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Como controlar a mastite no período seco?

Para otimizar a produção de leite na lactação seguinte, a glândula mamária requer um período seco, cuja duração deve ser de aproximadamente 60 dias

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Artigo escrito por Marcos Veiga, que é professor associado, Qualileite-Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade de São Paulo (USP), campus de Pirassununga (SP)

O período seco é uma fase de mudanças fisiológicas significativas no ciclo produtivo da vaca leiteira, cujo principal objetivo é manter a saúde da glândula mamária, maximizar a produção e a reprodução da vaca leiteira. Para otimizar a produção de leite na lactação seguinte, a glândula mamária requer um período seco, cuja duração deve ser de aproximadamente 60 dias. Em relação à saúde do úbere, neste período existe maior risco de novos casos de mastite logo após a secagem e no período peri-parto. Por outro lado, a secagem é um dos momentos mais vantajosos para o tratamento das mastites subclínicas, que se iniciam durante a lactação. Desta forma, o objetivo da secagem das vacas é reduzir o número de quartos infectados no momento do parto, de forma a otimizar a produção de leite com baixa contagem de células somáticas (CCS) na lactação seguinte.

Após a secagem, o úbere passa por três fases fisiologicamente muito diferentes. Durante as três primeiras semanas após secagem, ocorre a fase de involução ativa, na qual há acúmulo de leite, aumento da pressão intramamária e alto risco de novas infecções. Nesta fase, há aumento da contagem e da atividade das células imunes, cuja função é a absorção dos componentes do leite e das células produtores de leite. Além disso, durante as primeiras semanas após a secagem ocorre a formação de tampão de queratina no canal do teto, o qual funciona como uma barreira física contra entrada de patógenos causadores de mastite. Após três semanas a secagem, o úbere está completamente involuído, sem a presença de secreção e, desta forma, o risco de novas infecções é baixo. A terceira fase inicia cerca de três semanas antes do parto, quando a glândula mamária inicia a produção de colostro, o que envolve aumento da concentração de anticorpos e de componentes do leite. Durante esta fase final, além do aumento da pressão do úbere, a vaca apresenta menor capacidade de resposta imune, o que aumenta a suscetibilidade da vaca a novos casos de mastite, principalmente aquelas causadas por agentes ambientais.

A taxa de novos casos de mastite é maior durante o período seco que durante a lactação. Infecções adquiridas durante o período seco são normalmente causadas por agentes ambientais, e algumas destas infecções persistem durante a lactação seguinte. O risco de ocorrência de mastite durante a secagem depende dos mecanismos de defesa da vaca leiteira e do desafio causado pela contaminação por microrganismos ambientais e contagiosos. A ocorrência de casos de mastite durante o período seco causa prejuízos em razão da menor produção e qualidade do leite na lactação seguinte e pelo aumento da mastite clínica pós-parto. Na ausência de um programa de prevenção de mastite e medidas eficazes de controle durante o período seco, ocorre aumento da incidência de mastite no período pós-parto. O controle dos agentes causadores de mastite ambiental é um desafio constante para a glândula mamária durante todo o período seco. Isto ocorre principalmente em rebanhos com condições de ambiente inadequado, como altas temperaturas e umidade, acúmulo de lama, barro e esterco, falta de sombra e de conforto para os animais secos.

Método de secagem de vacas leiteiras

O nível de produção de leite no momento da secagem é um fator de fundamental importância para o sucesso da secagem, pois quanto maior a produção de leite maior o aumento da pressão intramamária e do risco de vazamento de leite no período após a secagem, o que consequentemente aumenta o risco de novos casos de mastite. Para cada 5 kg de aumento de produção de leite acima de 12,5 kg/dia (no momento da secagem), o risco de novos casos de mastite ambiental aumenta em 77%.

