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Avicultura

Brasil reforça medidas para evitar surto iminente de gripe aviária

Com o segundo maior plantel avícola do mundo e principal exportador da carne de frango, comercializando para mais de 150 países, o país está vigilante para manter o território livre de doenças, evitando restrições comerciais e impactos negativos na cadeia produtiva.

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Foto: Shutterstock.

Líder mundial na exportação de carne de frango, o Brasil é o único entre os grandes produtores mundiais a nunca registrar Influenza aviária em seu território. No entanto, desde outubro de 2022 o país redobrou a atenção e os cuidados sanitários nas granjas avícolas com as notificações dos primeiros focos de Influenza aviária de Alta Patogenicidade (IAAP) na América do Sul, identificada nas áreas litorâneas do Equador, Venezuela e de países fronteiriços como da Colômbia, Peru e Chile. A iminente possibilidade de entrada do vírus no plantel brasileiro acendeu um alerta e fez com que a cadeia avícola e os órgãos nacionais de defesa sanitária intensificassem as medidas de prevenção à doença viral.

Conforme organismos internacionais, surtos da gripe aviária já foram registrados em países dos continentes africano, americano, asiático, europeu e na Oceania, se configurando como a maior epidemia já ocorrida no mundo, com a maioria dos casos relacionados ao contato de aves silvestres migratórias com aves de subsistência, de produção industrial ou de aves silvestres locais.

Com o período migratório das aves do Hemisfério Norte para a América do Sul de novembro a abril, o atual momento é ideal para aumentar as ações de vigilância pelo serviço veterinário oficial e órgãos ambientais, reforçando as medidas de biosseguridade pelos avicultores a fim de mitigar os riscos de ingresso e disseminação da enfermidade no Brasil.

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) recomendou em dezembro a suspensão de visitas em aviários, frigoríficos e demais estabelecimentos da avicultura no Brasil para garantir a segurança sanitária do plantel brasileiro, permitindo apenas o acesso para quem trabalha diretamente e exclusivamente na unidade produtiva.

Entre os protocolos recomendados pela entidade estão a higienização das mãos e troca de roupas e sapatos antes de adentrar as granjas, desinfecção de todos os veículos que acessam a propriedade e evitar o contato da granja com outras aves, em especial aves silvestres.

Em entrevista ao Jornal O Presente Rural, a zootecnista, coordenadora do Grupo de Trabalho em Sustentabilidade do Conselho Mundial de Avicultura e diretora técnica da ABPA, Sula Alves, enfatizou que a blindagem das unidades produtoras é fundamental neste momento, uma vez que a circulação de pessoas entre regiões e países é muito grande e como há surtos em várias nações é essencial realizar o controle de acesso às granjas para evitar possíveis vetores da doença. “O Brasil trabalha na vigilância passiva e ativa, além de acompanhar e monitorar as aves silvestres migratórias para detecção precoce da doença. Esse isolamento das granjas diz respeito ao controle de acesso de pessoas e de veículos, os quais podem ser carreadores do vírus nos calçados, bolsas, roupas, pneus do carro ou até mesmo em equipamentos transportados para dentro da propriedade. Tudo que for possível para evitar o trânsito livre é preciso fazer nas granjas, porque é melhor pecar pelo excesso de medidas do que responder pela falta delas”, ressalta.

A Influenza aviária Altamente Patogênica (vírus H5N) é exótica no país, mas pode ser carreada por aves migratórias ou até mesmo por pessoas que estiveram em países onde a doença está ocorrendo. A transmissão pode acontecer por meio do ar, água, alimentos e materiais contaminados, além do contato com aves doentes e o acesso de pessoas externas às criações comerciais. A responsabilidade na prevenção é compartilhada por todos os elos da cadeia produtiva.

Riscos econômicos

Com o segundo maior plantel avícola do mundo e principal exportador da carne de frango, comercializando para mais de 150 países, o Brasil está vigilante para manter o território livre de doenças, evitando restrições comerciais e impactos negativos na cadeia produtiva.

