínos por dia até o fim do ano, somadas as três plantas industriais de Medianeira, Marechal Cândido Rondon e Assis Chateaubriand. Esse aumento significativo, de 5 mil para 7 mil abates diários (Assis) no decorrer do ano impulsionará a participação da Frimesa no abate nacional de 6,5% para 10,5%. “Nós queremos sair de 6,5% na participação nacional e chegar a 10,5%”, cravou.
Zydek ressalta que a presença da Frimesa já se destaca em lugares como Belém do Pará, onde a empresa é a líder em vendas de carne suína e derivados nos supermercados locais. No entanto, o desafio para este ano é expandir ainda mais, alcançando todas as redes de supermercados nas capitais dos estados do Nordeste. “Hoje, se você for, por exemplo, em Belém do Pará, nós somos a empresa que mais vende carne suína e derivados na rede de supermercados. O desafio deste ano é entrar em todas as redes das capitais dos estados do Nordeste”, afirma.
O presidente enfatiza com isso que a Frimesa almeja não apenas um crescimento quantitativo, mas também busca uma presença consolidada em todas as redes de supermercados, reforçando sua posição como referência no mercado nacional. “Esse ambicioso plano de crescimento reflete a visão da cooperativa em ser um agente de transformação positiva na indústria suinícola brasileira, promovendo a sustentabilidade e a qualidade em toda a cadeia produtiva”, enaltece Zydek.
Desafios e oportunidades
O executivo detalhou os principais desafios e oportunidades que a cooperativa enxerga em 2024, revelando estratégias para garantir o crescimento sustentável da cooperativa. Zydek dividiu os desafios em dois grandes mundos: o interno, no qual a Frimesa possui maior controle, e o externo, que apresenta ameaças mais desafiadoras. No mundo interno, ele destacou a vulnerabilidade do custo de produção, especialmente em relação ao mercado de grãos, cujas oscilações podem impactar diretamente os custos de produção de suínos.
No que diz respeito ao mercado interno, o presidente enfatizou a importância de expandir a rede de distribuição e representantes para atingir a meta ambiciosa de crescimento de 33% nas vendas em 2024. Além disso, o desafio está em manter a proporção planejada de 75% das vendas no mercado interno e 25% no mercado externo. Para isso, a Frimesa busca a abertura de novos mercados, especialmente na Ásia. Países como Coreia do Sul, Filipinas, Índia, Malásia e Indonésia representam oportunidades promissoras, mas a entrada nessas regiões depende não apenas de esforços comerciais, lembra Zydek, mas também de negociações diplomáticas para superar barreiras comerciais. “A parte que cabe a nós, que temos domínio, é buscar novos países, novos clientes, novos mercados, coisas que a gente já está fazendo. Estamos viajando pela Ásia, que vai ser talvez a região que mais vai aumentar o consumo. Precisamos entrar em países como a Coreia do Sul, Filipinas, Índia, Malásia, Indonésia. Chile, México são outros grandes compradores. Isso também não depende só do ato comercial, depende do ato diplomático entre países para a abertura dos mercados, aquela abertura oficial. A ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) está fazendo um trabalho excelente junto às embaixadas, junto ao Ministério da Agricultura, para acelerar a abertura desses novos mercados”, aponta Zydek.
Além disso, o presidente expressou preocupações sobre questões nacionais, como a iminente reforma tributária, a insegurança jurídica e
as mudanças frequentes nas normativas, que geram incertezas para a produção, industrialização e trabalho.
O poder aquisitivo do consumidor também emerge como uma preocupação crucial para a Frimesa. Elias Zydek salientou que, embora a cadeia de produção da cooperativa possua a competência para responder ao aumento na produção, o crescimento dependerá substancialmente do ambiente macroeconômico, refletido no poder de compra dos consumidores.
Escala de produção
Elias Zydek frisa que a importância estratégica da escala de produção tanto para os produtores quanto para a indústria como parte essencial do crescimento. Zydek enfatiza a necessidade de os produtores aumentarem a produtividade e a escala de lotes de matrizes em produção nas granjas. Essa estratégia não apenas visa a eficiência operacional, mas também busca diluir os custos fixos nas instalações, otimizando recursos e promovendo uma produção mais sustentável. “O produtor vai ter que aumentar a escala de produção na granja. Isso para diluir o custo fixo das suas instalações é muito importante”, salienta.
