Conectado com
VOZ DO COOP

Bovinos / Grãos / Máquinas

Aumento na produção de carne pode diminuir emissão de gases de efeito estufa

O estudo considera as emissões em todas as etapas de produção, que inclui emissões associadas aos insumos e ao transporte, de forma similar às avaliações de ciclo de vida tradicionais ou atributivas.

Publicado em

em

Ao contrário do que se poderia esperar, a redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) pela pecuária bovina no Cerrado será provocada pelo aumento da produção e a redução da atividade poderá ter efeito oposto, o aumento das emissões. Essa é a revelação de artigo de pesquisadores do Brasil e da Escócia publicado esta semana na Nature Climate Change que apresenta metodologia inovadora para cálculo de emissões de gases de efeito estufa (GEE) na pecuária. Os autores desenvolveram um modelo matemático para avaliar os impactos ambientais da variação do consumo de carne no sistema pecuário do Cerrado brasileiro. 

O aumento da demanda e políticas efetivas de controle do desmatamento servem como estímulo à intensificação das áreas de pastagens. Se a intensificação se der por recuperação de pastagens degradadas, ocorre aumento significativo dos estoques de carbono no solo, o que, segundo o estudo, seria suficiente para contrabalancear o aumento das emissões dos animais.

O principal diferencial é que foi usado um método inovador, chamado de avaliação do ciclo de vida consequencial, conta o pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária Luís Gustavo Barioni. O estudo considera as emissões em todas as etapas de produção, que inclui  emissões associadas aos insumos e ao transporte, de forma similar às avaliações de ciclo de vida tradicionais ou atributivas.

"Incluímos na contabilidade as emissões de GEE de todos os processos produtivos relativos à produção pecuária, permitindo assim o cálculo da pegada de carbono da carne bovina em cada cenário trabalhado pelo modelo", complementa a pesquisadora Marília Folegatti Matsuura, da Embrapa Meio Ambiente.

Os pesquisadores também avaliaram as consequências indiretas da variação do consumo de carne sobre os estoques de carbono no solo. Para isso, eles modelaram a produção de carne no Cerrado, com variações da demanda e ainda considerando dados de desmatamento divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).

Segundo o matemático Rafael de Oliveira Silva, pesquisador da Universidade de Edimburgo e da Faculdade Rural da Escócia que desenvolveu o modelo em conjunto com Barioni, foram analisados cenários com diferentes níveis de impacto do consumo de carne sobre o desmatamento. Nesses cenários, sofreram variação desde o desacoplamento total, isto é, sem impacto sobre o desmatamento, até um alto nível de acoplamento, com impacto.

No cenário desacoplado, aumentos da demanda associados a técnicas de recuperação de pastagens mostraram uma diminuição das emissões. Uma demanda 30% mais alta em 2030 em relação a uma projeção de referência causaria uma diminuição de 10% nas emissões totais. Por outro lado, uma diminuição de 30% na demanda por carne em relação ao valor projetado para 2030 causaria um aumento de 9% nas emissões.

"Se a demanda por carne aumenta, mas a taxa de desmatamento é mantida constante, os produtores vão precisar intensificar, ou seja, serão incentivados a recuperar pastagens degradadas e isso faz com que se tenha mais sequestro de carbono no solo", explica Silva. "De fato evidências empíricas, como dados do Censo Agropecuário, Inpe e FAO, mostram que houve uma redução significativa no desmatamento em todos os biomas desde 2005, ao passo que a produção de carne continua crescente", destaca.

Esse modelo de ciclo de vida consequencial é capaz de capturar os chamados efeitos de rebote, ou seja, uma simples redução no consumo de carne não necessariamente reduziria as emissões, uma vez que a demanda é um importante incentivo para se atingir menores intensidades de emissão por meio da adoção de técnicas de recuperação de pastagens.

"Além disso, nosso estudo corrobora outras pesquisas recentes que demonstram que a expansão da produção pecuária não leva necessariamente a um aumento nos índices de desmatamento, desde que sejam usadas técnicas adequadas de mitigação. Segundo esses estudos, o Brasil já possui pastagens suficientes para suprir a crescente demanda por carne sem precisar derrubar uma única árvore, e isto pelo menos até 2040", acrescenta Silva.

