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Bovinos / Grãos / Máquinas

Conhecimento e tecnologia transformaram professora primária na Rainha da Soja

Referência em produtividade, Cecília Falavigna é exemplo quando o assunto é utilização de alta tecnologia na propriedade

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Alta produtividade, sucesso e determinação. Estas são três palavras-chave quando a conversa é com a produtora Cecília Falavigna, de Floraí, PR, a Rainha da Soja. A reportagem de O Presente Rural conversou com a produtora, que não leva o título não à toa: Cecília é bicampeã de produtividade de soja no concurso organizado anualmente pela Cocamar, cooperativa da qual faz parte, e bicampeã no concurso de produtividade promovido pela Syngenta na região Sul do Brasil.

Cecília entrou no mundo do agronegócio como tantas outras mulheres: há 20 anos, após ficar viúva, se viu com duas propriedades rurais, herdadas do marido, para cuidar. Mesmo com três filhos pequenos em casa, a então professora de escola fundamental imergiu neste mundo até então totalmente desconhecido. “Logo no início eu não sabia o que era um alqueire de terra, não sabia o que significava arrendamento”, lembra. Na época, a produtora conta que foram muitos os conselhos que recebeu deixar que outros plantassem em suas terras, mas não cedeu. “Eu disse precisamente que não (arrendaria). Como faria algo com as minhas propriedades que eu nem sabia o que significava?”, conta.

Para conseguir tocar os negócios que até então eram conduzidos somente pelo marido, Cecília buscou apoio onde mais sentiu confiança: uma cooperativa. “Lá, fui recebida por dois funcionários que me explicaram exatamente o que era uma cooperativa, quais os conceitos e deveres, e passaram a me auxiliar a tomar conta das propriedades”, recorda. Depois disso, Cecília diz que passou a participar das palestras, capacitações e dias de campo feitos pela cooperativa. “A partir dali eu sabia que estava sendo bem acolhida e poderia trabalhar”, recorda.

Pouco tempo depois, a produtora passou a modernizar o parque de máquinas da propriedade, além de investir pesado no uso das tecnologias para aumentar a produtividade da fazenda. “Os funcionários que estavam na fazenda já sabiam como o trabalho funcionava, então somente o que eu fiz foi levar as novidades que haviam no mercado para eles”, diz. De acordo com Cecília, no início os funcionários não estavam habituados a trabalhar com estas inovações. “Estavam todos em uma zona de conforto, e no início foi complicado para saírem dessa zona de conforto. Mas agora eles estão muito mais receptivos e companheiros para mudar. Até porque, há incentivo, já que se eu tenho uma boa produção, eles também ganham mais, pois trabalho com porcentagem”, explica.

Cooperativa

Como não entendia muito sobre a forma de administrar a propriedade, foi em uma cooperativa que Cecília teve auxílio. Ela comenta que este foi e ainda é um diferencial fundamental para as atividades que ela realiza. “A cooperativa investe muito no produtor, ela procura te dar todo o respaldo necessário, em tudo aquilo que há necessidade”, comenta. Além do mais, a entidade ainda capacita os associados em forma cursos, palestras e dias de campo, afirma a produtora. “Eu não me vejo produzindo sem a cooperativa, porque eu compro todo o material que eu preciso lá e também quando colho entrego tudo lá. Na hora da venda pode ser um pouco mais complicado, porque você quer sempre um preço bom, mas os técnicos também te auxiliam com isso”, destaca.

Rainha da Soja

E as altas produtividades que Cecília tem na propriedade, de acordo com ela, são resultado das tecnologias que constantemente são aplicadas. “Logo no início, quando eu peguei a fazenda para cuidar, não sabia qual era a média de produção”, recorda. Porém, com o passar do tempo a produtora foi acompanhando e viu a média disparar de 105 para quase 200 sacas de soja por alqueire. “A cada ano que passava nós aumentávamos a produção da soja. Claro que houve épocas em que diminuía um pouco por conta do clima, mas sempre foi uma produção crescente”, afirma.

E os bons números eram resultados dos cuidados que a produtora tinha na propriedade. “Tudo o que aparecia de bom em relação a soja nós estávamos aplicando. Claro que com toda a mudança muitos funcionários ficavam desconfortáveis. Mas é preciso mudar, adotar novas tecnologias e se atualizar sempre. E como eu sempre fui muito curiosa, o que era novidade eu levava para a propriedade”, conta.

