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Bovinos / Grãos / Máquinas

Animais jovens são mais vulneráveis a doenças de inverno

Principais doenças que acometem os bovinos de corte na estação mais fria do ano são doenças respiratórias bovinas (RDB), doenças de casco ou mesmo infestações parasitárias

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Doenças e queda na produção é tudo o que um pecuarista não quer. Mas, muitas vezes, por falta de manejo adequado ou mesmo estratégias de produção, esta é a realidade de algumas propriedades. Estas são situações que acometem os bovinos de corte tipicamente no inverno, uma estação do ano propícia para a instalação de doenças, que, somadas com a pouca disponibilidade de forragens, contribuem para a queda de desempenho dos animais. “Devemos ter maior atenção com animais jovens, menores de dois anos, pois são mais suscetíveis a doenças, e com as matrizes, já que neste período elas não devem perder peso, uma vez que estão se preparando para a estação de monta subsequente”, alerta o médico veterinário e coordenador de Serviços Técnicos no Brasil da Biogénesis Bagó, Reuel Luiz Gonçalves.

De acordo com o especialista, as principais doenças que acometem os bovinos de corte na estação mais fria do ano são doenças respiratórias bovinas (RDB), doenças de casco ou mesmo infestações parasitárias. “A principal enfermidade é a RDB, causada por vírus, bactérias ou ambos agentes. Outra enfermidade é a doença de cascos, causada por excesso de umidade ou problemas metabólicos devido a dietas utilizadas nesta época do ano. Além disso, o controle eficiente de verminoses é um dos maiores desafios no manejo sanitário, já que a criação extensiva de animais implica numa inevitável infestação parasitária”, conta.

Gongalvez explica que na RDB os sintomas da doença podem variar desde leves sinais clínicos até a morte. “A doença é frequentemente identificada por meio de depressão, perda de apetite, corrimento nasal e ocular, letargia, dificuldades respiratórias, febre ou qualquer combinação desses sintomas”, comenta. Ele acrescenta que animais com a temperatura retal igual ou acima de 39.7° C geralmente são considerados mórbidos e devem receber algum tipo de tratamento.

O profissional conta que outra grande preocupação dos criatórios de bovinos são os cascos, vitais para a locomoção dos animais. “Qualquer problema que possa acometer os cascos compromete de forma drástica a produção”, afirma. Ele conta que são muitas as causas que afetam os cascos, em especial a alimentação e o desgaste que ocorre principalmente em animais confinados. “Quando chega a época em que o barro é abundante há um amolecimento dos cascos dos animais criados de forma extensiva, o que favorece o desgaste. Estes fatores somados levam ao aparecimento de vários problemas que afetam diretamente os animais”, diz. Reuel conta que qualquer problema que o casco apresente compromete a locomoção, e, consequentemente, gera estresse ao animal, o que leva a diminuir a ingestão de alimentos e perda de peso, além do comprometimento da capacidade reprodutiva. “O principal sinal clínico é a claudicação, que inicialmente pode ser branda e, nos casos graves, os animais chegam a se ajoelhar para pastar ou adotam decúbito permanente”, expõe.

Já nos casos de verminoses, os animais tornam-se tristes e abatidos, com pelos secos e eriçados, abdômen aumentado (barrigudo), alimentam-se muito pouco, têm emagrecimento progressivo durante muito tempo, desenvolvimento retardado, comem objetos como terra e madeira, e podem apresentar diarreia, fezes escuras e, às vezes, com sangue, além de anemia acentuada, desidratação e morte.

Manejo

Não é segredo para o pecuarista que o correto manejo na propriedade evita, e muito, este tipo de doenças nos animais. De acordo com Gonçalves, a ação de uso de profilaxia com vacinas respiratórias e manejos que incluem uso de aspersores de água em confinamentos e de corta ventos, e de metafilaxia em lotes de risco minimiza o aparecimento da DRB no rebanho. Já para evitar doenças de cascos, o profissional aconselha a drenagem de áreas com acúmulo de barro e água, casqueamento preventivo e uso de metafilaxia. Para as verminoses é indicada a adoção de um controle estratégico de parasitas, através da utilização de vermífugos nos meses de maio, julho e novembro, o que evita que os animais sofram espoliações e, consequentemente, o aparecimento de verminoses no rebanho.

