Suínos
Dados preliminares do IBGE indicam estabilidade na produção no primeiro trimestre de 2024
O abate de suínos em 2023 aumentou 2,16% em toneladas e 1,25% em cabeças comparado ao ano anterior. No primeiro trimestre de 2024, houve um pequeno recuo de 0,99% em toneladas e 1,81% em cabeças em relação ao mesmo período de 2023, e uma redução de 1,56% em toneladas e 1,62% em cabeças comparado ao último trimestre de 2023.
Na segunda semana de maio foram publicados pelo IBGE os dados preliminares de abate de suínos, bovinos e aves entre janeiro e março deste ano. Conforme apresentado na tabela 1, enquanto em 2023, o abate de suínos cresceu somente 2,16% em toneladas de carcaças e 1,25% em cabeças, quando comparado com o ano anterior, no primeiro trimestre de 2024 houve um pequeno recuo tanto em toneladas (-0,99%), quanto em cabeças (-1,81%), quando comparado com o mesmo período de 2023. Também em relação ao último trimestre do ano passado, houve redução nos volumes abatidos (-1,56% em toneladas e -1,62% em cabeças). Como normalmente os dados definitivos, a serem publicados em junho, trazem pequeno aumento dos números apurados, é possível afirmar que o abate de suínos iniciou 2024 com estabilidade.
Com relação às exportações de carne suína brasileira in natura, apesar da queda significativa da participação da China nos embarques (tabela 2), os volumes totais nos primeiros quatro meses do ano se mantêm muito próximos do mesmo período do ano passado, com um aumento de apenas 1,7% (+5,8 mil toneladas).
Ainda na tabela 2, é possível perceber a queda significativa dos embarques para a China ao longo deste ano. O gigante asiático que chegou a representar mais de 50% de nossas exportações, no acumulado deste ano totaliza pouco mais de 24% dos volumes. Porém, o crescimento dos embarques para outros destinos, como Filipinas, Japão, Coreia do Sul e Chile compensou a redução das compras chinesas (tabela 3). Em 2024 as Filipinas já ocupam o segundo lugar na destinação da carne suína brasileira, posição que nos últimos anos foi de Hong Kong, outro destino cuja redução dos volumes foi bastante expressiva.
Outro fator que chama a atenção em 2024 é a queda dos preços em dólar da carne suína brasileira exportada para praticamente todos os destinos; no primeiro quadrimestre deste ano a receita total foi 61,6 milhões de dólares (-7,4%) inferior ao mesmo período do ano passado (tabela 3).
Quando se analisa as exportações de carne suína in natura exclusivamente de abril de 2024 (tabela 4) é possível destacar dois pontos relevantes: a China reduzindo cada vez mais sua participação e com preço em dólar bem inferior à média e o México aparecendo na nona colocação, com pouco mais de 3,3 mil toneladas (3,4% do total).
Cabe lembrar que o México é um dos maiores importadores de carne suína no mundo e que no ano passado, abriu as portas para a carne suína brasileira, comprando, ao longo de 2023, pouco mais de 28 mil toneladas do Brasil (2,3% do total que exportamos), porém, desde novembro de 2023 o México não importava nossa carne suína, quando uma ação judicial perpetrada pelos suinocultores locais suspendeu as compras do Brasil. Resta saber se esta retomada observada em abril/24 se concretizará nos próximos meses.
Conforme demonstra a tabela 5, a seguir, com produção e exportação estáveis, a disponibilidade interna de carne suína também se manteve praticamente inalterada (-1,41%) no primeiro trimestre deste ano, muito similar ao que aconteceu com o frango (-0,16%). Por outro lado, o aumento considerável do abate de bovinos, batendo novo recorde de produção, mesmo com maior exportação desta carne, despejou 342 mil toneladas a mais no mercado doméstico somente nos primeiros três meses do ano.
Segundo o MBagro, dados não oficiais do SIF, indicam que também em abril/24 o volume de abate de bovinos superou o mesmo mês do ano passado em mais de 30% (em cabeças), mantendo as cotações do boi gordo em baixa (gráfico 1).
Se somarmos a disponibilidade interna das três proteínas no primeiro trimestre e projetarmos o consumo per capita, o resultado é um consumo de pouco mais de 100kg por habitante/ano. A título de comparação, no ano de 2023 o consumo de proteína animal no Brasil foi recorde com pouco mais de 96kg. Este cenário de alta oferta de proteínas é também um impeditivo de altas mais expressivas e consistentes na cotação da carne suína que vem estável desde o início do ano, mas que demonstra pequena reação no mês de maio (gráfico 2).