Atualmente, os dois principais métodos de secagem utilizados em fazendas leiteiras são a secagem abrupta e a intermitente. Na secagem abrupta, as ordenhas são interrompidas no dia da aplicação do antibiótico para vacas secas, cerca de 50 a 60 dias antes da data prevista do parto, independentemente da produção da vaca. Após a última ordenha, as vacas devem ficar sob observação durante 1-2 semanas para identificar a ocorrência de novos casos de mastite clínica, quando ocorre aumento de volume em apenas um dos quartos mamários.

No método de secagem intermitente ocorre redução da frequência de ordenhas na última semana de lactação, até a completa secagem da vaca. Ordenhas intermitentes são usadas para reduzir a produção de leite antes da secagem de vacas com altas produções, o que pode facilitar a involução da glândula mamária, reduzir o risco de novas infecções (menor pressão intramamária após a secagem) e aumentar os fatores de defesa naturais contidos no leite.

O método mais simples para secagem das vacas e um dos mais utilizados é a secagem abrupta. Em vacas de alta produção, este método pode causar aumento da pressão na glândula mamária e canal do teto, o que leva ao gotejamento de leite e permanência do canal dos tetos abertos por períodos prolongados. Sendo assim, uma alternativa de manejo nutricional é a retirada do concentrado das vacas, cerca de uma semana antes da secagem. Esta medida de manejo auxilia na redução da produção de leite e permite a secagem abrupta. Pela simplicidade e pelos bons resultados obtidos, quando associados ao tratamento de vaca seca, a secagem abrupta é uma das principais práticas de manejo em rebanhos nos países desenvolvidos.

Terapia completa da vaca seca

O uso do tratamento da vaca seca no final da lactação é uma das medidas mais importantes e recomendadas para prevenção de novas novos casos de mastite durante o período seco. Este procedimento consiste da infusão intramamária de antibiótico de longa ação específico com indicação específica na bula para este fim, em cada quarto do úbere após a última ordenha. Além da função de prevenção de novos casos de mastite durante a fase inicial do período seco, a terapia da vaca seca é um componente indispensável para a eliminação de infecções subclínicas existentes na secagem. A terapia da vaca seca elimina em média 80% das mastites subclínicas existentes e previne até 80% das novas infecções intramamárias durante o período seco.

Os benefícios diretos do tratamento de vacas secas são a maior da taxa de cura em relação aos tratamentos durante a lactação, assim como o menor custo, pois não há a necessidade de descarte do leite com resíduos de antibióticos. Além disso, ocorre redução do risco de resíduos no leite após o parto, desde que seja observado o período mínimo de duração do período seco, com duração média de 60 dias. Entre as outras vantagens do tratamento da vaca seca, destacam-se a possibilidade de usar maiores concentrações de antibióticos, redução de novas infecções no período, possibilidade do tecido danificado poder se regenerar antes do parto e diminuição da mastite clínica nas primeiras semanas após o parto.

Atualmente, recomenda-se a terapia completa da vaca seca, na qual o uso do selante de tetos deve ser feito em conjunto com o tratamento de vaca seca. A formação do tampão de queratina faz parte do processo natural de involução da glândula mamária após a secagem e tem função de proteção contra a invasão bacteriana. No entanto, em quase metade dos tetos ocorre falha na formação de tampão de queratina após a secagem, o que aumenta o risco de ocorrência de mastite durante esta fase. Para reduzir os riscos de novas infecções nas vacas nas quais não há formação do tampão de queratina nos tetos, foi desenvolvido o selante de tetos. O selante interno deve ser aplicado no teto logo após o tratamento de vaca seca com o objetivo de formar uma barreira física na extremidade dos tetos, que impede a entrada de bactérias causadoras de mastite. O selante de tetos é um produto inerte a base de subnitrato de bismuto e não tem ação antimicrobiana.

Devido à boa capacidade de fixação, o selante de tetos permanece na cisterna do teto até o final de período seco. A retirada do selante após o parto pode ser facilmente realizada manualmente, mas caso ocorra ingestão do colostro pelo bezerro, o selante é inerte no trato gastrointestinal e não traz risco para a saúde. Em termos gerais, o uso do selante interno em quartos sadios apresenta efeito preventivo similar ao do tratamento de vaca seca (aproximadamente 80%).