No setor de frigoríficos, o presidente apontou que a escala de abate deve crescer para se manter viável economicamente. Ele sugeriu que, a médio prazo, abater menos de cinco mil cabeças de suínos em uma planta pode se tornar inviável devido às exigências rigorosas relacionadas ao tratamento de resíduos, emissões e produtividade nas linhas de produção.
Investimentos em controle ambiental e a presença de profissionais especializados em diversas áreas são essenciais, e a escala é um fator determinante para justificar tais investimentos dentro de uma planta. “Você tem que ter profissionais responsáveis, seja na área de segurança, na de cuidar das pessoas, na área de engenharia, entre outras. E para você ter todos esses profissionais, você tem que ter uma escala que compense. É uma tendência também ter escala nas indústrias, porque, se não, não viabiliza”, frisa.
O presidente também compartilhou insights provenientes de um estudo realizado pela Frimesa em 2015, projetando tendências até 2030. Esse estudo abrangeu aspectos globais e nacionais, incluindo escala, produtividade, sanidade, sustentabilidade e questões ambientais. Ao enfatizar que a Frimesa é uma das plantas mais limpas em termos de sustentabilidade, Zydek reforçou o compromisso da cooperativa com práticas responsáveis desde o planejamento inicial. “A Frimesa integrou preocupações com o meio ambiente e a sustentabilidade em suas estratégias, o que se alinha aos crescentes demandas do mercado por práticas responsáveis e transparentes”, evidencia.
A Frimesa está claramente posicionada para enfrentar os desafios futuros, combinando uma visão estratégica de escala com um compromisso sustentável, reforçando seu papel como uma das líderes no setor de produção de suínos no cenário brasileiro. A entrevista continua explorando medidas específicas adotadas pela Frimesa para garantir segurança alimentar e enfrentar desafios contemporâneos, revelando uma abordagem proativa e adaptativa da cooperativa diante das dinâmicas do mercado.
Suíno Certificado
O presidente da Frimesa compartilhou detalhes sobre o programa “Suíno Certificado” até 2025, refletindo o compromisso da cooperativa com a produção sustentável e de alta qualidade. O programa tem como meta audaciosa certificar 100% da produção das propriedades ligadas à Frimesa nos próximos dois anos. Para atingir esse objetivo, Zydek destaca a importância de diversos pilares fundamentais. O primeiro deles é a preocupação ambiental, com as propriedades sendo exigidas a cumprir rigorosamente todas as normativas legais relacionadas à sustentabilidade.
A sanidade é outro ponto-chave, com a necessidade de procedimentos sanitários rigorosos nas propriedades, garantindo a qualidade do produto final. Além disso, o programa prioriza o bem-estar dos trabalhadores, assegurando que estejam formalmente registrados e trabalhando em condições adequadas.
A rastreabilidade, sustenta Zydek, é um elemento crucial do programa, exigindo que os produtores registrem todos os eventos na
propriedade. “O produtor tem que registrar todos os eventos na propriedade, desde alimentação, nascimento, engorda, tudo para quando o consumidor comprar lá na ponta, ele saiba a origem, por onde passou, o que o suíno comeu, o que aconteceu na vida desses suínos”, menciona, destacando que essa transparência visa oferecer ao consumidor final informações detalhadas sobre a origem e as condições de vida dos suínos, fortalecendo a confiança e a conscientização.
No âmbito tecnológico, a Frimesa está implementando software avançado para garantir a rastreabilidade, acompanhando aspectos da produção e distribuição. O uso de satélites para rastrear caminhões, garantindo o bem-estar animal durante o transporte, é outra inovação. “Estamos implantando esses softwares que permitem a rastreabilidade em todo o trajeto, desde a programação no carregamento do suíno e o acompanhamento do caminhão via satélite, a fim de garantir o controle do bem-estar dos animais”, exemplifica.
Zydek destaca ainda a presença de tecnologia nas plantas de processamento, com robôs atuando na linha de abate e automação em vários setores. A empresa também está comprometida com práticas sustentáveis, investindo em tecnologias para embalagens não poluentes.
