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Aliança Global é essencial para política dos biocombustíveis que precisam de políticas públicas específicas para se desenvolverem
Mas mesmo com a participação significativa, a valorização dos biocombustíveis e o potencial de crescimento na matriz energética nacional, algumas fontes de bioenergia ainda são desvalorizadas e associadas a subdesenvolvimento.

O Brasil produz e utiliza biocombustíveis há 40 anos e vem gradativamente ampliando a sua utilização. Segundo o Balanço Energético Nacional, em 2022 as biomassas (cana, lenha, lixívia entre outras) responderam por 31,4% da oferta de energia interna do Brasil. O crescimento desse setor tem oferecido benefícios importantes como a criação de empregos, geração de renda regional e estímulo para a redução de parte das emissões de gases do efeito estufa vindos de transportes rodoviários. Para se ter uma ideia, apenas os biocombustíveis líquidos geraram 4% do total de energias para transportes em 2022. Para além do uso da madeira e da cana, os resíduos agroindustriais e biomassas com ciclos de crescimento curtos e de baixo custo complementam a oferta de biocombustíveis.
Mas mesmo com a participação significativa, a valorização dos biocombustíveis e o potencial de crescimento na matriz energética nacional, algumas fontes de bioenergia ainda são desvalorizadas e associadas a subdesenvolvimento.
Uma explicação para a desvalorização dessas fontes em âmbito nacional é a carência de políticas específicas para o seu desenvolvimento, como acontece no caso do etanol e do biodiesel, além da existência de legislações que excluem ou não englobam as particularidades de todas os biocombustíveis. É necessário replicar políticas públicas específicas, como aquelas desenvolvidas para estimular o aumento de produção do etanol e biodiesel nos anos 70, diante da crise do Petróleo. O PróAlcool (Programa Brasileiro de Álcool) é um exemplo de política que ajudou a alcançar o potencial de produção de biocombustíveis atual.
Já no mercado externo a valorização é crescente. Na União Europeia, o consumo de pellets, um tipo de combustível sólido produzido a partir de materiais orgânicos, atingiu 24,5 milhões de toneladas em 2021 – um aumento de 18% em relação ao ano anterior – com os setores residencial e comercial (aquecimento de espaços) representando dois terços (66,1%) desse consumo. A indústria e as utilidades (vapor e energia) representaram os restantes 33,9%. A chegada do inverno no hemisfério norte em um cenário de volatilidade de preços e de incerteza de abastecimento de fontes fósseis demonstra a existência da grande demanda e do potencial comercial de exportação de combustíveis de biomassa.
E é pensando no crescimento da demanda internacional que há de se elogiar o lançamento, durante o encontro do G20 em 2023, da Aliança Global para Biocombustíveis, iniciativa que reúne 19 países incluindo Brasil, Estados Unidos e Índia (os três principais produtores de biocombustíveis do mundo) e 12 organizações internacionais. A iniciativa inclui diversas medidas de fomento à produção sustentável e ao uso de biocombustíveis no mundo como a adoção de 20% de mistura de etanol na gasolina, a fabricação de automóveis flex e o desenvolvimento e produção de biocombustíveis de segunda geração.
A Aliança Global para Biocombustíveis é uma oportunidade histórica para a consolidação de uma cooperação entre países em nível governamental, acadêmico, tecnológico e empresarial, através da produção sustentável de biocombustíveis e da recuperação da produtividade de áreas já degradadas. De acordo com dados da Agência Internacional de Energia, a produção global de biocombustíveis sustentáveis precisa triplicar até 2030 para que o mundo possa alcançar emissões líquidas zero até 2050. As metas de aumento da participação de biocombustíveis aumentarão ainda mais o consumo mundial e a necessidade de ampliação do número de fornecedores.
