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Avicultura

Especialistas sugerem revisão das práticas da indústria avícola contra salmonelose e colibacilose

O médico-veterinário Jorge Augusto do Amaral Werlich destacou que a Salmonella é uma bactéria conhecida por ser uma das principais causas de doenças transmitidas por alimentos em humanos e fez uma pergunta bastante pertinente.

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Desde 2004, o Brasil ocupa o 1º lugar no ranking de maior exportador de carne de frango mundial. De acordo com os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano de 2022 foram abatidas 2,04 bilhões de cabeças de frango. Essa grande produção mostra a eficiência do País em controlar as enfermidades avícolas, bem como vencer os desafios e medidas de controle, para assegurar que a produção brasileira continue atuando de forma bastante eficiente e pujante. Durante a 40ª edição da Conferência Facta WPSA-Brasil 2023, promovida de forma online, em meados de maio, a temática de enfermidades reemergentes foi explanada pelos profissionais Nelva Grando, Jorge Werlich, Terezinha Knöbl e Daniela Baptista, que discorreram sobre os assuntos de biosseguridade, Salmonella, E. coli patogênica para aves (Apec) e sobre o Plano Nacional de Sanidade Avícola e chamaram a atenção sobre a necessidade de controlar efetivamente as doenças bacterianas salmonellose e colibacilose, que podem ser responsáveis por grandes prejuízos financeiros na produção avícola.

O médico-veterinário Jorge Augusto do Amaral Werlich destacou que a Salmonella é uma bactéria conhecida por ser uma das principais causas de doenças transmitidas por alimentos em humanos e fez uma pergunta bastante pertinente. Qual a base de informações para a tomada de decisões sobre o assunto salmonela? O profissional afirmou que o controle desta doença não tem atingido os resultados desejados.

“Muitos perguntam se a salmonella é um tema emergente, reemergente ou constante. A minha resposta é simples, é um tema constante que há muito tempo vem sendo trabalhado nas empresas, mas que em muitos casos, os resultados estão ficando aquém do desejado. Desta forma, o objetivo da minha fala é trazer pontos de atenção sobre o que fazer e o que nos embasa para a tomada de decisão a campo. Tem empresas que possuem pessoas específicas que estudam e buscam medidas constantes para acabar com este problema”, pontua.

O profissional explicou que a temática da Salmonella precisa ser entendida por meio dos fatores que são condicionantes e determinantes para causar a doença. De acordo com ele, em muitas empresas quando é falado neste assunto as pessoas tratam o mesmo como se fosse um grande monstro. “Isso não ajuda. Na verdade, atrapalha. A salmonella é uma bactéria que está presente em muitas etapas do processo avícola, sendo que é muito importante ter o conhecimento da prevalência dela para que ações e medidas sejam tomadas e que efetivamente tragam um efeito positivo ao plantel”, observa.

Para que a detecção seja eficiente, o médico-veterinário enalteceu a necessidade de um estudo epidemiológico amplo e que permita que a empresa identifique os sorovares de maior prevalência, para descobrir de onde ele veio e para onde foi. “Verificamos que existe a necessidade de aprofundar o estudo dos sorovares para permitir a melhor tomada de decisões, para obter o efetivo retorno das medidas adotadas de solução dos problemas”, orienta.

Jorge chamou a atenção à importância da formação técnica das equipes que trabalham para resolver este problema. “As pessoas que trabalham come esta problemática precisam estar capacitadas, necessitam conhecer os diferentes métodos de diagnósticos e buscar qual é o mais eficiente para a empresa. Não basta basear-se apenas nos dados de controle oficiais ou programas de autocontrole, é necessário tipificar as salmonellas encontradas na empresa, identificando as características delas”, adverte.