O presidente enfatiza a importância de uma abordagem cuidadosa na implementação de tecnologias, garantindo que todos os envolvidos na cadeia produtiva se beneficiem. A gestão eficiente do processo é vista como crucial para assegurar que a tecnologia contribua para a rentabilidade e sustentabilidade de toda a cadeia produtiva da Frimesa.
Expectativas para 2024
Em uma visão otimista para o ano de 2024, o presidente da Frimesa, compartilhou suas expectativas e desejos para o cenário da indústria de carne suína. Com um tom confiante, Zydek destacou a importância do otimismo na área produtiva e a determinação da cooperativa em fazer acontecer. “Quem está na área produtiva precisa ser otimista. Nós temos esse otimismo, essa vontade de trabalhar e fazer acontecer”, afirma.
Um dos pontos cruciais abordados pelo presidente é a necessidade de abrir novos mercados, um passo vital para o crescimento contínuo da Frimesa. Ele ressaltou a preferência por acordos bilaterais em detrimento de negociações realizadas por grupos ou blocos, indicando que esses acordos individuais podem ser mais ágeis e eficazes. “Entendemos que o governo tem que fazer mais acordos bilaterais e menos através de grupos ou blocos, porque acordos bilaterais têm avançado mais rapidamente, é o que a gente está sempre cobrando e auxiliando até o Ministério da Agricultura para que isso aconteça. Esperamos que os acordos bilaterais avancem mais rapidamente”, aponta.
Além disso, o presidente expressou a esperança de uma safra de grãos plena, sem aumento significativo nos custos de produção, ressaltando a importância desse fator para a estabilidade e competitividade da indústria suinícola. Zydek também destacou a necessidade de ampliar o mercado externo da carne de boi, visando reduzir a competição com a carne suína no mercado interno.
No contexto doméstico, as expectativas de Zydek convergem para um desejo por uma postura governamental menos ameaçadora e mais oportunista para a indústria de carne suína. Ele destacou a importância de um ambiente regulatório, que promova o crescimento e a prosperidade do setor.
As expectativas do presidente da Frimesa para 2024 refletem um olhar positivo para o futuro, destacando a importância de fatores como abertura de mercados, acordos bilaterais, estabilidade nos custos de produção e um ambiente regulatório favorável ao crescimento da indústria suinícola neste ano.
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Suínos / Peixes
Podcast revela bastidores de discreta, mas poderosa central de genética no seio da suinocultura brasileira
Jornal O Presente Rural reuniu em um podcast um time de feras da suinocultura para falar sobre a WG Central de Genética Suína de Quatro Pontes, PR, um empreendimento da Associação de Suinocultores de Marechal Cândido Rondon que tem se tornado referência nos últimos anos pela sua modernidade e pela sua eficiência.
O jornal O Presente Rural reuniu em um podcast um time de feras da suinocultura para falar sobre a WG Central de Genética Suína de Quatro Pontes, PR, um empreendimento da Associação de Suinocultores de Marechal Cândido Rondon que tem se tornado referência nos últimos anos pela sua modernidade e pela sua eficiência. Responsável por toda a genética de machos repassada aos suinocultores da cooperativa Copagril, a WG ainda leva o material para várias regiões do Brasil, como Santa Catarina, Mato Grosso e Minas Gerais. Conheça um pouco dessa história em versão impressa. Se preferir, acesse o podcast aqui.
Participaram Ary Giesel, médico-veterinário responsável técnico da WG, empresa terceirizada da associação para administrar a central de inseminação. Também um velho conhecido do setor e premiado suinocultor Milton Becker, um dos fundadores da Associação de Suinocultores de Marechal Cândido Rondon. Quem também participou é outro grande produtor de leitões, Eládio Deves, que contou um pouco sobre a sua experiência com o material genético da central. Contribuíram também o superintendente de Pecuária da Copagril, André Dietrich, é o vice-presidente da cooperativa e suinocultor César Petri.
O Presente Rural – Acho que seu Milton pode começar contando para nós um pouco quando foi criada e qual era o objetivo da associação na época?