Iniciada a colheita da segunda safra de milho, com estabilidade nas cotações
A Conab divulgou dia 14 de maio o oitavo levantamento da safra 2023/24 que, depois de sucessivas reduções na expectativa de safra de milho, trouxe um aumento de quase 700 mil toneladas, com previsão de um total de 111,6 milhões de toneladas a serem colhidas (tabela 6). Ainda segundo a Conab, deste total, pouco mais de 86 milhões de toneladas devem ser produzidas na segunda safra, cuja colheita já iniciou em vários estados.
Algumas consultorias privadas, como MBagro e StoneX, preveem que a segunda safra possa atingir, e até ultrapassar a marca dos 90 milhões de toneladas. Porém, há alguns pontos de atenção que podem reduzir estas expectativas: o primeiro ponto é a recente cheia que devastou o Rio Grande do Sul, cuja colheita da primeira safra ainda não havia sido concluída, com perdas ainda não mensuradas de milho e soja não colhidos e dos grãos armazenados em zonas de alagamento.
Segundo MBagro, em 10 de maio estimava-se que ao redor de 700 mil toneladas de milho e 4,8 milhões de toneladas de soja estariam em risco no Rio Grande do Sul. Outro ponto de atenção é a estiagem e o calor acima do normal na região centro-sul do Brasil, cuja segunda safra de milho, em algumas regiões, ainda depende de precipitação. As regiões onde se espera maiores perdas em função da estiagem são o oeste do Paraná e o sul do Mato Grosso do Sul.
Por outro lado, a volumosa safra argentina, em fase de colheita e a boa perspectiva para a safra estadunidense, em fase final de plantio, têm contribuído para manter uma boa oferta mundial de milho, o que ajuda a manter as cotações do cereal em baixa no Brasil (gráfico 3).
Já o farelo de soja que vinha em queda ao longo dos primeiros meses do ano, apresenta pequeno viés de alta desde final de março/24, ultrapassando a cotação de 2 mil reais por tonelada em algumas praças no mês de maio. De fato, os custos de produção de suínos que vinham em queda ao longo deste ano, na maioria dos estados produtores (tabela 7), em abril/24 voltaram a subir. Mesmo assim, estima-se que a atividade tem determinado lucro desde meados do ano passado, um período de “calmaria” que há muito o setor não experimentava.
Considerações finais
Dados preliminares do IBGE confirmam o ajuste da oferta de demanda de carne suína, praticamente sem crescimento da produção e da disponibilidade interna, mas com grande aumento de oferta de carne bovina, o que impede maiores altas nos preços destas proteínas neste primeiro semestre.
As exportações demonstram a redução das receitas (em dólar) e das compras chinesas, porém a tão buscada pulverização de destinos da nossa carne suína, aos poucos vai se concretizando, com destaque para as Filipinas.
O presidente da ABCS, Marcelo Lopes, explica que com o início da colheita da segunda safra brasileira de milho e boas perspectivas para a safra estadunidense (em fase de plantio), não se espera mudança no curto prazo na tendência de baixa das cotações de milho. “O ano de 2024 se encaminha para ser um ano de estabilidade, com mercado ajustado, sem grandes oscilações nos custos e nos preços”, expõe.
Suínos
Importância do diagnóstico para controle de diarreia em leitões de maternidade
Ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais.
Artigo escrito por Lucas Avelino Rezende, consultor de Serviços Técnicos de suínos na Agroceres Multimix
Uma das causas mais frequentes de morte de leitões na maternidade, sem dúvidas, é a diarreia neonatal, que pode ser causada por diversos fatores, incluindo infecções bacterianas, virais ou parasitárias, bem como problemas nutricionais ou ambientais.
Por ser multifatorial, a simples presença de patógenos entéricos nem sempre é suficiente para produzir doença clínica. Diante disso, é importante saber que é necessário haver uma interação hospedeiro-ambiente-patógeno. Diferenças em práticas específicas de manejo e ambiente, bem como características do animal e do rebanho, podem influenciar muito o risco de ocorrência da doença.
Alguns fatores podem contribuir para o aumento na ocorrência da diarreia pré-desmame, como: leitões de baixo peso ao nascer, baixa temperatura ambiental levando ao estresse pelo frio, higiene ruim da gaiola de parição, ingestão de leite e colostro insuficientes e o número insuficiente de tetos para a prole.
As principais causas infecciosas de diarreia em leitões na maternidade no Brasil são as Clostridioses, Colibacilose, Rotaviroses e Coccidiose. Em alguns casos, a coinfecção de dois ou mais agentes podem estar presentes e agravar o caso de diarreia.