Não é custo, é investimento

Médico-veterinário Jorge Augusto do Amaral Werlich – Fotos: Divulgação/Facta

O médico-veterinário também enalteceu que o controle e erradicação da salmonella precisa ser encarado não como uma grande despesa, mas como um investimento financeiro, que vai possibilitar alcançar os resultados desejados. “As equipes precisam estar alinhadas com o mesmo objetivo. Se tudo não for feito com excelência e com conhecimento não chegaremos ao resultado desejado, que é a redução da incidência de salmonella”, observa.

O profissional também chamou a atenção para a importância de estudos mais aprofundados para entender esta problemática e conseguir encontrar ações que sejam efetivas. Ele apresentou a tese que o incremento de métodos analíticos no processo de controle da salmonela tem demonstrado uma maior preocupação por alguns aspectos, tais como: a prevalência de sorovares altamente resistentes, a presença de genes de resistência contra classes de desinfetantes (inclusive formol), bem como a capacidade de resistência no ambiente (formação de biofilme, atividade de água).

“Isso acende um alerta muito grande para que tipo de análise eu estou fazendo e que tipo de ação eu tenho tomado. A multirresistência aos antimicrobianos está muito consolidada. Um estudo de 2014 apresentou 51% de cepas resistentes a mais de um ATB. Um estudo bastante similar, realizado em 2022 apresentou 97% de cepas resistentes a mais de um ATB. Isso nos traz uma grande preocupação, cabe às agroindústrias, aos produtores de proteína de frango aprofundar mais a análise”, enaltece.

Jorge apontou para a necessidade de estudos mais aprofundados para que se chegue ao melhor nível de compreensão da problemática e a consequente solução eficaz para este problema, que traz prejuízos significativos aos planteis. “O aprofundamento dos estudos nos possibilita reconhecer o sorovar mais prevalente, saber se há ocorrência deste sorovar nos diferentes pontos da cadeia ou se a repetição num mesmo local é oriunda de um ou diferentes clones, além de estabelecer um escaneamento completo deste sorovar, a fim de ajustar as ações, conforme seu perfil de resistência. Ou seja, nosso desafio é saber se estamos mesmo investigando a fundo o assunto salmonella ou se estamos criando longos, trabalhosos e frustrantes planos de ação”, recomenda.

Apec

Médica-veterinária, Terezinha Knöbl

A médica-veterinária, Terezinha Knöbl, foi a responsável por trazer novas informações sobre a E. coli patogênica para aves (Apec). Essa enfermidade pode resultar em sérios problemas de saúde e perdas econômicas na indústria avícola. Durante o painel, a especialista apresentou as características da Apec, seus fatores de virulência e as estratégias de controle para prevenir a disseminação da bactéria.

Terezinha foi bastante didática e precisa ao afirmar que a avicultura sempre precisou lidar com duas grandes doenças do ponto de vista bacteriano: salmonellose e colibacilose. “Essas doenças são muito impactantes do ponto de vista financeiro porque elas induzem a um grande aumento de condenação de carcaças nos abatedouros e elas acometem todo o segmento avícola. Começando com as matrizes que podem ter problemas respiratórios, essas bactérias são transmitidas via vertical e acabam impactando também no incubatório, com a mortalidade de pintinhos”, revela.

Mais especificamente sobre a Apec, a médica-veterinária afirmou que o problema sempre existiu, mas que na década de 1990 houve um grande esforço da indústria para conseguir reduzir os prejuízos decorrentes desta infecção. De acordo com ela, isso envolveu a adoção de uma série de estratégias que resultaram num bom desempenho. “Passamos cerca de 30 anos em que a doença ocorreu em níveis endêmicos, mas, a partir de 2020 estamos tendo um aumento das reclamações a campo, principalmente nos estados mais produtivos, porque eles verificaram níveis de condenação bastante abruptos em razão desta enfermidade”, expõe.