É preciso pensar nos biocombustíveis como um dos meios estratégicos para a redução de emissões de gases do efeito estufa no Brasil. É importante olharmos também para o controle dos usos da terra, tecnologias de captura e armazenamento de carbono, entre outras soluções. Nessa diversidade de soluções, os biocombustíveis são parte da cadeia sustentável e a criação de uma aliança que fortalece o setor oferecerá diversos benefícios a nível mundial, além de criar um ambiente favorável para a criação de novas políticas públicas e criação de regras específicas para cada um dos biocombustíveis utilizados.

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Eficiência produtiva: o que é isto na prática?
Produção de alimentos se faz com ciência, tecnologia e respeito às pessoas, aos animais e ao meio ambiente!

Focados em preservar recursos naturais e aumentar a oferta de produtos para a população, pesquisadores e produtores de proteína animal se esforçam diariamente em busca de melhores resultados em diversos índices, como a conversão alimentar.
Você sabe o que é a conversão alimentar?
No caso da produção de proteína animal, este é um termo utilizado para descrever a capacidade de transformar insumos (ração) em músculo (e nesse caso, proteínas). Veja o exemplo da carne de frango e como este índice evoluiu ao longo dos anos.
Há cerca de 30 anos eram necessários 47 dias para se obter uma ave de 1,9 quilos. Para produzi-la, eram necessários 2 quilos de grãos (basicamente milho e farelo de soja), que base da ração das aves comerciais no Brasil. Hoje, são necessários apenas 1,6 quilos para se chegar a uma ave de 2,4 quilos, com um tempo total de produção de 42 dias!
Como isto é possível? Basicamente por três índices fatores:
– Genética de ponta: os avanços obtidos pela genética avícola foram significativos, e hoje o país produz para si e exporta material genético (ovos embrionados e pintinhos)
– Ambiência: as aves são criadas em ambiente com climatização para terem o conforto térmico adequado, propício para o seu crescimento.
– Alimentação: Basicamente milho (60% da ração) e farelo de soja (em torno de 25% da ração).
Então, não dê ouvidos para os mitos que você escuta por aí! Em nosso setor, produção de alimentos se faz com ciência, tecnologia e respeito às pessoas, aos animais e ao meio ambiente!
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Agronegócio tem oportunidades, mas não é simples aproveitá-las

O empreendedorismo no agronegócio no Brasil oferece muitas oportunidades, mas são grandes os desafios. O setor tem um papel significativo no país e no mundo, sendo um dos maiores produtores de commodities agrícolas do planeta. Nesse cenário, um dado que não pode passar despercebido é que somente o estado de Mato Grosso colheu na safra 2022/23, 45,32 milhões de toneladas de soja, por exemplo. O resultado é maior que toda a produção da Argentina no período.
Entre as oportunidades, o que mais chama a atenção é a inovação. É evidente que a modernização do setor é uma tendência muito forte. Tecnologias como IoT (Internet das Coisas), drones, inteligência artificial e análise de dados têm sido aplicadas para aumentar a eficiência na produção ou ainda no desenvolvimento de produtos efetivamente eficazes. Esta é realmente uma necessidade sentida pelo produtor e pelo setor como um todo.
Quando se fala em sustentabilidade, há uma crescente demanda por essas práticas. Empreendedores têm inúmeras oportunidades para implementar técnicas de agricultura regenerativa, redução de resíduos e práticas eco-friendly. Cuidar do meio ambiente não é mais tarefa das grandes corporações somente, claro isso é essencial, mas cabe e já se tornou um dever de todos, sociedade, classe agrícola, pequenas e médias companhias também. E aí se abre um leque de ideias e de iniciativas empreendedoras que podem ser tomadas.
Falando em mercado global, o Brasil exporta uma grande quantidade de produtos agrícolas. Então, é válido dizer que a expansão para esses mercados pujantes é outra baita oportunidade, mas, claro, requer conhecimento das regulamentações e demandas específicas de cada país. Buscar informações e especialistas no assunto pode ajudar.
