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Bovinos / Grãos / Máquinas

Da ordenha para a prateleira do mercado

Industrialização na própria Fazenda Santa Rita mostra os altos investimentos que produtores têm feito para garantir qualidade ao consumidor e melhores rendimentos

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Sessenta mil litros de leite por dia. Essa é a quantidade que a Fazenda Santa Rita, sede da Angridus Agropecuária, instalada no interior de São Paulo, produz. A produção é resultado das aproximadamente 1,4 mil vacas holandesas instaladas na propriedade. Trabalhando com um sistema totalmente confinado de alta intensificação e produção por hectare, e adotando todos os requisitos de bem estar animal, desde 2007 toda a produção da fazenda é transformada em leite tipo A e derivados, como iogurte e creme de leite. A fazenda é um verdadeiro negócio, já que, além de somente produzir o leite, ainda conta com uma indústria dentro da própria propriedade, onde realiza a industrialização do leite e vende para fornecedores. Detentora da marca Leite Letti, a fazenda hoje faz um trabalho muito maior do que somente tirar o leite da vaca. Esse empreendedorismo é visto na família dona da propriedade, que leva o negócio muito a sério.

A fazenda é ainda autossuficiente no fornecimento de alimentos para os animais, com rastreabilidade total sobre os processos produtivos, produção de alimentos e animais de reposição. “Produzimos 100% das forragens na fazenda e mais ou menos 50% do milho em grão como concentrado. Tudo isso somente para o consumo animal”, conta o proprietário Roberto Jank Junior. Ele conta que a boa produtividade dos animais é resultado de como eles são cuidados. “O rebanho é criado em instalações free stall (baia livre). Dessa maneira, têm conforto e liberdade para caminhadas, descanso e banhos de sol”, conta. Segundo ele, a fazenda aposta em técnicas eficientes para garantir o bem estar animal e, assim, o animal responde em produção. “A busca é sempre pelo conforto do animal, bem estar. Dessa forma, ele responde em produtividade. Então, se a vaca tem calor, nós temos que reduzir a temperatura. Estar sempre em lugar seco e sombreado, além de ter disponibilidade de água e comida o dia inteiro. São atenções que temos para explorar o potencial do animal”, comenta.

Todo o rebanho na fazenda localizada no município de São Carlos, a 230 quilômetros da capital, é de vacas holandesas, considerado, segundo Jank Junior, o maior rebanho de holandês registrado no Brasil. “Logicamente que não vamos ter todo esse esforço para uma vaca rústica, mas sim para um animal produtivo. Fazemos o que a vaca precisa e merece. Dessa forma, ela responde ao bem estar com produtividade”, esclarece. O proprietário comenta que a busca pelo bem estar animal talvez seja o detalhe mais importante e que é levado muito a sério na propriedade. “Acho que o maior sinal de conforto que existe em um confinamento é quando você olha para produção e encontra o rebanho deitado. É um sinal que qualquer um consegue ver de conforto”, diz.

Atualmente a fazenda possui dois mil hectares. Desta área, 500 hectares são ocupados somente para a atividade leiteira. Junior comenta que a alta da produtividade alcançada pela família para estes números foi conquistada com o passar dos anos. “Qualquer modelo de produção pode ter sucesso. Porém, é preciso incentivar o produtor a crescer, não a continuar pequeno”, afirma. Para ele, mais produtores poderiam ter grande produção se o incentivo, principalmente de programas dos governos estadual e federal, fosse aos pequenos para crescer e não apenas se manter pequenos.

De forma pioneira, a fazenda já em 1965 passou a destinar o leite produzido para a industrialização. Naquele ano, o leite que antes era destinado à fabricação de caseinato de cálcio para a indústria farmacêutica passou a ser utilizado na própria propriedade, onde foi implantada uma fábrica de queijo, vendido com a marca Angridus. Também nova, em 1972, passou a produzir leite tipo B. Junior conta que até 1989 a produção de leite tipo B cresceu à significativa taxa de 21% ao ano no Brasil, porque tinha melhor qualidade que o leite tipo C, cujos preços eram tabelados pelo governo. “Hoje, a matéria prima do antigo leite tipo C ainda existe, porém é esterilizada em processo industrial, conhecido no mercado como Longa Vida”, explica.

Meio Ambiente

Para continuar garantindo a grande produção dentro da propriedade, Junior conta que uma preocupação é com o meio ambiente e os cuidados que devem ser tomados na fazenda. Para isso, ele revela que foram implantadas algumas ações que contribuem sensivelmente para a preservação e proteção ambiental. Entre as medidas adotadas estão o aproveitamento dos efluentes, reciclagem e transformação de celulose.