A profissional ressaltou três pontos de destaque para serem observados sobre a temática. O primeiro ponto é a necessidade de diferenciar uma Apec de uma Afec. “A diferença fundamental entre elas está na capacidade patogênica das cepas de E. coli. Enquanto Apec causa doenças graves nas aves, Afec refere-se às cepas comensais encontradas nas fezes de aves saudáveis. É importante realizar análises laboratoriais adequadas para identificar e distinguir entre essas duas categorias de E. coli, a fim de implementar medidas de controle apropriadas e garantir a saúde das aves”, recomenda.

O segundo ponto destacado por ela está na relação entre virulência com patogenicidade. “É importante que a gente tenha consciência de que não é toda amostra virulenta que vai se tornar em algo patogênico. Isso é um erro muito consolidado no campo, mas que precisa ser melhor explorado. É muito oportuno destacar que a doença não está relacionada apenas com o agente, e sim, com uma somatória de fatores, que chamamos de tríade epidemiológicas, ou seja, as características do parasita, a condição do hospedeiro e os fatores ambientais. Estes três fatores é que estabelecem a patogenicidade ou não”, declara.

O terceiro e último ponto, de acordo com a palestrante, é o mais atual e diz respeito ao reconhecimento e controle das linhagens de alto risco. “Existem várias ferramentas que auxiliam na verificação de como está a microbiota dos animais. Para entender o surto eu preciso combinar várias ferramentas. Isso é muito importante e pode auxiliar muito na tomada de decisões. Quando eu conheço a fundo os problemas eu consigo selecionar as melhores estratégias de controle”, reforça.

Terezinha informou que atualmente existem muitos grupos de trabalho, espalhados pelo mundo, que pesquisam a doença. De acordo com ela, esses estudiosos estão verificando que a ferramenta mais moderna para análise é o sequenciamento do DNA. “Esses estudos nos mostram que existem linhagens de alto risco cujas características apontam para surtos de distribuição global, ou seja, essas bactérias causam problemas de saúde em várias partes do mundo. Elas são virulentas e patogênicas, possuem resistência antimicrobiana, persistência e uma capacidade de ser transmitida para outros hospedeiros”, informa.

Normas para o controle da Salmonella

Médica-veterinária do Ministério da Agricultura e da Pecuária (Mapa), Daniela Baptista

A médica-veterinária do Ministério da Agricultura e da Pecuária (Mapa), Daniela Baptista, discorreu sobre o Programa Nacional de Sanidade Avícola que tem o objetivo de trazer normas que sejam capazes de aferir o controle da salmonela, o que é uma condicionante para que o Brasil continue com a manutenção dos mercados externos, que primam pela segurança e confiabilidade da carne brasileira.

A profissional destacou que as orientações brasileiras são baseadas nos códigos feitos pela Organização Mundial da Saúde Animal (OMSA) e que visam garantir a produção de carne de aves com qualidade, bem como assegurar os mercados externos para o país. “O Brasil possui certificados veterinários internacionais que garantem a procedência e qualidade dos materiais genéticos avícola que são exportados para os mais diversos países. É importante destacar que as bases para a efetividade deste programa estão na vigilância e na biosseguridade”, afirma.

Ela afirmou que as instruções normativas têm o objetivo de não deixar entrar animais doentes no país, bem como auxiliam no controle e erradicação de salmonellas nos planteis brasileiros. “É importante ressaltar que os testes positivos para a doença exigem algumas ações sanitárias bastante drásticas, como a perda da certificação livre, o sacrifício das aves, destruição de ovos, o que acarreta em prejuízos bem expressivos. Isso porque uma doença positiva impacta na exportação dos nossos produtos, o que traz um grande impacto na indústria”, afirma.

Daniela pontuou que os problemas com a salmonella são de responsabilidade das empresas e dos médicos-veterinários. “Diferente das doenças emergenciais, a salmonella é responsabilidade da empresa e do seu médico-veterinário, o Mapa tem a função de ser um apoio e oferecer as diretrizes para que o Brasil continue a ser um grande exportador”, declara.

