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Suínos / Peixes

Dados preliminares do IBGE indicam estabilidade na produção no primeiro trimestre de 2024

O abate de suínos em 2023 aumentou 2,16% em toneladas e 1,25% em cabeças comparado ao ano anterior. No primeiro trimestre de 2024, houve um pequeno recuo de 0,99% em toneladas e 1,81% em cabeças em relação ao mesmo período de 2023, e uma redução de 1,56% em toneladas e 1,62% em cabeças comparado ao último trimestre de 2023.

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Foto: José Fernando Ogura

Na segunda semana de maio foram publicados pelo IBGE os dados preliminares de abate de suínos, bovinos e aves entre janeiro e março deste ano. Conforme apresentado na tabela 1, enquanto em 2023, o abate de suínos cresceu somente 2,16% em toneladas de carcaças e 1,25% em cabeças, quando comparado com o ano anterior, no primeiro trimestre de 2024 houve um pequeno recuo tanto em toneladas (-0,99%), quanto em cabeças (-1,81%), quando comparado com o mesmo período de 2023. Também em relação ao último trimestre do ano passado, houve redução nos volumes abatidos (-1,56% em toneladas e -1,62% em cabeças). Como normalmente os dados definitivos, a serem publicados em junho, trazem pequeno aumento dos números apurados, é possível afirmar que o abate de suínos iniciou 2024 com estabilidade.

Tabela 1 – Abate trimestral de 2022, 2023 e 1º trimestre de 2024 em toneladas de carcaças e cabeças (x1000) de suínos e evolução percentual em relação ao período anterior e o mesmo período do ano anterior. Dados do primeiro trimestre/24 são preliminares. Elaborado por Iuri P. Machado com dados do IBGE.

Com relação às exportações de carne suína brasileira in natura, apesar da queda significativa da participação da China nos embarques (tabela 2), os volumes totais nos primeiros quatro meses do ano se mantêm muito próximos do mesmo período do ano passado, com um aumento de apenas 1,7% (+5,8 mil toneladas).

Tabela 2 – Volumes exportados totais e para a China de carne suína brasileira in natura (em toneladas), mês a mês, em 2021, 2022, 2023 e 2024 (de janeiro a abril) e comparativo percentual de 2024 (em destaque) com o mesmo período do ano passado. Elaborado por Iuri P. Machado, com dados da Secex.

Ainda na tabela 2, é possível perceber a queda significativa dos embarques para a China ao longo deste ano. O gigante asiático que chegou a representar mais de 50% de nossas exportações, no acumulado deste ano totaliza pouco mais de 24% dos volumes. Porém, o crescimento dos embarques para outros destinos, como Filipinas, Japão, Coreia do Sul e Chile compensou a redução das compras chinesas (tabela 3). Em 2024 as Filipinas já ocupam o segundo lugar na destinação da carne suína brasileira, posição que nos últimos anos foi de Hong Kong, outro destino cuja redução dos volumes foi bastante expressiva.

Tabela 3 – Principais destinos da carne suína brasileira in natura exportada entre janeiro e abril de 2024, comparado com o mesmo período de 2023, com valor em dólar (FOB). Ordem estabelecida sobre volumes de 2024. Elaborado por Iuri P. Machado com dados da Secex.

Outro fator que chama a atenção em 2024 é a queda dos preços em dólar da carne suína brasileira exportada para praticamente todos os destinos; no primeiro quadrimestre deste ano a receita total foi 61,6 milhões de dólares (-7,4%) inferior ao mesmo período do ano passado (tabela 3).

Quando se analisa as exportações de carne suína in natura exclusivamente de abril de 2024 (tabela 4) é possível destacar dois pontos relevantes: a China reduzindo cada vez mais sua participação e com preço em dólar bem inferior à média e o México aparecendo na nona colocação, com pouco mais de 3,3 mil toneladas (3,4% do total).

