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Bovinos / Grãos / Máquinas Pecuária de Corte

Desmama precoce aumenta prenhez em mais de 20%

Estratégia proporciona condições físicas para que em 45 dias a matriz volte a emprenhar e retorne à ciclicidade

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Josimar Lima

Pesquisas conduzidas pela Embrapa Pantanal e Embrapa Gado de Corte, ambas em Mato Grosso do Sul, registraram que a desmama precoce promoveu aumento ao redor de 20% na taxa de prenhez das matrizes e manutenção no ganho de peso dos bezerros. A desmama precoce na pecuária de corte é um tema que causa certa apreensão nos produtores rurais e, desde 2011, pesquisadores das duas Unidades da Embrapa estudam o tema considerado uma tática para a intensificação pecuária, principalmente, em solos com baixa aptidão agrícola.

Os pesquisadores da Embrapa Urbano Gomes e Luiz Orcírio de Oliveira explicam que desmamar precocemente o bezerro é uma alternativa para melhorar o escore corporal das fêmeas, pois logo após o parto elas entram em balanço energético negativo e optam, naturalmente, pela sobrevivência e alimentação da cria. Assim, os índices de reconcepção declinam. “[Com a tática], tivemos lotes que passaram de 76% para 93% de taxa de prenhez, 72% para 92% e alguns atingiram 94% de concepção. Um aumento superior a 18 pontos percentuais, correspondendo em média a, aproximadamente, 25%. A estratégia proporciona condições físicas para que em 45 dias a matriz volte a emprenhar e retorne à ciclicidade”, afirmam. Uma desmama convencional dura entre sete e oito meses; a precoce cai para 110 dias.

Eles ressaltam que as propriedades de cria geralmente se localizam em regiões mais pobres em fertilidade de solo ou com pastagens de menor valor nutricional, como as do Bioma Pantanal. Entretanto, a fase de cria é a mais exigente para os animais e seus efeitos se refletem em todo o ciclo produtivo. Em uma propriedade de pecuária extensiva, comum no bioma pantaneiro, as taxas médias de desmama são menores que 60%, por exemplo. Para taxas de prenhez acima de 90% com uma prática economicamente viável, os especialistas reforçam o uso de Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) nas fêmeas recém-paridas e, depois, repasse com touros no final da estação de monta.

Na fazenda Real, localizada no Pantanal sul-mato-grossense, onde os experimentos com cria rodaram, o gerente-geral Célio Silva Júnior ratifica que a diferença na reconcepção das matrizes foi marcante. “Elas recuperaram o escore corporal e voltaram a ciclar, em pouco tempo, com sucesso reprodutivo. O aumento da fertilidade das vacas pagou a conta dos bezerros desmamados precocemente.” A propriedade de nove mil hectares contava com, aproximadamente, cinco mil animais; desses, 2.300 eram matrizes.

Suplementação para os bezerros

A mudança eleva os custos de produção, principalmente em rações para suplementar a alimentação dos bezerros desmamados. A equipe de pesquisa, então, avaliou os animais cruzados e da raça Nelore, distribuídos em grupos, frutos de IATF, submetidos a desmamas precoces com alto nível (1% do peso vivo ajustado quinzenalmente) ou baixo nível (1,2 kg/animal/dia – sem ajustes no período) de suplementação (ração para bezerros), ambos comparados com a convencional (permanecendo com suas mães).

A suplementação é fundamental entre 110 e 240 dias de idade. A partir disso, permitem-se adequações, já que o animal está totalmente apto a alimentar-se de pastagens. “Se o produtor vender o bezerro por quilo de peso vivo, compensa fazer o tratamento de alta energia. Caso opte por engordar o animal, mantê-lo no rebanho não compensará, pois o bezerro da desmama convencional diminui a diferença de peso ao longo de seu ciclo de vida”, esclarece Luiz Orcírio de Oliveira.

Outro fator relevante é o bem-estar animal. Segundo o pesquisador, o bovino desmamado não depende da condição nutricional da mãe e tampouco de sua habilidade materna, o que o capacita para superar o período de seca e os próximos desafios como ruminante, nas fases de recria e engorda. Todavia, o animal exige atenção durante o período de adaptação, ao redor de 14 dias, com profissionais habilitados a conduzi-lo aos cochos durante essa fase, assim como uma pastagem bem manejada para consumo posterior.