Cecília lembra que entrar no concurso da Cocamar para concorrer entre as maiores produtividades foi por experiência. “Ficamos quatro anos fazendo experimentos, e a cada ano que passava colhíamos um pouco mais. Então houve um ano em que eu fiz a proposta de que queria colher 200 sacas por alqueire. No primeiro ano chegamos a 195 sacas, no outro ano um pouco mais, e eu me perguntei o que estava faltando para chegarmos ao número que eu desejava”, conta. Ela informa que a cada ano foram melhorando a produtividade, utilizando para isso tecnologias, sementes geneticamente melhores e adubos especializados.

A produtora revela que para participar do concurso, assim como todos os outros participantes, reservou quatro alqueires de sua propriedade. “No primeiro ano em que ganhei eu colhi 105 sacas de soja por alqueire. Já no segundo ano foram 225 sacas”, informa. Cecília conta que neste ano ela não foi a vencedora do prêmio, brincando com as “adversárias”. “Deixei para outra pessoa ganhar, porque não pode ser sempre eu. Não posso ser egoísta”, brinca. Porém, destaca que mesmo não ganhando o concurso neste ano, o título de Rainha da Soja ainda é seu. “O ganhador deste ano colheu 223 sacas, eu quando ganhei foram 225. Então, o meu ainda é maior”, orgulha-se.

Os bons resultados não veem por sorte, afirma Cecília. “Não é somente comprar uma semente boa e colocar na terra. É preciso ver como este solo está, fazer análise, ver qual a necessidade ali”, diz. Hoje, a produtora planta 230 alqueires de terra, porém ressalta que para o concurso são somente quatro alqueires destinados. “Mas, do que experimento neste pedaço, posso ver o que dá certo e dar continuidade em toda a propriedade”, diz.

Mulheres do Campo

Cecília afirma que após receber as premiações, alguns agricultores começaram a ficar curiosos sobre a forma com que ela lida com a lavoura. “Muitos produtores vieram até a propriedade ver o que eu estava fazendo. Ainda existem alguns que não acreditam que uma mulher possa fazer isso. Mas eu afirmo que nós somos capazes igual a eles, é somente querer”, assinala.

Cecília comenta que passou a fazer parte dos concursos não para combater os homens, mas sim para que pudesse afirmar que utilizar tecnologias na propriedade realmente dá retorno. “E eu estou tendo esse retorno. E ele não é somente para mim, mas também para o meu país, porque somos nós que alimentamos ele e o restante do mundo. É preciso buscar tecnologia e acreditar naquilo que estamos fazendo, que isso traz resultado”, comenta. A produtora ainda acrescenta que ela possui este título por conta da alta produção que possui. “Eu não precisava desse título, não quero ser rainha, quero produção, resultados na minha fazenda”, afirma. Para ela, este título veio também pelo trabalho realizado pelos funcionários na propriedade. “Ninguém faz nada sozinha. Ali eu tenho os funcionários que cuidam da terra, colhem, fazem análise. É uma atividade que envolve diversas pessoas para dar certo”, diz. “Este título não é somente meu, mas sim de toda a equipe de trabalho”, afirma.

Senhora dos Pomares

Se engana quem pensa que Cecília investe somente nos grãos. No início, logo que começou as atividades na fazenda, a propriedade contava também com um espaço reservado para gado de corte. “Eu gostava e ainda gosto bastante do gado, é uma paixão que eu não sei explicar. Até cheguei a participar de leilões para adquirir o melhor animal”, diz. Porém, com o tempo deixou de trabalhar com esta atividade. “Eram 185 alqueires de terra. Chegaram a me aconselhar para plantar eucalipto ali, mas era uma terra tão fértil que eu recusei”, lembra.

Após algumas conversas com a cooperativa, foi esta que a ajudou na decisão do que fazer com aquele espaço de terra. “Há dez anos plantei laranja, que é uma cultura que dá um bom retorno. Não há um dia que me arrependa de ter plantado. Tenho até vontade de plantar mais”, cita. Cecília recorda que na época a cooperativa estava incentivando os produtores a plantar a fruta. “Eu passei quatro anos pesquisando. Fui conhecer pomares em outros produtores, fiz cursos, estudei o mercado, para onde iria esta laranja, além de saber sobre custos e rentabilidade da produção”, conta. Decidiu que onde antes estava o gado agora plantaria os pés de laranja. “Fui atrás do agrônomo da cooperativa especialista em laranja e então plantei 14 mil pés de quatro variedades”, diz.

