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Embrapa Gado de Leite destaca avanços e tendências no processo reprodutivo

Bruno Campos de Carvalho, chefe adjunto de Transferência de Tecnologia da EMBRAPA, garante que daqui a alguns anos as vacas terão sensores individuais para detectar o cio e possíveis enfermidades

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O Presente Rural procurou a Embrapa Gado de Leite, de Juiz de Fora, MG, para falar um pouco mais obre o que há de mais atual sendo utilizado nos processos reprodutivos, da sanidade à nutrição, passando por ambiência, manejo e inseminação artificial. Bruno Campos de Carvalho, chefe adjunto de Transferência de Tecnologia da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, destaca alguns avanços recentes em relação à reprodução de gado de leite no que tange sanidade, ambiência, nutrição. Ele garante, daqui a alguns anos as vacas terão sensores individuais para detectar o cio e possíveis enfermidades.

“Com relação à sanidade, os avanços recentes mais importantes dizem respeito ao conhecimento de como o metabolismo no período de transição afeta a imunidade do animal. A redução da resposta imune antes e após o parto afeta a incidência de retenção de placenta e de infecções uterinas. O metabolismo energético, relacionado principalmente à mobilização de reservas corporais e circulação de elevadas concentrações sanguíneas de ácidos graxos não esterificados, e o metabolismo do cálcio, relacionado principalmente à hipocalcemia subclínica, afetam a atividade das células de defesa”, revela. “Neste caso, especialmente os neutrófilos têm sua capacidade de fagocitose de bactérias reduzida, quando as concentrações de ácidos graxos não esterificados estão altas ou as concentrações de cálcio estão baixas. Isso tem levado a melhorias no manejo de vacas no pré-parto, com o uso de aditivos e vitaminas que melhorem o metabolismo energético e do cálcio. O resultado tem sido a redução da incidência de problemas reprodutivos, com benefícios além da redução das doenças em si, mas também redução do tempo para a primeira inseminação artificial e aumento da taxa de concepção”, sugere.

Esses ganhos em sanidade, emenda Campos de Carvalho, estão muito relacionados com a nutrição animal, pois o uso de tecnologias como dietas aniônicas e a suplementação com  metionina ou colina protegidas da degradação ruminal têm melhorado, respectivamente, o metabolismo do cálcio e energético.

O profissional da Embrapa conta porque é importante o pecuarista de leite ganhar na fase de reprodução. “A gestação e o parto são as melhores formas de promover a lactação na vaca. Para a vaca dar leite, ela precisa parir. O ideal é que ocorra um parto a cada 12 meses, de forma que a vaca produza leite durante 10 meses (305 dias) e descanse por 2 meses, para se preparar para uma nova lactação. Quando a eficiência reprodutiva não está bem, ou seja, o intervalo de partos é maior que 12 meses, ocorrem perdas produtivas, como redução da porcentagem de vacas em lactação e redução média da produção de leite das vacas”, orienta.

Índices

Conforme o chefe adjunto de Transferência de Tecnologia, não existem muitos estudos sobre índices reprodutivos ideais no Brasil, alguns parâmetros tentam ser alcançados, mas muito pecuarista está muito aquém do esperado. “Não existe um levantamento preciso dos índices reprodutivos. Alguns trabalhos reportam intervalos de parto entre 14 e 18 meses. O ideal é que uma propriedade tenha cerca de 80 na 85% de vacas em lactação. Entretanto, é comum observar taxas menores, de 50 a 70% de vacas em lactação, o que demonstra um claro prejuízo para o produtor, com redução do potencial de produção de leite da propriedade”, acentua. De acordo com ele, consideram-se índices satisfatórios intervalos de parto entre 12 e 13,5 meses.

Genética

O especialista explica que características reprodutivas apresentam, de forma geral, baixa herdabilidade. Ou seja, o ambiente interfere muito mais na fertilidade do rebanho do que a genética. “Entretanto, é possível melhorar a eficiência reprodutiva através do uso de touros melhoradores. Características como taxa de prenhez das filhas, intervalo de partos, vida produtiva, entre outros, são índices que avaliam de forma direta ou indireta a fertilidade, e podem ser considerados na seleção de touros para acasalamento”, explica.

Ele destaca que “a genômica teve papel importante em aumentar a confiabilidade das avaliações de características reprodutivas e também pela identificação de touros portadores de doenças genéticas ou alelos recessivos que possam afetar a taxa de concepção ou a fertilidade de vacas, sendo possível selecionar touros por essas características”.

A Embrapa Gado de Leite coordena os programas de melhoramento genético das raças Gir Leiteiro, Guzerá para Leite e Girolando. Para estas raças, é realizado o teste de progênie. As informações fenotípicas são usadas para a avaliação genética dos animais do rebanho. Tratam-se das informações zootécnicas, como idade, data de parto, produção de leite, etc., que são usadas para caracterizar o animal. Essas informações são a base das avaliações genéticas.

