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Suínos / Peixes

Alta densidade é desafio, mas tem solução

Questão preocupa principalmente na fase de terminação; manejo correto e diferenciado é solução para evitar maiores problemas

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Com o auxílio da tecnologia se tornou possível que o suinocultor aumentasse o número de leitões desmamados/fêmea/ano (DFA). Mas, com isso, surgiu um desafio que vem sendo enfrentando pelos agentes da suinocultura nos últimos anos: a alta densidade das granjas. Problemas com espaço, nutrição e sanidade acabaram se tornando comuns devido a esta questão. Se não tratada de forma correta, com um manejo adequado, as perdas do produtor podem ser altas.

É sabido que o melhoramento genético das últimas décadas focou em aumento da produtividade como, por exemplo, aumento do número de leitões por fêmea por ano, melhoria da taxa de mortalidade e, por consequência, melhor bem-estar dos animais. “Este melhoramento é importante para produção de um produto de qualidade e de preço adequado para o consumidor, especialmente com o aumento nos preços dos insumos de produção ao longo do tempo. A média de leitões desmamados/fêmea/ano, que em 2008 era de 27, em 2017 subiu para 33 em granjas brasileiras”, comenta a médica veterinária e mestranda do Setor de Suínos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Luciana Fiorin Hernig.

A profissional comenta que estas melhorias trouxeram, no entanto, um desafio caracterizado pelo aumento no número de animais no plantel, o que exige investimentos em construção de novas instalações, gerando despesas e preocupações com o espaço disponível nas propriedades. “Além disso, existem regulamentações e limites em relação a quantidade de animais e dejeto produzido em cada área de acordo com a qualidade de terra disponível. Este desafio é muitas vezes solucionado alojando-se mais animais por baia (aumento na densidade) e reduzindo-se o tempo entre lotes”, diz.

Ela explica que, entretanto, ao aumentar a densidade das baias, é preciso mensurar adequadamente alguns desafios sanitários e zootécnicos que serão enfrentados, além da manutenção do bem-estar dos animais. “Para tal, é importante avaliar não só o espaço de baia por animal, mas a quantidade de animais por cocho e por bebedouros. Alguns produtores têm trocado os comedouros por modelos mais largos e adicionado mais bebedouros por baia para manter as recomendações das empresas de melhoramento genético”, conta.

Luciana acrescenta que em alguns momentos, a melhoria nas taxas de prenhez e parto, por exemplo, podem ocasionar um percentual de fêmeas gestantes superior ao espaço disponível nas baias, aumentando a densidade e gerando prejuízos aos animais, principalmente em casos onde o piso é em maior parte compacto. “Outra preocupação é com o espaço disponível nas gaiolas de maternidade, bem como nas baias de creche, recria e terminação, tendo em vista que o número de leitões nascidos vivos aumentou em média de 12 para 14, entre 2008 e 2017, nas granjas brasileiras”, sustenta.

A dificuldade em se fornecer o espaço adequado pode ser um problema em todas as fases de criação, isso porque o planejamento na construção de uma granja é adequado para um plantel e índices produtivos pré-definidos, o que não atende ao aumento do número de animais e melhoria na produtividade, explica a médica veterinária. Ela acrescenta que, no entanto, o sucesso na produção depende diretamente de uma boa gestão. “A crescente preocupação com o bem-estar animal na produção tecnificada trouxe à tona discussões, entre outros temas, sobre o espaço ideal para criação dos animais e reforçou a necessidade de se estudar, conhecer e respeitar a densidade e lotação”, comenta.

Segundo a médica veterinária, a fase que o produtor enfrenta maiores dificuldades com alta densidade é o final da terminação, já que ainda que seja respeitado o número de suínos por metro quadrado, é a fase onde se tem maior quantidade de quilos por metro quadrado. “O que alguns produtores fazem para evitar ou minimizar esta situação é o que é conhecido como “abate parcelado”, quando os animais mais pesados são enviados para o abate algumas semanas antes dos próximos mais pesados, e assim por diante”, conta.