Junior informa que no aproveitamento integral dos efluentes são utilizadas a parcela líquida e sólida do esterco produzido. Ele explica que a parcela líquida é utilizada em fertilização de gramíneas que são utilizadas na alimentação das vacas. “Dessa forma, fecha-se um ciclo onde os nutrientes da grama alimentam a vaca e assim o animal proporciona minerais para a forragem através do esterco”, afirma.

Outra medida é a reciclagem, em que é feito o reuso da areia na cama das vacas, limpeza dos galpões, decantação e separação de esterco por gravidade, tudo isso sem o uso de energia elétrica. Além disso, é feito ainda o aproveitamento de águas pluviais através da captação de chuva dos telhados para limpeza das instalações.

Há ainda a preocupação com a emissão de gases de efeito estufa. Junior conta que como a indústria fica localizada ao lado da sala de ordenha das vacas, isso elimina o transporte de leite cru até as indústrias, fato que contribui com a redução da emissão de gases de efeito estufa. O sequestro de carbono é outra preocupação. O proprietário da Fazenda Santa Rita conta que com a rebrota do capim, cujas folhas foram ingeridas pelas vacas, é feito o sequestro de carbono da atmosfera, e isso deve ser reduzido da pegada de carbono deixada pelas vacas no meio ambiente. Junior explica que já está provado que a pegada de carbono por unidade produzida em sistemas intensivos confinados é 55% menor do que em sistemas extensivos, que utilizam grande quantidade de pastos e água para produzir pequenas quantidades de leite e carne.

Na fazenda acontece também a transformação de celulose, onde as vacas estão entre os poucos animais que transformam a celulose (fibras vegetais) em energia e consequentemente em proteína animal (carne e leite) de alta qualidade nutricional.

Leite Tipo A

Com a grande produção de leite na fazenda, a família criou então a empresa Letti, que com o leite da propriedade, industrializa e produz outros produtos, como o leite integral, desnatado e semidesnatado, além do iogurte, creme de leite e manteiga. A entrada da empresa no mercado de leite A foi marcada pela unificação das unidades de confinamento e ordenha com a instalação de uma moderna unidade, construída na Fazenda Santa Rita em 1996.

Junior informa que todos os produtos Letti são feitos com Leite Tipo A, que significa que foram produzidos, beneficiados, pasteurizados e envasados dentro da própria fazenda através de ordenha mecânica, em rigorosas condições de higiene, com vacas sadias, bem alimentadas e descansadas. “Isso assegura um produto de altíssima qualidade e livre de contaminação”, assinala.

Na fazenda são produzidos 18 milhões de litros de leite tipo A por ano. A produção média é de 35 mil litros de leite por ha/ano e 11.500 quilos por vaca/ano em lactação ordenhadas três vezes por dia em uma sala de ordenhada “side by side”, 2 x 30 m. Junior explica que o leite tipo A é processado na fazenda como leite integral, desnatado, creme de leite e iogurtes. “O Leite A não pode sair da fazenda, não pode até mesmo embarcar em um caminhão tanque. Então, ele tem que ser pasteurizado a partir da ordenha. Dessa forma, pegamos um leite recém ordenhado, colocamos no pasteurizador e já embalamos. É um leite muito fresco, com uma contagem bacteriana muito reduzida e uma qualidade diferenciada”, explica.

Mais informações você encontra na edição de Bovinos, Grãos e Máquinas de junho/julho de 2017 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Bovinos / Grãos / Máquinas Em Uberaba (MG)

Casa do Girolando será inaugurada durante 89ª ExpoZebu

A raça Girolando terá agenda cheia na feira, incluindo lançamento do Ranking Rebanho, encontro com comitivas internacionais, julgamento e assembleia geral.

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Foto: Divulgação/Girolando

Tudo pronto para mais uma participação da raça Girolando na ExpoZebu (Exposição Internacional de Raças Zebuínas), que acontece entre sábado (27) e 05 de maio, em Uberaba (MG). A partir deste ano, a Associação Brasileira dos Criadores de Girolando passa a contar com um espaço fixo dentro do Parque Fernando Costa, a “Casa do Girolando”, onde recepcionará os visitantes ao longo de todo o evento.

A inauguração da Casa do Girolando será na próxima segunda-feira (29), a partir das 18 horas. “O parque é palco de importantes exposições ao longo de todo o ano, como a ExpoZebu e a Expoleite, que contam com a presença da raça Girolando. E agora poderemos atender a todos na Casa do Girolando, levando mais informação sobre a raça para os visitantes”, assegura o presidente da entidade, Domício Arruda.