Se a demanda for maior, o ganho em sequestro de carbono acaba compensando e as emissões diminuem. Em contrapartida, quando se reduz a demanda, os produtores tendem a investir menos em recuperação e podem até degradar as pastagens, o que causa perda do estoque de carbono no solo. Mas, se o desmatamento aumentar na mesma proporção da demanda,  a emissão crescerá com o consumo, ressalta o pesquisador. Portanto, o controle do desmatamento é essencial para que haja redução das emissões pela pecuária.

Pecuária intensiva reduz emissões

Estudos apontam que a melhor estratégia para garantir o desenvolvimento sustentável da pecuária é sua intensificação. O setor agropecuário brasileiro tem à disposição tecnologias para aumentar a eficiência e, ainda, reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE). As principais estratégias englobam a recuperação de pastagens degradadas, boas práticas de manejo da planta forrageira e do animal, uso adequado de insumos, melhoramento genético, adoção de sistemas integrados (ILPF, ILP, IPF) e manejo nutricional.

A agropecuária é responsável por 37% das emissões nacionais, segundo estimativas anuais de emissões de GEE, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Desse total, a pecuária responde por 14,5%. A emissão média anual de metano (CH4) por bovino é de 57 kg/animal/ano. Ações para aumentar a eficiência dos sistemas de produção e melhorar o desempenho dos animais podem reduzir até 35% esse valor. De acordo com o pesquisador Alexandre Berndt, da Embrapa Pecuária Sudeste (SP), é possível reduzi-la para 37,7 kg/animal/ano.

O alto desempenho animal favorece a redução das emissões pelos bovinos. Segundo Berndt, a produção de metano depende da quantidade e qualidade do alimento digerido, tipo de animal, grau de digestibilidade e condições de criação. Ações como a melhoria dos índices zootécnicos de produção e reprodução (redução da idade de abate, do intervalo entre partos, da idade da primeira cria), bem-estar animal e manejo dos bovinos e da pastagem contribuem para redução do metano. Pode-se incluir também o manejo nutricional, com uso de grãos e alimentos concentrados na dieta e processamento adequado das forragens conservadas para aumentar a digestibilidade.

Pesquisas demonstram que o solo perde matéria orgânica e libera maior quantidade de gás carbônico (CO2) para a atmosfera em pastagem degradada. Somente em perdas de carbono do solo, áreas de pasto degradado podem apresentar emissões médias de quatro toneladas de gás carbônico equivalente por hectare ao ano.

Já pastos manejados corretamente, segundo a pesquisadora Patrícia Anchão, sequestram grandes quantidades de carbono e contribuem para o aumento de matéria orgânica no solo, melhorando a fertilidade e a qualidade da forrageira. "A recuperação de áreas degradadas e a adoção de sistemas integrados, como lavoura-pecuária, silvipastoris e agrossilvipastoris, permitem aumentar a capacidade de suporte animal e evitam a necessidade de se ocupar novas áreas para exploração com pastagens", ressalta Patrícia.

AnimalChange

O artigo "Increasing beef production could lower greenhouse gas emissions in Brazil if decoupled from deforestation" é de autoria de Rafael de Oliveira Silva, Luís Gustavo Barioni, Julian A. J. Hall, da Universidade de Edimburgo, Marília Folegatti Matsuura, Tiago Zanetti Albertini, da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), Fernando Antonio Fernandes, da Embrapa Pantanal e Dominic Moran, da Scotland's Rural College (SRUC).

Os resultados são parte do projeto de pesquisa internacional "An Integration of Mitigation and Adaptation Options for Sustainable Livestock Production under Climate Change". Coordenado pelo Instituto Nacional de Pesquisa Agronômica da França, o Inra, o projeto conhecido como AnimalChange busca avaliar o futuro da pecuária até 2050 e traçar metas que garantam maior sustentabilidade.