Cabe lembrar que o México é um dos maiores importadores de carne suína no mundo e que no ano passado, abriu as portas para a carne suína brasileira, comprando, ao longo de 2023, pouco mais de 28 mil toneladas do Brasil (2,3% do total que exportamos), porém, desde novembro de 2023 o México não importava nossa carne suína, quando uma ação judicial perpetrada pelos suinocultores locais suspendeu as compras do Brasil. Resta saber se esta retomada observada em abril/24 se concretizará nos próximos meses.

Tabela 4 – Principais destinos da carne suína brasileira in natura exportada em abril de 2024, com valor em dólar (FOB). Elaborado por Iuri P. Machado com dados da Secex

Conforme demonstra a tabela 5, a seguir, com produção e exportação estáveis, a disponibilidade interna de carne suína também se manteve praticamente inalterada (-1,41%) no primeiro trimestre deste ano, muito similar ao que aconteceu com o frango (-0,16%). Por outro lado, o aumento considerável do abate de bovinos, batendo novo recorde de produção, mesmo com maior exportação desta carne, despejou 342 mil toneladas a mais no mercado doméstico somente nos primeiros três meses do ano.

Tabela 5 – Produção brasileira, exportação e disponibilidade interna mensais (em toneladas) das três carnes no primeiro trimestre de 2023 e 2024. Destaque (em amarelo) ao crescimento da produção, exportação e disponibilidade interna de carne bovina no período. Dados do primeiro trimestre/24 são preliminares. Elaborado por Iuri P. Machado com dados do IBGE e Secex.

Segundo o MBagro, dados não oficiais do SIF, indicam que também em abril/24 o volume de abate de bovinos superou o mesmo mês do ano passado em mais de 30% (em cabeças), mantendo as cotações do boi gordo em baixa (gráfico 1).

Gráfico 1 – Cotação do boi gordo (B3/Cepea) em São Paulo-SP (R$/@), nos últimos 2 anos, até dia 17/05/24. Fonte: Cepea

Se somarmos a disponibilidade interna das três proteínas no primeiro trimestre e projetarmos o consumo per capita, o resultado é um consumo de pouco mais de 100kg por habitante/ano. A título de comparação, no ano de 2023 o consumo de proteína animal no Brasil foi recorde com pouco mais de 96kg. Este cenário de alta oferta de proteínas é também um impeditivo de altas mais expressivas e consistentes na cotação da carne suína que vem estável desde o início do ano, mas que demonstra pequena reação no mês de maio (gráfico 2).

Gráfico 2 – Cotação da carcaça especial suína em São Paulo (SP), nos últimos 12 meses. Dados de maio/24 até dia 17/05. Fonte: Cepea

Iniciada a colheita da segunda safra de milho, com estabilidade nas cotações

A Conab divulgou dia 14 de maio o oitavo levantamento da safra 2023/24 que, depois de sucessivas reduções na expectativa de safra de milho, trouxe um aumento de quase 700 mil toneladas, com previsão de um total de 111,6 milhões de toneladas a serem colhidas (tabela 6). Ainda segundo a Conab, deste total, pouco mais de 86 milhões de toneladas devem ser produzidas na segunda safra, cuja colheita já iniciou em vários estados.

Tabela 6 – Balanço de oferta e demanda de MILHO no Brasil (em mil toneladas). Dados da safra 2022/23 atualizados em 14/05/24, sendo estoque final estimado para 31/01. Fonte: Conab

Algumas consultorias privadas, como MBagro e StoneX, preveem que a segunda safra possa atingir, e até ultrapassar a marca dos 90 milhões de toneladas. Porém, há alguns pontos de atenção que podem reduzir estas expectativas: o primeiro ponto é a recente cheia que devastou o Rio Grande do Sul, cuja colheita da primeira safra ainda não havia sido concluída, com perdas ainda não mensuradas de milho e soja não colhidos e dos grãos armazenados em zonas de alagamento.

Segundo MBagro, em 10 de maio estimava-se que ao redor de 700 mil toneladas de milho e 4,8 milhões de toneladas de soja estariam em risco no Rio Grande do Sul. Outro ponto de atenção é a estiagem e o calor acima do normal na região centro-sul do Brasil, cuja segunda safra de milho, em algumas regiões, ainda depende de precipitação. As regiões onde se espera maiores perdas em função da estiagem são o oeste do Paraná e o sul do Mato Grosso do Sul.