O administrador Célio Silva Júnior comenta que antes de adotar a desmama precoce em todo o rebanho, foram organizados lotes-teste, com 100 animais, para os empregados de campo aprenderem sobre o novo manejo e os bezerros, a buscar alimento. Concomitantemente, a fazenda adaptou-se com ajustes em infraestrutura, como piquetes menores, cochos e piletas. O condicionamento dos animais e da equipe de trabalho foi feito duas vezes ao dia durante o período de adaptação.

O ganho de peso na primeira fase de vida dos bovinos de corte também chamou a atenção e é crucial para analisar o sistema de produção em seus aspectos econômicos e ambientais.

Figura 1. Peso ajustado aos 300 dias de idade, dos bezerros Cruzados e Nelore, submetidos aos tratamentos de DP.
DPAA – Peso dos bezerros cruzados (Angus x Nelore) submetidos à desmama precoce e suplementados com alta energia;
DPAB – Peso dos bezerros cruzados (Angus x Nelore) submetidos à desmama precoce e suplementados com baixa energia;
DPNA – Peso dos bezerros Nelore submetidos à desmama precoce e suplementados com alta energia;
DPAB – Peso dos bezerros Nelore submetidos à desmama precoce e suplementados com baixa energia;
DCN – Peso dos bezerros Nelore submetidos à desmama convencional aos oito meses de idade.

Além de melhorar a receita da propriedade, é possível proporcionar mais sustentabilidade ao sistema de cria com menor número de matrizes “vazias”, reduzindo o custo ambiental por quilo de bezerro produzido. “A desmama precoce é uma ferramenta que oferece sustentabilidade ao processo, eficiência e otimização. Ao fim, o aumento na prenhez compensa o custo da alimentação”, afirma Luiz Orcírio.

Bom retorno financeiro

Na propriedade, os pesquisadores avaliaram também os impactos da implantação das tecnologias: desmama precoce, suplementação de bezerros e vacas, Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) e ferramentas de gestão para verificar a viabilidade do sistema. Eles estimaram o índice de BCR, que relaciona os custos e benefícios do sistema, em R$1,70, ou seja, para cada real investido no sistema intensificado, o produtor cobriu o investimento e ainda recebeu 70 centavos de retorno líquido.

A receita da propriedade foi formada pela venda de touros e vacas gordas para abate, novilhas, bezerros e bezerras. O principal produto foi a venda de bezerros, cuja receita correspondeu a 47% do total da entrada de caixa. No mesmo ano, foram comercializados mais de 1,4 mil animais: 416 vacas e 11 touros para abate, 734 bezerros e 284 bezerras. A receita chegou a ultrapassar R$ 1,7 milhão.

“Melhorando a produtividade anual de bezerros, a cadeia inteira tem um bom reflexo porque essa é a base de todo o sistema. A taxa de natalidade passou de índices inferiores a 60% para quase 90% com a realização da desmama”, pontua Gomes. Ele destaca, porém, que esses números foram atingidos com a implantação da desmama associada às tecnologias que integram o pacote de intensificação proposto pela equipe de pesquisa, como a IATF e a suplementação alimentar dos animais. O produtor que realiza a cria passa a fazer maior receita com categorias de fêmeas prontas para abate (vacas e novilhas gordas), mudando o perfil do negócio de maneira significativa.

“A técnica é efetiva em todo o Brasil, ainda que seja preciso avaliar questões de logística e gestão para sua aplicação, mas ainda é a forma mais barata de melhorar o desempenho reprodutivo de todo o gado, por meio da suplementação dos bezerros”, analisa o pesquisador da Embrapa.

Programa Mais Precoce

O resultado integra o arranjo + Precoce, conjunto de projetos de pesquisa no qual o experimento se insere. Executado desde 2014 pelos pesquisadores da Embrapa Gado de Corte e Embrapa Pantanal, a proposta busca alinhar-se aos problemas enfrentados pela cadeia do novilho precoce. Uma das soluções geradas pelo programa é a prática IATF + Cio, que adota o uso de bastões marcadores para auxiliar a identificação de cio e a aplicação de hormônio (GnRH) no momento da inseminação artificial por tempo fixo (IATF). Além disso, resultados indicam também que a suplementação aglomerada, em mínimos grânulos, oferece menor empedramento e perdas nas chuvas, chegando a 16% quando comparada ao material em pó comercializado pela maioria das empresas de nutrição animal.

A iniciativa tem como instituições parceiras a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Universidade Federal do Ceará (UFC) e Universidade Estadual de Londrina (UEL); a Associação Brasileira de Produtores Orgânicos (ABPO) e a Associação Sul-Mato-Grossense de Produtores de Novilho Precoce (ASPNP).

Em 2019, a equipe disponibilizará uma plataforma web com os dados de vários sistemas de produção do novilho precoce, permitindo ao usuário simular qual será o retorno econômico desses sistemas em sua própria realidade.