Zootecnista, coordenadora do Grupo de Trabalho em Sustentabilidade do Conselho Mundial de Avicultura e diretora técnica da ABPA, Sula Alves: “Não queremos deixar o setor em pânico, nosso objetivo é reforçar as medidas sanitárias para que a cadeia não minimize o problema e deixe de tomar os cuidados necessários” – Foto: Mario Castello/ABPA

A IAAP traz consequências econômicas devastadoras, podendo acarretar prejuízos entre 10% a 20% do valor bruto da produção aos países afetados, conforme estimativas da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). A doença causa alta taxa de mortalidade, possíveis restrições ao comércio exterior e desequilíbrio no mercado interno.

Sula afirma que as perdas econômicas são bastante dependentes do cenário e do momento da ocorrência. De acordo com ela, alguns países importadores exigem que a carne exportada seja oriunda de animais de países livres de Influenza aviária, enquanto outros países determinam a regionalização de áreas livres, estabelecendo uma extensão a partir da zona do foco para comercialização da carne. “Em caso de notificação no Brasil, os mercados que exigem país livre representariam o maior impacto para o setor produtivo, porque esses mercados deixariam de comprar nossa proteína, causando alguns transtornos e desequilíbrio no mercado interno”, afirma.

Por outro lado, muitos países, como da União Europeia, mercado com exigência regulatória de qualidade, segurança e saúde animal, delimitam um raio de 10 km do local de ocorrência do foco para comercialização do produto. “Depois de se estabelecer a zona de contenção da doença e demais medidas da área livre, o setor retorna com uma organização rápida, porém até o reconhecimento por parte do país importador isso geraria um impacto imediato no setor, uma vez que estamos lidando com um produto perecível, que depende de estocagem frigorífica e do período de abate dos animais que estão no campo. Nossa cadeia é muito dinâmica, por isso precisamos tomar os cuidados nos mínimos detalhes com relação aos prazos para não acarretar em transtornos maiores à cadeia”, menciona Sula.

Mitigação de risco

A fim de reduzir o risco de ingresso e disseminação do vírus causador da doença no Brasil, Sula diz que são frequentemente recomendadas aos produtores algumas medidas sanitárias como garantir a blindagem da água, oferecer às aves água clorada, não usar água de fontes abertas, como rios e açudes, vedar bem todos os galpões para impedir a entrada de pássaros, garantir uso de tela 2×2 centímetros, garantir portas, beirais e telhados completamente fechados, garantir ausência de outras aves na propriedade, isolamento dos lotes de produção comercial (poedeiras e corte), proibição de visitas, além de seguir demais procedimentos de biosseguridade.

A primeira linha de defesa contra a Influenza aviária é a detecção precoce e a notificação oportuna de suspeita da doença para permitir uma resposta rápida, a fim de evitar a disseminação. Conforme informações do Mapa, no Brasil 53,7% dos estabelecimentos avícolas são de aves de corte (frangos e perus), 39,8% de aves de reprodução (matrizeiras), 3,4% de aves de postura comercial, 0,1% de aves ornamentais e 2,9% de outras aves. Com base nesses números, as medidas de prevenção e vigilância se tornam cada vez mais importantes e necessárias, uma vez que o sistema produtivo precisa fornecer evidências consistentes para certificar a sanidade dos animais e dos produtos comercializados.

Fotos: Shutterstock

Com vigilância permanente para IAAP e demais agentes etiológicos em todo o território nacional, incluindo em portos, aeroportos internacionais, correios, postos de fronteira e estações aduaneiras do interior, o Mapa publicou em julho passado um novo Plano de Vigilância para Influenza Aviária e Doença de Newcastle, contemplando a revisão de diretrizes para o atendimento e identificação de casos suspeitos e para a vigilância permanente da doença, por parte do Serviço Veterinário Oficial, monitoramento que vai permitir maior rapidez na tomada de decisão em caso de notificação em território nacional. “O Plano de Vigilância é um estudo epidemiológico contínuo, realizado por meio de vigilância ativa e passiva para detecção precoce de casos de Influenza aviária e Doença de Newcastle em aves domésticas e silvestres, para demonstração de ausência dessas doenças na avicultura industrial, de acordo com as diretrizes internacionais de vigilância para fins comerciais”, expõe Sula.

A intensificação das ações de vigilância adotadas pelo Serviço Veterinário Oficial para evitar um surto local inclui testagem de amostras coletadas de aves de subsistência, criadas em locais próximos a sítios de aves migratórias, para monitorar a circulação viral e permitir a demonstração de ausência de infecção, apoiando a certificação do Brasil como país livre da Influenza Aviária de Alta Patogenicidade e de Influenza Aviária de Baixa Patogenicidade.