Por outro lado, a volumosa safra argentina, em fase de colheita e a boa perspectiva para a safra estadunidense, em fase final de plantio, têm contribuído para manter uma boa oferta mundial de milho, o que ajuda a manter as cotações do cereal em baixa no Brasil (gráfico 3).

Gráfico 3 – Preço do milho (R$/SC 60kg) em Campinas (SP), nos últimos 12 meses, até dia 17/05/24. Fonte: Cepea

Já o farelo de soja que vinha em queda ao longo dos primeiros meses do ano, apresenta pequeno viés de alta desde final de março/24, ultrapassando a cotação de 2 mil reais por tonelada em algumas praças no mês de maio. De fato, os custos de produção de suínos que vinham em queda ao longo deste ano, na maioria dos estados produtores (tabela 7), em abril/24 voltaram a subir. Mesmo assim, estima-se que a atividade tem determinado lucro desde meados do ano passado, um período de “calmaria” que há muito o setor não experimentava.

Tabela 7 – Custos totais (ciclo completo), preço de venda e lucro/prejuízo estimados nos três estados do Sul (R$/kg suíno vivo vendido) e em Goiás (trimestral), em 2023 e 2024 (até abril). Destaque (em amarelo) para os períodos em que presumidamente houve prejuízo. OBS: custo de Goiás levantado trimestralmente pela Embrapa. Elaborado por Iuri P. Machado com dados: Embrapa (custos) e Cepea (preço).

Considerações finais

Dados preliminares do IBGE confirmam o ajuste da oferta de demanda de carne suína, praticamente sem crescimento da produção e da disponibilidade interna, mas com grande aumento de oferta de carne bovina, o que impede maiores altas nos preços destas proteínas neste primeiro semestre.

As exportações demonstram a redução das receitas (em dólar) e das compras chinesas, porém a tão buscada pulverização de destinos da nossa carne suína, aos poucos vai se concretizando, com destaque para as Filipinas.

O presidente da ABCS, Marcelo Lopes, explica que com o início da colheita da segunda safra brasileira de milho e boas perspectivas para a safra estadunidense (em fase de plantio), não se espera mudança no curto prazo na tendência de baixa das cotações de milho. “O ano de 2024 se encaminha para ser um ano de estabilidade, com mercado ajustado, sem grandes oscilações nos custos e nos preços”, expõe.

Fonte: Assessoria ABCS

Suínos / Peixes

Pesquisa da Embrapa desenvolve salsicha, patê e apresuntado de tilápia

Perda na cadeia produtiva do pescado chega a 35%, o dobro do que é perdido na carne bovina, segundo dados da FAO. As pesquisas para aproveitamento do pescado integram o BRS Aqua, uma rede com mais de 240 integrantes da Embrapa, e mais de 60 parceiros, entre públicos e privados.

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Os novos produtos agregam valor á cadeia produtiva do pescado. Na foto, apresuntado de tilápia - Foto: Ângela Aparecida Lemos Furtado

Pesquisadores da Embrapa Agroindústria de Alimentos desenvolveram produtos alimentícios usando tilápia (Oreochromis niloticus), o peixe mais cultivado no País, que podem agregar valor a essa cadeia produtiva: hidrolisado proteico, salsicha com fibra de abacaxi e patê com fibra de abacaxi e embutido de carne tipo apresuntado. A Embrapa procura parceiros privados para levar os produtos ao mercado consumidor.

O trabalho ainda procura aproveitar resíduos da produção, dando sustentabilidade e evitando desperdícios. A cadeia do pescado gera grande volume de resíduos e tem seu crescimento associado a um possível problema ambiental. Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), a perda na cadeia produtiva do pescado chega a 35%, o que representa o dobro do que é perdido na carne bovina.