Quais os danos e o que fazer

Luciana explica que, primeiramente, para evitar maiores danos, os produtores devem conhecer os índices produtivos verdadeiros da sua granja e a capacidade física das suas instalações, respeitando o espaço necessário de acordo com a fase de produção. “Atualmente, há softwares que facilitam o acompanhamento diário dos dados, gerando médias e gráficos que possibilitam a tomada de decisões rapidamente. Desta forma, pode-se organizar os lotes respeitando-se os manejos sanitários”, informa.

A pesquisadora diz que no caso de se optar por um aumento na lotação das baias, o sucesso depende de um bom planejamento prévio, pois o produtor poderá apensar tomar a decisão e arcar com consequências negativas, ou ter ciência de que precisa fornecer o máximo conforto aos animais, para que eles desempenhem seu potencial nestas condições, provendo bons resultados à granja.

É preciso ainda, de acordo com a médica veterinária, estar atento ao fato de que o maior contato entre os animais, pela proximidade, facilita a transmissão de patógenos, o que dificulta na prevenção e erradicação de doenças. Ela explica, que há ainda a dificuldade na identificação de animais doentes e tratamento, podendo levar ao aumento na mortalidade.

“Outro ponto chave é o cuidado com a ambiência adequada aos animais, nas diferentes fases, considerando a temperatura ideal. Além disso, há a necessidade de renovação do ar dentro das instalações, evitando o acúmulo de poeira e gases, que prejudicam o trato respiratório, provocam e exacerbam quadros clínicos”, destaca. Luciana afirma que, entretanto, quando os pontos críticos são bem mapeados previamente e se tem claras as formas de preveni-los e solucioná-los através de manejos diários na granja, o produtor consegue atingir suas metas com sucesso.

Nas gestantes

A médica veterinária destaca ainda que quando se trata de fêmeas gestantes, se criadas sob alta densidade, sem que se tenha um planejamento adequado, elas podem não desfrutar do espaço necessário para o bem-estar, mas, principalmente, disputam por comida e para acessar bebedouros. “Isto se agrava quando o fornecimento de ração não é bem distribuído na baia, ou não é limpa adequadamente (preocupação maior onde o piso é em maior percentual compacto), pois restringe o acesso ao alimento, bem como ele pode se misturar a sujidades”, conta.

Além do mais, Luciana diz que pisos sujos podem propiciar quadros de infecção no trato reprodutivo e/ou urinário, como cistites, descargas vulvares e abortos. “Outra preocupação é com o número de bebedouros por fêmea ou a vazão inadequada de água (ideal: 1,5 a 2,0 litros/minuto), pois o baixo consumo de água pode ocasionar problemas urinários e, por consequência, reprodutivos, culminado com quadros de abortos”, diz.

Nesse sentido, a médica veterinária conta que é possível optar por medidas como a troca de pisos compactos por vazados, quando possível, o que facilita a higienização das baias. Além do mais, é possível ainda aumentar o número de bebedouros e de espaço linear nos comedouros das baias – como comedouros mais largos, que possibilitem que um maior número de animais tenha acesso a ração simultaneamente –, facilitando o acesso e reduzindo as disputas. “Estas ações envolvem menor custo que ampliações das construções e promovem bons resultados”, explica. Ela acrescenta que outro ponto importante é o cuidado com a ambiência, promovendo temperatura, ventilação e umidade adequadas, e promovendo a renovação de ar da sala, o que pode ser obtido com manejos de cortinas adequados, por exemplo.

Luciana explica que é preciso ainda se atentar para os aspectos comportamentais dos animais. “É sabido que os suínos manifestam um comportamento de hierarquia no grupo e, desta forma, fêmeas submissas podem ser prejudicadas, deixando de consumir a quantidade de ração diária adequada para a fase, consumindo pouca água no dia e sofrendo injúrias durante as brigas, podendo até sofrer lesões mais graves”, destaca. Assim, esclarece, é observado, por exemplo, casos de abortos, fêmeas que chegam vazias ao parto (abortos não detectados nas baias) e/ou fêmeas lesionadas principalmente nos membros, que apresentam dificuldade em se locomover.