Fonte: Embrapa Pantanal

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Rentabilidade ao produtor de leite melhora impulsionada pela redução dos custos de produção e pela sazonalidade da oferta

Mercado de leite enfrenta um cenário desafiador, marcado por incertezas, queda na oferta interna e nos preços ao consumidor.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

O mercado nacional e global de leite ainda segue sob grandes incertezas. Na área internacional, os preços perderam um pouco o ritmo de elevação, influenciado principalmente, por uma menor demanda chinesa. Além disso, o gigante asiático vem estimulando a produção interna substituindo parte da importação.

O leite em pó integral fechou em US$3.269/tonelada no leilão GDT do dia 16 de abril. No mesmo mês em 2023 este preço estava no patamar de US$ 3.100/tonelada. Na Argentina, a oferta de leite segue complicada por uma piora na rentabilidade nas fazendas. Nos dois primeiros meses do ano, a produção de leite da Argentina caiu 13,6% na comparação com o mesmo período do ano passado.

Foto: Ari Dias

Já no mercado interno, as cotações de leite e derivados vêm reagindo, mas o cenário de menor competitividade em preços e queda de braço com as importações permanece. No primeiro trimestre de 2024, as importações brasileiras totalizaram 560 milhões de litros, com alta de 10,8% em relação a 2023. O diferencial de preços, tanto do leite em pó quanto do queijo muçarela, está mais favorável ao derivado importado.

Enquanto isso, governos estaduais tem se manifestado com medidas tributárias e fiscais para tentar reduzir a entrada de derivados lácteos oriundos do exterior. Vale lembrar que em 2023 as importações responderam por 9% da produção doméstica e um recuo nesse volume tende a deixar a oferta mais restrita, sustentando os preços internos. Mas também irá exigir uma resposta mais rápida da produção interna, suprindo a demanda brasileira.

Sazonalidade da produção de leite

A sazonalidade da produção de leite no Brasil é bastante pronunciada, mesmo considerando o crescimento dos sistemas de produção de maior adoção de tecnologias. Os meses de abril, maio e junho são aqueles de menor produção de leite e isso acaba refletindo nos preços neste momento. Os mercados de leite UHT e queijo muçarela tem registrado valorizações, ainda que modestas.

O preço ao produtor também vem registrando elevação, pelo quarto mês consecutivo.

Do ponto de vista macroeconômico, os indicadores de crescimento do PIB vêm melhorando, com perspectivas de expansão próxima de 2% em 2024. No comércio, as vendas dos supermercados seguem positivas, com expansão de 4,7% nos últimos 12 meses, enquanto a média do comércio em geral mostrou elevação de apenas 1,7%. Os indicadores do mercado de trabalho têm registrado crescimento importante. Em janeiro o salário real médio do brasileiro cresceu 4% sobre janeiro de 2023. O número de pessoas ocupadas também aumentou.

Foto: Fernando Dias

O preço dos lácteos ao consumidor, por outro lado, recuaram 2,8% nos últimos doze meses. No caso do UHT, a queda foi de 5,6%, o que acaba ajudando nas vendas. Neste mesmo período a inflação brasileira foi de 3,9%. Ou seja, os lácteos vêm contribuindo para redução da inflação brasileira neste momento.

Custo de produção

Na atividade de produção de leite, as informações de custo de produção têm mostrado um cenário mais positivo. Os preços de importantes insumos recuaram, contribuindo com queda no ICPLeite-Embrapa que, nos últimos 12 meses finalizados em março de 2024, apresentou recuo de 5,58%.

O farelo de soja recuou de 23% em relação a abril de 2023, ficando abaixo de R$2 mil/tonelada. No caso do milho, a queda foi também importante, com o cereal recuando 18,5% na comparação anual. Portanto, a combinação de recuo nos custos de produção com elevação no preço do leite vai sinalizando um ambiente de recuperação de rentabilidade para o produtor de leite, após um cenário difícil observado no segundo semestre de 2023.

Cadeia produtiva do leite

De todo modo, é importante avançar em uma agenda de competitividade da cadeia produtiva do leite, sobretudo com foco em melhorias na eficiência média das fazendas e na gestão. Tem sido observado uma heterogeneidade muito grande nos custos de produção de leite, em alguns casos com diferenças de até R$ 0,80 por litro. A importação traz perdas econômicas relevantes para o setor lácteo no Brasil, mas buscar cotações mais alinhadas ao cenário global é uma forma de reduzir estruturalmente as compras externas. Para isso a competitividade em custos é determinante. O momento ainda é de bastante incerteza, inclusive global. Internamente, a entressafra pode dar um fôlego para a alta recente dos preços de leite.