Fotos: Tomas May

Em outra frente, a Embrapa Agroindústria Tropical (CE) vem atuando no desenvolvimento de hidrogéis e nanoemulsões a partir da gelatina de tilápia, produtos que podem ser utilizados, pela indústria biomédica, como biocurativos, e também pela indústria de cosméticos. O pesquisador Men de Sá Moreira explica que os produtos apresentam propriedades antioxidantes e potencial de aplicação tópica.

Para se ter uma ideia do que é desprezado, o filé, produto principal da tilápia, representa, aproximadamente, apenas 30% do peixe. Os outros 70% que sobram do processo de filetagem são considerados sem grande valor comercial, sendo utilizados principalmente na fabricação de farinha de peixe e ração.

A pesquisadora Angela Furtado, da Embrapa, explica que a intenção da pesquisa é gerar produtos que garantam maior rentabilidade, além de contribuir para a sustentabilidade ambiental. “Utilizando os resíduos do processo de filetagem da tilápia chegamos a um hidrolisado com alto teor proteico e que pode ser amplamente utilizado em diferentes produtos, como alimentos, cosméticos, nutracêuticos e suplementos alimentares”, pontua Furtado.

Produtos da tecnologia do pescado
Patê de tilápia com fibra de abacaxi é preparado a partir de carne mecanicamente separada de tilápia e fibra de abacaxi. É um produto estéril comercialmente quando oferecido em latas mantidas em temperatura ambiente. É de fácil digestão e pode ser oferecido ao público infantil e terceira idade, que necessitam consumir proteína animal e que têm certa rejeição ao pescado inteiro.

O hidrolisado de gelatina de tilápia é altamente proteico; sua principal aplicação é como ingrediente em produtos alimentícios, cosméticos, em cápsulas ou em pó como produto natural, nutracêutico ou suplemento alimentar. Essa categoria de produto é reconhecida por atuar como regenerador dérmico (da pele) e de cartilagens.

O embutido de carne mecanicamente separada de tilápia na forma sólida é do estilo apresuntado. É moldado na forma cilíndrica com filme plástico do tipo cook-in, cozido e conservado sob refrigeração. Pode ser consumido sob a forma fatiada como embutidos do tipo mortadela ou presunto.

Já a salsicha de tilápia com fibra de abacaxi é processada a partir de carne mecanicamente separada (CMS) de tilápia-do-nilo e de farinha de resíduo de abacaxi (FRA), com teor reduzido de sódio e sem utilização de corantes. Trata-se de alimento que pode ser consumido diretamente.

Projeto BRS Aqua
As pesquisas para melhor aproveitamento do pescado integram o Projeto BRS Aqua, uma parceria entre Embrapa, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Secretaria Nacional de Aquicultura e Pesca do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA). Trata-se de uma rede, coordenada pela Embrapa Pesca e Aquicultura (TO), e dela fazem parte mais de 240 empregados de 23 unidades da empresa, além de mais de 60 parceiros, entre públicos e privados.

A indústria do pescado vem registrando aumentos no faturamento ano após ano. Estudo realizado pela Embrapa Pesca e Aquicultura (TO), em parceria com a Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), revelou que as exportações da piscicultura brasileira aumentaram 15% em faturamento em 2022, chegando a US$ 23,8 milhões.

Seja um parceiro da Embrapa
Para que esses produtos possam chegar ao mercado, a Embrapa necessita validá-los em ambiente industrial e, para isso, busca parceiros. As empresas interessadas podem procurar o setor de Transferência de Tecnologia da Embrapa Agroindústria de Alimentos, pelo e-mail: ctaa.chtt@embrapa.br.

Conheça mais sobre os produtos de tilápia:

Fonte: Agência de Notícias Embrapa
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Suínos / Peixes

IAT apresenta ao setor produtivo adequações na regulamentação da suinocultura no Paraná

Entre as adequações estão a incorporação do Software de Gestão Ambiental da Suinocultura (SGAS), desenvolvido pela Embrapa Suínos e Aves, como ferramenta de apoio aos projetos de licenciamento, e a criação de uma tábua de controle para a destinação de dejetos suínos como fertilizantes para o solo.