Durante o evento, também acontecerá o lançamento do Ranking Rebanho 2023, que traz os melhores criadores que melhor desempenham o trabalho de seleção, produção e sanidade dentro de seus rebanhos. “O Ranking Rebanho é uma referência para os criadores de Girolando que buscam melhorar seus indicadores e, como consequência, elevar a rentabilidade de seus negócios”, diz o coordenador Técnico do Programa de Melhoramento Genético da Raça Girolando (PMGG), Edivaldo Ferreira Júnior. Outro evento marcado para o dia 29 de abril, a partir das 13h, é a Assembleia Geral Ordinária, para prestação de contas.

A associação ainda receberá comitivas internacionais durante a 89ª ExpoZebu. Estão agendados encontros com grupos da Índia e do Equador, quando serão apresentados os avanços da raça Girolando, que é uma das que mais exporta sêmen no Brasil.

Competições

A raça Girolando competirá em julgamento nos dias 29 e 30 de abril, pela manhã e tarde, sob o comando do jurado Celso Menezes. Participarão 120 animais de 17 expositores.

Fonte: Assessoria da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando
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Bovinos / Grãos / Máquinas

Embrapa propõe políticas para reaproveitamento de pastagens degradadas

Brasil tem pelo menos 28 milhões de hectares de áreas de pastagens em degradação com potencial para conversão em agricultura, reflorestamento, aumento da produção pecuária ou até para produção. de energia.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

O Brasil tem pelo menos 28 milhões de hectares (ha) de áreas de pastagens em degradação com potencial para conversão em agricultura, reflorestamento, aumento da produção pecuária ou até para produção de energia. O volume de hectares equivale ao tamanho do estado do Rio Grande do Sul.

O cerrado é o bioma com o maior número de áreas em degradação. Os estados com as  maiores áreas são o Mato Grosso (5,1 milhões de ha), Goiás (4,7 milhões de ha), Mato Grosso do Sul (4,3 milhões de ha), Minas Gerais (4,0 milhões de ha) e o Pará (2,1 milhões de ha).

Para ter uma ideia das possibilidades de reaproveitamento, se toda essas áreas fossem usadas para o cultivo de grãos (arros, feijão, milho, trigo, soja e algodão) haveria uma aumento de 35% a área total plantada no Brasil (comparação com a safra 2002/2023).

A extensão do problema e as diferentes possibilidades de reaproveitamento econômico dessas áreas fizeram o governo federal a criar no final do ano passado o Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas em Sistemas de Produção Agropecuários e Florestais Sustentáveis (Decreto nº 11.815/2023).

Para implantar o programa, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Embrapa, publicou em um livro mais de 30 sugestões de políticas públicas, que o país tem experiência e tecnologia desenvolvida para implantação.

Planejamento 
Apesar da expertise acumulada, a efetivação é um desafio. Cada área a ser recuperada exige estudo local. O planejamento das ações “deve levar em consideração informações sobre o ambiente biofísico, a infraestrutura, o meio ambiente e questões socioeconômicas. Além disso, é preciso avaliar o histórico de evolução pecuária no local e entender quais fatores condicionam a adoção dos sistemas vigentes”, descreve o livro publicado pela estatal.

A partir do planejamento, é necessário criar condições para o reaproveitamento das áreas: crédito, capacitação dos produtores e assistência. “É preciso integrar políticas públicas, fazer com que os produtores rurais tenham acesso ao crédito, ampliar o serviço de educação no campo, e dar assistência técnica e extensão rural para a estruturação de projetos e para haja um trabalho contínuo e não uma coisa pontual”, assinala o engenheiro agrônomo Eduardo Matos, superintendente de Estratégia da Embrapa.

Nesta sexta-feira (26), a empresa faz 51 anos de funcionamento. A cerimônia de comemoração, nesta quinta-feira (25), contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Um exemplar do livro foi entregue à comitiva presidencial.

No total, as áreas de pastagem ocupam 160 milhões de hectares, sendo aproximadamente 50 milhões de hectares formados por pasto natural e o restante pasto plantado. A área de produção de grãos totaliza 78,5 milhões de hectares, e as florestas plantadas para uso econômico ocupam uma área aproximada de 10 milhões de hectares.

De acordo com o IBGE, a atividade agropecuária ocupa mais de 15 milhões de pessoas no Brasil. Um terço desses empregos são na pecuária bovina (4,7 milhões). O país é o segundo maior produtor de carne bovina do mundo e o maior exportador (11 milhões de toneladas).