E complementa que é sabido também que para fêmeas gestantes, deve haver a preocupação em relação a mistura de animais de diferentes linhagens/genéticas, tendo em vista que há diferenças inerentes a isso. “Algumas linhagens genéticas de suínos apresentam maior agressividade na disputa pela hierarquia, o que pode se agravar quando o espaço na baia é reduzido. Deve então separar as fêmeas por: 1) categoria, por exemplo, leitoas e porcas, e 2) por condição corporal, com o objetivo de melhorar a interação entre elas”, destaca.

Outro manejo sugerido pela médica veterinária é a remoção de fêmeas mais agressivas das baias, assim que elas são identificadas, transferindo-as para gaiolas e promovendo melhor ambiente entre as remanescentes. “Hoje há linhas de estudos voltadas ao comportamento dos animais que alegam que o fornecimento de enriquecimento ambiental pode reduzir o estresse e melhorar a qualidade de vida dos animais. Neste caso, é indicado uso de materiais com os quais os leitões e até fêmeas possam interagir, distraindo-se, o que reduziria as brigas e disputas, como correntes suspensas, bolas de material resistente, entre outros”, conta.

Leitões em fase de creche e terminação

Luciana expõe que quando se pensa em leitões nas fases de creche, recria e terminação, é observado o mesmo caso de redução de acesso aos comedouros e bebedouros por parte dos animais submissos e/ou menores. “Este quadro pode culminar com baixo desenvolvimento destes animais, baixo consumo diário de ração, queda no ganho de peso diário e peso final”, diz. Outra preocupação, segundo a médica veterinária, é com os possíveis quadros de canibalismo. “Isto porque, provendo de menor espaço para se locomover e explorar o ambiente, os suínos praticam este comportamento de mordedura, o que se exacerba com o crescimento destes e, além das lesões iniciais, pode se agravar com a disseminação de agentes e aparecimento de abscessos na coluna, por exemplo”, esclarece.

Ela conta que as mesmas medidas já mencionadas para as fêmeas gestantes, relacionadas ao piso, comedouros e bebedouros, devem ser aplicadas nas baias de creche, recria e terminação. “Na creche ainda, quando se tem um ambiente com alta carga de patógenos associado às lesões na pele, pode-se observar quadros de epidermites, mas que se respeitados os protocolos de higienização e manejos básicos, raramente ocorrerão”, diz.

Uma opção praticada em lotes de terminação, de acordo com Luciana, é o abate segregado, que consiste na remoção de percentual de animais com maior peso cerca de 15 dias antes da data prevista para o abate, com o intuito de promover melhores condições aos que permanecem na instalação, já que eles desfrutam então de mais espaço na baia, assim como maior facilidade de acesso ao comedouro e bebedouro. “Deve-se atentar, no entanto, para algumas dificuldades, como, por exemplo, a logística de transporte, o jejum preconizado ao abate para os animais removidos e as datas do protocolo de imunocastração quando praticado”, observa.

Prejuízos também são financeiros

Luciana comenta que a densidade ideal vai variar em cada sistema de produção e granjas. “Fatores que vão influenciar são: quantidade e qualidade dos comedouros e bebedouros disponíveis, status sanitário, qualidade do manejo dos animais, ajuste dos comedouros, qualidade e níveis da dieta, genética, tipos de pisos, entre outros”, afirma. Ela complementa que o aumento da densidade pode aumentar ou diminuir a lucratividade dos produtores, dependendo de como for abordado. “É importante consultar o veterinário responsável para se obter as melhores recomendações para a sua granja”, recomenda.

A médica veterinária destaca ainda que é preciso ter em mente que a suinocultura apresentou uma evolução considerável nos últimos anos, ou seja, o aumento no número de animais, e, por consequência, na densidade, mesmo sem investimentos em ampliação das instalações, foi conquistado pela maioria dos produtores com boas práticas de produção e seguindo orientações dos veterinários responsáveis, o que é representado pelo maior número de desmamados/fêmea ano, bem como pela redução em índices de mortalidades.