O uso associado do tratamento de vaca seca juntamente com o selante permite obter os benefícios da cura das infecções subclínicas existentes no momento da secagem com a prevenção de novos casos de mastite durante o período seco. Desta forma, o uso do selante de tetos deve ser feito em associação com a terapia de vaca seca visando obter alta proteção contra novas infecções durante o período seco e eliminar as existentes no momento da secagem.

O período seco é uma necessidade fisiológica para a vaca leiteira e apresenta relação direta com a saúde da glândula mamária e a produção de leite na lactação seguinte. O uso do tratamento de vacas seca e do selante de tetos, em conjunto com um ambiente limpo e confortável, são ferramentas indispensáveis no controle da mastite durante o período seco. 

Mais informações você encontra na edição de agosto/setembro de 2016 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Nova tecnologia produtiva melhora desempenho da pecuária de cria

Animais ganham mais peso quando pastejam na integração lavoura-pecuária e podem ter melhor produção de hormônios sexuais e maior produção de anticorpos em sistemas com árvores. Sistema PPS traz resultados para a fazenda além do ganho de peso e da precocidade sexual do rebanho, abarcando também a sustentabilidade. Recomendação de manejo é feita para cada categoria animal ao longo de todo o ano.

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Sistemas com baixa emissão de carbono ou que neutralizam as emissões favorecem uma produção pecuária mais sustentável - Fotos: Gabriel Farias

Pesquisadores da Embrapa Agrossilvipastoril (MT) reuniram resultados de mais de 10 anos de estudos com sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) em uma recomendação de manejo específica para a pecuária de cria. O Sistema PPS, iniciais de precocidade, produtividade e sustentabilidade, é destinado a fazendas que trabalham com a raça Nelore no Brasil Central. A proposta é a de aproveitar os benefícios da integração lavoura-pecuária (ILP) e dos sistemas silvipastoris conforme a fase de vida do animal.

O novo sistema preconiza a rotação do rebanho em diferentes sistemas produtivos, de forma a obter maior ganho de peso na ILP e a ter maior produção hormonal e de anticorpos no sistema com árvores, resultando em precocidade sexual e melhor resposta do sistema imune. Ao mesmo tempo, ao adotar sistemas com baixa emissão de carbono ou que neutralizam as emissões, tem-se uma produção pecuária mais sustentável.

De acordo com o pesquisador Luciano Lopes, a definição da estratégia de manejo do Sistema PPS se baseou em diferentes resultados de pesquisas obtidos nos experimentos de ILPF da Embrapa Agrossilvipastoril. “Esses resultados envolveram comportamento e saúde animal, produtividade e alguns indicadores de precocidade sexual. A partir de então, pudemos perceber que alguns sistemas produtivos são melhores para cada categoria, de acordo com as suas necessidades e com o objetivo do produtor”, explica o pesquisador.

Lopes destaca que o Sistema PPS tem como característica o uso de mais de um sistema produtivo na fazenda. O planejamento deve ser feito de modo a se ter áreas com integração lavoura-pecuária e também áreas com ILPF ou silvipastoril (integração pecuária-floresta: IPF). “Apesar de ser um pouco mais complexo do ponto de vista operacional, esse manejo traz ganhos além do componente animal. A parte ambiental também é beneficiada em termos de dinâmica de carbono, por exemplo”, detalha.

Estratégia de rotação
Quando as matrizes entram na estação de monta precisam ter níveis hormonais mais elevados para que possam ciclar. Ao reduzir o estresse calórico, por meio do acesso à sombra das árvores, tem-se um melhor balanço hormonal. Dessa forma, recomenda-se que esta categoria animal seja levada para áreas com integração pecuária-floresta até que sejam emprenhadas.

Na etapa seguinte, quando o ganho de peso passa a ser importante para o desenvolvimento e o crescimento do feto e para melhoria do escore corporal da vaca, o lote de matrizes é conduzido para a ILP.