A sobrevivência de leitões é influenciada por vários fatores, incluindo ordem de nascimento, peso ao nascer, ingestão de colostro e níveis séricos de imunoglobulina G (IgG). Esses fatores interagem de maneiras complexas para determinar a suscetibilidade do leitão a doenças e a saúde geral.
Um importante ponto para entender a dinâmica do surgimento de diarreias na maternidade é a avaliação da ingestão de colostro pelos leitões, uma vez que é essencial para a imunidade passiva dos leitões recém-nascidos, já que não há transferência de imunoglobulinas e outros componentes da imunidade materna para os leitões via transplacentária.
De modo geral, granjas com baixo peso ao nascimento ou uma grande variabilidade do tamanho dos leitões nascidos são aquelas mais desafiadas com diarreias na maternidade, porque leitões com menor peso ao nascer podem ter dificuldade em consumir colostro suficiente, resultando em níveis mais baixos de IgG e maior suscetibilidade a infecções.
O diagnóstico clínico da causa da diarreia em leitões pode ser subjetivo e propenso a erros. Fatores como estresse, condições ambientais e outros problemas de saúde subjacentes podem ser muito semelhantes aos sintomas da diarreia. Para isso, devemos desenvolver critérios de diagnóstico mais objetivos para diarreia em leitões, como: monitorar os leitões desde o nascimento, permitindo a detecção precoce da doença, incorporar testes laboratoriais (por exemplo, consistência fecal, pH e níveis de eletrólitos), realizar necropsias e exames complementares a detecção viral ou bacteriana, como histopatologia e imuno-histoquímica.
Diagnóstico
Um diagnóstico preciso ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais. Um dos pilares para isso é a coleta adequada de amostras. Ela permite a identificação dos agentes etiológicos, avaliação da resposta imune e a monitorização da eficácia das terapias.
A escolha do tipo de amostra dependerá do agente etiológico suspeito e dos objetivos do exame. As amostras mais comuns incluem:
- Fezes: A coleta de fezes é o método mais simples e acessível. É importante coletar amostras frescas e representativas de diferentes animais do lote. Para suspeitas virais é importante coletar sempre de animais na fase aguda da doença, quando a eliminação viral é maior. Para casos de suspeita parasitária é importante associar o diagnostico com histopatologia, uma vez que a eliminação do Cystoisospora é intermitente.
- Sangue: A análise do sangue permite avaliar a resposta imune, a presença de anticorpos e detectar alterações bioquímicas.
- Conteúdo intestinal: A coleta do conteúdo intestinal é indicada para a identificação de patógenos que colonizam o intestino delgado ou grosso.
- Tecidos: A coleta de tecidos para histopatologia é parte fundamental e complementar as análises de cultivo bacteriano e detecção viral nas fazes ou conteúdo intestinal.
A coleta de amostras deve ser realizada de forma cuidadosa para evitar a contaminação e garantir a qualidade do material. Os recipientes utilizados para a coleta das amostras devem estar limpos e esterilizados para evitar a contaminação por outros microrganismos. De modo geral, é importante que as amostras sejam bem refrigeradas e nunca congeladas, uma vez que o processo de congelamento pode inviabilizar o cultivo bacteriano.
Após a coleta das amostras, diversos métodos podem ser utilizados para o diagnóstico, dentre eles cultura que possibilita a identificação e o isolamento de bactérias, PCR que detecta a presença de DNA ou RNA de vírus, bactérias com alta especificidade, sorologia para pesquisa de anticorpos contra os agentes infecciosos, indicando uma infecção prévia ou atual e a histopatologia que permite a avaliação de lesões histológicas e a identificação de agentes infecciosos em tecidos.
A histopatologia desempenha um papel crucial no diagnóstico preciso de doenças intestinais em leitões. Através da análise microscópica de tecidos, é possível identificar lesões características de diversas doenças, auxiliando na diferenciação entre condições infecciosas, inflamatórias, neoplásicas e degenerativas.
A escolha do método de coleta de amostra e do exame laboratorial dependerá do agente etiológico suspeito, da fase da doença e dos recursos disponíveis. A correta coleta e o transporte das amostras são essenciais para garantir a qualidade dos resultados.
A interpretação correta dos resultados dos exames laboratoriais é crucial para o diagnóstico preciso e o tratamento adequado da diarreia em leitões. Ela envolve a análise dos dados obtidos, a correlação com os sinais clínicos e a consideração de outros fatores, como a idade dos animais, as condições de manejo e a história epidemiológica do plantel.