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Após uma série de estudos internos, o Instituto Água e Terra (IAT) finalizou o texto de revisão da Resolução Sedest nº 15/2020, que regulamenta a atividade de suinocultura no Paraná. A proposta será apresentada ao setor produtivo e entidades ligadas ao agronegócio nesta terça (18) e quarta-feira (19) durante evento na sede do Sindicato Rural de Toledo, na região Oeste do Paraná. A reunião é apenas para convidados. O IAT é vinculado à Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável (Sedest).

Chefe da Divisão de Licenciamento de Atividades Poluidoras do Instituto, Rossana Baldanzi, explica que são duas as principais adequações à legislação em discussão: a incorporação do Software de Gestão Ambiental da Suinocultura (SGAS), desenvolvido pela Embrapa Suínos e Aves, como ferramenta de apoio aos projetos de licenciamento do IAT, e a criação de uma tábua de controle para a destinação de dejetos suínos como fertilizantes para o solo. “Já temos um termo de cooperação técnica com a Embrapa em vigência que permite a transferência, gratuita, deste software para o IAT. Mas precisamos colocá-lo na nossa legislação, por isso a revisão é necessária”, diz ela. O novo texto prevê também o treinamento e a capacitação de profissionais para a utilização da plataforma eletrônica.

Fotos: Ari Dias/AEN

O SGAS possibilita, entre outras questões, que produtores realizem cálculos para determinação da excreção, oferta, perdas e concentração de nutrientes em efluentes da suinocultura, consumo de água, dimensionamento dos sistemas de tratamento dos efluentes, recomendação de adubação para reciclagem dos efluentes como fertilizantes, determinação da capacidade de alojamento de animais e demanda de áreas agrícolas. “Com isso, o órgão ambiental ganhará ainda mais agilidade na elaboração dos licenciamentos para a atividade”, destaca a técnica.

Em relação aos cuidados com o solo, Rossana ressalta que a métrica será definida com base em uma ampla pesquisa conduzida pelo órgão ambiental em parceria com a Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Embrapa, Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR) e Fundação ABC.

O estudo foi financiado pelo Grupo Frimesa como condicionante ao licenciamento ambiental para a instalação do frigorifico da cooperativa em Assis Chateaubriand, no Paraná. Considerada a maior indústria deste setor da América Latina, a planta tem capacidade de abater 7.880 suínos por dia. “Essa pesquisa foi desenvolvida com base no fósforo como elemento limitante do uso de dejetos no solo. É preciso encontrar o limite crítico, visto que esse frigorífico vai movimentar toda a cadeia da suinocultura ao redor”, afirma Rossana. “A partir deste estudo, conseguiremos colocar na lei qual é esse limite para que o solo não seja prejudicado, criando novas alternativas de decomposição como o aproveitamento para a produção de energia limpa”, acrescenta.

Suinocultura

A produção de carne suína é um dos destaques da economia paranaense. O Estado é vice-líder nacional, com 22,3% do mercado de carne de porco, atrás apenas de Santa Catarina. Foram 3,1 milhões de animais abatidos no primeiro trimestre deste ano, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Fonte: AEN-PR
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Suínos / Peixes

Nova gestão da Copagril inclui planos para criar UPD própria

Em entrevista exclusiva ao Jornal O Presente Rural, Elói Podkowa conta seus planos para melhorar o desempenho da cooperativa e prepara-la para o futuro, entre eles a produção própria de leitões desmamados, que hoje está nas mãos de produtores cooperados.

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Presidente da Copagril, Elói Darci Podkowa: "Todos estão com a melhor intenção de fazer com que nós possamos ter uma gestão próspera e eficaz" - Fotos: O Presente Rural

O menino que desde os 14 anos cresceu respirando a filosofia do cooperativismo virou o presidente de uma das mais tradicionais cooperativas do agronegócio brasileiro. Elói Darci Podkowa ascendeu exercendo cargos de liderança e chegou à presidência da Copagril há pouco mais de um ano, buscando uma forma mais eficiente de gestão, tanto na área administrativa quanto na agropecuária. A Voz do Cooperativismo foi até a sede da Copagril, em Marechal Cândido Rondon (PR), para ouvir a história de Podkowa e seus planos para melhorar o desempenho da cooperativa e prepara-la para o futuro, entre eles a produção própria de leitões desmamados, que hoje está nas mãos de produtores cooperados.