 

Próximo ao parto, as vacas retornam ao pasto sombreado, onde poderão reforçar seu sistema imunológico, passando anticorpos para os bezerros. Os partos ocorrem no sistema silvipastoril, proporcionando melhor conforto térmico para os recém-nascidos.

O Sistema PPS traz as recomendações de manejo e rotação dos lotes na fazenda, como as exemplificadas para cada categoria animal. Além das matrizes, há recomendações para vacas de primeira cria, bezerras desmamadas, novilhas em crescimento e animais de cria, engorda e descarte. Todas essas instruções estão em uma publicação da Série Sistemas de Produção lançada pela Embrapa Agrossilvipastoril e disponível para download gratuito aqui.

A publicação também traz orientações sobre o calendário de controle parasitário do rebanho, conforme a categoria e calendário sanitário e sobre a infraestrutura necessária para adoção do Sistema PPS. “O Sistema PPS se baseia nas vantagens que cada modalidade de consórcio oferece. As condições microclimáticas da IPF e os benefícios da ILP para o solo são aqui explorados em sua plenitude, podendo trazer vários outros benefícios além do ganho de peso para fazendas que trabalham com cria e recria e terminação de novilhas a pasto”, relata o pesquisador.

As pesquisas usadas para validar esta recomendação de manejo foram obtidas em experimentos com uso de rebanho Nelore, nas condições climáticas de Mato Grosso; por isso, a

Foto: Mylene Dias

restrição a esta raça. Novos trabalhos precisam ser feitos para que se valide o manejo para outras raças.

A Embrapa Agrossilvipastoril está trabalhando também em uma versão do Sistema PPS com foco no ganho de peso de machos.

Parcerias
As pesquisas que possibilitaram o desenvolvimento do Sistema PPS contaram com uma parceria com o setor produtivo, por meio da Associação dos Criadores do Norte de Mato Grosso (Acrinorte), que forneceu o rebanho e parte do custeio durante todas as pesquisas, e da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), que participou durante alguns anos do custeio das despesas de manejo do gado. Também participaram dos trabalhos o pesquisador Fabiano Alvim Barbosa e professores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

Fonte: Assessoria Embrapa Agrossilvipastoril 
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Análise detalhada revela desafios e oportunidades para diferentes sistemas de produção na pecuária de corte

Suplementação estratégica, aliada à reforma de pastagens e ao manejo adequado, é crucial para otimizar a produtividade da pecuária de corte no Brasil, com destaque para sistemas de produtividade média, que se configuram como mais estáveis e lucrativos.

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O Brasil tem espaço e condições para se manter em destaque dentro da cadeia de carne bovina mundial. Com uma pecuária majoritariamente realizada a pasto, estima-se que o País detenha 177 milhões de hectares de pastagem cultivada. Entretanto, além de enfrentar fenômenos como a sazonalidade, cerca de 60% das áreas de pastagem apresentam algum nível de degradação.

De maneira geral, a suplementação de bovinos em pastejo é uma das principais estratégias utilizadas por pecuaristas, visando uma maior eficiência do sistema. A técnica permite corrigir deficiências presentes nas pastagens, melhorando a conversão alimentar e, com isso, potencializando o crescimento e ganho de peso dos animais. Vale ressaltar que melhores respostas produtivas e estratégias de suplementação estão associadas a diversos fatores. A suplementação somente não é garantia de desempenho individual satisfatório, e a estratégia mais apropriada vai variar de acordo com cada realidade.

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

Manejos de reforma das áreas de pastos apropriados, com o intuito de produzir e ofertar forrageiras com alto valor nutritivo para o rebanho, associados a estratégias de suplementação mineral, podem promover o desempenho individual dos animais. Além disso, possibilitam um aumento da capacidade de suporte das áreas de pasto, o que permitiria a mantença de mais animais dentro de uma menor área e beneficiaria, portanto, a produtividade do sistema.

A melhora nos índices produtivos traz consigo a possibilidade de reduzir o tempo de permanência dos animais na propriedade. Tendo em vista que quanto mais alongado esse período, mais oneroso este animal se tornará para o produtor, essa diminuição no tempo favorece o aumento do giro da propriedade.