Sula destaca que as barreiras naturais formadas pela Cordilheira dos Andes e pela Floresta Amazônica são importantes para manter o Brasil livre da doença viral, bem como a distância entre o Sul do Brasil, área com maior produção comercial, dos países sul-americanos que já registraram casos também funciona como uma barreira de proteção geográfica, atrelado aos controles feitos pelos órgãos federais e estaduais de defesa agropecuária, além dos protocolos de biosseguridade adotados pelos produtores nas granjas.

Plano de contingência

A partir da suspeita é obrigatório notificar imediatamente o Serviço Veterinário Oficial, que fará a coleta do material, encaminhará para laboratório para que seja feita uma investigação cronológica, bem como será preciso fazer o sacrifício preventivo das aves suspeitas, isolar o local do foco e uma área com um raio de 10 km no entorno do foco para evitar disseminação da doença. “É declarado estado de emergência sanitária quando da confirmação do foco, em se definindo isso várias ações emergenciais devem ser realizadas mobilizando a coordenação do Serviço Veterinário Oficial”, relata Sula.

De acordo com a coordenadora do Grupo de Trabalho em Sustentabilidade do Conselho Mundial de Avicultura, em caso de entrada do vírus no país, o governo federal possui um Plano de Contingência robusto, com o papel de cada elo do setor avícola bem desenhado, seguindo as diretrizes da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), visando ações rápidas para eliminação do foco e evitar disseminação da doença. “Dispomos de um Plano de Contingência muito bem desenhando, que graças a Deus só precisamos usar em momentos de simulação porque nunca tivemos nenhum foco da doença no país”, relata.

Investigação de suspeita

Entre as medidas que devem ser aplicadas em investigação de suspeita de foco de Influenza aviária estão isolamento e identificação do agente ou detecção do RNA viral específico do vírus da Influenza, eliminação de todos os suscetíveis na unidade epidemiológica, destruição das carcaças e todos os produtos e subprodutos, além de resíduos do sistema de produção, desinfecção, vazio sanitário, aplicação de medidas estritas de biosseguridade, utilização de animais sentinelas e comprovação de ausência de circulação viral, vigilância dentro da zona de proteção e da zona de vigilância.

Para isso, o corpo técnico do Mapa e dos órgãos estaduais passaram nos últimos meses por treinamentos, reuniões e discussões a fim de fazer uma reciclagem de conhecimento sobre todas as doenças sanitárias, bem como realizaram duas simulações de emergência sanitária, uma voltada para febre aftosa em bovinos no Mato Grosso do Sul e outra em Peste Suína Africana, promovida em Santa Catarina, ações executadas que também se aplicam para as demais cadeias produtivas, uma vez que os protocolos seguem as mesmas diretrizes. Conforme Sula, o preparatório com a simulação de emergência sanitária para Influenza aviária está previsto para março deste ano.

Suspeitas descartadas

Nas suspeitas descartadas para Influenza aviária de Alta Patogenicidade e Influenza aviária de Baixa Patogenicidade a investigação pode ser concluída imediatamente. Já nos casos prováveis de Síndrome Respiratória e Nervosa em aves a investigação pode ser encerrada após diagnóstico final negativo de Influenza aviária e Doença de Newcastle. “Um foco de Influenza aviária somente será encerrado após a eliminação dos animais suscetíveis na unidade epidemiológica, comprovação de ausência de circulação viral e conclusão dos procedimentos de vigilância nas zonas de emergência sanitária, conforme o Plano de Contingência para Influenza Aviária e Doença de Newcastle”, salienta Sula.

Como identificar Influenza aviária no plantel

São considerados casos suspeitos quando são identificados mortalidade maior ou igual a 10% em até 72 horas, em quaisquer estabelecimentos de aves domésticas ou em um único galpão do núcleo de estabelecimentos avícolas comerciais ou de reprodução; mortalidade súbita e elevada em populações de aves de subsistência, de exposição, de ornamentação, de companhia e silvestres ou de sítios de aves migratórias; presença de sinais clínicos ou lesões neurológicos, respiratórios ou digestórios compatíveis com Síndrome Respiratória e Nervosa, em quaisquer tipos de aves; queda súbita ou maior a 10% na produção de ovos e aumento de ovos malformados, em aves de reprodução ou aves de postura; resultado positivo de ensaio laboratorial em amostras colhidas durante quaisquer atividades de pesquisa não oficiais; resultado positivo em testes sorológicos de vigilância ativa ou certificação em laboratórios credenciados.

