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A Itaipu do agro é coop: conheça mais sobre a história e os planos da Cooperitaipu

Cooperativa catarinense atua nas principais áreas da agropecuária: suínos, leite, aves e grãos, mas também busca novos mercados que podem agregar renda e valor para os cooperados. O programa Voz do Cooperativismo, do jornal O Presente Rural, ouviu o presidente Arno Pandolfo.

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Fotos: Divulgação/Cooperitaipu

Com uma trajetória de 54 anos de trabalhos em prol do desenvolvimento cooperativista e agropecuário de Santa Catarina, a Cooperitaipu acumula conquistas muito importantes na sua caminhada. Liderada há 13 anos pelo presidente Arno Pandolfo, que trabalha há mais de 50 anos na cooperativa, ela almeja crescimentos ainda mais significativos. Recentemente, uma equipe do O Presente Rural esteve em Santa Catarina e entrevistou o presidente para o programa Voz do Cooperativismo. Confira alguns trechos.

O Presente Rural – Conte um pouco sobre sua trajetória e seu envolvimento com o cooperativismo e com a Cooperitaipu?

Presidente da Cooperitaipu, Arno Pandolfo

Arno Pandolfo – A Cooperitaipu foi fundada em 26 de abril de 1969, como a Cooperativa Mista Pinhalense. Naquela época, todos agrônomos da Iasc, que hoje é a Epagri, receberam um missão do presidente, que era o senhor Glauco Lima. Ele foi para a Alemanha e trouxe o modelo de cooperativa de lá. Ele deu a missão para que cada agrônomo criasse uma cooperativa no seu município. Quando a Cooperativa Mista Modelense teve dificuldades, ela e a Pinhalense uniram-se e desta fusão surgiu a Cooperativa Regional Itaipu. O nome Itaipu é por causa da hidrelétrica de Itaipu, no Paraná. Em 1987 incorporamos a Cooperativa Agropecuária Saudades e, mais recentemente, há dois anos adquirimos ativos da Cooper Erê. Então, são quatro cooperativas que formam a Cooper Itaipu, com 13 municípios na área de atuação.
Falar da minha história dentro da cooperativa é um desafio. Aqui foi o meu primeiro emprego com carteira assinada. Eu tinha 17 anos quando iniciei. Comecei no serviços gerais, fui balanceiro, gerente de unidades, gerente de produção, gerente comercial. Passei por todos os setores da cooperativa, fiz um ano e meio como mandato tampão do presidente que saiu e agora faz treze anos que eu fui eleito presidente. Eu tenho duas famílias, a minha família e a família da Cooperitaipu, pois fazem 51 anos que eu trabalho aqui. A gente conhece tudo o que aconteceu dentro da cooperativa, mas cada dia é um dia diferente. Todas as manhãs precisamos renovar os ânimos para conseguir superar as demandas. Mas é uma coisa muito importante, tá na veia da gente a Cooperitaipu. Nós também fazemos parte do grupo Aurora e da Fecoagro. Nossa cooperativa é sólida, temos 686 funcionários, contamos com 3,1 mil cooperados e o nosso faturamento está orçado para esse ano em R$ 1,8 bilhão.
Uma conquista muito importante dos últimos anos é que a cooperativa conseguiu ter a dívida a longo prazo maior do que a curto prazo, porque isso é uma coisa saudável para uma cooperativa. Eu sempre digo que somos uma cooperativa sólida pelos cooperados que nós temos e pelos colaboradores que a gente tem. A gente renova todo ano uma parte da rede de colaboradores, mas também criamos um plano de previdência para segurar os melhores funcionários, porque é importante que eles passem este ânimo para os demais.

O Presente Rural – Hoje a sede é aqui é em Pinhalzinho e qual é a abrangência? Onde que a Cooperitaipu atua?

Arno Pandolfo – Estamos em 13 municípios de atuação, nós temos Saudades, Pinhalzinho, Modelo, Sul Brasil, Serra Alta, Saltinho, Campo Erê. Agora há pouco tempo fomos para Ampére, no Mato Grosso. Estamos em São Miguel do Oeste, Coronel Freitas e Nova Erechim. Ampere faz agora dois anos, recentemente inauguramos uma bateria de silos nova para 300 mil sacos. Então a gente está muito satisfeito porque faz dois anos e meio que estamos em Campo Erê e um ano e pouco em Ampere e a gente já conseguiu colher bons frutos lá em compra de cereais. Por que a gente foi para Ampere? Porque a gente precisa de muito milho e trigo para fazer ração e farinha. Claro que a gente também trabalha com soja, mas o principal objetivo é trigo e milho, por isso a gente foi pra lá.