Milton Becker – Estou na suinocultura desde 1977, faz 47 anos. Comecei junto com a minha esposa, uma granja de dez matrizes e um sócio. Eu trabalhava no comércio na época, gerente de uma empresa, mas tinha a intenção de investir no agronegócio. E eu entendi que a suinocultura seria o melhor ramo. A associação foi surgindo de forma natural pela necessidade. Eu fui também na época vice presidente da Associação Brasileira e também foi vice presidente da Associação Paranaense. Fomos fortalecendo então a Associação de Marechal Cândido Rondon. Já que nós vamos falar da Central, surgiu a ideia entre 1991 e 1992 de fazer uma central de inseminação que fosse para benefício de todos O Ary já era na época era o responsável técnico dessa central. Foi uma evolução, um investimento muito bom, o que deixa a gente satisfeito é a evolução. Naquela época eram oito, dez machos.
Tivemos uma evolução boa, eu e meus parceiros fazíamos a venda de leitões, depois nós fizemos um contrato com a Copagril. E nós entendemos também pela necessidade e pelo padrão de genética da cooperativa.
E hoje estamos muito felizes na nossa granja (de matrizes que recebe a genética da central), todo mundo sabe. Nós já fomos campeões nacionais por oito anos, seis anos em primeiro lugar e dois anos em segundo lugar. São vários fatores do segredo de sucesso: genética, assistência técnica e mão de obra. E a central e os reprodutores são muito importantes porque é ali que inicia tudo.
Você tem a matriz, mas você tem que inseminar essa matriz com qualidade e de um padrão, vamos dizer assim, altamente confiável. E esse é o que acaba acontecendo então na nossa granja.
O Presente Rural – Ari, de uns anos para cá houve esse reposicionamento da associação que adotou uma nova forma de gestão. Quais foram os motivos para essa nova forma de atuação, para essa terceirização de fato acontecer?
Ari Giesel – Em um certo momento não se sabia quem iria tocar a central, não tinha gente que dissesse eu posso tocar a central e avançar. Eu era responsável técnico na época, que é uma outra atribuição, eu ia lá uma vez por semana e a central estava na mão de pessoas que iam lá uma vez por mês e que não tinha conhecimento técnico.
E foi aí que a gente entrou em um proposta com a Copagril e ela entendeu que a gente poderia fazer um trabalho de se dedicar com sêmen. Aí a gente terceirizou realmente dentro desse pacote. Em cima disso então eu assumi para terceirizar a central e começar a buscar tecnologia, ver a evolução que que as outras centrais tinham. Fomos para a Espanha para ver como é que era o processo lá. A gente viu maquinários, viu novas ideias e veio com aquilo de que a gente também poderia fazer. Adquirimos a maioria das máquinas que têm hoje lá e graças a Deus a gente conseguiu com esforço, buscando informação junto com o produtor, junto com a cooperativa.
A gente começou então fazer que o sêmen fosse realmente um selo de qualidade, igual a qualquer central. Então, dentro desse propósito, a gente começou treinando todos os funcionários. E qual é o nosso objetivo? É ser igual ou até melhor que as outras centrais. Dentro do nosso volume, a gente tem uma segurança muito forte mesmo para dizer que realmente nosso produto sai com muita qualidade. Ou nós produzimos qualidade, que é a nossa meta, ou não produzimos.
O Presente Rural – Para onde vai esse sêmen? Só para a Copagril?
Ari Giesel – O volume maior realmente vai para a Copagril. Eu diria 70%, esses outros 30% vão para diversas regiões, vai para Minas Gerais, vai para Mato Grosso e para Santa Catarina. Mas o nosso foco mesmo é ter uma parceria e um crescimento com a Copagril. A gente já está almejando e tomara que consiga um aumento de 30% na nossa atividade na nossa produção. Hoje nós temos 150 machos. Desde 2017 já são dois milhões de doses.
O Presente Rural – Diz que a associação, apesar de ser pequena, escondidinha, está sendo reconhecida pelas empresas de genética, pelo mercado, como uma das mais modernas e eficientes do país. Pode contar um pouco para nós os detalhes técnicos?
Ari Giesel – Nós fazíamos no início tudo manual. A gente foi buscar máquinas que façam o trabalho, adquirimos um sistema que a gente não se envolve muito, a máquina te dá o resultado. A gente só gerencia esses resultados. Todo mundo sabe o objetivo que a gente tem. A gente premia também os funcionários de alguma forma para eles estarem realmente engajados e principalmente para nós termos qualidade e ter o resultado lá no campo.