Os sintomas mais comuns são tosse, espirro, secreção nasal, sinais nervosos, penas arrepiadas, inapetência, queda de postura, prostração e morte súbita sem sinais aparentes.

Riscos à exportação

Sobre o impacto nas exportações, a OMSA afirma que notificações de Influenza aviária de Alta Patogenicidade em aves silvestres, ou outras que não sejam de produção comercial, e de aves domésticas ou de cativeiro com Influenza aviária de Baixa Patogenicidade, não afetam o status sanitário do país e não devem gerar banimento ou imposições de mercado. Ou seja, mesmo que seja registrado algum caso em aves silvestres ou domésticas, o status sanitário do Brasil não sofre alteração, contudo, se o caso é registrado na produção industrial, as regras vigentes bloqueiam o comércio somente nas áreas afetadas.

A suspenção de carne de frango brasileira por países importadores depende dos acordos definidos previamente e que constam no certificado sanitário, que acompanha o carregamento. “Alguns mercados exigem no certificado sanitário que a carne precisa que ser proveniente de um país livre de Influenza aviária, ou seja, está estabelecido que esse país importador, no momento que ocorrer um caso, mesmo que seja em uma pequena propriedade, em uma região que tenha produção em larga escala ou em uma atividade agrícola que não seja comercial, ele pode deixar de comprar do Brasil enquanto a doença não for erradicada”, esclarece Sula.

Por outro lado, há uma compreensão de outros países que não exigem o país livre, mas a região livre, estabelecendo um raio de 10 km da origem do foco para comercialização. “Grandes países trabalham com a regionalização, o que diminui um pouco os impactos econômicos da doença, que devem gerar perdas econômicas do tamanho da nossa pujança na exportação. Não queremos deixar o setor em pânico, nosso objetivo é reforçar as medidas sanitárias para que a cadeia não minimize o problema e deixe de tomar os cuidados necessários”, frisa.

Vacinação

No que diz respeito a vacinação, Sula afirma que existem vacinas contra a Influenza aviária, inativadas e recombinantes, no entanto o imunizante é proibido no Brasil. A vacinação das aves somente é indicada em países onde a doença ocorre e assim mesmo, em alguns desses países somente na região do foco. “Mas é algo que precisamos ter no radar como ferramenta de controle”, menciona.

Pior cenário no Brasil

Sula é enfática ao dizer que o pior cenário já começa pela entrada do vírus no Brasil, lembrando que o maior patrimônio do setor produtivo nacional é o status sanitário.
Outros fatores apontados pela especialista estão relacionados ao fechamento de mercados, retenção de produtos no mercado interno e alteração da oferta e demanda, com elevação dos preços não só da carne de frango como das demais proteínas animais. “Pode ocorrer de mercados se aproveitarem da ocorrência para banir as exportações brasileiras, deixando de cumprir com as regras de comércio internacional da Organização Mundial do Comércio. Não estamos livres disso, porque, apesar de existirem regras, têm muitos países que acabam não cumprindo e criam obstáculos disfarçados de barreiras sanitárias para controlar o comércio. Então esse é um cenário ruim que nos preocupa muito”, saliente Sula.

Melhor cenário no Brasil

Grande entusiasta da avicultura brasileira, Sula assegura que o melhor cenário previsto para o Brasil é a erradicação do foco tão logo sua notificação, com isolamento da área, colocando em prática com rapidez e excelência o Plano de Contingência para reafirmar o compromisso do Brasil com a segurança alimentar mundial. “Agilidade na tomada de decisão vai comprovar mais uma vez que a avicultura brasileira ‘não está a passeio’, que somos uma cadeia profissional, que sabemos fazer o nosso trabalho bem feito e com seriedade. Eu sou uma entusiasta da nossa avicultura, porque sei que estou lidando com as pessoas comprometidas, com os governos federal e estaduais alinhados, com técnicos de campo competentes, o que me faz ser uma pessoa confiante, porque conheço a nossa realidade e sei como é feito lá fora. Além do mais, estamos bem preparados em caso de ocorrência”, reforça Sula.