O Presente Rural – São mais de 50 anos trabalhando no cooperativismo, o que é cooperativismo para o senhor, especialmente o cooperativismo agropecuário.

Gravação do programa Voz do Cooperativismo, do jornal O Presente Rural, em Pinhalzinho (SC), na sede da Cooperitaipu, com o presidente Arno Pandolfo

Arno Pandolfo – Eu digo uma coisa para vocês muito séria, se não tivesse o cooperativismo no Oeste de Santa Catarina não existiria 50% dos produtores, eles estariam nas mãos dos concorrente e isso é muito complicado. Por exemplo, nós temos as agroindústrias, mas ela a qualquer momento muda de opinião ou produtor cresce ou ele sai. A cooperativa não. Para ela não importa o tamanho, ela sustenta o produtor. Nós estamos no guarda-chuva da Aurora, uma cooperativa central que foi criada pelas cooperativas singulares, que é a nossa indústria. É um pouco diferente do Paraná. No Paraná, quase todas as cooperativas singulares têm uma indústria, aqui em Santa Catarina não. A Aurora industrializa os suínos, as aves e o leite das cooperativas, nenhuma cooperativa tem indústria de suínos, leite ou aves. A Aurora é um guarda-chuva, é lógico que ela não paga mais ou menos, ela baliza o preço.
E o cooperativismo aqui em Santa Catarina, com certeza o próprio pessoal do governo do Estado já sabe que 70% da exportação de Santa Catarina é do agro. Então eles estão vendo que o agro é muito forte, e é tudo pequeno produtor. Nós temos em Xanxerê, Campos Novos e Curitibanos grandes propriedades e o resto é tudo pequena propriedade, em torno de 20 hectares.

O Presente Rural – Presidente, hoje vocês possuem várias frentes não é mesmo. São grãos, suínos, aves e leite, o que o senhor poderia falar de cada um destes segmentos hoje?

Arno Pandolfo – Hoje se a gente pegar estas quatro frentes, principalmente suínos, aves e leite estamos passando uma dificuldade muito grande. Caiu demais o preço do leite e do frango. Mas, para o produtor de suínos e aves, ele ganha pela conversão alimentar e pela mortalidade. Ele não pode ter muita mortalidade e precisa ter uma conversão boa de ganho de peso. Desta forma, o produtor ganha em cima disso. O preço sobe ou desce e não muda nada para ele. Agora, para a cooperativa e para a Aurora muda muito. O leite é mais complicado, ele baixa direto para o produtor. Mas se a cooperativa tivesse ficado só com suínos, aves e leite, ela havia parado há muito tempo. Então a cooperativa entrou em outras atividades também. Por exemplo, nós temos 13 postos de combustíveis. Não é um dinheiro grande, mas todo dia vende um pouquinho. Estamos com 9 supermercados, os resultados dos dois são mais ou menos equiparados.
Também temos duas fábricas de rações. Uma de suínos e a outra de bovinos. Nós temos duas indústrias de farinha de trigo que é um negócio muito bom. Já está em andamento um investimento alto para triplicar a moagem de trigo. Nós vamos moer em torno de 9 mil sacos por dia ou 2 milhões de sacos de trigo por ano e 3,5 milhões de milho. Por isso a gente foi para lá para trazer esse produto, ou traz do Paraguai ou do Rio Grande do Sul, mas para nós aqui o trigo do Rio Grande do Sul não é muito bom, porque ele é mais para pão normal e assim a gente faz muito para as indústrias. Temos também tudo em eletrodoméstico, lojas agropecuárias, que é um negócio que não é o maior faturamento, mas é o que mais resultado dá, que é adubo, ureia, defensivos, o que você pensar.
Há pouco tempo abrimos uma representação de máquinas e implementos agrícolas como acessórios de peças, nós acreditamos muito nisso. Começamos a vender placa solar, motores, e geradores. Então tem muito campo para crescer. Nos últimos anos investimentos mais de R$ 150 milhões e a agora temos que dar mais uma paradinha para depois dar mais um salto.
O Presente Rural – Nessa questão de energia elétrica, o produtor está bem interessado na questão da energia solar, é isso mesmo presidente?
Arno Pandolfo – Olha, a gente não pensava que iria ser assim. Está todo mundo buscando este benefício. Quando saiu o Plano Safra, todos foram atrás para financiar. Eu digo que hoje 20 a 30% dos produtores já têm energia solar e não vai dois anos teremos 80% a 90% de produtores com energia solar. E a cidade é a mesma coisa, porque para quem produz para si mesmo, não tem burocracia nenhuma. Para quem produz e consome não tem problema.