Em resumo, o diagnóstico é uma ferramenta essencial no combate à diarreia em leitões de maternidade, uma vez que permite ações direcionadas e eficazes para controlar e prevenir a doença, garantindo a saúde e o bem-estar dos animais.
As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: marketing.nutricao@agroceres.com.
O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!
Suínos
Especialista evidencia importância de os profissionais da cadeia suinícola entenderem o que é sustentabilidade
Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção.
Na suinocultura, a sustentabilidade se tornou um dos principais desafios enfrentados pelos profissionais do setor. O médico-veterinário José Francisco Miranda, especialista em Qualidade de Alimentos, destaca que a compreensão desse conceito é fundamental para que zootecnistas e veterinários contribuam efetivamente para a produção sustentável de suínos. “É preciso entender que a sustentabilidade não é custo, mas investimento”, afirma.
Ele ressalta que, ao longo dos últimos 15 anos, a discussão sobre práticas sustentáveis esteve frequentemente atrelada a um aumento nos custos, envolvendo ações como o plantio de árvores e a adequação da dieta dos animais. “Essas práticas eram vistas como um custo, o profissional precisa desmistificar essa visão. Na verdade, boas práticas de produção estão intimamente ligadas a resultados positivos”, explica.
Para Miranda, a eficiência na conversão alimentar é um exemplo claro de como sustentabilidade e produtividade caminham juntas. “Não existe produção com alta conversão alimentar que não seja sustentável. Os números de emissões são baixos quando a eficiência é alta”, ressalta.
Um ponto destacado pelo especialista é o papel dos zootecnistas e nutricionistas na cadeia produtiva. “Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção. E cada vez mais eles terão um papel significativo na implantação da sustentabilidade dentro das empresas”, afirma.
O entendimento das análises de sustentabilidade e das tecnologias disponíveis é essencial. Miranda menciona, como exemplo, o uso de aditivos nutricionais, como a protease, que permite reduzir a quantidade de soja na ração. “Com isso, é possível diminuir a pegada de carbono em até 12%. No entanto, menos de 40% dos produtores no mundo utilizam essa tecnologia, o que revela uma falta de informação e confiança na eficácia desses produtos”, expõe.
Comunicação e conscientização
Para que as informações sobre sustentabilidade sejam disseminadas na suinocultura é fundamental que os profissionais comuniquem os benefícios dessas práticas não apenas entre si, mas também para a alta direção das empresas. “Os profissionais precisam trazer essa informação para a gestão, conscientes de que a sustentabilidade deve ser uma estratégia de crescimento, não apenas uma preocupação financeira”, destaca Miranda.
O especialista também ressalta a importância de uma colaboração entre academia, indústria e governo para facilitar a adoção de novas tecnologias. “Cada parte da cadeia produtiva deve contribuir para acelerar esse processo. É um esforço coletivo que envolve desde a produção até a comercialização”, enfatiza.
Compromisso do setor
Miranda acredita que o setor está comprometido com a adoção de práticas sustentáveis, embora reconheça a necessidade de discussão sobre o que é realmente necessário para essa transição. “As empresas entendem que a sustentabilidade traz benefícios não apenas para o planeta, mas também para sua própria lucratividade, mas é preciso acelerar a implementação destas práticas sustentáveis”, frisa,
Para se destacar neste cenário, Miranda enfatiza que os profissionais devem se aprofundar nas análises de sustentabilidade e na análise do ciclo de vida dos produtos. “Um bom profissional deve entender desde a produção do grão até o produto final que chega ao consumidor. Se ele se restringir a uma única área, pode perder de vista os benefícios que sua atuação pode trazer para toda a cadeia”, salienta.
A visão do especialista reforça que a sustentabilidade na suinocultura não é uma tendência passageira, mas uma necessidade imediata. “A adoção de práticas sustentáveis, aliada ao conhecimento técnico e científico, é fundamental para garantir um futuro mais responsável e eficiente para a indústria suinícola”, afirma.
O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!
Suínos
Suinocultura teve ano de recuperação, mas cenário é de cautela
Conjuntura foi apresentada ao longo de reunião da Comissão Técnica de Suinocultura da Faep. Encontro também abordou segurança do trabalho em granjas de suínos.
Depois de dois anos difíceis, a suinocultura paranaense iniciou um período de recuperação em 2024. As perspectivas para o fim deste ano são positivas, mas os primeiros meses de 2025 vão exigir cautela dos produtores rurais, que devem ficar de olho em alguns pontos críticos. O cenário foi apresentado em reunião da Comissão Técnica (CT) de Suinocultura do Sistema Faep, realizada na última terça-feira (19). Os apontamentos foram feitos em palestra proferida por Rafael Ribeiro de Lima Filho, assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A mesma conjuntura consta do levantamento de custos de produção do Sistema Faep, que será publicado nos próximos dias.