O objetivo do AnimalChange é desenvolver técnicas para integrar ações de mitigação e de adaptação para a produção pecuária sustentável mundial. As pesquisas são realizadas por uma equipe de cientistas de 25 instituições pertencentes a 18 países da Europa e da África, além do Brasil. No País, compõem a equipe pesquisadores de vários centros de pesquisa da Embrapa e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Pecus

Para quantificar a emissão de gases de efeito estufa na pecuária brasileira e propor soluções para sua redução, a Embrapa, em conjunto com diversas instituições nacionais e internacionais, lidera uma rede de pesquisa –  a Pecus. Os resultados desse trabalho serão disponibilizados em 2016 e vão contribuir para a formação de proposições efetivas para diminuição da emissão de gases de efeito estufa, reduzindo o aquecimento global. "As pesquisas realizadas no escopo da rede Pecus podem adotar tanto a metodologia quanto o modelo usados no Cerrado para avaliar sistemas de produção pecuária dos outros biomas brasileiros", destaca o pesquisador da Embrapa Pantanal, Fernando Antonio Fernandes.

Fonte: Embrapa

Continue Lendo

Bovinos / Grãos / Máquinas

Por que suplementar?

O uso de suplementos possibilita a melhoria da produção animal no Brasil.

Publicado em

em

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

A produção animal no Brasil, pecuária de corte, leite, avicultura e suinocultura, apresentou um avanço nos últimos 30 anos tornando o país um dos maiores produtores e exportadores de proteína animal do mundo. Tudo isso motivado por vários fatores como o avanço do melhoramento genético, aliado as melhorias dos manejos sanitário e nutricional.

Outro fator que merece destaque é o uso de suplementos vitamínicos, minerais e aminoácidos (injetáveis, oral, ou em pó) por parte dos produtores. Vale citar que o uso de suplementos minerais e proteinados na pecuária de corte e leite corrige e previne as carências.

Segundo Vieira (2024) o desenvolvimento e aprimoramento dos suplementos minerais (sal mineral), dos proteinados, dos suplementos vitamínicos injetáveis, orais e premix[2] contribuíram para o desenvolvimento da produção animal, na prevenção de doenças de origens nutricionais, na correção das deficiências minerais, vitamínicas, potencializando a produção de carne, leite e ovos.

Bútolo (2010) destaca os avanços da pesquisa técnica e científica da nutrição animal nos últimos cinquenta anos, no qual possibilitou a melhoria da produção animal e consequentemente a produção de alimentos. Enfatiza que os estudos, além de avaliarem o valor nutritivo dos alimentos, evoluiu para os estudos de avaliação dos processos fisiológicos e como eles são afetados.

Tais estudos levaram ao desenvolvimento de compostos e suplementos que atuam no metabolismo, aumentando a eficiência fisiológica (principalmente na utilização de alimentos) e consequentemente aumentando a produção animal.

Um dos exemplos, pode citar os suplementos injetáveis múltiplos, nos quais cada nutriente tem uma ação específica.

Lobão (1984) compara o animal como uma empresa industrial. Segundo o autor, na empresa industrial existem três fatores importantes: matéria-prima, máquina e produto. Ao fazer a comparação, seu corpo é uma máquina, aquilo que entra no animal é a matéria-prima (alimento). Ele precisa deste alimento para produzir (em seus processos biológicos) e o produto final é carne, leite, bezerro, ovos, excreções, entre outros. Mas precisa haver um balanço desses fatores, senão haverá desgaste da máquina e cessa a produção. O animal, como qualquer outra máquina, precisa ter sua manutenção durante o processo produtivo passando por manutenções preventivas e corretivas (caso as deficiências nutricionais). O uso de suplementos é uma poderosa ferramenta para a manutenção do organismo animal, considerando que nem todos os nutrientes estão presentes na composição de sua dieta.

Por que suplementar? Esta é a pergunta que grande parte dos produtores fazem aos técnicos sempre olhando pelo lado econômico, sem se preocupar com o lado técnico e fisiológico da questão.

Diante do exposto, o artigo pretende responder aos questionamentos do uso dos diversos tipos de suplementos.

O que é suplementar? Por que suplementar?

De acordo com Veiga (1984), Nunes (1998), suplementar significa complementar; adicionar; suprir.

Segundo Veiga (1984) quando se faz uso de qualquer suplemento, completa-se, corrige-se a composição das dietas, ou atende-se as necessidades dos animais, desta forma responde-se aos questionamentos do porquê suplementar. O mesmo autor esclarece que as quantidades de nutrientes exigidas pelos animais para o perfeito desenvolvimento de suas funções são expressas em termos das necessidades. Essas necessidades são expressas em duas ordens, a se destacar:

  • Necessidades para manutenção: representam as quantidades de nutrientes exigidas por um animal sadio, mantido em um local compatível com sua saúde, suficiente parta manter seu organismo em perfeito “funcionamento” sem ganhar ou perder peso;
  • Necessidades para produção: representam as quantidades exigidas pelo animal para geração de alguma finalidade produtiva. Consideram-se como produções: crescimento, engorda, reprodução, produção de carne, leite, ovos, entre outros.