O médico veterinário destaca que a melhor opção para o produtor prevenir o surgimento da DRB no rebanho é a profilaxia através do uso de vacina respiratória conjugada, sendo a primeira dose em dois a quatro semanas antes da desmama e um reforço 21 a 30 dias após. “Depois, basta seguir com a vacinação anual em todo o rebanho, de preferência antes do inverno. Todo animal primo vacinado, mesmo adulto, deve receber dose e reforço”, alerta. Gonçalves ainda conta que a metafilaxia também pode ser utilizada juntamente com a profilaxia em animais que seguem para confinamentos. “Usar a metafilaxia contra os agentes infecciosas do sistema respiratório, em todos os animais de alto risco, reduz a incidência da DRB. Um protocolo correto de metafilaxia ajuda na prevenção, cura os animais que já apresentam a doença, de forma clínica ou subclínica, e melhora o desempenho do lote”, afirma.

Para a doença dos cascos a melhor forma de controle é por meio da prevenção, que, nestes casos, pode ser realizada com o casqueamento preventivo, pedilúvio, entre outras medidas, como o uso de metafilaxia em lotes de animais com probabilidade de afecções de casco, devido aos fatores já citados, declara o profissional. E para as verminoses, o médico veterinário recomenda o controle estratégico de parasitas internos com anti-helmínticos. “A recomendação é uma dose pré-inverno, em maio, e outra dose durante o inverno, em julho, principalmente em animais jovens, com menos de dois anos de vida. Animais adultos também devem ser desverminados para evitar a contaminação de pastagens, diminuir a espoliação e a contaminação dos bezerros”, diz. Gonçalves recomenda o uso de uma doramectina em maio, por ser um endoctocida e promover o controle tanto de parasitas internos como externos, e do fosfato de levamisol em julho, pois, além de ser antiparasitário interno é um imuno modulador que promove estímulo ao sistema imunológico.

Além de dor de cabeça, este tipo de problema na propriedade causa ainda prejuízos para o produtor. O maior deles, segundo Gonçalves, está relacionado às doenças subclínicas que ocasionam. “Um animal com DRB, verminose ou problema de casco apresenta queda de desempenho, menor ingestão de aproveitamento dos alimentos, diminuição do ganho de peso, queda no sistema imune e consequentemente prejuízos ao produtor”, alerta. O profissional ainda acrescenta que em casos graves ocorre ainda o atraso de crescimento, perda de peso, desidratação e óbito.

Inverno exige mais cuidados

Gonçalves alerta ainda que no inverno, muitas vezes, não se lembra que os animais também sofrem com o frio e a umidade, precisando de cuidados especiais. “Nesse período eles desenvolvem mais facilmente problemas respiratórios e nutricionais”, diz. De acordo com ele, de modo geral em todos os animais de sangue quente, o fio interfere no funcionamento do organismo, os tornando mais suscetíveis a doenças respiratórias causadas por vírus e/ou bactérias. “Cabe ao proprietário e ao veterinário que assiste a propriedade organizar o manejo nutricional e sanitário para prevenir e mitigar os problemas que podem ocorrer nesta época do ano”, afirma.

Entre os cuidados básicos para os bovinos de corte, o médico veterinário diz que no campo os produtores rurais precisam estar atentos para as intempéries do inverno, mantendo os animais saudáveis e bem alimentados para uma boa produtividade. “Para bovinos de corte, tanto jovens como adultos, os cuidados básicos são os mesmos. Assim como nos humanos, nos animais, os problemas respiratórios aumentam no período de inverno, por isso deve-se evitar choque térmico, excesso de umidade, poeira e lugares abafados”, aconselha. Já para animais confinados, de acordo com Gonçalves, o risco aumenta em relação a animais a campo, isso porque apresentam maior estresse de adaptação, disputa por cocho e de hierarquia, sodomia, maior contato e difusão de patógenos, excesso de umidade ou de poeira.