O Presente Rural – Como a Cooperitaipu aborda a biosseguridade, considerando a necessidade crucial de proteger a produção de proteína animal, especialmente diante de preocupações como a Influenza aviária e doenças como a PRRS nos Estados Unidos, que ainda não afetaram o Brasil?

Arno Pandolfo – Isso é um trabalho que realizamos a longo prazo. Nós fazemos parte da Aurora, que é a indústria que abate os animais e quando vem um grupo de pessoas de qualquer país, eles não vão mais olhar o frigorífico, eles vão olhar os produtores que entregam matéria-prima à cooperativa. Por isso, a gente tem um cuidado muito grande com a biosseguridade. Pedimos a toda hora para que os produtores tenham os cuidados necessários, a cooperativa produz e distribui folhetos explicativos, para não deixar ninguém entrar na propriedade. E não pode entrar porque muitas vezes o italiano, ele gosta de mostrar as coisas, né? Recomendamos que os produtores fechem toda a propriedade, não pode ter passarinho, nem cachorro, nem recebam ninguém em sua propriedade. Só podem receber o técnico da cooperativa, que vai entrar e vai seguir todos os protocolos e normas, para não termos nenhum problema. Então fazemos um trabalho muito grande de desinfecção dos caminhões que entram nas propriedades para entregar ração e recolher animais. Ou seja, a biosseguridade é um trabalho muito grande. O agro é muito forte em nosso país e se por acaso chegar alguma doença dessas, os prejuízos que podemos ter ainda são incalculáveis.

O Presente Rural – Presidente, com relação aos prospecções para o futuro, o que vocês têm agendado na Cooperitaipu de crescimento para os próximos anos?

Arno Pandolfo – Assim que eu assumi a cooperativa nós iniciamos um trabalho com planejamento estratégico. Contratamos uma equipe que promove a cada dois ou três anos este trabalho. Neste momento estamos trabalhando neste novo planejamento, que chamamos de Cooperitaipu rumo aos 60 anos, então vai dar cinco anos e meio, e estamos fazendo um planejamento a longo prazo pra ver onde vamos chegar. Porque agora a Aurora, ela tem um projeto que é chegar a 3 milhões de litros de leite por dia, 3 milhões de frango por dia e 46 mil suínos por dia, hoje o abate é de 28 mil ao dia. Então nós temos que andar parelho com eles, porque se você não aumentar o que eles esperam aumentar, nós automaticamente ficamos para trás. Então estamos trabalhando em cima do projeto deles, mas com o nosso projeto de ampliação também.
Nós estamos trabalhando em criar um posto TRR para atender os produtores, além de ampliar os outros postos também. Outro sonho que temos na cooperativa é criar uma indústria pet para cachorro e gato. Se você pensar um quilo de alimento para as pessoas está um terço do que está o de cachorro e gato. Se olharmos esse mercado apenas pelo dinheiro é uma boa fonte de dinheiro, não é? Só que não é negócio do produtor. Mas eu sempre digo aos produtores assim, a gente está saindo do negócio do produtor para trazer dinheiro pro produtor, porque todos os anos a gente distribui sobra para os produtores, isso não acontece em todas as cooperativas. Todos os anos nós corrigimos a cota e levamos para a assembleia e distribuímos metade dos lucros e a outra metade é capitalizada na cota capital e a cota capital pode ser retirada quando ele atingir a idade necessária. Também ofertamos aos cooperadores planos de assistência médica, funerária, temos uma ajuda caso um produtor ou produtora quando um deles venha a ficar viúvo, bem como assistência técnica, secagem e armazenagem dos grãos. Ou seja, ofertamos muitos serviços para os produtores que são nossos cooperados. Eu acredito que a nossa cooperativa vem crescendo bastante por conta destes incrementos que ofertamos aos nossos associados e porque somos muito transparentes com a nossa gestão.