Além do mais, tendo em vista que a suinocultura vem apresentando uma evolução nos resultados, com investimentos em tecnologia, genética, manejo e nutrição, por exemplo, algumas linhas de pesquisa têm sido voltadas para atualização de recomendações antigas, como o espaço na creche e espaço linear de comedouros, por exemplo, explica Luciana. “Além disso, com a melhoria da tecnologia de vídeo associada à inteligência artificial já se discute a respeito de se selecionar animais menos agressivos dentro de algumas linhagens genéticas, com intuito de reduzir as disputas/brigas, o que possibilitaria a melhoria no bem-estar em casos de alojamento baias coletivas”, destaca.

Solução está no manejo

Os problemas com a alta densidade não passam mais despercebidos pelos olhos dos profissionais da área. De acordo com o gerente de Divisão Pecuária da Cooperativa Agroindustrial Lar, médico veterinário Dirceu Zotti, de forma geral as granjas estão produzindo mais e isso está gerando este problema, e o manejo pode contribuir para a melhoria de resultados neste contexto. “Podemos melhorar as condições gerais de limpeza, aumentar o fornecimento de bebedouros e comedouros conforme número específico de animais, usar programa diferenciado de vacinações, melhorar ventilação e/ou climatização dos barracões, aumentar a dedicação específica dos funcionários em determinadas áreas de maior atenção, como por exemplo, na maternidade e na área de coberturas na gestação. Estes seriam alguns dentre vários outros que podemos lançar mão neste momento específico”, comenta.

De acordo com o profissional, sem dúvidas a sanidade é também um ponto que merece atenção. “Quanto mais adensado trabalhamos, mais propenso a diminuir nossa sanidade estaremos. Por isso a importância de lançarmos mão de alguns manejos diferenciados neste momento”, comenta. Para Zotti, entre outras medidas adotadas pelo suinocultor, ele pode ajustar o plantel conforme a produtividade. “Ou seja, diminuir o número de fêmeas por exemplo, para que o número de leitões na creche seja conforme o recomendado. Ou então aumentar o tamanho da granja para atender esta necessidade de espaço, conforme o projeto de número de matrizes”, aconselha. “Minha forma de ver a questão do adensamento é que isso deve ser um problema momentâneo, caso contrário poderemos ter sérios prejuízos ao longo prazo”, alerta.

O médico veterinário reitera que esta realidade da alta densidade nas granjas deve ser encarada de forma natural em determinado momento, e jamais como rotina ao longo do tempo. “Pois, se não tivermos condições adequadas, perderemos em desempenho”, afirma.

Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de outubro/novembro de 2018 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Suínos / Peixes

ACCS 65 anos: força e inovação na suinocultura catarinense

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Presidente Losivanio Luiz de Lorenzi: "Que podemos continuar juntos, superando desafios e construindo um futuro ainda mais promissor para a suinocultura e aos suinocultores catarinenses" - Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Fundada em 24 de julho de 1959, a ACCS surgiu em um momento determinante para a suinocultura em Santa Catarina. Na década de 1940, o Oeste Catarinense destacou-se na produção de suínos, impulsionado pela chegada de colonos do Rio Grande do Sul. Entre os pioneiros, Attílio Fontana, fundador da Sadia, viu o potencial da região e investiu na criação de suínos, transformando a produção local em um pilar econômico.

Inovação e melhoramento genético

Na virada da década de 1940 para 1950, a ACCS foi pioneira na introdução de práticas de melhoramento genético. Victor Fontana, sobrinho de Attílio, aplicou métodos racionais e técnicos de criação, resultando em ninhadas de leitões saudáveis e precoces. A Sadia distribuiu um fomento experimental, fornecendo matrizes e ração aos produtores que seguiram suas exigências de higiene e instalações, marcando o início de uma revolução na suinocultura.

Expansão e modernização

Nos anos 1960 e 1970, a ACCS ampliou suas atividades, implementando o registro genealógico dos suínos e promovendo a exposição de suínos que incentivavam a melhoria genética. Em 1976, sob a presidência de Paulo Tramontini, a ACCS liderou a criação da primeira central de inseminação artificial de suínos do Brasil, consolidando Santa Catarina como líder na produção de material genético de qualidade.