Mas claro que os desafios fazem parte disso tudo, o agro não ficaria isento, o item de maior destaque sem dúvidas é a infraestrutura limitada em certas regiões do País, causando problemas com a logística e acesso a tecnologias de ponta. Um transporte eficiente de produtos agrícolas desde o local de origem até os mercados consumidores seria o ideal. Ainda mais pensando que no Brasil, onde a produção agrícola é extensa e muitas vezes está distante dos centros urbanos, a logística se torna ainda mais relevante.
A logística para o escoamento da produção é fundamental para transportar safras inteiras de regiões produtoras para centros de distribuição, portos e ainda para o abastecimento de mercados internos e externos. Sem melhorar bruscamente esse sistema, o País perderá cifras e cifras a cada safra. Sem contar que a eficiência nesse deslocamento é crucial para preservar a qualidade dos produtos perecíveis durante o transporte, minimizando assim perdas.
Contudo, hoje a realidade é que a infraestrutura brasileira está deficiente, com estradas precárias, a falta de ferrovias modernas e também portos congestionados, são grandes desafios. Além disso, ainda enfrenta altos custos do transporte rodoviário, especialmente em longas distâncias, e que reduzem ainda mais a competitividade dos produtos agrícolas. Ou seja, é preciso investir para melhorar o modal viário, modernizar ferrovias e expandir capacidades portuárias.
Vale destacar a importância de se adotar e investir em rastreamento, planejamento logístico inteligente e automação com foco em otimizar rotas e reduzir custos. Outra importante ação seria a de criar um grande grupo de estudos e promover mudanças e sugestões em prol dos modais. A exemplo, tem-se a integração entre modalidades de transporte, integrando diferentes modos de transporte, como ferrovias, rodovias e hidrovias, a fim de reduzir custos e melhorar a eficiência.
E algo muito relevante e que precisa tornar-se cada vez mais saudável, são as parcerias público-privada. Somente com a colaboração entre o setor público e privado para investir em infraestrutura e desenvolver soluções logísticas mais eficazes é que o País pode transformar este cenário vivido hoje pelo setor e pelos empreendedores. Resolver os gargalos logísticos no agronegócio demanda um esforço conjunto.
Paralelo tudo isso ainda se tem as complexidades regulatórias, a burocracia e a dificuldade das regulamentações como obstáculos para novos empreendedores. Especialmente em relação a licenciamentos, questões ambientais e tributárias, os próprios adjuvantes agrícolas é um exemplo disso.
Um fato que exige uma dedicação extra é sobre o clima e a sazonalidade, o primeiro pode ser imprevisível, afetando a produção, diminuindo produtividade, entre outros. A agricultura é uma fábrica a céu aberto, e isso exige planejamento e estratégias de mitigação de riscos.
Custos operacionais, como de produção, podem ser altos, especialmente para implementar tecnologias avançadas e práticas sustentáveis. Quando se tem esses dois assuntos envolvidos em uma indústria, prepare muito bem os orçamentos e fique atento aos detalhes, eles fazem toda a diferença no final.
No geral, empreender no agronegócio no Brasil oferece oportunidades significativas, mas é fundamental em qualquer do caminho a ser traçado, estar preparado para enfrentar desafios diversos, os previsíveis e aqueles que estavam fora da pauta. O conhecimento do mercado, das tecnologias emergentes e das práticas sustentáveis pode ser crucial para o sucesso nesse setor.
Colunistas Opinião
“Mesmo diante do caos, agro segue um notável fenômeno”, enaltece presidente da Faep
Em discurso na abertura do Encontro Estadual de Líderes Rurais, presidente do Sistema Faep/Senar-PR destacou a importância do setor.

Desde o final do século passado, o agro vem proporcionando sucessivos saldos positivos a nossa balança comercial por conta das suas exportações. Neste ano, o feito deve se repetir. No ano passado, este saldo positivo foi de 62 bilhões de dólares, que provavelmente será superado, já que o saldo atual está em 71 bilhões de dólares.
Como sabemos, o nosso setor movimenta uma grande parte da economia nacional, além de produzir comida para nossa população e para diversas partes do mundo.