A zootecnista enaltece que a estrutura da avicultura brasileira pelo sistema de integração oferece uma capacidade de controle sobre a cadeia muito grande, o que é essencial no enfrentamento de uma crise sanitária. “O sistema de integração é favorável a vários fatores e a sanidade é uma delas. Não é só porque Deus é brasileiro que devemos deixar de fazer a nossa parte”, chama atenção.

O que é possível fazer

Sula sustenta que cada elo da cadeia tem um papel no processo de evitar a entrada do vírus no país, o governo federal com o Plano de Vigilância e o Plano de Contingência, as empresas e o setor produtivo com a biosseguridade na prevenção da entrada da doença e na notificação precoce. “As pessoas que viajam também precisam ter o cuidados ao transportar produtos de outros países, os quais podem ser uma forma de introduzir doenças no país, assim como o dono da propriedade ou o produtor precisa fazer a restrição do acesso nas instalações das granjas e dos frigoríficos”, menciona.

A diretora técnica da ABPA também ressalta a importância de melhorar e intensificar a comunicação da cadeia para que a sociedade civil organizada conheça as ações do setor, bem como possa também contribuir com a identificação de agentes etiológicos. “A comunicação e a educação é o começo de tudo. Não é hora de relaxar, mas sim de cuidar mais ainda, ser zeloso com aquilo que não é novidade, porque já é orientado há muito tempo”, reforça.

Fonte: O Presente Rural

Avicultura

No Dia Mundial do Frango, foco setorial se concentra na garantia de abastecimento

Além da segurança alimentar, setor detém importante papel socioeconômico no Brasil.

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Foto: Shutterstock

Hoje, 10 de maio, é o Dia Mundial do Frango, data criada pelo Conselho Internacional da Avicultura (IPC, sigla em inglês) para celebrar a cadeia produtiva e estimular o consumo de uma das mais importantes e versáteis proteínas animais do mundo.

Neste ano, a avicultura do Brasil abordará uma perspectiva diferente dos anos anteriores. A celebração deste ano exaltará a importância desta proteína para a garantia de segurança alimentar e para o desenvolvimento econômico e social do Brasil.

Em toda a cadeia produtiva, são 3,5 milhões de empregos diretos e indiretos. Apenas nas fábricas são mais de 300 mil postos de trabalho de um setor com Valor Bruto de Produção superior a R$ 90 bilhões.

É uma enorme força de trabalho que produziu no ano passado 14,8 milhões de toneladas em território brasileiro – desde 2013, o Brasil adicionou cerca de 2,5 milhões de toneladas em sua produção.

Quase 35% disto é direcionado a mais de 150 países nos cinco continentes – capilaridade que proporcionou ao Brasil a liderança mundial nas exportações da proteína, sendo responsável por 38% do total do comércio internacional. Para fins de comparação, as agroindústrias brasileiras exportaram no último ano mais que as vendas internacionais de Estados Unidos e União Europeia – segundo e terceiro maiores, respectivamente – somadas, e é maior do que toda a produção da Rússia (quinto maior produtor global da proteína). São embarques que geram receitas próximas a US$ 10 bilhões (dados de 2023).

O impacto econômico e social da carne de frango para o Brasil não está apenas nos dados macroeconômicos. O peso social individualizado da proteína se vê em seu consumo per capita. Cada brasileiro consome, em média, 45 quilos da proteína – índice alcançado em 2020 e que se mantém desde então. É, de longe, a proteína animal mais consumida pelo brasileiro.

São números que mostram a relevância e a missão deste setor com o Brasil – para onde é destinada 65,3% de toda a produção nacional. “Nossa cadeia produtiva é continental, e tem papel determinante nos hábitos, na economia e na cultura gastronômica de Norte a Sul. Do campo às fábricas, são bilhões em investimentos em tecnologia de ponta para garantir a qualidade e a sanidade dos produtos, com maior produtividade. É um dos alicerces alimentares do País, e pilar econômico de diversas regiões. Neste dia, celebramos um setor resiliente, que cumpre seu papel e que seguirá atuando para que não falte o acesso a este alimento de alta qualidade para as famílias de todo o país”, avalia o presidente da ABPA, Ricardo Santin.