Fonte: Agência Brasil
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Bovinos / Grãos / Máquinas

Rentabilidade ao produtor de leite melhora impulsionada pela redução dos custos de produção e pela sazonalidade da oferta

Mercado de leite enfrenta um cenário desafiador, marcado por incertezas, queda na oferta interna e nos preços ao consumidor.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

O mercado nacional e global de leite ainda segue sob grandes incertezas. Na área internacional, os preços perderam um pouco o ritmo de elevação, influenciado principalmente, por uma menor demanda chinesa. Além disso, o gigante asiático vem estimulando a produção interna substituindo parte da importação.

O leite em pó integral fechou em US$3.269/tonelada no leilão GDT do dia 16 de abril. No mesmo mês em 2023 este preço estava no patamar de US$ 3.100/tonelada. Na Argentina, a oferta de leite segue complicada por uma piora na rentabilidade nas fazendas. Nos dois primeiros meses do ano, a produção de leite da Argentina caiu 13,6% na comparação com o mesmo período do ano passado.

Foto: Ari Dias

Já no mercado interno, as cotações de leite e derivados vêm reagindo, mas o cenário de menor competitividade em preços e queda de braço com as importações permanece. No primeiro trimestre de 2024, as importações brasileiras totalizaram 560 milhões de litros, com alta de 10,8% em relação a 2023. O diferencial de preços, tanto do leite em pó quanto do queijo muçarela, está mais favorável ao derivado importado.

Enquanto isso, governos estaduais tem se manifestado com medidas tributárias e fiscais para tentar reduzir a entrada de derivados lácteos oriundos do exterior. Vale lembrar que em 2023 as importações responderam por 9% da produção doméstica e um recuo nesse volume tende a deixar a oferta mais restrita, sustentando os preços internos. Mas também irá exigir uma resposta mais rápida da produção interna, suprindo a demanda brasileira.

Sazonalidade da produção de leite

A sazonalidade da produção de leite no Brasil é bastante pronunciada, mesmo considerando o crescimento dos sistemas de produção de maior adoção de tecnologias. Os meses de abril, maio e junho são aqueles de menor produção de leite e isso acaba refletindo nos preços neste momento. Os mercados de leite UHT e queijo muçarela tem registrado valorizações, ainda que modestas.

O preço ao produtor também vem registrando elevação, pelo quarto mês consecutivo.

Do ponto de vista macroeconômico, os indicadores de crescimento do PIB vêm melhorando, com perspectivas de expansão próxima de 2% em 2024. No comércio, as vendas dos supermercados seguem positivas, com expansão de 4,7% nos últimos 12 meses, enquanto a média do comércio em geral mostrou elevação de apenas 1,7%. Os indicadores do mercado de trabalho têm registrado crescimento importante. Em janeiro o salário real médio do brasileiro cresceu 4% sobre janeiro de 2023. O número de pessoas ocupadas também aumentou.

Foto: Fernando Dias

O preço dos lácteos ao consumidor, por outro lado, recuaram 2,8% nos últimos doze meses. No caso do UHT, a queda foi de 5,6%, o que acaba ajudando nas vendas. Neste mesmo período a inflação brasileira foi de 3,9%. Ou seja, os lácteos vêm contribuindo para redução da inflação brasileira neste momento.

Custo de produção

Na atividade de produção de leite, as informações de custo de produção têm mostrado um cenário mais positivo. Os preços de importantes insumos recuaram, contribuindo com queda no ICPLeite-Embrapa que, nos últimos 12 meses finalizados em março de 2024, apresentou recuo de 5,58%.

O farelo de soja recuou de 23% em relação a abril de 2023, ficando abaixo de R$2 mil/tonelada. No caso do milho, a queda foi também importante, com o cereal recuando 18,5% na comparação anual. Portanto, a combinação de recuo nos custos de produção com elevação no preço do leite vai sinalizando um ambiente de recuperação de rentabilidade para o produtor de leite, após um cenário difícil observado no segundo semestre de 2023.

Cadeia produtiva do leite

De todo modo, é importante avançar em uma agenda de competitividade da cadeia produtiva do leite, sobretudo com foco em melhorias na eficiência média das fazendas e na gestão. Tem sido observado uma heterogeneidade muito grande nos custos de produção de leite, em alguns casos com diferenças de até R$ 0,80 por litro. A importação traz perdas econômicas relevantes para o setor lácteo no Brasil, mas buscar cotações mais alinhadas ao cenário global é uma forma de reduzir estruturalmente as compras externas. Para isso a competitividade em custos é determinante. O momento ainda é de bastante incerteza, inclusive global. Internamente, a entressafra pode dar um fôlego para a alta recente dos preços de leite.

Fonte: Assessoria Centro de Inteligência do Leite
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