O Presente Rural – Conte sobre sua história e sua trajetória dentro da Copagril até chegar à presidência.

Fotos: Shutterstock

Elói Podkowa – Minha família tem uma vivência no cooperativismo. Aos 14 anos comecei a participar do um clube de jovens cooperativistas. Na primeira reunião do clube já fui eleito secretário. Depois acabei assumindo o clube como presidente. Mais tarde comecei a participar também dos comitês educativos da Copagril. Os pais incentivavam bastante, comecei a despertar interesse pela filosofia do cooperativismo, sabia que ali era a força, era o meu futuro, porque poderia estar conhecendo e se aprimorando tanto na área de gestão financeira como no empreendedorismo, que é isso que a gente quer e pratica até hoje.

Vim para a cidade para fazer a faculdade, me formei em Ciências Contábeis. Depois eu fui por três anos conselheiro fiscal da Copagril. Depois fiquei mais sete anos como conselheiro de administração e daí houve uma mudança no estatuto da Copagril, fui por um ano o diretor secretário eleito também, e depois então, no outro ano fui vice presidente até no dia 31 de janeiro de 2022, quando assumi como presidente.

O Presente Rural – Em pouco mais de um ano na Presidência, quais as principais ações que o senhor tem tentado colocar em prática ou colocado em prática?

Elói Podkowa – Nós começamos olhando um pouco mais os nossos negócios e a gente viu aquilo que nos incomodava mais, ou aquilo que não trazia resultado. Desdobramos mais tempo em cima disso, buscamos organizar um pouquinho diferente o nosso organograma em cada setor buscando ser mais eficiente e também fizemos com que a gente pudesse estar sendo mais visualizado. Reforçamos nossa área de comunicação e marketing, Na área do cooperativismo fizemos um trabalho um pouco diferenciado, tanto com o associado como com as senhoras, como com os jovens, buscando com que ele possa estar mais integrado e nós mais junto a eles também.

A partir de 2024 a gente já teve uma postura um pouco diferente e estamos agora reestruturando novamente a nossa gestão, para que nós possamos ser mais eficientes e dessa forma deslumbrar um amanhã melhor.

Um profissional que a gente contratou (CEO Daniel Engels Rodrigues) está nos auxiliando com um trabalho diferenciado dentro da cooperativa para que nós possamos então dar um gap maior também nos nossos negócios como um todo. É um trabalho do dia a dia, não é de uma hora e já deu certo, precisa um pouco mais de tempo. Tudo o que estamos buscando é algo que possa realmente trazer uma estabilidade melhor, um equilíbrio melhor para a cooperativa e também para o nosso associado.

O Presente Rural – Como o agro está inserido na Copagril?

Elói Podkowa – O cooperativismo é um modelo que deu certo. Para ter uma organização forte, as pessoas têm que acreditar em quem está na direção. Hoje nós temos 76% de associados com menos de 50 hectares de terra. Uma grande parcela dos associados são pequenos. Juntos nós crescemos e fizemos uma organização cada vez maior, porque seus negócios vão ampliando e a gente vai vendo que as oportunidades vão aparecendo. Temos muitas vezes dez, 12, 15 hectares e faturam milhões pelos investimentos que eles têm lá na propriedade. Tem avicultura, tem atividade leiteira, piscicultura, além do cereal. Se fosse só o cereal, muitas vezes ele não estaria mais na propriedade ou talvez teria vendido.

Somos uma cooperativa agrícola. Nosso principal negócio é o agro. Alguns entendem só como milho, soja, suíno ou leite, mas é também a indústria, o comércio, tudo está ligado ao agronegócio. O agronegócio é hoje o grande impulsionador e o grande gerador de renda, empregos e tributos.