Fonte: Assessoria ABPA
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Avicultura

Especialista aponta umidade e profundidade da cama como fatores críticos ao desenvolvimento das aves

Ao garantir um ambiente saudável e confortável para as aves, bem como a qualidade do produto final, os produtores não apenas protegem sua própria operação, mas também contribuem para a segurança alimentar e a sustentabilidade do setor como um todo.

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O manejo adequado da cama de frangos de corte é uma peça fundamental no quebra-cabeça da produção avícola. Ao garantir um ambiente saudável e confortável para as aves, bem como a qualidade do produto final, os produtores não apenas protegem sua própria operação, mas também contribuem para a segurança alimentar e a sustentabilidade do setor como um todo.

Bacharel em Ciência Animal, mestre em Nutrição de Aves e doutora em Gestão Ambiental de Aves, Connie Mou: “Não há um sistema de gestão único que funcione para todos, pois ele varia de acordo com as necessidades de produção, recursos disponíveis, mão de obra e equipamentos” – Foto: Arquivo pessoal

A bacharel em Ciência Animal, mestre em Nutrição de Aves e doutora em Gestão Ambiental de Aves, Connie Mou, elenca que o manejo correto da cama visa garantir um ambiente propício para o desenvolvimento saudável das aves. “Para alcançar esse objetivo é essencial gerenciar e manter as propriedades benéficas da cama, como absorção, evaporação, isolamento e amortecimento, com foco especial em conservar a umidade entre 20 e 25%”, ressalta Connie. Ela vai tratar deste assunto no 24º Simpósio Brasil Sul de Avicultura (SBSA), que acontece entre os dias 09 e 11 de abril, no Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes, em Chapecó, SC.

Controlar a umidade da cama é fundamental para prevenir o crescimento de microrganismos patogênicos e garantir a saúde das aves. Uma cama bem manejada também proporciona um ambiente confortável para as aves se movimentarem, descansarem e se alimentarem, contribuindo assim para o bem-estar animal e o desempenho produtivo. Além disso, o manejo correto da cama pode ter benefícios ambientais, como a compostagem do material usado, que pode ser reaproveitado como fertilizante orgânico, contribuindo para a sustentabilidade da operação avícola.

Qualidade da cama

A qualidade da cama é de extrema importância no desempenho das aves e na saúde intestinal. A especialista em avicultura, ressalta que se a cama for mal gerida, pode se tornar um ambiente ideal para o desenvolvimento de agentes patogênicos nocivos, que podem acabar afetando as aves e provocando doenças. “Níveis excessivos de umidade na cama podem contribuir para o desenvolvimento de lesões nas patas das aves. Além disso, a cama desempenha um papel importante na produção de amônia, se não for cuidadosamente gerenciada, pode levar a níveis elevados de amônia no ambiente, o que foi demonstrado em pesquisas como prejudicial ao sistema respiratório das aves, impactando a função do sistema imunológico, podendo também aumentar o risco de proliferação de bactérias oportunistas.

Vários fatores podem influenciar a umidade da cama, incluindo o uso de água pelas aves, a densidade e as taxas de ventilação. De acordo com a doutora em Gestão Ambiental de Aves, a melhor maneira de abordar o manejo da cama é monitorar a umidade relativa do aviário constantemente e manter um registro histórico de qual é a umidade relativa do ar no aviário ao longo da vida do lote, entre lotes, para entender quão bem está sendo feito o trabalho dentro do aviário, a fim de garantir um equilíbrio adequado de umidade.

Connie diz que nos Estados Unidos aprendeu-se ao longo dos últimos 20 anos que o sucesso da gestão da cama é fortemente influenciado pela educação do produtor. “Existem diversos sistemas de gestão disponíveis para manejo das camas, porém, o sucesso deles depende da capacitação adequada dos produtores. Não há um sistema único que funcione para todos, pois ele varia de acordo com as necessidades de produção, recursos disponíveis, mão de obra e equipamentos”, salienta.

Quanto aos sinais de que a cama precisa ser renovada, a especialista conta que nos Estados Unidos a troca acontece quando começa a aparecer areia na cama ou quando se torna muito profunda. “Um sistema não precisa de uma cama com mais de seis polegadas, cerca de 15 cm de profundidade, pois uma cama mais profunda pode dificultar o gerenciamento da amônia e da umidade”, aponta.