Biotecnologias reprodutivas

Para o pesquisador da Embrapa, a Inseminação Artificial em Tempo Fixo contribuiu para a melhoria da eficiência do processo reprodutivo e reduziu um dos maiores problemas nas fazendas, a falta de detecção do cio. “A IATF, inseminação artificial em tempo fixo, é uma tecnologia que permite o uso de protocolos hormonais para indução e sincronização do cio e ovulação, de forma que a inseminação seja realizada em momento pré-estabelecido. Tem facilitado a adoção da inseminação artificial e contribuído para a melhoria do desempenho reprodutivo. Este último, principalmente devido à baixa eficiência na detecção de cio, um dos maiores problemas do manejo reprodutivo”, aponta.

O profissional cita que entre as novas tecnologias, o Brasil é líder. “O Brasil atualmente é o líder mundial na produção de embriões in vitro. A produção in vitro de embriões é uma das principais biotecnologias da reprodução hoje, com mais de 400 mil embriões produzidos anualmente”, comenta. “Acelera o melhoramento genético por permitir a seleção das melhoras vacas do rebanho, que podem ser acasaladas com touros de alto valor genético para a produção de animais superiores. Além disso, permite a utilização de sêmen sexado, com a produção de mais de 85% de fêmeas, o que é muito interessante para a pecuária leiteira. Atualmente, existem muitos programas de melhoramento genético fomentados por laticínios e cooperativas que têm por base a produção in vitro de embriões”, salienta o profissional.

A edição gênica é outra biotecnologia iminente no Brasil, comenta. “A edição gênica permite controlar a expressão de genes específicos, permitindo ou inibindo a expressão de proteínas de interesse. É um método ainda muito utilizado em animais de laboratório, e que só agora começa a ser usado em animais de produção. A Embrapa vem desenvolvendo pesquisas para entender o funcionamento e aplicabilidade da técnica, de forma que num futuro próximo, após regulamentação, possam ser desenvolvidas aplicações de interesse para a agropecuária”, comenta.

Ainda conforme o pesquisador, espera-se uma evolução no uso das técnicas, com aumento da eficiência reprodutiva e que um maior número de produtores possa adotar técnicas e práticas modernas. “Um ponto que tende a evoluir é o uso de sensores de monitoramento automatizado da atividade animal. Tratam-se de equipamentos, geralmente colares, que monitoram a atividade física do animal e auxiliam na detecção precoce de doenças e na detecção do cio. Ainda é uma tecnologia relativamente cara, mas cujo custo deve abaixar com o aumento de sua adoção”, aponta.

Mais informações você encontra na edição de Bovinos, Grãos e Máquinas de agosto/setembro de 2018 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Primeiro trimestre de 2024 se encerra com estabilidade nos custos

Apesar da leve recuperação nas cotações de grãos no período, os preços de insumos destinados à dieta animal continuaram recuando.

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O Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira se manteve estável de fevereiro para março, considerando-se a “média Brasil” (bacias leiteiras de Bahia, Goiás, Minas Gerais, Santa Catarina, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul). Com isso, o primeiro trimestre de 2024 se encerrou com uma leve retração no custo, de 0,3%. Apesar da leve recuperação nas cotações de grãos no período, os preços de insumos destinados à dieta animal continuaram recuando.

Dessa forma, os custos com o arraçoamento do rebanho acumulam queda de 1,8%. Sendo este o principal componente dos custos de produção da pecuária leiteira, reforça-se que a compra estratégica dos mesmos pode favorecer o produtor em períodos adversos.

No mercado de medicamentos, o grupo dos antimastíticos foi o que apresentou maiores elevações em seus preços, sobretudo em MG (1,2%) – este movimento pode ter sido impulsionado por chuvas intensas em algumas regiões do estado ao longo do mês.

Por outro lado, produtos para controle parasitário registraram leves recuos, enquanto vacinas e antibióticos ficaram praticamente estáveis. Tendo em vista o preparo para o plantio das culturas de inverno nesta época do ano, foi possível observar valorização de 7,4% das sementes forrageiras na “média Brasil”, com os avanços chegando a ficar acima de 10% no Sul do País.

Tal atividade também impacta diretamente o mercado de fertilizantes, que registou recuperação de 0,3% na “média Brasil”. Por outro lado, o mercado de defensivos agrícolas apresentou queda de 0,4%, a qual foi associada ao prolongamento das chuvas em algumas regiões, o que reduz, por sua vez, a demanda por tais insumos.

De maneira geral, a estabilidade nos preços dos principais insumos utilizados e a elevação do preço do leite pago ao produtor contribuíram para a diluição dos custos da atividade leiteira no período, favorecendo a margem do produtor.

Cálculos do Cepea em parceria com a CNA, tomando-se como base propriedades típicas amostradas no projeto Campo Futuro, apontam elevações de 4% na receita total e de 30% na margem bruta (o equivalente a 9 centavos por litro de leite), considerando-se a “média Brasil”.