Sobretudo ao considerar-se o alto impacto que a aquisição de suplementos possui sobre os custos de produção da pecuária (ocupando a segunda posição dentro do COE da atividade), a estratégia adotada pode impactar significativamente na margem do produtor.

Buscando compreender a realidade dos diferentes sistemas de recria e engorda brasileiros quanto à eficácia do uso de suplementos, foram analisadas propriedades típicas amostradas no Projeto Campo Futuro, iniciativa do sistema CNA/Senar, em parceria com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP. Tais modelos contém os índices técnico-financeiros dos sistemas de produção mais representativos em cada região do Brasil. Ao todo, 42 propriedades foram segregadas em grupos de acordo com a produtividade (arrobas por hectare), definindo cinco agrupamentos.

Todas as propriedades avaliadas fornecem algum tipo de suplementação. Analisando o grupo de maior produtividade (arrobas por hectare), observa-se que, em sua maioria (63%), foi utilizado apenas sal proteinado.

Enquanto que nas fazendas de menor produtividade ocorreu o inverso, tendo a maioria (67%) optado pelo uso apenas de mineral. Por sua vez, a grande maioria dentro dos sistemas medianos (75%) lançou mão da estratégia de consórcio entre mineral e proteinado, fazendo o uso do último apenas em períodos mais desafiadores do ano.

A utilização de proteinado é bastante difundida, sobretudo como estratégia para suprir demanda nutricional em períodos de seca, quando a qualidade da pastagem é mais comprometida. Sendo o proteinado um insumo mais custoso, quando utilizado somente este (propriedades grupo 1), o custo médio por cabeça ano com a suplementação foi de R$ 490,00; e, quando consorciado com mineral (propriedades grupo 3), esse custo cai para R$ 345,88 cabeça ano.

Dentre os grupos avaliados, observa-se uma variação no desempenho produtivo do sistema: as propriedades mais produtivas obtiveram um desempenho individual dos animais de 0,42 kg de ganho médio diário, enquanto as menos produtivas de 0,33 kg. Alinhado a isso, quanto às taxas de lotação observadas entre os grupos, o mais produtivo demonstrou uma média de 1,4 UA/ha. Em contrapartida, o menos produtivo apresentou uma lotação média de 0,8 UA/ha. Em consequência desses valores, as propriedades mais produtivas são definidas por uma maior produção de arroba por hectare em relação às demais (Gráfico 1).

Com isso, foi possível observar que as propriedades de média produtividade, portanto grupos 2, 3 e 4 (produtividade entre 6,0 a 8,0 arrobas/ha), no geral, demonstraram Margem Bruta predominantemente positiva, mas estas não se mostraram escalonáveis para patamares superiores.

Foto: Everton Queiroz

O menor risco que sistemas mais modestos assumem, quando comparados a sistemas mais produtivos cujos investimentos são normalmente mais fortes, ilustram a possibilidade de pagamento dos custos, mas com margens limitadas.

Quando avaliados os níveis de produtividade (arroba/ha), foi observada uma variação de margens sobre o COE por área produzida (COE/ha), em que, independentemente da produtividade em si, os custos de produção irão implicar em sucesso ou não do sistema. Isso é afirmado uma vez que as propriedades mais produtivas, retratadas como grupo 1, apresentaram grande variabilidade para o resultado de margem bruta.

Por sua vez, isso demonstra que quanto maior o investimento mais riscos são assumidos, de forma que este produtor está mais susceptível a impactos provindos das flutuações de mercado, bem como de possíveis imprevistos climáticos e sanitários. Dessa forma, sistemas mais modestos, portanto de produtividade média, demonstraram menor intervalo de variação nos resultados de margem, e a tendência é este reduzir juntamente com a produtividade (Gráfico 2).