Quanto ao reaproveitamento da cama, quando gerenciado corretamente, pode ser mais benéfico do que prejudicial. Isso ocorre porque a cama reutilizada já possui uma população microbiana estabelecida, o que pode acelerar o desenvolvimento da imunidade das aves. “Já em camas novas é muito mais imprevisível quais microrganismos irão povoar as aves desse alojamento, o que pode impactar o desenvolvimento do sistema imunológico dos frangos”, expõe.

Ventilação

Quanto ao manejo adequado da ventilação, seu impacto na qualidade da cama e na saúde das aves é significativo. O objetivo principal da ventilação é remover a umidade gerada pelas aves, o que está diretamente ligado à qualidade da cama e à saúde das aves. “Sem um programa de ventilação adequadamente executado, nunca será possível alcançar uma boa qualidade da cama e, consequentemente, uma boa saúde das aves. Portanto, o manejo adequado da ventilação é essencial para garantir um ambiente saudável e higiênico para as aves durante todo o ciclo de produção”, frisa a mestre em Nutrição de Aves.

Preparação do alojamento

Para garantir um ambiente saudável para as aves, as melhores práticas para a preparação inicial do alojamento antes da chegada dos pintinhos incluem o gerenciamento dos níveis de umidade, mantendo-os abaixo de 20%, e garantindo uma profundidade adequada da cama para acompanhar a deposição de umidade das aves. “É importante observar a aparência da cama, pois se ela ficar muito fina, há maior chance de níveis mais elevados de amônia. Se não houver opção de tratamento de cama para reduzir a amônia no início do lote, torna-se ainda mais crítico gerenciar”, salienta a bacharel em Ciência Animal.

Controle da proliferação de patógenos na cama

Em relação ao controle da proliferação de patógenos na cama, como Salmonella e Escherichia coli, é importante entender que nunca será possível controlar totalmente esses microrganismos, mas apenas gerenciá-los. “A área do microbioma nos aviários ainda é muito mal compreendida, e há muito a ser aprendido sobre como esses organismos interagem. No entanto, uma estratégia eficaz é gerenciar a umidade da cama, pois a água é um dos principais fatores que esses microrganismos precisam para sobreviver”, expõe Connie, acrescentando: “Mantendo a cama o mais seca possível e pelo maior tempo possível, podemos reduzir as chances de crescimento desses patógenos a níveis que impactariam negativamente nossas aves”.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse a versão digital de Avicultura de Corte e Postura clicando aqui. Boa leitura

Fonte: O Presente Rural
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Avicultura ARTIGO

Será que o Brasil sabe a dimensão do desastre no Rio Grande do Sul?

Você está fazendo tudo o que pode mesmo? Quem sabe você pode ajudar só um pouquinho mais

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Fotos : divulgação Governo do Estado

O Estado do RS acabou. Da forma como a gente o conhecia, ele não existe mais. Nos resta rezar a Deus e torcer para que o Brasil e o mundo nos ajude a enterrar nossos mortos e a reconstruir um pouco do que foi devastado pelas águas – e ainda vai ser devastado, pois vem mais ciclone por aí. Quem sabe, em meio ao caos, no fundo do poço, a gente encontre uma força que nem a gente saiba que tem, algo como o Japão que se reconstrói em tempo recorde após os terremotos. ou como a Flórida, que enfrenta dezenas de furacões anuais e continua em pé!
Talvez estas palavras iniciais sejam fortes, Mas, talvez a maioria das pessoas de outras regiões do Brasil não tenha se dado conta do tamanho da tragédia. Ela é muito pior do que você vê na TV ou nos vídeos de WhatsApp! Muito, mas muito pior! É como se todo mundo desta região aqui perdesse sua casa, se enchesse tudo isso de água, por dias e mais dias, fechando estradas, escolas, lar de idosos, empresas… tudo!

Você já parou para pensar!? Então, você vai ajudar mais!?

 

Muitos não ajudam pelo medo do julgamento alheio

Por outro lado, felizmente muitas regiões do país estão ajudando, botando a mão na massa, salvando pessoas.

Cito aqui o exemplo do Pablo Marçal, que vai e volta quase todo dia a São Paulo e salvou mais gente da água do que eu e você juntos – sem contar que deu uma aula em poucos minutos ali no centro de distribuição de doações. Eu estive lá em Hamburgo Velho e agradeci a Deus por estar do lado de cá dos gradis, que separavam a fila gigantesca para buscar donativos, das pessoas que foram doar ou tomar uma dose de coragem para ajudar mais!