Relação de troca

Em fevereiro, a combinação entre valorização do leite e a queda no preço do milho seguiu favorecendo o poder de compra do pecuarista leiteiro. Assim, o produtor precisou de 28 litros de leite para adquirir uma saca de 60 kg do grão – o resultado vem se aproximando da média dos últimos 12 meses, de 27 litros/saca.

Fonte: Por Victoria Paschoal e Sérgio Lima, do Cepea
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Menor oferta de matéria-prima mantém preços dos derivados em alta

Cotações médias do leite UHT e da muçarela foram de R$ 4,13/litro e R$ 28,66/kg em março, respectivas altas de 3,9% e 0,25%, em termos reais, quando comparadas às de fevereiro.

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Foto: Rubens Neiva

Impulsionados pela menor oferta no campo, os preços do negociados no atacado de São Paulo subiram pelo terceiro mês consecutivo. De acordo com pesquisas diárias do Cepea, realizadas em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB ), as cotações médias do leite UHT e da muçarela foram de R$ 4,13/litro e R$ 28,66/kg em março, respectivas altas de 3,9% e 0,25%, em termos reais, quando comparadas às de fevereiro.

Já em relação ao mesmo período do ano passado, verificam-se desvalorizações reais de 9,37% para o UHT e de 8,53% para a muçarela (valores deflacionados pelo IPCA de março).

O leite em pó fracionado (400g), também negociado no atacado de São Paulo, teve média de R$ 28,49/kg em março, aumento de 0,99% no comparativo mensal e de 9,6% no anual, em termos reais.

A capacidade do consumidor em absorver altas ainda está fragilizada, e o momento é delicado para a indústria, que tem dificuldades em repassar a valorização da matéria-prima à ponta final.

Agentes de mercado consultados pelo Cepea relatam que as vendas nas gôndolas estão desaquecidas e que, por conta da baixa demanda, pode haver estabilidade de preços no próximo mês.

Abril

As cotações dos derivados lácteos seguiram em alta na primeira quinzena de abril no atacado paulista.

O valor médio do UHT foi de R$ 4,21/litro, aumento de 1,99% frente ao de março, e o da muçarela subiu 0,72%, passando para R$ 28,87/kg.

O leite em pó, por outro lado, registrou queda de 2,04%, fechando a quinzena à média de R$ 27,91/

Colaboradores do Cepea afirmaram que os estoques estão estáveis, sem maiores produções devido às dificuldades de escoamento dos produtos

Fonte: Por Ana Paula Negri e Marina Donatti, do Cepea.
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Preço ao produtor avança, mas dificuldade em repassar altas ao consumidor preocupa

Movimento altista no preço do leite continua sendo justificado pela redução da oferta no campo.

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Foto: JM Alvarenga

O preço do leite captado em fevereiro registrou a quarta alta mensal consecutiva e chegou a R$ 2,2347/litro na “Média Brasil” do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP.

Em termos reais, houve alta de 3,8% frente a janeiro, mas queda de 21,6% em relação a fevereiro de 2023 (os valores foram deflacionados pelo IPCA). Pesquisas em andamento do Cepea apontam que o leite cru captado em março deve seguir valorizado, com a Média Brasil podendo registrar avanço em torno de 4%.

Fonte: Cepea/Esalq/USP

O movimento altista no preço do leite continua sendo justificado pela redução da oferta no campo. O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea caiu 3,35% de janeiro para fevereiro, acumulando baixa de 5,2% no primeiro bimestre deste ano. Nesse contexto, laticínios e cooperativas ainda disputam fornecedores para garantir o abastecimento de matéria-prima.

A limitação da produção se explica pela combinação do clima (seca e calor) com a retração das margens dos pecuaristas no último trimestre do ano passado, que reduziram os investimentos dentro da porteira. Porém, a elevação da receita e a estabilidade dos custos neste primeiro trimestre têm contribuído para melhorar o poder de compra do pecuarista frente aos insumos mais importantes da atividade.

A pesquisa do Cepea, em parceria com a CNA, estima que a margem bruta se elevou em 30% na “média Brasil” nesse primeiro trimestre. Apesar da expectativa de alta para o preço do leite captado em março, agentes consultados pelo Cepea relatam preocupações em relação ao mercado, à medida que encontram dificuldades em realizar o repasse da valorização no campo para a venda dos lácteos.

Com a matéria-prima mais cara, os preços dos lácteos no atacado paulista seguiram avançando em março. Porém, as variações observadas na negociação das indústrias com os canais de distribuição são menores do que as registradas no campo.

Ao mesmo tempo, as importações continuam sendo pauta importante para os agentes do mercado. Os dados da Secex mostram que as compras externas de lácteos em março caíram 3,3% em relação a fevereiro – porém, esse volume ainda é 14,4% maior que o registrado no mesmo período do ano passado.

Fonte: Por Natália Grigol, do Cepea.
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