A vasta amplitude de resultados no grupo de maior produtividade pode estar associada ao período longo dos animais em recria observado nas propriedades com margens mais apertadas. Apesar de estarem investindo no desempenho individual dos animais, como na inclusão de estratégias de arraçoamento durante o período de engorda para atingir peso e acabamento suficientes para o abate sem o risco de penalizações ao produtor, esses sistemas se tornam mais custosos e com retorno mais limitado.

Quando analisada a taxa de desfrute entre os grupos, observa-se que esta decresce juntamente com a produtividade. Isso significa que, quanto mais elevado o rendimento individual dos animais, mais rápido o giro no sistema. O tempo de permanência nas propriedades mais produtivas ficou abaixo dos 20 meses, o que se traduziu em uma taxa de desfrute em média de 56%. Por sua vez, as propriedades de média produtividade obtiveram um desfrute de 47%, ao passo que as menos produtivas apresentaram uma taxa de 41%.

A condição das pastagens é um importante ponto a ser considerado ao se definir estratégias de suplementação. Normalmente, a pastagem não tem disponível todos os nutrientes necessários e na proporção adequada, de maneira a atender as exigências dos animais em pastejo. Dessa forma, a adoção de estratégias de suplementação de nutrientes que possibilitem uma curva de crescimento adequada e que se adeque a viabilidade econômica do sistema é de suma importância para o sucesso da produção.

Não existe pacote tecnológico padrão de suplementação mineral para o sucesso de um sistema. Sendo assim, tendo em mente a importância da mineralização do rebanho, cada caso e/ou estratégia a se adotar é particular de cada sistema produtivo, dado as variações do ambiente inserido.

Fonte: Assessoria Cepea
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Genética e nutrição: os pilares da eficiência alimentar na pecuária moderna

Com avanços tecnológicos e práticas de manejo inovadoras, os produtores estão alcançando níveis invejáveis de conversão alimentar, ou seja, produzindo mais carne com menos alimento consumido pelos animais.

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Fotos: Divulgação/Criatório Rana

Nos últimos anos, a pecuária de corte testemunhou um aumento significativo na rentabilidade dos produtores, impulsionado em grande parte pela melhoria da eficiência alimentar. Este avanço está revolucionando a forma como os pecuaristas gerenciam seus rebanhos, resultando em maiores ganhos econômicos.

A eficiência alimentar na pecuária de corte se refere à capacidade de produzir mais carne utilizando menos recursos alimentares, como pastagens e rações. Com avanços tecnológicos e práticas de manejo inovadoras, os produtores estão alcançando níveis invejáveis de conversão alimentar, ou seja, produzindo mais carne com menos alimento consumido pelos animais.

Criador Ivo Arnt Filho do Criatório Angus Rana, de Tibagi, no Paraná: “Eficiência alimentar é a chave para a pecuária moderna” – Foto: Divulgação

Um dos principais impulsionadores desse aumento na eficiência é a seleção genética de animais com melhor capacidade de conversão alimentar e crescimento acelerado. Os pecuaristas estão optando por raças e linhagens que apresentam maior eficiência na transformação de alimentos em carne, garantindo uma produção mais rentável. Esse é o caminho que criador Ivo Arnt Filho tomou, quando incluiu no Criatório Rana, localizado em Tibagi, no Paraná, a criação de animais da raça Angus, em 1987.

Após duas décadas dos primeiros animais terem chegado à propriedade, Arnt passou em 2009 a se dedicar à seleção genética da raça. “Para obter a melhor eficiência alimentar buscamos a seleção genômica dos animais, com a característica de melhor conversão de alimento em carne, realizando a escolha do pai e da mãe para produção de um filho superior para esta característica”, explica, contando que os 450 animais que tem na propriedade são todos registrados e avaliados pelo programa oficial da Associação Brasileira de Angus.

Entre os melhores do país

Para garantir um padrão de excelência em sua criação, o criatório do produtor paranaense participa da Prova de Eficiência Alimentar, promovida pela Associação Brasileira de Angus, em parceria com a Embrapa Pecuária Sul, e hoje possui cinco touros entre os melhores reprodutores da raça Angus no Brasil.