Às vezes dá uma tremedeira porque a responsabilidade é grande, a gente sabe o envolvimento e a parceria que tem que ter com o produtor. Ele tem que fazer a parte dele. E essa parte foi muito bem feita pela cooperativa, pois todos eles têm conservadoras e cuidam do sêmen que nem fosse cuidar uma joia. E essa joia realmente se traduz em ganhos.
O Presente Rural – Andrey, como é que a evolução genética tem contribuído para uma suinocultura moderna?
Andrey Dietrich – A genética é um dos pilares da nossa produção. A gente sempre busca custo, é claro, sem sacrificar qualidade. Mas nós buscamos sim otimizar custo. E a gente vê que a melhoria do desempenho consegue reduzir custos. Eu extrair o máximo potencial é reduzir custo também. A gente tem esse entendimento. A nutrição é a maior parte do nosso custo de produção, a gente precisa que a ração seja bem aproveitada. Então a gente não pode se dar ao luxo de desperdiçar ração ou não extrair o máximo que aquela nutrição pode nos proporcionar.
No nosso ponto de vista, a genética é o limite de até onde a gente consegue. Então, se eu estou com o meu manejo bem alinhado, se eu estou com a minha nutrição bem alinhada, qual é a nota dez do meu sonho? Qual é a nota dez do meu custo? Até onde eu consigo chegar? E a genética é a que delimita isso.
Então é importante essa conversa com a central e algumas solicitações de modernização de investimento que e a gente faz e somos prontamente atendidos. A gente faz isso pensando na evolução genética, para que a gente consiga ser referência em custo e em produtividade.
Vamos pensar só na linha paterna. O macho é extremamente importante para que a gente tenha a melhor conversão alimentar possível. Recentemente foi feita uma alteração na pontuação do macho, utilizando o que tem de melhor no mercado hoje, pelo menos pela troca de informação que a gente tem com as demais cooperativas, mais empresas da nossa região e do Brasil visando esse máximo potencial.
A gente entende que é o papel fundamental da genética determinar até onde consegue chegar, reduzir custo, produzir mais e ter sucesso na atividade.
O Presente Rural – Legal que vocês da cooperativa têm envolvimento com a WG para trocar informações para continuar a evolução da central.
Andrey Dietrich – Sim, apesar de a central não estar dentro na Coopagril, a gente tem essa parceria estabelecida. O Ary falou que 70% do sêmen que é produzido ali vem para a Copagril, mas a cooperativa utiliza 100% do sêmen na central. A central abastece toda a produção da cooperativa. E tem capacidade inclusive que conseguiria contemplar aumentos de produção que a gente por ventura possa ter e provavelmente teremos.
Olhe, o Ari falou que dá aquela tremedeira da responsabilidade e realmente a gente sabe da importância da central, então não tem como ser diferente. Como que a gente espera um resultado bom para o nosso produtor e para a nossa integração se a gente não está nessa conversa afinada com a central? Não tem outra forma. A gente vê essa parceria como bastante estratégica.
O Presente Rural – E esses machos? Como são escolhidos? Eles produzem durante por quanto tempo e como é a reposição?
Andrey Dietrich – O macho tem uma vida útil. Nós acompanhamos a evolução do mercado e das próprias genéticas. Nós temos comprovado que o material genético está entregando o melhor resultado, que é bom para todo mundo, é bom para o produtor, bom para a creche, bom para a terminação e é bom para o frigorífico. No frigorífico também dita muito da tendência que a gente precisa seguir. A gente vai seguir por aquela linha. A nossa definição da genética é com base nos critérios técnicos de produtividade e idade de macho.
Ari Geisel – Hoje os machos são descartados pela pontuação que eles têm de um índice genético. Nós temos o índice máximo que são de 130 pontos, quando chegou a 100 pontos vai para o descarte. Nós descartamos no ano passado 76% do plantel. Às vezes, como central, dá até dó ele está com a idade certa, mas geneticamente eles medem lá que esse macho então já é um candidato ao descarte. Onera bastante, mas mantém a qualidade.
O Presente Rural – O César Petri é vice-presidente da Copagril e também suinocultor. Qual a importância para a Copagril em ter uma parceria sólida para entrega de sêmen?