O Presente Rural – Analisando a parte de negócios hoje, foi acertada a decisão de repassar o frigorífico de aves para a Lar?

Elói Podkowa – A Copagril tinha um interesse grande em dar uma oportunidade ao nosso associado de ter uma nova atividade. Então tivemos a oportunidade de trazer um abatedouro de aves, fomos trabalhando com o tempo. Só que a gente percebeu que o mercado trabalha em forma de escala. Hoje um frigorífico para ser viável e ter uma rentabilidade precisa estar abatendo mais de 500 mil frangos ao dia. Naquela oportunidade estávamos abatemos 170 mil e exigia um investimento muito alto para aumentar.

A gente fez um estudo para repassar a alguém que seja do mesmo ramo, que seja uma cooperativa que possa estar trazendo oportunidade para aqueles associados que queiram entrar na atividade, que possam estar fazendo aviários e essa empresa continue com a política parecida que nós estávamos praticando e que esse segmento continuasse, mas que o associado não se fosse prejudicado por isso. Chegou ao ponto de fazer a intercooperação com a Lar. Hoje a Lar tem uma escala grande, está abatendo de mais de um milhão de aves por dia e está atendendo muito bem o nosso associado.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

O Presente Rural – A suinocultura é um dos motores da Copagril. Como é que está essa atividade?

Elói Podkowa – O ano passado representou 33% do faturamento, porém ela também está vindo de uma crise. Estamos reavaliando algumas situações porque a Copagril tem um modelo diferente do que a maioria das cooperativas que nós temos na Frimesa. Nós temos um modelo que os associados têm a criação de leitões, enquanto que as outras cooperativas tem suas unidades produtoras de desmamados próprias. Por conta das diferentes origens dos leitões, temos sofrido um pouco no sentido da parte sanitária, que é um pouco mais difícil. Se eu ponho numa granja, por exemplo, 5 ou 6 mil leitões, muitas vezes preciso de cinco, dez, 15 granjas pequenas. Aquele leitão vem de diversos produtores, pode estar vindo com alguma virose ou outro problema. Temos uma mortalidade ou um problema sanitário maior, estamos trabalhando para diminuir isso. A gente está reavaliando também, porque como é uma atividade grande, um faturamento grande, a cooperativa precisa trazer resultado, porque a gente vive de resultado.

A Frimesa precisa de mais suínos. Tem um novo frigorífico que vai até o final do ano estar abatendo cerca de sete mil suínos ao dia. Nós vamos ter que crescer junto.

O Presente Rural – E tem ideia de uma UPD própria?

Elói Podkowa – Por enquanto nós estamos deixando com o produtor. Temos alguns produtores grandes e são muito, muito eficientes. A gente está avaliando se a gente vai colocar ou vai deixar ainda na mão deles. Mas a gente sabe que a gente está um tanto em desvantagem. Vamos olhando a gestão, sem paixão, sem nada, mas com razão, para ver o que é melhor.

O Presente Rural – E o mercado do leite, como está? O senhor pode fazer um panorama da produção leiteira da Copagril?

Elói Podkowa – O leite é uma atividade que exige uma mão de obra cada vez mais escassa no mercado e é uma atividade que era bastante familiar, mas hoje ela passa por um processo mais profissional. Os pai estão envelhecendo e os filhos não querem tocar, os filhos querem algo diferente. Para quem está começando e quem tem a vocação, é uma atividade que traz uma renda mensal, não precisa estar investindo tanto, vai começando aos poucos, vai aumentando. O leite faz parte da cesta básica, então quando tem um pouco preço maior a dona de casa, o cliente reclama no mercado que está muito caro. Hoje nós temos muita importação e daí inviabiliza quem está na atividade.

Estamos tentando achar alternativas para que possamos viabilizar com que ele possa estar produzindo com menos custos. Só que hoje nós temos que também ter uma escala. Não pode ser muito pequena. Hoje a indústria exige qualidade, exige padrões para fabricar um produto de qualidade.

O Presente Rural – Como a Copagril Grill está incorporando as novas tecnologias nas suas atividades?