O setor começou a se recuperar já em janeiro deste ano, com a retomada dos preços. Até novembro, o preço do suíno vivo no Paraná acumulou aumento de 54,4%, com a valorização se acentuando a partir de março. No atacado, o preço da carcaça especial também seguiu esse movimento. A recomposição ajudou o produtor a se refazer de um período em que a atividade trabalhou no vermelho.
Por outro lado, a valorização da carne suína também serve de alerta. Com o aumento de preços, os produtos da suinocultura perdem competitividade, principalmente em relação à carne de frango, que teve alta bem menor ao longo ano: o preço subiu 7,7%, entre janeiro e novembro. Com isso, a tendência é que o frango possa ganhar a preferência do consumidor, em razão dos preços mais vantajosos.
“Temos que nos atentar com a competitividade da carne suína em relação a outras proteínas. Com seus preços subindo bem menos, o frango se tornou mais competitividade. Isso é um ponto de atenção para a suinocultura, neste cenário”, assinalou Lima Filho.
Exportações
Com 381,6 mil matrizes, o Paraná mantém 18% do rebanho brasileiro de suínos. A produção nacional está em estabilidade nos últimos três anos, mas houve uma mudança no portifólio de exportações paranaenses. Com a recomposição de seus rebanhos, a China reduziu as importações de suínos. O país asiático – que chegou a ser o destino de 40% das vendas externas paranaenses em 2019 – vai fechar 2024 com a aquisição de 17% das exportações de suínos do Paraná.
Em contrapartida, os embarques para as Filipinas aumentaram e já respondem por 18% das vendas externas de carne suína do Estado. Entre os destinos crescentes, também aparece o Chile, como destino de 9% das exportações de produtos da suinocultura paranaense. Nesse cenário, o Paraná deve fechar o ano com um aumento de 9% no volume exportado em relação a 2023, atingindo 978 mil toneladas. Os preços, em compensação, estão 2,3% menores. “Apesar disso, as margens de preço começaram a melhorar no segundo semestre”, observou Lima Filho.
Perspectivas
Diante deste cenário, as perspectivas são positivas para este final de ano. O assessor técnico da CNA destaca fatores positivos, como o recebimento do 13º salário pelos trabalhadores, o período de férias e as festas de final de ano. Segundo Lima Filho, tudo isso provoca o aquecimento da economia e tende a aumentar o consumo de carne suína. “A demanda interna aquecida e as exportações em bons volumes devem manter os preços do suíno vivo e da carne sustentados no final deste ano, mantendo um momento positivo para o produtor”, observou o palestrante.
Para 2025, se espera um tímido crescimento de 1,2% no rebanho de suínos, com produção aumentando em 1,6%. As exportações devem crescer 3%, segundo as projeções. Apesar disso, por questões sazonais, os produtores podem esperar uma redução de consumo nos dois primeiros meses de 2025. “É um período em que as pessoas tendem a ter mais contas para pagar, como alguns impostos. Além disso, a maior concorrência da carne de frango pode impactar a demanda doméstica”, disse Lima Filho.
Além disso, o aumento nos preços registrados neste ano pode estimular o alojamento de suínos em 2025. Com isso, pode haver uma futura pressão nos preços nas granjas e nas indústrias. Ou seja, o produtor deve ficar de olho no possível aumento dos custos de produção, puxado principalmente pelo preço do milho, da mão de obra e da energia elétrica. “O cenário continua positivo para a exportação, mas o cenário para o ano que vem é de cautela. O produtor deve se planejar e traçar suas estratégias para essa conjuntura”, apontou o assessor da CNA.
Segurança do trabalho
Além disso, a reunião da CT de Suinocultura da FAEP também contou com uma palestra sobre segurança do trabalho em granjas de suínos. O engenheiro e segurança do trabalho e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sandro Andrioli Bittencourt, abordou as Normas Regulamentadoras (NRs) que visam prevenir acidentes de trabalho e garantir a segurança e o bem-estar dos trabalhadores.
Entre as normativas detalhadas na apresentação estão a NR-31 (que estabelece as regras de segurança do trabalho no setor agropecuário), a NR-33 (que diz respeito aos espaços confinados, como silos, túneis e moegas) e a NR-35 (que versa sobre trabalho em altura). Em seu catálogo de cursos, o Sistema Faep dispõe de capacitações para cada uma dessas regulamentações.