César Petri – Minha falecida mãe começou com quatro matrizes e era todo ciclo completo e a monta era natural. Na época era com o cachaço, com o macho lá na granja para fazer inseminação, sistema natural. Só que com o crescimento e com a tendência da evolução genética, não cabia mais ter o macho na granja lá porque ele ficava às vezes três, quatro, cinco ano na granja, mas enquanto isso a genética já estava muito mais avançada. Tinha perda de evolução genética muito grande e fora que com o crescimento das granjas hoje é inconcebível e não tem como operacionalizar monta natural. Hoje se faz lotes de 100 matrizes inseminadas numa semana. Então, sem condições de fazer uma inseminação natural. O sistema de ciclo completo foi se extinguindo, foi se verticalizando, o sistema e as grandes de iniciação foram cada vez ampliando mais. Hoje são granjas de 1000, duas mil, 3 mil, 5 mil matrizes. Então para isso teve que se evoluir para o sistema de inseminação artificial.
Se, por exemplo, ele enviar uma dose de sêmen que não teve esse controle perfeitinho, com problema no lote. Da inseminação de 100 matrizes, por exemplo, 40 possam ter problema. O sêmen é o mais barato de tudo, você perdeu um lote de cobertura que custava muito dinheiro. Queremos garantia de ter um parceiro sólido, não só na questão do sêmen, mas em todas as áreas de nutrição, de fornecedores, de compradores. A gente precisa ter parcerias sólidas, que dão garantia de qualidade. Isso a gente conquistou também com a central de inseminação.
O Presente Rural – O abatedouro da Frimesa está a plenos pulmões em Assis Chateaubriand, aumentando cada vez mais a produção, e a Copagril é uma das grandes fornecedoras de suínos para o abate. Quais são os planos para ampliar a produção no campo e como a central se encaixa nisso?
César Petri – A Frimesa fez todo esse investimento no frigorífico novo e demanda de um crescimento na produção de todas as cooperativas. A Copagril hoje está com um plantel de 30 mil matrizes no campo na mão de produtores associados. A Copagril não tem granja própria, mas tá na mão do cooperado. A gente viu que a gente deveria deixar o produtor cooperado produzir e é esse o modelo de produção que a companhia tem. A gente vai atender o crescimento da Frimesa, mas precisa que o associado queira construir essas granjas também, porque esse é o modelo que a gente tem.
Mês passado (março), inclusive, a gente bateu recorde de fornecimento de suínos. Foi mais de 100 mil suínos entregues num único mês. E a central vai continuar tendo papel primordial no crescimento. Se a gente crescer, a central vai precisar continuar crescendo.
O Presente Rural – Temos aqui o Eládio Deves, há muito tempo trabalhando com seu Milton, mas com granja própria. O senhor consegue notar os resultados da genética lá na granja?
Eládio Deves – Com certeza. O produtor procura e busca o GPD (ganho de peso diário), número de nascidos vivos ou nascidos totais deles que a gente trabalha da diferença dos nascidos totais e vivos. Com certeza a genética melhorou muito e hoje nós temos um padrão de leitão na granja. Nós não temos um leitão nascendo muito pequeno, precisa de média. Eu quero bastante leitão, mas eu quero uma média boa, que são leitões viáveis, com mais peso. A genética evoluiu muito nesse sentido.
O Presente Rural – O Milton é um dos maiores ganhadores do prêmio Agriness, que destaca os maiores produtores de desmamados/fêmea/ano no Brasil. Fale um pouco dessas conquistas e como o sêmen suíno contribui para esse sucesso?
Milton Becker – Com certeza a genética tem muito a ver não só do macho, mas também da matriz. E a gente sempre busca mais, buscar melhor. Oito anos e desde o primeiro ano nós já passamos a ganhar. São vários fatores, a genética, tanto do macho como da fêmea, nutrição, manejo, mas a mão de obra é fundamental. E a premiação é uma consequência. O prêmio é uma satisfação e realmente eu tenho certeza. Conheço a opinião dos meus colaboradores e eles ficam felizes com essa questão da premiação.
O Presente Rural – Eládio está no páreo também?