Mais informações você encontra na edição de Bovinos, Grãos e Máquinas de junho/julho de 2017 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Colibacilose em bezerros: importante tipo de diarreia

Como a transmissão da Colibacilose é feco-oral, sua prevenção exige cuidados quanto ao manejo dos animais, condições higiênico-sanitárias e alimentação, com destaque para a oferta de colostro em quantidade e qualidade adequadas, o mais rápido possível.

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Foto: Divulgação/JÁ Saúde Animal

A saúde intestinal dos bezerros é um aspecto importante na pecuária, afinal impacta diretamente o desenvolvimento e a produtividade desses animais. Dessa forma, a manutenção de um trato gastrointestinal saudável e funcional permite a digestão e a absorção adequadas dos nutrientes. Nesse contexto, entre os principais desafios da criação de bezerros, relacionado à saúde intestinal, está a diarreia, sendo responsável por uma série de prejuízos. O problema é caracterizado por uma grande perda de líquidos e eletrólitos corporais que vão ocasionar desidratação, perda de peso, com possibilidade de evoluir para choque hipovolêmico e morte do animal.

Vários fatores podem ter relação com a ocorrência da diarreia e os agentes etiológicos causadores podem ser diversos, incluindo as bactérias (Escherichia coli, Salmonella sp., Clostridium perfringens), os vírus (rotavírus e coronavírus), protozoários (Eimeria sp. e Cryptosporidium sp.) e as verminoses. Dentre esses, um dos principais no quesito mortalidade é a Escherichia coli, bactéria gram-negativa, que de forma geral é inofensiva. Contudo, quando tipos patogênicos infectam uma população susceptível ou quando há uma somatória de fatores (ambiente, manejo, imunidade) que estimula a proliferação bacteriana ocorre a chamada Colibacilose, termo atribuído a afecções provocadas por E. coli, que consequentemente podem ocasionar quadros de diarreia.

A Colibacilose pode acontecer de três maneiras: septicêmica, enterotoxêmica e entérica. A forma septicêmica se desenvolve quando a bactéria se multiplica rapidamente na corrente sanguínea, afetando geralmente bezerros que não tiveram uma boa colostragem. Nesse caso, a apresentação da afecção é aguda, variando de 24 a 96 horas, com sinais clínicos como depressão, febre alta, anorexia e taquicardia. Outra forma é a enterotoxêmica, quando a bactéria se prolifera na parte média e posterior do intestino, havendo a liberação de toxina. Nesse caso, os animais apresentam prostração intensa e morrem de endotoxemia. Por fim, existe a forma entérica, conhecida como “curso branco”, caracterizada por sinais como diarreia pastosa abundante, de coloração esbranquiçada ou amarelada, podendo progredir para diarreia aquosa severa, desidratação, acidose metabólica e morte.

Geralmente a ocorrência da Colibacilose é mais frequente em animais mantidos em confinamentos ou muito próximos uns dos outros, além de bezerros com poucos dias de vida. Outros fatores epidemiológicos que podem contribuir para o desenvolvimento de um quadro diarreico são: períodos chuvosos, sistemas de produção inadequados (manejo sanitário, instalações e nutrição ineficazes) e outras enfermidades como as endoparasitoses. A taxa de mortalidade pode variar de 10 a 50% para bovinos de leite criados em sistemas intensivos e de 5 a 15% para bovinos de corte. É importante salientar que ela pode chegar a 60% em propriedades com problemas de manejo.

Como a transmissão da Colibacilose é feco-oral, sua prevenção exige cuidados quanto ao manejo dos animais, condições higiênico-sanitárias e alimentação, com destaque para a oferta de colostro em quantidade e qualidade adequadas, o mais rápido possível. Além disso, é importante realizar a vacinação de fêmeas no pré-parto especialmente por conta da passagem de anticorpos da mãe imunizada para o bezerro, conferindo proteção durante os três primeiros meses de vida.

Para o tratamento recomenda-se a administração de antimicrobianos, sendo a Enrofloxacina um dos mais indicados, além do uso de anti-inflamatórios não esteroidais para o controle da febre, alívio da cólica e para proporcionar conforto ao animal. É importante que seja feita a reposição dos fluidos e eletrólitos pela via oral (em casos iniciais) ou pela via parenteral, pois a desidratação pode levar os bezerros à morte de forma muito rápida.