A profissional finalizou a fala dela destacando a importância de seguir os protocolos e padrões que são estabelecidos pelo órgãos competentes. “Quando tratamos de alimentos, é muito importante que todos os envolvidos tenham ciência da necessidade e da eficácia de seguir os protocolos e padrões que são estabelecidos, pois os mesmos são diretrizes que visam a eficiência e a segurança da nossa produção. A responsabilidade de continuar com os mercados abertos deve ser compartilhada por todas as empresas e o Mapa está para ajudar, mas casa empresa deve fazer a sua parte”, adverte.

Biosseguridade: a chave para o sucesso

Médica-Veterinária da Vitalis Saúde Integrada, Nelva Grando

A médica-Veterinária da Vitalis Saúde Integrada, Nelva Grando, expôs que a biosseguridade deve ser entendida como a grande aliada para o controle e erradicação das doenças, porque ela preocupa-se com blindar as instalações avícolas, bem como as indústrias, para que as mesmas possuam medidas adequadas de biosseguridade que evitem a entrada de patógenos, como a Salmonella e a Apec, nas instalações avícolas. “Isso envolve a implementação de práticas de higiene, controle de acesso, monitoramento de visitantes e animais, além do treinamento adequado dos funcionários”, observa.

A palestrante também trouxe uma indagação aos participantes. Ela questionou se os planos de biosseguridade estão preparados para os novos desafios que estão surgindo. “Minha indicação é para que cada granja ou indústria faça um plano de biosseguridade específico que atenda as especificidades da sua região. Os planos de biosseguridade precisam ser pensados para cada empresa, pois cada lugar possui agentes diferenciados e que precisam ser descobertos, para que as ações de biosseguridade possam ser implantadas de forma eficaz”, mencionou.

Nelva disse que a produção avícola evolui muitos nos últimos anos, em vários aspectos. “Um exemplo clássico é que partimos de aviários com tela muito simples e hoje temos aviários com telas bastante modernas e que impedem a entrada de aves silvestres no seu interior. Isso é uma evolução dentro da biosseguridade. A blindagem do ciclo da água, bem como o isolamento das propriedades também são fatores extremamente importantes e que agregaram na melhoria nas condições sanitárias. Por outro lado, estes avanços precisam continuar”, afirma.

Grande concentração de aves

A palestrante expôs ainda que a avicultura da atualidade é marcada pela grande concentração de aves em algumas regiões. Segundo ela, as mais altas concentrações avícolas estão no Brasil, Estados Unidos, China e México. “Essa grande concentração possibilita uma maior proliferação de doenças. Quanto mais eu concentro aves em uma determinada região, um maior número de animais dentro de um galpão, potencialmente a gente aumenta o risco de termos problemas sanitários”, argumenta.

Por conta destas diferenças e técnicas de manejo, a profissional enaltece a importância de reformular as práticas avícolas lançadas em 2005. “O grande questionamento que eu trago é que todos pensemos sobre a importância de atualizar as práticas avícolas que estão difundidas desde 2005 e pensar se elas não precisam ser aprimoradas, para serem mais condizentes com a nossa realidade. É preciso pensar sobre isso”, afirma.

Pontos de partida

Nelva chamou a atenção para os critérios que são utilizados para a entrada no aviário, a questão de botas plásticas, roupas descartáveis, etc. “Meu questionamento é para que todos pensem sobre os protocolos que estão sendo utilizados. Será que é prudente pensarmos em novas medidas de mitigação dos riscos? Eu creio que já tivemos muitos avanços nos últimos 20 anos, mas acredito que vivemos um momento em que é preciso reavaliar as condições e verificar se estamos preparados para os novos problemas que estão surgindo ou se precisamos ainda implantar novas práticas”, sugere.

A profissional citou o exemplo norte americano que diz que as granjas que estão com um melhor controle com relação às doenças são aquelas que tem um isolamento completo entre os aviários. “Verificamos que as melhores granjas têm uma opção de entrada de pessoas, a saída do exaustor está no lado contrário. Os silos estão na parte frontal e bem seguros, essas granjas contam com um local onde as pessoas trocam de roupa para adentrar às instalações. Esses são exemplos de novos procedimentos que também podem ser adotados aqui no Brasil”, opina.