Fonte: Assessoria Centro de Inteligência do Leite
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Touros participantes do PNAT 2024 começam a chegar à Fazenda Escola da Fazu

Mais de 130 reprodutores de seis raças zebuínas participam do PNAT 2024, em Uberaba (MG).

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Foto: Divulgação/ABCZ

Os touros participantes da edição deste ano do Programa Nacional de Avaliação de Touros Jovens (PNAT) já estão na Fazenda Escola da Faculdades Associadas de Uberaba (Fazu), em Uberaba (MG). Mais de 130 reprodutores de seis raças zebuínas participam do PNAT 2024: Brahman, Guzerá, Nelore, Nelore Mocho, Sindi e Tabapuã.

Após a chegada, os animais passaram por um período de adaptação ao ambiente da fazenda, onde foram realizadas as provas do TDEA (Teste de Desempenho e Eficiência Alimentar). “Todos os animais que participam da prova na Fazu foram previamente selecionados nas fazendas, sendo que somente os animais geneticamente superiores e que apresentaram um biótipo classificado como ‘Muito Bom’ ou ‘Excelente’, na avaliação visual realizada por um técnico da ABCZ,  participam dessa etapa”, afirma o superintendente técnico adjunto de Fomento do Leite da ABCZ, Carlos Henrique Cavallari Machado.

O supervisor de Provas Zootécnicas da ABCZ, Paulo Ricardo Martins Lima, explica como é feito o TDEA. “Essa etapa inclui várias avaliações, como a visual, pelo EPMURAS, ultrassom de carcaça e o consumo alimentar, com o ganho de peso e o CAR, mensurado nos cochos eletrônicos da fazenda”, aponta.

Os touros que se revelarem superiores nessas avaliações participarão da ExpoGenética, onde serão selecionados para produção de sêmen.
“Esses animais terão oportunidade de ir para uma central de inseminação, no intuito de distribuir material genético entre os rebanhos colaboradores participantes do PMGZ, com o objetivo de serem efetivamente testados, confirmando o valor genético superior do reprodutor”, explica Paulo.

Desde 2010, mais de 200 touros PNAT distribuíram mais de 145 mil doses de sêmen para quase 900 criadores que participam do PMGZ (Programa de Melhoramento Genético de Zebuínos).

Fonte: Assessoria ABCZ
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Inscrições ao 3º Prêmio Referência Leiteira vão até 14 de junho

Estão aptas para participarem, propriedades estabelecidas no Rio Grande do Sul e que comercializam leite cru in natura para indústria ou que processem o leite em agroindústria própria. Os vencedores serão conhecidas durante a Expointer 2024.

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Foto: Arnaldo Alves

As inscrições para a categoria “Cases de Sucesso” do 3º Prêmio Referência Leiteira encerram no dia 14 de junho. O regulamento e a Ficha de Inscrição estão disponíveis nos escritórios municipais da Emater/RS e também podem ser acessados clicando aqui.

“Ao longo das edições temos, através dos destaques, alcançado tanto a divulgação das melhores práticas, quanto o reconhecimento de quem se dedica no campo, bem como a propagação dessas ações como inspiração para quem está na produção”,  assinala o vice-coordenador do 3° Prêmio Referência Leiteira, Darlan Palharini, secretário-executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat/RS), entidade promotora da ação, juntamente com a Emater/RS e a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural (SDR).

Estão aptas para participarem, propriedades estabelecidas no Rio Grande do Sul e que comercializam leite cru in natura para indústria ou que processem o leite em agroindústria própria. As melhores práticas da produção leiteira gaúcha serão destacadas entre seis categorias de Cases: Inovação, Sustentabilidade Ambiental, Bem-estar Animal, Protagonismo Feminino, Sucessão Familiar e Gestão da Atividade Leiteira.

Conforme o regulamento, cada propriedade pode se inscrever em apenas uma das categorias através do envio das informações solicitadas no regulamento, em remessa única, por correio eletrônico, à Emater/RS (jries@emater.tche.br) e ao Sindilat (sindilat@sindilat.com.br).

As melhores em cada Cases de Sucesso, serão conhecidas durante a Expointer 2024, juntamente com as melhores nas categorias Propriedade Referência em Produção de Leite, divididas entre sistemas de criação a pasto com suplementação ou de semiconfinamento/confinamento.

Fonte: Assessoria Sindilat/RS
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CBNA – Cong. Tec.

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