Esse notável fenômeno econômico somente é possível porque, por trás, está o trabalho do produtor rural. Afinal, sem o agricultor e o pecuarista, não existiria o agro e, consequentemente, nem os expressivos resultados econômicos, sociais e ambientais, especialmente nos municípios do interior do Brasil.
Embora seja o óbvio, é preciso enfatizar esta verdade para boa parte dos nossos representantes dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, que insistem em criar obstáculos, mesmo o agro ajudando o Brasil. Afinal, a todo momento, uma péssima novidade.
Uma hora é o Supremo Tribunal Federal distorcendo a Constituição ao negar o Marco Temporal da demarcação das áreas indígenas ou, então, ao criar um “Frankenstein”, ressuscitando a contribuição sindical, com o pseudônimo de “contribuição assistencial”, para alimentar os cofres do sistema das confederações trabalhistas, que, por sua vez, alimentam políticas ultrapassadas.
Outra hora é o próprio governo federal, sabotando o seguro rural, ferramenta de gestão essencial para que os produtores rurais se arrisquem a plantar em meio às incertezas climáticas. Há, ainda, os órgãos federais que insistem em ignorar o Código Florestal para multar produtores rurais sob a falsa alegação de que suas propriedades devem se enquadrar na legislação da Mata Atlântica. O Código Florestal está aí, e precisa ser cumprido!
No âmbito estadual também temos desserviços. O governo do Estado, em conluio com o governo federal, abandou as rodovias, que deveriam estar sob administração de novas concessionárias desde novembro de 2021. Ou seja, há mais de dois anos, o abandono resulta em prejuízos e, infelizmente, mortes. O produtor rural acaba sofrendo para escoar a safra, pois as rodovias ficaram interditadas por causa de desmoronamentos, como nos episódios da Serra do Mar, e com o aumento no custo dos fretes em direção ao Porto de Paranaguá.
Diante deste cenário de caos, é no Congresso Nacional que aparecem nossos aliados, principalmente os deputados federais e senadores que compõem a bancada ruralista. Esses, posso afirmar, são verdadeiros defensores dos interesses do produtor rural. A estes, meus sinceros agradecimentos.
Mesmo assim, a nossa defesa deve ser permanente, estruturada, e a partir de uma rede forte, unida, para que possamos alimentar com informações, demandas e dados os nossos parlamentares.
Hoje, neste evento, a presença de mais de 4 mil produtores rurais vindos de todas as regiões do Paraná é uma demonstração latente de que somos uma classe unida e forte. E mais: de que estamos atentos aos desafios que se interpõem ao nosso ofício de produzir alimento para abastecer o Brasil e o mundo.
A nossa união é fundamental, pois a defesa dos produtores rurais começa na base, lá dentro da porteira, na roda de conversa no sindicato rural, nas reuniões das comissões técnicas e na qualificação por meio dos cursos do Senar-PR. Posteriormente, podemos auxiliar nossos representantes políticos. Afinal, o setor é extremamente sujeito a decisões dos governos municipais, estadual e federal.
Aqui quero fazer uma ressalva. Nos últimos anos, a mobilização de mulheres do agro paranaense tem sido um exemplo para o país. Tanto que a nossa Comissão Estadual de Mulheres da FAEP foi reconhecida pela revista Forbes, na lista “50 Grupos de Mulheres do Agro do Brasil”. Além disso, outras federações de agricultura têm se inspirado no trabalho realizado no Paraná para aplicar em seus respectivos Estados. A vocês, produtoras rurais, também deixo os meus sinceros agradecimentos.
No contexto atual em que vivemos, tenho uma certeza: quando muitas vozes conscientes se tornam um coral, certamente vão nos escutar e perceber que existe algo que precisa ser atendido. E essas vozes são as nossas! Então, reforço: precisamos nos unir e fortalecer o nosso sistema e o nosso setor.
Aproveito para desejar um Feliz Natal e um próspero 2024.
Tenham a certeza de que a diretoria e os colaboradores do Sistema Faep/Senar-PR vão continuar trabalhando e lutando por vocês e pela agropecuária do Paraná.