Ações conjuntas

A médica-veterinária finalizou a sua fala enaltecendo que a biosseguridade pode trazer a blindagem dos planteis e que ela precisa ser pensada de forma conjunta, enaltecendo que a biosseguridade precisa fazer parte de todos os processos, podendo ser pensada para acabar com as causas dos problemas e não apenas para a resolução do problema final. “Um exemplo bem simples para entender isso é a relação do controle de pragas com iscas e inseticidas. Isso está errado, pois este problema pode ser resolvido muito antes, quando nos preocupamos com os quatro as: acesso, água, alimentos e abrigo”, reflete.

Desta forma, a palestrante evidencia que o plano de biosseguridade precisa ser construído de forma bem alinhada e com todas as informações que são pertinentes para a produção. “O ponto-chave para a construção de um bom plano de biosseguridade está na correta análise de riscos e assim, não apenas descrever os protocolos, mas sim, buscar alternativas de mitigação e que realmente vão controlar e reduzir os riscos que o plantel pode vir a ser exposto. Desta forma, falar em biosseguridade é pensar que ela é uma das responsáveis para dar sustentabilidade a longo prazo, pois ela contribui para que o plantel tenha animais mais saudáveis e mais eficientes, com menor mortalidade e, consequentemente, maior retorno e menor investimento”.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse acesse gratuitamente a edição digital Avicultura Corte e Postura. Boa leitura!

Fonte: O Presente R ural

Avicultura

Apesar de isolado, foco de Newcastle no Rio Grande do Sul preocupa setor

Uma eventual suspensão das compras de carne de frango brasileira que exceda os 21 dias do embargo já imposto pelo próprio País pode resultar em um aumento acentuado da disponibilidade interna da proteína, seguido de fortes quedas de preços.

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Foto: Shutterstock

A confirmação de um foco da doença de Newcastle numa granja comercial de frangos no município de Anta Gorda (RS), na região do Vale do Taquari, no final da semana passada, vem deixando o setor em alerta.

Segundo pesquisadores do Cepea, uma eventual suspensão das compras de carne de frango brasileira que exceda os 21 dias do embargo já imposto pelo próprio País pode resultar em um aumento acentuado da disponibilidade interna da proteína, seguido de fortes quedas de preços, podendo, inclusive, afetar a relação de competitividade com as concorrentes bovina e suína.

Diante disso, no curto prazo, pesquisadores do Cepea explicam que devem ocorrer ajustes no alojamento de aves.

O Brasil é, atualmente, o maior exportador de carne de frango do mundo. No segundo trimestre, os embarques superaram em 12,1% os dos três primeiros meses do ano e em 4,1% os de abril a junho do ano passado, conforme dados da Secex compilados e analisados pelo Cepea.

 

Fonte: Assessoria Cepea
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Avicultura

Área de emergência zoossanitária para contenção da doença de Newcastle é limitada a cinco municípios gaúchos

Durante sua vigência, há o isolamento sanitário da área afetada, com a restrição da movimentação de material de risco relacionado à disseminação da doença, incluindo o direcionamento de trânsito por vias públicas para desinfecção, ou mesmo o bloqueio de acessos.

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Foto: Julia Chagas

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) restringiu a área de abrangência da emergência zoossanitária para contenção da doença de Newcastle, limitando-a aos municípios que estão no raio de dez quilômetros a partir do foco confirmado: Anta Gorda, Doutor Ricardo, Putinga, Ilópolis e Relvado. O Governo do Estado publicou, na quinta-feira (25), decreto em que declara estado de emergência de saúde animal nos mesmos municípios.