As referências bibliográficas desse texto podem ser solicitadas à autora pelo e-mail: juliana.melo@jasaudeanimal.com.br.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor de bovinocultura de leite e na produção de grãos acesse a versão digital de Bovinos, Grãos e Máquinas, clique aqui. Boa leitura!

Fonte: Por Juliana Melo, médica-veterinária e jornalista na JA Saúde Animal
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Indicador do Boi Gordo Cepea/B3: 30 anos de compromisso com a pecuária brasileira

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Foto: Ana Maio

Há 30 anos, o grupo de pesquisadores que formavam o Cepea já se destacava e foi o escolhido pela então BM&F para o desafio de criar um indicador de preços que substituísse a entrega física usada para a liquidação de contratos futuros de boi gordo.

Era preciso contar com uma instituição que fosse idônea, imparcial no trato das operações de compra e venda, que tivesse conhecimento científico para definir uma metodologia com reconhecimento internacional, familiaridade não só com a pecuária, mas com todo o setor em que este mercado se desenvolve, e ainda agilidade para a entrega diária de um indicador, garantindo sigilo de informação.

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

O Cepea atende desde então todos esses requisitos. Por 30 anos, independentemente de ocorrências como greve de trabalhadores da USP que impedisse acesso ao campus de Piracicaba, quedas de energia ou da rede telefônica, problemas de saúde dos membros da equipe ou incidentes de qualquer natureza, aconteça o que quer que seja, o Indicador do Boi do Cepea foi e continua sendo elaborado diariamente, com entrega rigorosa às 18h04 à Bolsa.

O Indicador do Boi inicialmente chamado Esalq/BM&F, hoje o Cepea/B3, é o valor oficial do boi no mercado futuro brasileiro e o referencial escolhido por inúmeros agentes, não só da pecuária, como parâmetro confiável de preço para a negociação de contratos particulares. Pela imparcialidade do Cepea e rigor na aplicação da metodologia conhecida pelo mercado, o Indicador do Boi Cepea cumpre o papel de reduzir incertezas e oportunismos no setor.

A liquidação de contratos, que nos anos 1980 e início dos anos 1990 era realizada unicamente por meio da entrega física de animais, estava suscetível a uma série de entraves.  Grande parte dos pecuaristas tinha dificuldades em formar lotes que atendessem a todos os padrões especificados e exigidos pelo contrato. Compradores, por sua vez, alegavam que muitas vezes os lotes não tinham a qualidade esperada.

Essa perda na qualidade constantemente era associada ao transporte do animal até uma das praças para entrega: Araçatuba, Barretos, Presidente Prudente e São Paulo. Determinadas fazendas ficavam bem distantes e os animais perdiam peso. Além disso, as despesas com o transporte dos lotes de boi gordo eram pauta de discussão entre o vendedor e o comprador.

A assimetria de informação entre vendedores e compradores era tamanha que, ocasionalmente, os agentes que negociavam os contratos futuros iam fisicamente às regiões de entrega dos animais – quando não possível, contratavam pessoas para fazer essa verificação –, no intuito de monitorar o processo de chegada e conferência dos lotes. O objetivo era evitar ações oportunistas.

É nesse contexto que, no começo de 1994, a Bolsa suspende momentaneamente as negociações dos contratos futuros do boi gordo e, em maio daquele ano, disponibiliza um novo formato contratual, no qual a entrega de animais deveria ser feita em um único local: Araçatuba. Alguns novos processos foram estabelecidos – como protocolos nas realizações de jejum e pesagem dos animais, entre outros – e árbitros chegaram a ser contratados pela Bolsa, no intuito de resolver as disputas de compradores e vendedores nos momentos de entrega dos lotes.

Já atenta aos custos e entraves vindos da liquidação física dos contratos de boi gordo, a Bolsa, ainda em 1993, faz uma experiência inédita para a época: busca uma terceira parte que forneça um indicador de preço do boi gordo do mercado físico do estado de São Paulo. O objetivo era utilizar tal valor como referência para uma iminente liquidação financeira dos contratos futuros do boi gordo negociados na Bolsa.