Na prova, os animais são avaliados quanto à eficiência alimentar por meio da ponderação do Consumo Alimentar Residual e do Ganho e Peso Residual. “Eficiência alimentar é a chave para a pecuária moderna. Selecionando os indivíduos pais, para que seus descendentes tenham a melhor conversão alimentar em carne. A avaliação de ultrassonografia de carcaça nas mães, com aplicação da equação de validação para DEP de peso de carcaça quente, nos auxilia em muito na rentabilidade da produção”, enfatiza.

A busca constante por animais com alta eficiência alimentar não apenas agrega valor econômico à atividade pecuária, mas também promove a sustentabilidade e a rentabilidade ao pecuarista. “Além do reconhecimento, os touros campeões da Prova de Eficiência Alimentar foram contratados por centrais de inseminação e hoje seu sêmen está disponível no mercado para melhorar os rebanhos de todo o país”, diz, orgulhoso. “O abate e a comercialização é restrita aos animais que não são destinados à reprodução”, informa.

Alimentação dos animais

Além disso, a adoção de práticas de manejo intensivo e estratégias nutricionais específicas também contribuem para melhorar a eficiência alimentar. Isso inclui o uso de suplementos alimentares balanceados e a implementação de sistemas de confinamento que permitem um controle mais preciso da dieta dos animais, otimizando assim o ganho de peso. “A alimentação dos animais é realizada a pasto com suplementação da dieta com sal proteico energético, realizando para cada faixa etária o balanceamento adequado”, descreve Arnt, afirmando que animais bem nutridos, suplementados com silagem e complemento mineral têm uma saúde intestinal adequada. “Como trabalhamos somente com animais puros de origem buscamos a alimentação mais natural possível”, salienta.

Outro aspecto importante é com a gestão das pastagens. Os produtores estão investindo em técnicas de manejo que visam melhorar a qualidade e a disponibilidade de forragem, como a rotação de pastagens e o controle de invasoras. Isso não apenas aumenta a produtividade das áreas de pastoreio, mas também contribui para a saúde do solo e a sustentabilidade da atividade pecuária a longo prazo. “Para promover a saúde intestinal dos animais e prevenir problemas relacionados ao sistema digestivo fornecemos somente alimentos nobres, ricos em fibra e probióticos”.

Como fazer a seleção de animais

Na propriedade da família Arnt, diversas tecnologias foram implementadas visando a melhoria da eficiência alimentar dos animais. “Os pecuaristas devem escolher e selecionar os animais (touros e vacas) genomicamente, utilizando ferramentas que permitem gerenciar o ganho de peso e a economicidade da produção pecuária. Não é suficiente adquirir touros apenas com base em fotografias, é necessário analisar as DEP’s (Diferenças Esperadas na Progênie). Além disso, é fundamental avaliar as mães por meio de ultrassonografia de carcaça para produzir os bezerros do futuro, que serão convertidos em carne”, afirma.

Cuidado especializado

Para monitorar e avaliar a eficácia do manejo nutricional e da saúde intestinal dos animais, o produtor paranaense realiza a pesagem individual dos animais regularmente. De acordo com ele, essa prática fornece informações sobre o desempenho de ganho de peso diário, um parâmetro fundamental para o desenvolvimento dos animais jovens. Além disso, é feito a verificação das fezes dos animais para avaliar sua saúde intestinal. A propriedade conta com assessoria veterinária própria para garantir a manutenção da boa saúde alimentar dos animais.

Produção de bezerros

O produtor destaca ainda a importância de cuidar da produção de bezerros para garantir a continuidade do negócio. “Temos que nos preocupar com a produção eficiente de bezerros, utilizando as ferramentas disponíveis para alcançar uma melhor eficiência econômica e obter ótima rentabilidade na atividade pecuária, bem como a sustentabilidade do nosso negócio”, pontua Arnt.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor de bovinocultura de leite e na produção de grãos acesse a versão digital de Bovinos, Grãos e Máquinas, clique aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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