Evolução estrutural

A Central de Coleta e Difusão Genética da ACCS (CDG-ACCS), localizada na comunidade de Fragosos em Concórdia, representa um marco de inovação e excelência na suinocultura brasileira. Reinaugurada em 2016, a CDG-ACCS foi a primeira do Brasil a operar dentro dos padrões rigorosos de Bem-Estar Animal, incorporando as melhores genéticas do mercado e estabelecendo um alto padrão de sanidade e produtividade.

Com uma produção mensal de aproximadamente 19 mil doses de sêmen, a central não apenas impulsiona a qualidade genética dos rebanhos, mas também garante a sustentabilidade e a competitividade dos suinocultores catarinenses. O reconhecimento da CDG-ACCS como referência em produtividade e sanidade, destacado em reportagens especiais como a do Globo Rural, reforça seu papel na modernização e no desenvolvimento da suinocultura em Santa Catarina e no Brasil.

Parcerias e crescimento sustentável

Ao longo das décadas, a ACCS tem sido uma força importante na promoção e no desenvolvimento da suinocultura em Santa Catarina. Parcerias estratégicas com indústrias, cooperativas e entidades governamentais foram fundamentais para o crescimento do setor. A criação da Cooperativa Agroindustrial dos Suinocultores Catarinenses (Coasc) em 2014 exemplifica esse espírito cooperativo, ajudando produtores independentes a obter melhores condições na compra de insumos.

Desafios e superações

A ACCS não se limita a celebrar conquistas, mas também se destaca pelo seu papel de apoio em tempos de crise. A associação esteve presente em momentos de adversidade, mobilizando a classe e chamando a atenção para as necessidades e demandas dos suinocultores. Este espírito de luta e resiliência garante que os suinocultores continuem a desempenhar um papel vital na economia do país.

Uma voz ativa e presente

A ACCS se tornou uma referência, tanto para a imprensa quanto para os suinocultores. Com um site atualizado diariamente e participações ativas em comissões e eventos, a associação promove o diálogo entre produtores e especialistas, sempre inovações buscando e políticas públicas desenvolvidas ao setor.

Celebração e futuro promissor

Ao comemorar 65 anos, a ACCS reafirma seu compromisso com a inovação e a sustentabilidade do setor. O presidente Losivanio Luiz de Lorenzi destaca a importância de continuar unidos, superando desafios e construir um futuro ainda mais promissor para a suinocultura catarinense. “Que podemos continuar juntos, superando desafios e construindo um futuro ainda mais promissor para a suinocultura e aos suinocultores catarinenses,” ressalta.

A trajetória da ACCS é um exemplo de dedicação e sucesso, refletindo a força e a inovação que definem a suinocultura em Santa Catarina. Comemoramos não apenas o passado, mas também as possibilidades ilimitadas do futuro. Parabéns a todos que fazem parte dessa história!

Fonte: Assessoria ACCS
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Suínos / Peixes

Preços do suíno vivo têm movimentos distintos no Brasil

Aumentos foram influenciados pela firme demanda da indústria por novos lotes de animais para abate. As quedas em algumas praças, por sua vez, decorreram do típico enfraquecimento da procura na segunda quinzena do mês.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Os preços do suíno vivo e da carne vêm apresentando movimentos distintos dentre as regiões acompanhadas pelo Cepea.

Segundo pesquisadores deste Centro, os aumentos foram influenciados pela firme demanda da indústria por novos lotes de animais para abate.

Esse foi o caso dos mercados independentes do suíno vivo nos estados de São Paulo e do Rio Grande do Sul.

As quedas em algumas praças, por sua vez, decorreram do típico enfraquecimento da procura na segunda quinzena do mês, devido ao menor poder de compra da população, ainda conforme explicam pesquisadores do Cepea.

 

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos / Peixes Nutrição

Especialista aponta desafios e alternativas para melhorar desempenho zootécnico dos suínos

Penz ressalta ainda os avanços recentes na nutrição de suínos e como essas inovações impactam a eficiência alimentar, o crescimento, a saúde dos animais e a sustentabilidade da produção.