O Presente Rural – Qual é o envolvimento da Cooperitaipu com seus colaboradores, associados e com a comunidade. Que ações que vocês promovem e que podem beneficiar estas três partes?

Arno Pandolfo – Para o cooperado nós temos um programa de cursos que auxiliam na boa administração da propriedade. Eles ensinam desde os princípios importantes para uma boa administração e gestão da empresa, bem como tratam de aspectos sobre sustentabilidade. Então nós trabalhamos com os líderes, com casais, com jovens, com mulheres, palestras para casais.
Para os funcionários também ofertamos oportunidades. Se um funcionário faz faculdade que tem algum vínculo com a cooperativa, ou seja, que o curso vai agregar valor no desempenho da sua função aqui na empresa, através do Sescoop nós conseguimos pagar 50% da mensalidade da faculdade. Nós também criamos uma previdência privada para ele ficar mais tempo na cooperativa. Pagamos plano de assistência médica para os nossos colaboradores e eles também têm participação nos resultados. Então temos muitos benefícios para os nossos funcionários.
Nossa cidade enxerga hoje a cooperativa com outros olhos, porque há um tempo atrás éramos só produtores. Hoje temos mercado, postos de combustíveis… A maioria da nossa equipe também faz parte de algum clube de serviço da cidade. Nós cobramos o nosso pessoal para que eles participem da nossa cidade, porque é onde a gente vive. E com isso a cidade também começou a ver a cooperativa com outros olhos. Então colaboradores e associados, todos têm o mesmo valor e a mesma importância damos à nossa cidade.

O Presente Rural – De que forma a tecnologia vem impactando a cooperativa hoje?

Arno Pandolfo – Ela está se desenvolvendo com passos largos e vem ajudando muito. Por exemplo, ela ajuda a decidir muitas coisas. Hoje não precisamos decidir as coisas nas escuras, pois a tecnologia nos auxilia muito com os dados, essa possibilidade não tínhamos anos atrás. Antigamente o balanço era feito em março, hoje, com o auxílio da tecnologia, no oitavo dia nós temos o balancete do mês. Isso porque a tecnologia propicia um sistema integrado, é claro que não dá para depender só da tecnologia.
Para os produtores também mudou muito, pois hoje existem muitas ferramentas tecnológicas que auxiliam nos trabalhos do dia a dia da granja, bem como na gestão. Temos tecnologias que fazem análise do solo, tratores e ceifas autônomas, sou muito fã do presidente da John Deere que disse o seguinte que hoje o produtor não consegue extrair 80% de uma máquina, então tu está pagando uma máquina de 100%, mas só usa 70%, 80%, porque ele não tem conhecimento de tanta tecnologia que a máquina tem. Então a tecnologia é muito importante e ela veio para somar para todas as pessoas e todas as empresas, basta saber usar.

O Presente Rural – Com relação ao bem-estar animal e ao ESG, como a cooperativa tem trabalhado com isso?

Arno Pandolfo – Nós primamos muito pelo bem-estar animal, a gente cuida muito para que todos tenham alimentação segura e água de qualidade. Com os animais de leite cuidamos muito com o sombreamento também. Os suínos já estamos começando com baias coletivas. Os frangos e suínos são mais bem tratados do que nós quando éramos criança. Muitas vezes têm missões de outros países, ou quando a gente participa de congresso, nós escutamos falar que o Brasil está destruindo a Amazônia e tal, mas isso não é verdade. Nós plantamos 9% do nosso território e podemos dobrar a nossa produção sem derrubar nenhuma árvore, aproveitando a pastagem que tem, confinando o boi e com isso podemos aumentar bastante a nossa produção. Têm outros países que derrubaram tudo, como os Estados Unidos. Propiciar o bem-estar animal traz ganhos financeiros porque ajuda a produzir mais, mas não que o produtor está sendo recompensado por isso.

O Presente Rural – Como a Cooperitaipu vem trabalhando a questão da inclusão dos jovens e mulheres hoje no campo, para não acontecer um êxodo rural?