O jornalista e editor-chefe do Jornal O Presente Rural, Giuliano De Luca, e o responsável pelo Departamento de Comunicação e Marketing, Ueslei Schubert Stankovicz, entrevistam o presidente da Copagril, Elói Darci Podkowa

Elói Podkowa – Existem ferramentas hoje no mercado de inovação, de modernização, que a gente está buscando incorporar aos nossos negócios. Temos alguns projetos já andando, um dos programas é o perfil de solo, para fornecer uma maneira diferente de manejo para que possa suportar um pouco mais as estiagens que nós temos. A gente vai estar trabalhando com nossos profissionais, já têm alguns já treinados para que nós possamos estar trabalhando de uma forma abrangente.

Os drones também vieram fazer parte de um programa chamado Agricultura 5.0. São alternativas diferentes, desde que elas tragam alguma produtividade ou algum diferencial para nós. Também temos irrigação com luz noturna, que é um novo projeto também que queremos saber como vai se comportar. Além desses, na suinocultura estamos testando sensores e câmeras para que possam gerar antecipar ações contra alguma doença.

Na área de inovação a Copagril está muito atenta a tudo. Estamos envolvendo todos os profissionais da cooperativa para possam nos ajudar buscar alternativas. Outro exemplo, temos um projeto para usar o resíduo do cereal, por exemplo, da soja, do milho, para colocar em caldeira e gerar energia. Você tira do meio ambiente um produto que está atrapalhando e você transforma em energia que possa ser consumida e trazer benefícios para a sociedade como um todo. São projetos que estão andando e existem outros ainda que a gente está buscando.

E a gente também está partindo bastante para aqueles bioinsumos, produtos mais naturais para restaurar o solo, trazendo uma prática com menos utilização de produtos agressivos ao meio ambiente.

O Presente Rural – Quando a Copagril deve faturar em 2024 e quais são as principais atividades que compõem esse faturamento?

Elói Podkowa – Está previsto faturar R$ 3,2 bilhões. Nossos principais faturamentos são na suinocultura, a parte de cereais e a industrialização, além do varejo, que já está nos ajudando bastante. Tem a esmagadora de soja, estamos moendo para o nosso próprio fomento e também uma parte para o mercado. Esse é outro negócio que a gente vai estar analisando para frente como continuar. Temos a fábrica de ração com uma venda bastante interessante para terceiros, além de atender a nossa estrutura de fomento. Também na área de insumos, importante tanto na área pecuária como na área agrícola e o varejo.

Nós temos uma situação que hoje os preços das commodities não estão agradando muito os produtoras, estão abaixo do que era esperado. Mas eu vejo que o agro continua e que sempre foi assim. Quando o cereal não está bom, a pecuária começa a colher os resultados. Então o que a gente acredita que o produtor de grãos vai passar por um período com uma margem menor ou até empatando o negócio dele, ficar no 0 a 0.

O Presente Rural – Uma mensagem final, presidente.

Elói Podkowa – Temos um grupo bastante grande, sozinhos não fazemos nada. Quem faz, realmente executa e trabalha são nossos colaboradores e nossos associados. E a gente quer que continue dessa forma. Nós tivemos no ano passado o recorde de recebimento de cereais da história da Copagril. Estamos trabalhando sempre para que a gente possa ser eficiente naquilo que a gente faz e que possa estar realmente dando oportunidades aos nossos associados.

Todos estão com a melhor intenção de fazer com que nós possamos ter uma gestão próspera e eficaz. É isso que a gente está trabalhando. Eu sempre falo que se só ocupar um cargo não é um propósito de vida meu. Eu vim aqui com um propósito maior, um propósito de a gente ter uma cooperativa equilibrada, sólida, um cooperativa que vai expandir, que vai se modernizar, que vai atender aquele anseio que realmente o associado quer e precisa.

A cooperativa está bem, está sólida, está equilibrada e com certeza estamos tomando um novo rumo, um rumo de prosperidade e de conquistas maiores.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo na suinocultura acesse a versão digital de Suínos clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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