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Foto: Shutterstock

A qualidade nutricional dos alimentos não só influencia o desempenho dos animais, mas também afeta diretamente sua capacidade de digestão e absorção de nutrientes, bem como a quantidade de resíduos gerados. Durante o 16º Simpósio Internacional de Suinocultura (Sinsui), realizado nesta semana no Centro de Eventos da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, essa temática foi abordada pelo mestre em Zootecnia, doutor em Nutrição e professor titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Mário Penz.

O especialista vai participar do Painel Novos Desafios na produção de suínos – o que vem por aí?, em que vai tratar sobre “Onde estamos e para onde deveremos ir na área de Nutrição”. Em entrevista exclusiva ao Jornal O Presente Rural, o doutor em Nutrição enfatizou que quanto melhor compreendermos a qualidade dos ingredientes utilizados na formulação dos alimentos para suínos, mais eficiente será a produção dos animais e menores serão os impactos ambientais.

Penz ressalta ainda os avanços recentes na nutrição de suínos e como essas inovações impactam a eficiência alimentar, o crescimento, a saúde dos animais e a sustentabilidade da produção. Aborda temas como nutrição de precisão, ingredientes alternativos, redução do uso de antibióticos, nutrigenômica, considerações nutricionais por fase de crescimento, desafios ambientais, estratégias nutricionais para minimizar o estresse térmico e oportunidades para colaboração entre a indústria, academia e o poder público. Confira!

O Presente Rural – Quais são os avanços recentes na nutrição voltada à suinocultura e como essas inovações estão impactando a eficiência alimentar, o crescimento e a saúde dos suínos?

Mário Penz – Quanto mais conhecemos a qualidade dos ingredientes que são empregados na elaboração dos alimentos para os suínos, mais eficiente se torna a produção dos animais e menores são os efeitos poluidores, que podem ser causados pela indevida digestão dos nutrientes e pelo aumento dos dejetos produzidos. Por exemplo, vários nutricionistas calculam as necessidades energéticas dos animais com base nas energias líquidas dos ingredientes, enquanto outros ainda usam energia metabolizável ou, menos comum, energia digestível, ambas menos precisas que a expressão da energia, com base no conhecimento dos valores de energia líquida dos ingredientes.

O Presente Rural – Quais são os principais desafios que os nutricionistas enfrentam atualmente na formulação de dietas para suínos e como estão sendo abordados?

Mário Penz – Continua sendo o conhecimento da real composição dos ingredientes usados nas formulações das dietas para as diferentes fases de produção.

O Presente Rural – Como a nutrição de precisão está sendo aplicada na suinocultura e quais são os benefícios em termos de otimização dos recursos alimentares e redução dos custos de produção?

Mário Penz – Nutrição de precisão tem por objetivo, sempre um pouco paradoxal, oferecer aos animais nutrientes e energia líquida, de acordo com suas necessidades, nas diferentes fases de produção. Quando se lida com nutrição de populações, em diferentes fases de produção, o que se quer chegar é o mais perto do que os animais necessitam, desconsiderando várias diferenças que podem ocorrer por idade, sexo, linhagem, ambiente, propósito de produção, etc. Essa nutrição não obrigatoriamente é “de custo mínimo”.

O Presente Rural – Quais são as tendências emergentes na formulação de dietas para suínos, como a utilização de ingredientes alternativos e a redução do uso de antibióticos promotores de crescimento?

Mestre em Zootecnia, doutor em Nutrição e professor titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Mário Penz: “Sempre é mais difícil pensar em saúde do que pensar em doença”. Foto: Divulgação

Mário Penz – Ingrediente alternativo é todo aquele que pode substituir os ingredientes convencionais das dietas, que no Brasil são milho e farelo de soja. Ingredientes como sorgo, milheto, farinhas de origem animal, entre outros, poderão ser empregados, desde que estejam disponíveis em quantidades relevantes, nem que seja por um período específico do ano. Além disso, é importante que se conheça a composição nutricional e energética desses ingredientes, para evitar que tenham seus valores sub ou superestimados. Levando isso em consideração, qualquer oportunidade tem que ser avaliada quanto ao seu custo e ao seu benefício, relacionados com aqueles que o milho e o farelo de soja podem trazer aos animais.