Vale enfatizar outras reflexões respondendo aos questionamentos da necessidade de suplementar os animais, principalmente quando se trata da produção de bovinos de corte e leite.

Teoricamente, as forragens consideradas de alta qualidade, devem ser capazes de fornecer os nutrientes necessários para atender as exigências dos animais em pastejo, quais sejam energia, proteína, vitaminas e minerais (Paulino, 2004).

Entretanto, a qualidade das pastagens no Brasil tem na sazonalidade climática (pastagens verdes na época das chuvas e secas nas épocas de estiagens) um dos fatores limitantes para o desenvolvimento produtivo dos animais, comprometendo a reprodução, engorda, recria e demais índices produtivos (Vieira, 2019).

Paulino et al (2004) sugere que nos locais produtivos, onde não há possibilidade de produção e fornecimento contínuo de pastagens de qualidade ao longo do ano, o uso de sistemas de alimentação combinando pastagens, fornecimento de silagens, feno (grifo meu), suplementos adicionais (minerais e proteinados) são requeridos para viabilizar o ajuste nutricional necessário e com isso atender as necessidades nutricionais dos animais.

No caso das vitaminas, minerais e aminoácidos, além do fornecimento de silagens, fenos de boa qualidade (mais econômico), a suplementação pode ser oferecida por meio de rações concentradas, suplementos alimentares em pó e suplementos injetáveis.

Por que fazer a suplementação a pasto com suplementos minerais e proteinados?

De acordo com Reis et al (1997), a “suplementação a pasto” atua como o ato de adicionar os nutrientes à nutrição dos animais na pastagem, relacionando-os com a exigência dos animais em pastejo. Conforme citado anteriormente, os suplementos são comumente utilizados para adicionar nutrientes extras ou suprir aqueles limitantes ao desempenho do animal.

Utiliza-se a suplementação a pasto no Brasil em virtude das alterações quantitativas e qualitativas observadas nas pastagens ao longo do ano, principalmente no período seco do ano, quando a qualidade nutricional tem uma queda significativa, principalmente nos valores proteicos e minerais levando a baixa produção de carne e leite neste período.

Assim surge-se a necessidade de ofertar suplementos minerais (corrigir as deficiências minerais) e suplementos minerais proteinados (alto teor de proteínas) com a finalidade de corrigir as deficiências proteicas presentes nas pastagens.

No período chuvoso administra-se o suplemento proteinado energético no intuito de potencializar o ganho de peso dos animais.

São várias as vantagens de se utilizar a suplementação a pasto, a se destacar: corrige a deficiência de nutrientes das forragens, aumenta a capacidade de suporte das pastagens, auxilia no manejo das pastagens, previne as doenças carenciais, mantém o peso dos animais no período seco e em muitos casos dependendo do tipo de proteinado ofertado (médio ou alto consumo), ocorre uma engorda relativa.

Alguns autores como Lobão (1984), Nunes (1998) e Paulino et al (2004) fazem considerações, nas quais considera-se pertinente quanto a utilização dos suplementos minerais e proteinados, a fim de:

  • Os suplementos minerais devem ser administrados durante os 365 dias do ano, em todas as categorias animais, e se possível com o teor de fósforo adequado para cada finalidade produtiva (reprodução, engorda, crescimento, entre outros);
  • O mercado oferece um suplemento proteinado para cada época do ano;
  • Vários fatores interferem na ingestão dos suplementos, nos quais os produtores e técnicos devem ficar atentos, como: patologias na boca dos animais, animais doentes, mistura inadequada, temperatura ambiente, cocho descoberto (interferência das chuvas), altura do cocho, largura do cocho muito curta e localização do cocho. Todos esses fatores podem levar os animais a uma ingestão inadequada e como consequência levar as deficiências nutricionais.

Por que utilizar os suplementos a base de minerais, vitaminas e aminoácidos?

A deficiência de vitaminas e minerais é uma realidade cada vez mais comum nos manejos nutricionais da produção animal.