Devido a boa matéria orgânica que já existia naquele pedaço de terra, a produção de laranjas foi um sucesso, fazendo com que a produção se mantivesse boa até hoje. Tempos depois a Cocamar iniciou um concurso para produção da fruta. E isso fez com que Rainha da Soja recebesse outro título, se tornando também a Senhora dos Pomares. “A minha produção sempre foi alta e por conta disso recebi diversos prêmios”, conta feliz.

Sucessão Familiar

E não somente com produção se preocupa Cecília. Há quatro anos ela vem delegando funções para o filho, para que no futuro ele tome conta da propriedade. “Estou passando para ele como as coisas funcionam e como devem ser feitas”, comenta. Para ela, é importante que o filho já saiba como a fazenda é administrada “porque é só fazendo que se aprende, só estando lá é que você vê como deve ser feito. Porque somente falar não adianta, é preciso estar junto” afirma.

De acordo com Cecília, a sucessão está sendo feita aos poucos, mas o filho já sabe os principais pontos para dar continuar às atividades da família. “Quando eu não estiver mais ele vai saber como dar continuidade. Porque quando eu peguei a propriedade não tinha conhecimento sobre nada”, conta. Mas, mesmo com esta dificuldade, a produtora conta que foi atrás de informação, ficou íntima da atividade rural e está no agro até hoje. “E vejo que, mesmo que meu filho é formado em Direito, ele já tomou gosto também pela atividade. E isso é sempre bom”, diz.

Com a utilização de altas tecnologias na propriedade e também a alta produção que Cecília sempre tem, para ela, este tipo de coisa é um incentivo para o filho continuar na propriedade. “Ele vê que é algo que dá certo, que existe um retorno. E quando os jovens percebem isso, é um incentivo para que fiquem na propriedade”, argumenta. A produtora ainda acrescenta que como a propriedade já conta com um moderno parque de máquinas e também um terreno pronto para trabalhar, basta o filho continuar fazendo o trabalho que já é desenvolvido.

Mulheres no Agro

E as diferenças sentidas por Cecília no decorrer dos anos quanto à presença da mulher no agronegócio são grandes. “Agora está bem mais forte. Há 20 anos não víamos esse movimento, a mulher não era valorizada de forma alguma. Mas hoje viemos lutando e a participação da mulher no agro é maior, e eu vejo que isto está repercutindo muito bem”, comenta. Para ela, atualmente a sociedade em geral está vendo que a mulher é tão capaz para realizar qualquer atividade quanto qualquer outro cidadão. “Não que eu seja autossuficiente para aquilo que eu estou fazendo, mas vejo que nós somos capazes de fazer tão bem tudo aquilo que qualquer outro faz”, afirma. “Eu estou fazendo melhor do que muitos homens, e sei que outras também podem fazer”, garante.

Mais informações você encontra na edição de Nutrição e Saúde Animal de novembro/dezembro de 2017 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Bovinos / Grãos / Máquinas Em Uberaba (MG)

Casa do Girolando será inaugurada durante 89ª ExpoZebu

A raça Girolando terá agenda cheia na feira, incluindo lançamento do Ranking Rebanho, encontro com comitivas internacionais, julgamento e assembleia geral.

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Foto: Divulgação/Girolando

Tudo pronto para mais uma participação da raça Girolando na ExpoZebu (Exposição Internacional de Raças Zebuínas), que acontece entre sábado (27) e 05 de maio, em Uberaba (MG). A partir deste ano, a Associação Brasileira dos Criadores de Girolando passa a contar com um espaço fixo dentro do Parque Fernando Costa, a “Casa do Girolando”, onde recepcionará os visitantes ao longo de todo o evento.

A inauguração da Casa do Girolando será na próxima segunda-feira (29), a partir das 18 horas. “O parque é palco de importantes exposições ao longo de todo o ano, como a ExpoZebu e a Expoleite, que contam com a presença da raça Girolando. E agora poderemos atender a todos na Casa do Girolando, levando mais informação sobre a raça para os visitantes”, assegura o presidente da entidade, Domício Arruda.

Durante o evento, também acontecerá o lançamento do Ranking Rebanho 2023, que traz os melhores criadores que melhor desempenham o trabalho de seleção, produção e sanidade dentro de seus rebanhos. “O Ranking Rebanho é uma referência para os criadores de Girolando que buscam melhorar seus indicadores e, como consequência, elevar a rentabilidade de seus negócios”, diz o coordenador Técnico do Programa de Melhoramento Genético da Raça Girolando (PMGG), Edivaldo Ferreira Júnior. Outro evento marcado para o dia 29 de abril, a partir das 13h, é a Assembleia Geral Ordinária, para prestação de contas.