Eládio Deves – Não. Comecei a usar o sistema da Agriness no ano passado, mas ficou fui o campeão na Copagril. Fiquei em primeiro lugar. Nos últimos oito anos, ficamos duas vezes em segundo e as outras em primeiro. É importante a referência, o objetivo é sempre ficar entrando entre os melhores, se eu tiver um desempenho baixo, eu não consigo ter rentabilidade e não tenho como crescer na atividade. Eu tenho que ficar no mínimo entre os 10% melhores do país, vamos dizer assim. Esse é o objetivo.
Milton Becker – Só para ter uma ideia, nós estamos fechamos o ano passado com 36,5 leitões em média. Todo mundo sabe que a média regional aqui é 28. Então nós temos oito leitões e meio por porca a mais do que a média regional. Fazendo uma conta bem simples, 5 mil matrizes vezes oito, são 40 mil leitões a mais por ano que a nossa granja produz. E isso é aquilo que demonstra a viabilidade do negócio. Eu falo isso para estimular os outros produtores e para cada buscar o seu melhor, porque é dessa forma que a gente consegue também se manter na atividade.
César Petri – A gente fala muitas vezes em ampliação, falando em ampliação para crescimento da Frimesa ou o produtor investir em ampliação. Quando a gente olha o número dessa forma, a gente percebe que a gente tem uma ampliação dentro do número. Então eu preciso aumentar o tamanho da minha granja. Talvez não. São 40 mil leitões mais em 5 mil matrizes no ano, isso é quase meio mês de abate. Olha o potencial que nós temos em produção, em produtividade e que é uma ampliação que já está dentro da granja. Imagina trazendo para o sistema da Copagril de 30 mil matrizes, se ganhar cinco leitões a mais. São 150 mil suínos a mais no ano. É um mês e um pouco de abate dentro do próprio número.
Eládio Deves – Mas queremos não apenas número, mas um leitão mais pesado, de sete quilos e meio que é um objetivo para ele ir melhor nas creches. Então, vamos dizer, nós não vamos fazer oito leitões a mais. As vezes tem porca com 42 leitões por ano, mas desmama com 16, 18 dias. Na minha opinião não é viável. Desmarcam com 16 dia, 18 dias, para mim sempre vale o custo e tem que sobrar alguma coisa no leitão, não adianta eu ter número.
Andrey Dietrich – Muito bem observado. Também não é nosso objetivo só botar número de leitão. É importante qualidade, isso é a premissa principal.
O Presente Rural – Vice-presidente da Copagril, com tudo isso que a gente falou, como se reflete lá no consumidor final?
César Petri – Qualidade da carne. Aí é um dos pontos também da evolução genética que a gente vem falando é a qualidade de carne, a qualidade nutricional que a gente quer no final, que a gente sempre tem que estar olhando. Temos que olhar para o cara que vai lá na gôndola do supermercado comprar essa suína, caso contrário não tem justificativa em estar produzindo o suíno.
A missão nossa é essa. Acompanhamos a evolução genética para chegar lá no frigorífico um suíno com a característica que o consumidor queira. Esse é o objetivo que a gente vai estar sempre perseguindo.
O Presente Rural – E para o futuro, quais são os planos para a central?
Ari Giesel – Depende muito da demanda. Nós acreditamos que nós vamos ter uma demanda de 30% e para isso a gente vai precisar também mexer na estrutura física geral. E a gente já está vendo a possibilidade. Basicamente já está definido que a gente vai aumentar no mês de maio e depois a central depende da parceria com a Copagril. Estamos querendo chegar em 200 machos. A gente acha que assim vai suprir a necessidade da região
O Presente Rural – Senhores, alguma consideração final?
Milton Becker – Há muitos anos eu descobri que é preciso ter parcerias. Eu acho que hoje o produtor deve produzir e a nossa cooperativa que faz o trabalho de engorda e às vezes e depois vai para a mesa. Eu não vejo outro caminho para a suinocultura sem essas parcerias. Isso é muito forte na região Oeste e no Paraná. A parceria fortalece a Copagril, a central de genética e a granja.
Eládio Deves – Para ser viável, é preciso ter as 52 semanas sem oscilações. A minha granja é pequena e representa tantos por cento, mas todos os produtores têm que ter a consciência disso. Nós precisamos 52 semanas por ano ter um parceiro bom.
Andrey Dietrich – Só enfatizar a importância da parceria com a WG, com os produtores de qualidade, como o Milton e o Eládio. Eu acho que essa sinergia entre central, produtores e cooperativa, todo mundo fazendo a sua parte aqui, vai sempre nos trazer um bom resultado. Só agradecer e enfatizar a importância das parcerias para a gente.