Apesar dos pecuaristas oferecerem volumosos e suplementação mineral/proteica aos animais, os produtores darem ração aos animais para manter uma saúde equilibrada e aumentar a produção, algumas fases da produção exigem muito do organismo animal como a reprodução, a gestação, a produção intensiva (confinamento, semiconfinamento e engorda de leitões), a produção leiteira, quadro de doenças infecciosas, parasitárias que podem levar a uma carência de nutrientes importantes para a saúde dos animais e comprometer o processo produtivo.

Nesses casos, a suplementação a base de vitaminas, sais minerais e aminoácidos pode ser uma alternativa para repor esses nutrientes e evitar problemas de saúde decorrentes da deficiência nutricional.

Uma das opções de suplementação é a via oral, em que as vitaminas e minerais são ingeridos por meio de comprimidos, pós ou líquidos. No entanto, nem sempre essa opção é suficiente para garantir a absorção completa dos nutrientes pelo organismo.

Outro fator a enfatizar é a administração via oral de suplementos a base de líquidos para determinadas espécies como os bovinos, suínos, cujo manejo dos animais impedem uma melhor administração dos suplementos.

Nesse sentido, o uso dos suplementos injetáveis surge como uma alternativa interessante para garantir uma absorção mais rápida e completa dos nutrientes. A grande vantagem do uso dos suplementos injetáveis é que eles são absorvidos de forma mais rápida pelo organismo, adentram na corrente sanguínea promovendo ações aceleradas, no que tange a prevenção e na correção dos sintomas carenciais.

Atualmente a indústria tem desenvolvido suplementos injetáveis com múltiplos nutrientes, cuja finalidade principal é desempenhar simultaneamente várias funções no organismo.

Os suplementos injetáveis a base de minerais e aminoácidos, acrescidos ou não de vitaminas atuam também com potencializadores de desempenho e são aplicados antes e durante (manutenção) o processo produtivo, como na reprodução (fêmeas e machos), produção intensiva (confinamento e semiconfinamento) e recria acelerada.

Os suplementos injetáveis também são utilizados em animais convalescentes após as cirurgias, na recuperação (auxílio) de patologias toxicológicas e nos casos de animais com dificuldades de se alimentarem.

Portanto, o uso de suplementos tem contribuído para o aumento da produção animal.

Suplementar significa acrescentar, complementar, suprir e o seu uso baseia-se nas necessidades de manutenção e produção por parte dos animais e são utilizados para corrigir ou suprir as deficiências, de acordo com as necessidades.

O uso da suplementação a pasto, com suplementos minerais e proteinados, cuja principal função é a correção das deficiências nutricionais presentes nas pastagens, e também o uso de suplementos a base de minerais, vitaminas e aminoácidos em suas várias formas de administração, destacando-se os suplementos injetáveis múltiplos, desempenham funções simultâneas, no qual conferem absorção rápida pelo animal e segura.

As referências podem ser solicitadas ao autor pelo e-mail guilherme@farmacianafazenda.com.br.

Fonte: Por Guilherme Augusto Vieira, médico-veterinário, professor universitário e doutor em História das Ciências; estudos foram realizados em parceria com a Noxon Saúde Animal (Megabov).
Continue Lendo

Bovinos / Grãos / Máquinas

Governo Federal publica medidas excepcionais para apoiar setor lácteo no Rio Grande do Sul

Iniciativa vai simplificar a coleta do produto no estado gaúcho. O ministro Fávaro reforçou que a Pasta está comprometida em desenvolver ações emergenciais em apoio ao estado gaúcho.

Publicado em

em

Foto: Juliana Sussai

Diante do cenário de calamidade pública em diversos municípios do Rio Grande do Sul, na última quinta-feira (09), o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) publicou a Portaria nº 1.108/24 que autoriza, temporariamente, a implementação de medidas excepcionais que simplifica as regras a serem cumpridas pelos estabelecimentos produtores de leite e derivados registrados no Serviço de Inspeção Federal (SIF) na região.

A Portaria visa fornecer suporte aos produtores afetados, permitindo-lhes adotar medidas que possibilitem a continuidade das operações diante das adversidades enfrentadas. “O governo está trabalhando para dar total apoio ao agro no Rio Grande do Sul. Nós do Mapa estamos desempenhando um papel ativo para apoiar o produtor gaúcho. O Brasil reconhece a importância do estado. A preservação do produtor vai ser feita”, reforçou o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.