A associação ainda receberá comitivas internacionais durante a 89ª ExpoZebu. Estão agendados encontros com grupos da Índia e do Equador, quando serão apresentados os avanços da raça Girolando, que é uma das que mais exporta sêmen no Brasil.

Competições

A raça Girolando competirá em julgamento nos dias 29 e 30 de abril, pela manhã e tarde, sob o comando do jurado Celso Menezes. Participarão 120 animais de 17 expositores.

Fonte: Assessoria da Associação Brasileira dos Criadores de Girolando
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Bovinos / Grãos / Máquinas

Embrapa propõe políticas para reaproveitamento de pastagens degradadas

Brasil tem pelo menos 28 milhões de hectares de áreas de pastagens em degradação com potencial para conversão em agricultura, reflorestamento, aumento da produção pecuária ou até para produção. de energia.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

O Brasil tem pelo menos 28 milhões de hectares (ha) de áreas de pastagens em degradação com potencial para conversão em agricultura, reflorestamento, aumento da produção pecuária ou até para produção de energia. O volume de hectares equivale ao tamanho do estado do Rio Grande do Sul.

O cerrado é o bioma com o maior número de áreas em degradação. Os estados com as  maiores áreas são o Mato Grosso (5,1 milhões de ha), Goiás (4,7 milhões de ha), Mato Grosso do Sul (4,3 milhões de ha), Minas Gerais (4,0 milhões de ha) e o Pará (2,1 milhões de ha).

Para ter uma ideia das possibilidades de reaproveitamento, se toda essas áreas fossem usadas para o cultivo de grãos (arros, feijão, milho, trigo, soja e algodão) haveria uma aumento de 35% a área total plantada no Brasil (comparação com a safra 2002/2023).

A extensão do problema e as diferentes possibilidades de reaproveitamento econômico dessas áreas fizeram o governo federal a criar no final do ano passado o Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas em Sistemas de Produção Agropecuários e Florestais Sustentáveis (Decreto nº 11.815/2023).

Para implantar o programa, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Embrapa, publicou em um livro mais de 30 sugestões de políticas públicas, que o país tem experiência e tecnologia desenvolvida para implantação.

Planejamento 
Apesar da expertise acumulada, a efetivação é um desafio. Cada área a ser recuperada exige estudo local. O planejamento das ações “deve levar em consideração informações sobre o ambiente biofísico, a infraestrutura, o meio ambiente e questões socioeconômicas. Além disso, é preciso avaliar o histórico de evolução pecuária no local e entender quais fatores condicionam a adoção dos sistemas vigentes”, descreve o livro publicado pela estatal.

A partir do planejamento, é necessário criar condições para o reaproveitamento das áreas: crédito, capacitação dos produtores e assistência. “É preciso integrar políticas públicas, fazer com que os produtores rurais tenham acesso ao crédito, ampliar o serviço de educação no campo, e dar assistência técnica e extensão rural para a estruturação de projetos e para haja um trabalho contínuo e não uma coisa pontual”, assinala o engenheiro agrônomo Eduardo Matos, superintendente de Estratégia da Embrapa.

Nesta sexta-feira (26), a empresa faz 51 anos de funcionamento. A cerimônia de comemoração, nesta quinta-feira (25), contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Um exemplar do livro foi entregue à comitiva presidencial.

No total, as áreas de pastagem ocupam 160 milhões de hectares, sendo aproximadamente 50 milhões de hectares formados por pasto natural e o restante pasto plantado. A área de produção de grãos totaliza 78,5 milhões de hectares, e as florestas plantadas para uso econômico ocupam uma área aproximada de 10 milhões de hectares.

De acordo com o IBGE, a atividade agropecuária ocupa mais de 15 milhões de pessoas no Brasil. Um terço desses empregos são na pecuária bovina (4,7 milhões). O país é o segundo maior produtor de carne bovina do mundo e o maior exportador (11 milhões de toneladas).