Quanto a redução do uso de antibióticos promotores de crescimento, esse é um caminho sem volta. Para que não haja perda de desempenho dos animais, os profissionais deverão dar mais atenção aos princípios básicos de saúde animal (saúde intestinal) e menos na mitigação das ações microbianas deletérias. Nesse conjunto de ações, cuidado com a biosseguridade, do ambiente, das dietas empregadas, farão parte dessa nova necessidade de produção.

Sempre é mais difícil pensar em saúde do que pensar em doença. Saúde é um processo contínuo, que se mitiga todo o tempo. Doença, mesmo que seja só mitigada pelos promotores de crescimento, sugerem respostas mais rápidas, mas não obrigatoriamente com consistência. Mudar de doença para saúde é algo complexo e que requer mais conhecimento dos profissionais envolvidos na produção de suínos.

O Presente Rural – Como a nutrigenômica e outras tecnologias de ponta estão sendo exploradas para entender melhor as necessidades nutricionais específicas dos suínos e melhorar a saúde intestinal?

Mário Penz – Nutrigenômica é o conhecimento que permite a seleção específica de nutrientes que favorecem a melhor expressão gênica dos animais, permitindo, como consequência, melhor saúde e desempenho dos animais. Esse é outro caminho sem volta, especialmente quando se trata de produzir animais saudáveis e sem o uso de antibióticos. Mas, ainda todo esse conhecimento está pouco apreciado no dia a dia das produções. Entretanto, importantes informações acadêmicas estão disponíveis, que mostram que teremos que olhar o suíno não por fase, mas olhar os resultados finais, desde o início da produção dos reprodutores, que lhes dão origem.

O Presente Rural – Quais são as considerações nutricionais específicas para diferentes fases de crescimento dos suínos, desde a creche até a terminação, e como essas necessidades estão sendo atendidas?

Mário Penz – Lamentavelmente, essa pergunta é extremamente complexa, para que tenha uma resposta simples. Entretanto, tomando o risco da simplificação, os nutricionistas devem estar muito próximos dos técnicos das genéticas, para entender quais são as recomendações por eles oferecidas. Com o tempo, cada profissional vai adaptando seus referenciais, com base na sua experiência e nos resultados práticos de campo. Aqui não tem uma resposta única e a complexidade começa com a identificação que o nutricionista tem com relação ao produto final da produção. Ele está preocupado com o ganho de peso, com a conversão alimentar, com a qualidade da carcaça ou com o menor custo no frigorífico?

O Presente Rural – Quais são os aditivos alimentares desenvolvimentos mais recentemente, como probióticos, prebióticos e enzimas, para promover a saúde intestinal e melhorar o desempenho dos suínos?

Mário Penz – Essa é uma nova era na produção de suínos. Reforço que estamos saindo de uma longa fase, onde os profissionais se preocupavam e se preocupam com eventos sanitários, os mitigando com o uso de antibióticos promotores de crescimento e/ou antibióticos usados de forma preventiva ou terapêutica. Agora estamos entrando na fase da saúde animal, mais complexa, porém inevitável. Muitas são as opções para melhorar a saúde dos animais. Não há um único produto que tenha a chancela de resolver tudo! O técnico deverá ter claro o que está buscando e, com isso olhar as oportunidades disponíveis. De uma maneira geral, tenho me posicionado que nessa nova fase, tudo começa pelo uso de enzimas exógenas, como suplementos indispensáveis. Dietas bem digeridas diminuem a disponibilidade de nutrientes aos microrganismos. Depois, todas as dietas devem ser suplementadas com um antioxidante que tenha ação efetiva, para mitigar processos de oxirredução contínuos dos enterócitos. Enzimas e antioxidantes fazem uma eficiente “dobradinha”. Depois vem os demais aditivos não antibióticos. Aqui o técnico tem que saber o que quer: fortalecer o sistema imune dos animais? A integridade intestinal? A digestibilidade dos nutrientes? Colaborar na regulação da microbiota? São perguntas indispensáveis, pois nessa nova fase não há “receita pronta”. As alternativas serão customizadas, de acordo com as expectativas técnicas esperadas. Para completar, aditivos não antibióticos não estão chegando para melhorar os resultados de granjas que não deem atenção a biosseguridade, ao ambiente, ao bem-estar animal, como sempre pensamos que os antibióticos ajudam ou ajudavam. Essa nova produção animal vem para se empregada em granjas que atendem os princípios básicos de boas práticas de produção e manejo. Ou seja, a mudança de paradigma é grande. Por isso que sempre sugiro que, independente da necessidade de se acomodar a essa nova realidade, o técnico deve começar, com cautela, a entender como produzir nesse novo ambiente tendo parte de seu plantel submetido a essas novas alternativas.