O Marçal poderia estar torrando o dinheiro em Dubai, mas estava em cima de uma empilhadeira, no meio da rua, discursando para arrebanhar pessoas para ajudar daqui pra frente, pois talvez o pior esteja daqui pra frente, acredite! Você não precisa gostar dele, não precisa gostar da Globo, mas toda ajuda é muito bem-vinda! E, ao citar o Marçal, cito cada um aqui da região que está empenhado em ajudar, com grana, com barco, separando doações, tirando gente da água, doando…

Temos percebido muitos golpes, muita gente reclamando, muita gente se aproveitando para aparecer… e muita gente ou empresa querendo ajudar, mas não ajuda porque tem medo de que vão dizer que está querendo fazer propaganda. Vocês não têm noção a quantidade de pessoas (ou empresas) que vem me falar isso! Ora, vamos parar de ter medo destes juízes de sofá da sala, que se escondem em casa e ficam só metendo o pau nos outros; e não fazem nada! Deixe ‘essa gente pra lá’ e daí que a Globo só veio depois da Madona, e daí que alguns dizem que o Pablo Marçal está fazendo marketing, e daí que muitos só reclamam e apontam o dedo, daí que tem gente que vai na fila duas vezes pegar 2kg de arroz e 2 litros de leite, e daí, que se danem! Ora, manda a m… diz assim: “vá cuidar da tua vida”!
E se esta tragédia tocou seu coração, vai lá você e bota o pé na lama, porque você sabe que quem reclama não fará nada, estará muito ocupado dando opinião e reclamando.

O Brasil pode fazer muito mais

Se não tua casa, graças ao bom Deus, não teve mortes, somente alguns alagamentos, pessoas perderam bens materiais e… e estamos tocando nossa vida normalmente, limpando o guarda-roupa, fazendo uma comprinha maior para doar e… e deu! Era isso, a ajuda é só isso! Mas você pode fazer mais, todo mundo pode fazer mais!

Eu sinto que muita gente ainda não acordou para o tamanho da tragédia (e está tudo certo, cada um é cada um, não reclamo destes). Mas gostaria de ajudar, então, se você quiser dormir com a consciência tranquila, faça mais. “Teoricamente” só morreram 100, mas você sabe que esse número vai aumentar muito. Quantos idosos foram levados por não conseguir se locomover, quantos bebês morreram, quantos animais ainda estão ilhados ou foram levados, bichinhos de estimação que estão abandonados, quanta gente vai morrer de doença, de leptospirose, de hipotermia (vem o frio aí), e tem muitos outros problemas que vão aparecer.
Quantas crianças não terão mais aulas, quantas crianças não terão mais pais ou avós ou amiguinhos – que viraram estrelinhas ou ainda vão virar?
Quantas crianças perderam seu bichinho de estimação ou vão perder por falta de ração? Quantos avós perderam seus netos ou ainda vão perder!
A gente não sabe nada, não sabe a dimensão desta “desgraceira” toda! Não é uma enchentezinha que sobe, alaga e no dia seguinte volta para o rio, aí você vai lá e mete o lava-jato e tudo volta ao “normal”. Serão semanas, meses, vai ter lodo, lama até nos fios da luz.
Tem cidade inteira no Vale do Taquari que acabou, estão pensando em mudar a cidade de lugar, recomeçar. Você tem noção do tamanho da tragédia? Então, graças a Deus você está bem, seu vizinho está bem, mas tem muita gente que precisa de ti, tire um tempo, reserve um dinheiro, faça sua doação, ajude mais, você pode, sim! Se você não tem grana, não tem alimento, não tem colchão, doe tempo, doe uma palavra, vá lá no campo de batalha lutar, senão, jamais ouse cantar aquele pedaço do Hino Rio-grandense que diz “Mostremos valor, constância, nesta ímpia e injusta guerra”… eu não quero que “nossa façanha sirva de modelo a toda terra”, eu só peço a Deus e a você que ajude a salvar o máximo de gente possível “nesta ímpia e injusta guerra”.

 

Por
Mauri Marcelo ToniDandel
Jornalista – Dois Irmãos

Fonte: Mauri Marcelo ToniDandel
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