Fonte: Agência Brasil
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Bovinos / Grãos / Máquinas

Rentabilidade ao produtor de leite melhora impulsionada pela redução dos custos de produção e pela sazonalidade da oferta

Mercado de leite enfrenta um cenário desafiador, marcado por incertezas, queda na oferta interna e nos preços ao consumidor.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

O mercado nacional e global de leite ainda segue sob grandes incertezas. Na área internacional, os preços perderam um pouco o ritmo de elevação, influenciado principalmente, por uma menor demanda chinesa. Além disso, o gigante asiático vem estimulando a produção interna substituindo parte da importação.

O leite em pó integral fechou em US$3.269/tonelada no leilão GDT do dia 16 de abril. No mesmo mês em 2023 este preço estava no patamar de US$ 3.100/tonelada. Na Argentina, a oferta de leite segue complicada por uma piora na rentabilidade nas fazendas. Nos dois primeiros meses do ano, a produção de leite da Argentina caiu 13,6% na comparação com o mesmo período do ano passado.

Foto: Ari Dias

Já no mercado interno, as cotações de leite e derivados vêm reagindo, mas o cenário de menor competitividade em preços e queda de braço com as importações permanece. No primeiro trimestre de 2024, as importações brasileiras totalizaram 560 milhões de litros, com alta de 10,8% em relação a 2023. O diferencial de preços, tanto do leite em pó quanto do queijo muçarela, está mais favorável ao derivado importado.

Enquanto isso, governos estaduais tem se manifestado com medidas tributárias e fiscais para tentar reduzir a entrada de derivados lácteos oriundos do exterior. Vale lembrar que em 2023 as importações responderam por 9% da produção doméstica e um recuo nesse volume tende a deixar a oferta mais restrita, sustentando os preços internos. Mas também irá exigir uma resposta mais rápida da produção interna, suprindo a demanda brasileira.

Sazonalidade da produção de leite

A sazonalidade da produção de leite no Brasil é bastante pronunciada, mesmo considerando o crescimento dos sistemas de produção de maior adoção de tecnologias. Os meses de abril, maio e junho são aqueles de menor produção de leite e isso acaba refletindo nos preços neste momento. Os mercados de leite UHT e queijo muçarela tem registrado valorizações, ainda que modestas.

O preço ao produtor também vem registrando elevação, pelo quarto mês consecutivo.

Do ponto de vista macroeconômico, os indicadores de crescimento do PIB vêm melhorando, com perspectivas de expansão próxima de 2% em 2024. No comércio, as vendas dos supermercados seguem positivas, com expansão de 4,7% nos últimos 12 meses, enquanto a média do comércio em geral mostrou elevação de apenas 1,7%. Os indicadores do mercado de trabalho têm registrado crescimento importante. Em janeiro o salário real médio do brasileiro cresceu 4% sobre janeiro de 2023. O número de pessoas ocupadas também aumentou.

Foto: Fernando Dias

O preço dos lácteos ao consumidor, por outro lado, recuaram 2,8% nos últimos doze meses. No caso do UHT, a queda foi de 5,6%, o que acaba ajudando nas vendas. Neste mesmo período a inflação brasileira foi de 3,9%. Ou seja, os lácteos vêm contribuindo para redução da inflação brasileira neste momento.

Custo de produção

Na atividade de produção de leite, as informações de custo de produção têm mostrado um cenário mais positivo. Os preços de importantes insumos recuaram, contribuindo com queda no ICPLeite-Embrapa que, nos últimos 12 meses finalizados em março de 2024, apresentou recuo de 5,58%.

O farelo de soja recuou de 23% em relação a abril de 2023, ficando abaixo de R$2 mil/tonelada. No caso do milho, a queda foi também importante, com o cereal recuando 18,5% na comparação anual. Portanto, a combinação de recuo nos custos de produção com elevação no preço do leite vai sinalizando um ambiente de recuperação de rentabilidade para o produtor de leite, após um cenário difícil observado no segundo semestre de 2023.

Cadeia produtiva do leite

De todo modo, é importante avançar em uma agenda de competitividade da cadeia produtiva do leite, sobretudo com foco em melhorias na eficiência média das fazendas e na gestão. Tem sido observado uma heterogeneidade muito grande nos custos de produção de leite, em alguns casos com diferenças de até R$ 0,80 por litro. A importação traz perdas econômicas relevantes para o setor lácteo no Brasil, mas buscar cotações mais alinhadas ao cenário global é uma forma de reduzir estruturalmente as compras externas. Para isso a competitividade em custos é determinante. O momento ainda é de bastante incerteza, inclusive global. Internamente, a entressafra pode dar um fôlego para a alta recente dos preços de leite.

Fonte: Assessoria Centro de Inteligência do Leite
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