A norma busca mitigar os impactos econômicos enfrentados pelo setor de laticínios, garantindo a manutenção do abastecimento para a população e evitando tanto a escassez quanto o aumento dos preços dos produtos lácteos. Além disso, são estabelecidas regras sanitárias adaptadas à situação de crise, preservando a rastreabilidade e a inocuidade desses alimentos de origem láctea.

Uma das medidas emergenciais adotadas pelo Mapa foi a coleta de leite e derivados, que possuem registro no SIF), ser realizada diretamente das propriedades rurais, localizadas nos municípios afetados pela situação de calamidade, sem a necessidade de cadastro prévio dos produtores no Sistema de Informações Gerenciais do Serviço de Inspeção Federal (SIGSIF) ou de realizar previamente as análises laboratoriais dos produtos.

Ainda, a medida reforça que o empréstimo de embalagens e produtos controlados entre os estabelecimentos de leite e derivados, registrados sob diferentes esferas de inspeção sanitária, deverá ser realizado mediante controle da cessão e recebimento dos produtos ou embalagens, com a emissão de documentos ou registros da quantidade e destinação para fins de arquivo e controle.

Fonte: Assessoria Mapa
Continue Lendo

Bovinos / Grãos / Máquinas

Ferramenta de seleção para facilidade de parto em novilhas Nelore reduz distocias e aumenta a rentabilidade

Publicado em

em

Foto: Gabriel Faria

Tradicionalmente, a seleção genética nas raças zebuínas é focada em características relacionadas ao crescimento, devido à importância produtiva, econômica e por apresentarem resposta favorável à seleção quando aplicadas como critério de seleção. Contudo, nos últimos tempos há uma preocupação emergente sobre a seleção focada em características de crescimento em idades jovens e o impacto no tamanho adulto, composição da carcaça, fertilidade e produtividade nos rebanhos zebuínos.

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

A seleção para precocidade sexual e fertilidade também tem notoriedade dentro do melhoramento genético de zebuínos. A antecipação da prenhez é uma característica que possibilita melhorar a fertilidade e a precocidade sexual, e apresenta alta variabilidade genética aditiva, justificando sua aplicação como critério de seleção na pecuária de corte.

Diante disso, na seleção para maiores taxas de crescimento e precocidade sexual, nota-se que a incidência de problemas ao parto (distocia) aumentou nos últimos anos, provavelmente devido ao maior peso ao nascer do bezerro e menor idade ao primeiro parto de novilhas precoces, como consequência do incremento da precocidade sexual dos rebanhos. A distocia em novilhas tem efeitos desfavoráveis na fertilidade, proporcionando menores taxas de reconcepção, descarte de matrizes, além de prejudicar a viabilidade e aumentando a taxa de mortalidade de bezerros.

Atualmente, a característica peso ao nascer (PN) é o critério de seleção adotado para indicar dificuldade de parto nas raças zebuínas. As estratégias de acasalamento envolvem o uso de DEPs (diferença esperada na progênie) moderadas a baixas para PN visando menor incidência de distocias. No entanto, estudos evidenciam que a seleção para baixo PN pode interferir no desenvolvimento animal, prejudicando o ganho de peso e peso vivo em idades mais avançadas. Em vista disso, são necessárias alternativas de seleção genética que possibilitem solucionar essa questão.

Nas raças taurinas, a característica facilidade de parto (FP) é um componente essencial da eficiência reprodutiva. Já nas raças zebuínas ainda são escassos relatos dessa característica. Embora a seleção indireta para baixo PN possa contribuir para reduzir distocias, a seleção direta para FP associada com a seleção para PN seria uma interessante alternativa e resultaria em ganho genético em longo prazo.

Estudo avalia a importância da facilidade de parto

O cenário da pecuária de corte atual busca aumentar de forma sustentável a rentabilidade do rebanho e reduzir a incidência de problemas ao parto. Diante disso, a Associação Nacional de Criadores e Pesquisadores (ANCP) em parceria com a USP, Unesp e Embrapa Cerrados realizou um estudo com o intuito de analisar a importância da adoção da facilidade de parto como critério de seleção, quantificar a variabilidade genética dessa característica e a associação genética entre FP e outras características como crescimento, reprodução, carcaça e eficiência alimentar em primíparas da raça Nelore.