César Petri – Eu quero só reforçar a importância dessa cadeia para a cooperativa, foi a partir da suinocultura que a Copagril surgiu. É extremamente importante essa cadeia, a gente vê como sustentáculo de tantas famílias no campo e que o crescimento da suinocultura nos traz grandes desafios numa região desafiadora, que já tem uma concentração de suínos grande e que a gente precisa crescer da melhor forma possível e no melhor alinhamento possível. E isso central, no trabalho que ela faz, nos dá essa garantia também de crescer tranquilo, que a gente tem a fornecedora de genética que nos dá segurança.
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Acrismat realiza maior festival de carne suína de Mato Grosso
Com entrada gratuita, Mato Grosso Pig Fest terá 20 estações com carne suína.
A carne suína tem caído cada vez mais no gosto do brasileiro. A diversidade de cortes e principalmente sua qualidade e sabor tem atraído cada vez mais amantes dessa, que é a proteína mais consumida no mundo. Com objetivo de mostrar todo a versatilidade da carne suína e atrair novos consumidores para fomentar ainda mais o consumo, a Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat), associação afiliada da ABCS e contribuinte do FNDS, realizará nos dias 13 e 14 de setembro, a primeira edição da Pig Fest, festival gastronômico exclusivo de carne suína.
O evento, que terá entrada gratuita, e acontecerá no Centro de Eventos Jonas Pinheiro, contará com 20 estações com pratos, lanches, finger food e sobremesas tendo a carne suína como destaque. Além de outras 20 estações com doces e bebidas. “O evento foi pensado em mostrar toda a versatilidade da carne suína, que é a proteína mais consumida no mundo, e fomentar o consumo dela, que é muito saudável e saborosa, além de ser bastante acessível à nossa população”, pontuou o presidente da Acrismat, Frederico Tannure Filho.
Em Mato Grosso, o consumo da carne suína aumentou 257% nas últimas duas décadas. “Em 2004, o consumo de carne suína aqui no estado era de 7 kg per capita por ano. Após intenso trabalho de promoção da proteína, conseguimos aumentar esse número para 25 kg per capita ano agora em 2024”, revelou Tannure.
De acordo com uma projeção realizada pela Cogo, consultoria de inteligência em agronegócio, o consumo de carnes deve bater recorde no Brasil em 2024, cada habitante deve consumir cerca de 103 kg de carnes no geral, e o corte suíno deve apresentar a maior alta. A expectativa de consumo é de 21 kg por habitante, um aumento de 4% em relação a 2023.
Atrações
Além da praça de alimentação, o evento contará com espaço kids, e terá shows com as bandas The Vinis, Silver Guy, Banda U.B.A e o DJ Augusto Werner que se apresentarão em um palco 360º.
Suínos / Peixes
Poder de compra do suinocultor aumenta
Resultado reflete a valorização do vivo superior à do milho e do farelo de soja. O movimento de alta do suíno, por sua vez, se deve à boa liquidez da carne e à menor disponibilidade de animais em peso ideal para abate, ainda conforme pesquisas do Cepea.
Levantamentos do Cepea mostram que o poder de compra de suinocultores paulistas frente aos principais insumos utilizados na atividade avança setembro em alta.
Segundo pesquisadores deste Centro, o resultado reflete a valorização do vivo superior à do milho e do farelo de soja.
O movimento de alta do suíno, por sua vez, se deve à boa liquidez da carne e à menor disponibilidade de animais em peso ideal para abate, ainda conforme pesquisas do Cepea.
No mercado de milho, levantamento da Equipe Grãos/Cepea mostram que vendedores vêm limitando o volume ofertado, atentos às recentes valorizações externa e interna e preocupados com o clima nas principais regiões produtoras da safra de verão do Brasil.
Em relação ao farelo de soja, também segundo a Equipe Grãos/Cepea, a ausência de chuvas tem preocupado produtores, visto que pode atrasar o início da semeadura da temporada 2024/25.
Como resultado, vendedores estão reduzindo a oferta no spot, enquanto consumidores, tanto domésticos quanto internacionais, competem para adquirir novos lotes.