Feitas algumas apurações, fica estabelecido que o Centro de Pesquisas vinculado à Universidade de São Paulo, o Cepea, que, ressalta-se, já vinha monitorando o mercado pecuário desde 1987, seria o responsável por fornecer à Bolsa o desejado índice.

O compromisso assumido com a cadeia de bovinos de corte brasileira colocou o Cepea, a Esalq e a Universidade de São Paula na vanguarda das pesquisas e como referência de estudos para o setor.

Impulso certeiro ao mercado futuro do boi

De maio de 1994 até quase o encerramento daquele ano, os contratos negociados na Bolsa ainda eram liquidados de forma física, com entrega dos animais em curral único estabelecido em Araçatuba.

Foi em 30 de novembro de 1994, que a então BM&F lança a negociação de um novo contrato, tendo como norma sua liquidação financeira, ou seja, sem a entrega física dos animais. O contrato envolvia ainda 330 arrobas de carne e exigia animais de 450 a 550 quilos, em dólar. As posições em aberto seriam encerradas, então, pela média aritmética simples dos últimos cinco Indicadores do “Boi Gordo Esalq/BM&F” do respectivo mês.

As primeiras negociações futuras com a nova alteração no contrato começaram a ser realizadas em 16 de dezembro de 1994, envolvendo o vencimento Agosto/95. Um total de 207 contratos foram liquidados financeiramente no encerramento de agosto de 1995, ao preço médio de US$ 23,64/arroba, referência oferecida pelo Indicador do Boi Gordo Esalq/BM&F.

O novo modelo de contrato prevendo a liquidação financeira impulsionou os negócios futuros de boi gordo na Bolsa. Em 1994, haviam sido negociados pouco mais de 5,6 mil contratos de boi gordo na BM&F; no ano seguinte, foram quase 39 mil.

A partir de 1996, os contratos futuros passaram a ter vencimento em todos os meses do ano. A estabilização monetária nacional, obtida com o Plano Real, a abertura comercial e a redução da intervenção do governo na economia alavancaram as negociações de futuros de boi gordo. Assim, o número de contratos negociados já se situava acima de 100 mil em 1996, atingindo patamar superior a 150 mil contratos no ano 2000.

No dia 26 de setembro de 2000, a Bolsa realiza um novo – e muito importante – ajuste no contrato futuro de boi gordo: a cotação da arroba deixa de ser em dólar norte-americano e passa a ser em Reais por arroba. A estabilidade do Real foi o principal motivo para essa alteração.

A cotação do contrato futuro do boi gordo em dólar deixava os operadores do mercado futuro (pecuaristas, intermediários, frigoríficos e outros) suscetíveis à variação cambial. Além disso, a formação do preço do boi gordo tem como fundamentos fatores domésticos, sendo influenciada sobretudo pela oferta e pela demanda. Essa mudança, portanto, permitiu melhor visibilidade aos agentes ativos na Bolsa. O primeiro contrato a ser negociado em Reais foi o de vencimento em Março/2001.

Consolidação e maturidade

O mercado futuro de boi gordo com liquidação financeira se mostrou muito dinâmico entre 2004 e 2014, período de expressivo crescimento no número de contratos. Pode-se dizer que o mercado futuro de boi gordo se consolida nesta década.

Em 2004, foram negociados 225,2 mil contratos futuros de boi gordo, subindo para a casa dos 300 mil nos anos seguintes. Em 2007, já eram mais de 934 mil contratos, atingindo o recorde de 1,6 milhão em 2008.

Entre 2014 e 2018, observa-se certo declínio e, posteriormente, retomada e estabilização no número de contratos em aberto de boi gordo, com alta no último período, devido ao crescimento do mercado pecuário brasileiro. Por outro lado, em termos financeiros, houve expressiva evolução.

Em 2021, os contratos futuros do boi gordo movimentaram mais de R$ 65,133 bilhões na Bolsa (com opções de compra e venda), sendo 57% acima do ano anterior e o maior da

década.