O conjunto de dados fenotípicos utilizados foi fornecido pelo programa de melhoramento genético Nelore Brasil da ANCP. Os dados de FP de novilhas primíparas foram coletados

de 21 rebanhos distribuídos pelo Brasil. Os animais foram classificados quanto à necessidade de assistência ao parto, sendo 88% dos partos sem assistência e 12% necessitaram de assistência.

O estudo, que teve início em 2019, comprovou que a correlação genética estimada entre FP e características indicadoras de precocidade sexual das fêmeas foi moderada, sugerindo que a seleção para antecipação do parto em novilhas aumentaria a incidência de problemas de parto nessa categoria, o que traz consequências negativas para a fertilidade, reforçando a importância da seleção para facilidade de parto como critério auxiliar de seleção, principalmente em rebanhos selecionados para precocidade sexual.

Entre peso ao nascer e facilidade de parto as estimativas de correlação genética foram moderas e negativas, indicando que a seleção para menor peso ao nascer reduziria a incidência de distocia. Apesar da correlação genética moderada com FP, a estimativa não é alta o suficiente para afirmar que a característica PN possa substituir ou servir como indicador direto de FP em bovinos Nelore. Além disso, a seleção para baixo PN pode proporcionar impacto negativo nos pesos subsequentes após o desmame. Assim, é possível inferir que a FP é um componente crucial a ser considerado para reduzir problemas de parto em vacas primíparas da raça Nelore.

Para características de crescimento pós-desmame, as estimativas de correlação genética foram baixas e próximas de zero, indicando que a seleção para desempenho pós-desmame não influenciaria a FP. Esses resultados reforçam que se o objeto de seleção é reduzir problemas de parto, é mais vantajoso aplicar a seleção direta para FP ao invés da seleção para PN, uma vez que a seleção para baixo PN poderia potencialmente retardar o crescimento animal, dada a sólida e favorável correlação genética entre PN com peso ao desmame e sobreano.

Em relação às características de carcaça, as estimativas de correlações genéticas com FP foram baixas, sugerindo que a seleção para facilidade de parto não afetaria o rendimento de carcaça, a deposição de gordura intramuscular ou a espessura da gordura subcutânea. Da mesma forma, as estimativas de correlações genéticas obtidas entre FP com características indicadoras de eficiência alimentar foram baixas. Assim, se é desejável obter seleção genética para carcaça, eficiência alimentar e bom desempenho ao parto, todos esses critérios de seleção devem ser trabalhados em conjunto, uma vez que essas características apresentam correlações desfavoráveis.

A seleção para FP em primíparas é um critério importante a ser considerado na raça Nelore, dado o impacto dos efeitos genéticos diretos e maternos sobre esta característica. As estimativas de herdabilidade para FP obtidas no estudo indicaram que a seleção para essa característica é viável para reduzir os problemas ao parto em novilhas precoces.

Outro ponto importante evidenciado neste estudo é a seleção e acasalamento de fêmeas precoces, onde a FP deve ser levada em consideração para reduzir problemas de parto nessa categoria. Além disso, a associação genética entre FP e PN apontou que selecionar apenas para baixo peso ao nascer para reduzir problemas de parto não é a estratégia mais adequada para aumentar a facilidade de parto em novilhas Nelore.

Portanto, os resultados indicam que a adoção de um modelo de seleção multicaracterística combinando a seleção para FP com características reprodutivas e de crescimento melhoraria a seleção para precocidade sexual, resultando em maior sucesso reprodutivo, com menor incidência de problemas ao parto, sem prejudicar o desempenho das características de crescimento, eficiência alimentar e de carcaça.

Os cinco anos de estudo científico resultaram na criação da DEP para facilidade de parto para a raça Nelore que será lançada de forma inédita ao mercado brasileiro no 28° Seminário Nacional de Criadores e Pesquisadores da ANCP, que acontece no dia 16 de agosto, em Uberaba (MG).

Fonte: Por Maria Paula Marinho de Negreiros, médica-veterinária e mestre em Ciências. Atua no setor de Genótipos da ANCP.
Continue Lendo
SIAVS 2024 E

NEWSLETTER

Assine nossa newsletter e recebas as principais notícias em seu email.