Inicialmente, o Ministério havia publicado, em 18 de julho, uma portaria colocando todo o Rio Grande do Sul em estado de emergência zoossanitária. “O trabalho da Secretaria da Agricultura foi essencial para a revisão do perímetro do estado de emergência zoossanitária no Rio Grande do Sul. Foi com nossos dados e informações que o Ministério se embasou para tomar esta decisão”, detalha a diretora do Departamento de Vigilância e Defesa Sanitária Animal da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (DDA/Seapi), Rosane Collares.

O estado de emergência tem duração de 90 dias, podendo ser prorrogado em caso de evolução do estado epidemiológico. Durante sua vigência, há o isolamento sanitário da área afetada, com a restrição da movimentação de material de risco relacionado à disseminação da doença, incluindo o direcionamento de trânsito por vias públicas para desinfecção, ou mesmo o bloqueio de acessos.

Até quarta-feira (24), o Serviço Veterinário Oficial do estado já havia vistoriado todas as propriedades dentro do raio de três quilômetros (área perifocal) e iniciava revisitações a estes locais. Foram visitados 78% dos estabelecimentos incluídos no raio de dez quilômetros (área de vigilância) a partir do foco. Somando as duas áreas, são 858 propriedades no total, entre granjas comerciais e criações de subsistência.

As barreiras sanitárias continuam funcionando, ininterruptamente, em quatro pontos na área perifocal e dois locais na área de vigilância. Até o momento, foram abordados 726 veículos alvo na área perifocal e 415 na área de vigilância.

Após o caso confirmado que levou ao decreto de estado de emergência zoossanitária, não houve novas suspeitas de foco da doença. Duas amostras coletadas no município de Progresso, com suspeita fundamentada de síndrome respiratória e nervosa das aves, foram encaminhadas para o Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de Campinas (SP) e apresentaram resultado negativo.

Todas as suspeitas da doença, que incluem sinais respiratórios, neurológicos ou mortalidade alta e súbita em aves, devem ser notificadas imediatamente à Secretaria da Agricultura, por meio da Inspetoria ou Escritório de Defesa Agropecuária, pelo sistema e-Sisbravet ou pelo WhatsApp (51) 98445-2033.

Fonte: Assessoria Seapi
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Avicultura

Carne de frango ganha cada vez mais espaço na mesa do brasileiro

Preço acessível, alto valor nutricional e ampla aceitação cultural e religiosa estão entre as vantagens da proteína.

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Produção do frango é mais rápida e sustentável do que outras proteínas - Foto: Jonathan Campos

Considerada uma das melhores opções nutricionais para compor o cardápio, a carne de frango é a proteína animal mais consumida no Brasil. A preferência é atribuída a vários fatores, incluindo preço acessível, alto valor nutricional, versatilidade na culinária e ampla aceitação cultural. De acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), em 2023, o consumo per capta de carne de frango no país chegou a aproximadamente 45,1 kg, confirmando suas vantagens nutricionais e acessibilidade econômica. Em 2009, o consumo individual no Brasil era de 37,5 kg por ano, mas vem crescendo a cada ano.

Nesse mercado, o Paraná é o maior produtor e exportador de aves e derivados do Brasil. O estado é responsável por cerca de 36% da produção nacional, além de 42% do volume de exportações do segmento. O empresário Roberto Kaefer, presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar), destaca que os mercados nacional e internacional estão atentos às vantagens e ao custo-benefício da carne de frango, o que vem impulsionando a demanda gradativamente. “Além do consumo interno, o produto brasileiro tem compradores em diversos países, em especial na Ásia e Oriente Médio, que são locais com grande demanda em função de questões religiosas e culturais”, analisa.

Em países com predominância de culturas muçulmanas e hindus, o consumo de carne bovina é proibido ou restrito devido às práticas religiosas. O frango, por outro lado, é amplamente aceito, pois não está sujeito às mesmas restrições religiosas. “Além disso, a culinária asiática e do Oriente Médio inclui muitas receitas tradicionais que utilizam carne de frango”, comenta Kaefer.