Importante destacar que, em outubro de 2021, o Indicador Cepea/B3 recebeu o relatório de asseguração de adesão aos princípios da Iosco (“International Organization of Securities Commissions”). O recebimento desse selo atesta que os mais elevados padrões de qualidade e critérios de governança sugeridos pela Organização Internacional são implementados e seguidos pelo Cepea e pela B3 na elaboração e no cálculo do Indicador do boi gordo.

Em 2022, mais um crescimento, e o mercado futuro chegou a movimentar R$ 65,515 bilhões. Em 2023, atingiram 781.145 mil contratos, o maior volume desde 2014, mostrando novamente o aumento do uso da ferramenta. Em valor, 2023 atingiu R$ 69,727 bilhões.

Ao completar três décadas, o Indicador se apresenta com novidades. Em breve, será anunciada uma alteração na forma de cálculo do Indicador e disponibilizado um novo aplicativo para informe de negociações. Com os parceiros certos, o Cepea honra sua raiz Esalq/Universidade de São Paulo e se mantém ano após ano com fonte confiável e imparcial, a serviço da sociedade.

Fonte: Por Alessandra da Paz, gestora da Equipe de Comunicação do Cepea
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Apesar de cinco meses de aumento, preço ao produtor de leite segue abaixo de 2023

Com alta acumulada de 12,9% no primeiro trimestre de 2024, valor ainda está 20,3% abaixo do verificado no mesmo período do ano passado, em termos reais.

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Foto: Ari Dias/AEN

O preço médio do leite captado em março foi de R$ 2,3290/litro na “Média Brasil” do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, 4,1% maior que o do mês anterior, mas 20,3% abaixo do verificado no mesmo período do ano passado, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de março). Com esse resultado, o preço ao produtor acumula alta real de 12,9% neste primeiro trimestre. Porém, a média dos três primeiros meses deste ano está 21,7% inferior à igual intervalo de 2023.

Esta é a quinta alta mensal consecutiva no preço do leite pago ao produtor, e esse movimento é explicado pela redução da oferta no campo. A limitação da produção, por sua vez, ocorre devido ao clima adverso (seca e calor) e à retração das margens dos pecuaristas no último trimestre do ano passado, que reduziram os investimentos dentro da porteira.

O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea seguiu em queda – o recuo foi de 2,5% de fevereiro para março. No acumulado do primeiro trimestre, a captação diminuiu 7,5%. Esse contexto reforça a disputa entre laticínios e cooperativas por fornecedores para garantir o abastecimento de matéria-prima.

A valorização do leite cru, contudo, não foi repassada na mesma intensidade para o preço dos derivados lácteos. Segundo pesquisas do Cepea, as cotações do leite UHT e do queijo muçarela no atacado do estado de São Paulo subiram 3,9% e 0,3% em março, respectivamente. Agentes de mercado relatam consumo ainda sensível na ponta final da cadeia, de modo que os canais de distribuição pressionam a indústria por valores mais baixos.

Ainda assim, a média dos lácteos no primeiro trimestre de 2024 frente ao mesmo período do ano passado registra queda menor que a verificada para o preço pago ao produtor. De janeiro a março, a baixa real nos valores do UHT e também da muçarela foi de 10,4%.

Ao mesmo tempo, as importações continuam sendo pauta importante para agentes do mercado. Embora as compras externas de lácteos estejam em queda, o volume internalizado neste ano ainda supera o do ano passado. Dados da Secex apontam que, em março, as importações caíram 3,3% frente a fevereiro. Porém, essa quantidade ainda é 14,4% maior que a do mesmo período do ano passado. Considerando-se o primeiro trimestre do ano, as aquisições somaram quase 577,5 milhões de litros em equivalente leite, 10,4% acima do registrado nos três primeiros meses de 2023.

Nesse contexto, a expectativa de agentes de mercado é que o ritmo de valorização do leite ao produtor perca força em abril.

Gráfico 1 – Série de preços médios recebidos pelo produtor (líquido), em valores reais (deflacionados pelo IPCA de março/2024). Fonte: Cepea-Esalq/USP.

 

 

Fonte: Assessoria Cepea
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