O Presente Rural – Como os desafios ambientais – a redução das emissões de gases de efeito estufa e a sustentabilidade da produção de alimentos – estão moldando a pesquisa em nutrição suína?

Mário Penz – Sustentabilidade é a palavra de ordem. O grande desafio é que a sustentabilidade está baseada em três pilares – econômico/ambiental/social. Com isso, em cada ação temos que olhar como ela afeta um ou mais dos três pilares. O que é certo é que sempre será impossível ter os três pilares sendo atendidos na íntegra. A produção animal sempre buscou a sustentabilidade, mesmo antes do termo ter se consagrado pela Comissão de Bruntland em 1987, que definiu o que seria o Desenvolvimento Sustentável. Por que digo isso? Porque os produtores seguem em suas propriedades em muitos casos por três ou mais gerações. Se não fossem sustentáveis já teriam migrado, como muitos fizeram. Os produtores sempre estão perseguindo, pelos conhecimentos técnicos adquiridos, melhores resultados zootécnicos, representados por melhores conversões alimentares de seus animais. Melhor conversão animal, menos consumo de alimento e água, menor excreção de dejetos, menor poluição do ambiente, especialmente pelo nitrogênio e fósforo excretados. Tudo isso podendo também ser representado pela menor produção de CO₂. Assim, a ciência subsidia os produtores com seus conhecimentos e eles aplicam, para que sigam sendo viáveis economicamente.

O Presente Rural – Quais são as estratégias nutricionais mais eficazes para minimizar o estresse térmico em suínos durante períodos de temperatura extrema?

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Mário Penz – Não criá-los em temperaturas quentes! A nutrição pode mitigar eventos térmicos de calor, mas são pouco eficientes (reduzir proteína, aumentar a energia por intermédio da inclusão de gordura nas dietas, etc.). O uso de ambiente controlado é uma necessidade indispensável nos novos projetos suinícolas. Além disso, a curto prazo, os animais, nessas condições devem receber água fria, junto com o alimento que consomem. Imaginem uma reprodutora em lactação, que tem que comer algo em torno de 6 a 7 kg de alimento/dia e necessita tomar água com uma temperatura próxima de 15ºC e a ela é oferecida uma água com 30ºC. O que ela vai fazer? Irá comer menos! E, as consequências já sabemos. Assim, resumindo, estresse por elevada temperatura ambiente, primeiro se mitiga com água fria e depois, nos novos projetos, com a construção de galpões climatizados.

O Presente Rural – Quais são as oportunidades futuras para a colaboração entre a indústria de nutrição animal, academia e poder público para impulsionar ainda mais a inovação e o progresso na área de nutrição voltada à suinocultura?

Mário Penz – A tríade indústria, academia e poder público é indispensável se quisermos avançar mais rápido. Cada um dos três segmentos tem a sua responsabilidade. Entretanto, primeiramente cabe a indústria ser clara no que necessita para que a academia se prepare para responder os desafios. Cabe a academia entender que a indústria tem pressa em várias de suas necessidades e se colocar como disponível frente a esses desafios. Ao poder público, favorecer qualquer inciativa pertinente, colaborando com financiamentos e com normas e regulamentos que favoreçam novas descobertas.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor de suinocultura acesse a versão digital de Suínos, clique aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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