Custo-benefício

A eficiência produtiva da carne de frango é outro diferencial. Cassiano Marcos Bevilaqua, diretor associado de Marketing LatCan, explica que a produção de frango possui um ciclo significativamente mais curto e econômico comparado a outras proteínas animais. Segundo ele, um frango consome cerca de 1,5 kg de ração para cada quilo de carne produzida, levando aproximadamente 42 dias para atingir o peso ideal de abate. O prazo é bem inferior ao da produção de suínos e bovinos, que têm ciclos de produção muito mais longos e menos eficientes.

Bevilaqua fala que um porco, por exemplo, precisa consumir 3 kg de ração e leva mais de 150 dias para ser abatido. No caso do boi, a taxa de conversão é de 4×1 e precisa de pelo menos dois anos para ser abatido. “Por ter um ciclo mais rápido e mais eficiência produtiva, o frango elimina menos dejetos, consome menos alimento e necessita de menos espaço para a produção, o que torna a carne de frango muito mais sustentável do que as demais”, esclarece.

Dieta equilibrada

Foto: Divulgação/OP Rural

Um dos grandes atrativos da carne de frango é o seu valor nutricional. Trata-se de um alimento rico em proteínas de alta qualidade e que fornece todos os aminoácidos essenciais que o corpo humano necessita, segundo a USDA National Nutrient Database. Em 100 gramas de peito de frango cozido, por exemplo, há cerca de 31 gramas da proteína, essencial para o crescimento e reparação dos tecidos.

Outra vantagem é o baixo teor de gorduras saturadas, especialmente quando consumida sem pele, com aproximadamente 3,6 gramas de gordura total por 100 gramas, e um total de 165 kcal. A carne de boi, por outro lado, contém mais gorduras saturadas (10g de gordura total por 100g de carne magra cozida) e é mais calórica (250 kcal por 100g). O mesmo ocorre com os suínos, que tem de 10 a 12g de gordura total por 100g de carne magra cozida e 242 kcal.

Composição nutricional

Roberto Alexandre Yamawaki, gerente de Serviços Técnicos e Produtos para a América Latina da Hubbard, aponta outros benefícios nutricionais. Ele pontua a presença de nutrientes que são essenciais para a dieta, tais como aminoácidos essenciais e proteínas de alta qualidade, importantes para a construção e reparação de tecidos, bem como para a produção de enzimas e hormônios.

Segundo o especialista, o consumo regular de carne de frango oferece múltiplos benefícios para a saúde. A inclusão da proteína na dieta pode ajudar no controle de peso, fortalecer o sistema imunológico, melhorar o crescimento muscular e fornecer energia sustentável.

Entre os nutrientes presentes no frango estão Omega-6 e colina, vitaminas do Complexo B – como Vitamina B3 (Niacina), Vitamina B6 (Piridoxina) e a Vitamina B12 (Cobalamina) –, além de minerais como fósforo, selênio e zinco. “A carne de frango possui vários benefícios específicos que a torna uma escolha adequada e popular para o consumo. Pois ela possui uma grande versatilidade culinária, o que a torna uma opção prática para diferentes refeições e estilos de culinária”, reforça.

Sindiavipar

O Sindiavipar representa as indústrias de produtos avícolas. A carne de frango produzida no Paraná é exportada para 150 países.

O processamento de aves no Paraná se concentra em 29 municípios e 35 indústrias. Além disso, a avicultura gera 95,3 mil empregos diretos e cerca de 1,5 milhão de empregos indiretos no Estado. São mais de 19 mil aviários, aproximadamente e 8,4 mil propriedades rurais distribuídas em 312 municípios paranaenses. As indústrias associadas ao Sindiavipar são responsáveis por 94% da produção estadual.

Segundo o Relatório da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o Brasil ocupa o primeiro lugar no mercado global de carne de frango, sendo o principal exportador do produto.

 

Fonte: Assessoria Sindiavipar
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