Arno Pandolfo – Muito boa esta pergunta. Nós promovemos cursos anuais de desenvolvimento de liderança para mulheres e jovens, resultando em um aumento significativo no índice de decisão familiar em nosso município. Com o crescimento da Aurora, conseguimos distribuir mais suínos e aves, permitindo que jovens, inclusive meninas de 16 a 20 anos, permaneçam e gerenciem as propriedades. A inclusão das mulheres na cooperativa e na gestão das propriedades, iniciada em 1998, eliminou a antiga dinâmica de tomada de decisões apenas pelos chefes de família. Hoje, temos três mulheres que fazem parte do Conselho de Administração da cooperativa e vemos uma transformação notável, onde discussões e planejamentos conjuntos evitaram falências, proporcionando oportunidades e estabilidade financeira às famílias. Hoje a mulher precisa assinar junto os financiamentos, então vemos que os cursos oferecidos às mulheres trazem muitos benefícios. No dia da formatura, realizada em conjunto com os jovens, é um momento emocionante, marcando a mudança significativa nas oportunidades e no papel das mulheres na comunidade. E a sucessão se deu por causa dos suínos e aves, leite nem tanto. O pessoal do leite está meio que vazando. Então sentimos que as boas propriedades onde os filhos ficaram são aqueles que os pais e os filhos começaram a trabalhar junto, agora aqueles pais que não têm coragem de passar o bastão para o filho, aí estes filhos estão saindo da propriedade e indo procurar outras atividades.

O Presente Rural – Quais as perspectivas de faturamento da Cooperitaipu para 2023 e de onde vem as fatias deste faturamento?

Arno Pandolfo – Este ano para chegarmos em R$ 1,8 bilhão, inicialmente era para chegar em R$2 bilhões, mas como os preços caíram ficou em R$ 1,8 bilhão. Deste montante, o maior percentual é de ração de suínos, depois os cereais, a agropecuária e então os mercados e postos de combustíveis. Também da fábrica de ração de bovinos, e a indústria de moagem de trigo, que também é um faturamento muito bom. Temos também as máquinas e implementos agrícolas e os eletrodomésticos. São treze negócios que a cooperativa tem. O percentual que se destaca é a fábrica de ração de suínos, que produz muito, mas não é o maior resultado. Aliás, suínos também não é o maior resultado. O resultado bom da cooperativa hoje são os dois moinhos, as duas fábricas de ração, os postos de combustíveis, os mercados e as máquinas e implementos agrícolas.

O Presente Rural – Podemos dizer que a Cooperitaipu é um ícone da produção de trigo. Vocês investem muito no trigo, por que isso? Conta um pouquinho mais sobre este setor.

Arno Pandolfo – Nós conversamos o seguinte com o produtor de trigo. Aquele que compra tudo na cooperativa, desde a semente e os insumos, porque a gente tem uma semente especial para eles plantar. Por que rende mais para fazer a farinha, né? Daí a gente paga R$ 2 a mais o saco de trigo, porque nós precisamos do trigo. Nós vamos ampliar a indústria de farinha e a gente precisa de mais trigo.
Nós vamos moer cerca de 2 milhões de sacos de trigo. Santa Catarina não colheu 3 milhões de toneladas de trigo neste ano, foi algo em torno de 2,8 milhão e 2,9 milhões de toneladas e precisamos de 7 milhões de toneladas. E soja também. Temos duas grandes esmagadoras, mas também precisamos trazer soja de fora. E milho todos precisam trazer. Temos o Paraná pertinho, mas pagamos ICMS sobre este milho que trazemos do Paraná ou Rio Grande do Sul, se você trouxer do Paraguai, precisa pagar o PIS e Cofins, que é a mesma coisa. Então, estamos sempre brigando com o governo do Estado para isentar esse imposto, porque esse ICMS vai embora, se ele fizer a conta, ele está pegando dinheiro, ele que vai ter que pagar esse ICMS para fora. Mas aqui em Santa Catarina eles não entendem muito. Eu estive há pouco tempo no Paraná, em um encontro e o governador do estado do Paraná, o (governador) Ratinho (Junior) disse que ele tem R$ 1,7 bilhão de ICMS que é recolhido das cooperativas do Paraná, então naquele encontro eles liberaram 700 milhões para investir em armazenagem. Nós aqui em Santa Catarina, não temos este diálogo aberto, não tivemos nenhuma liberação de incentivos. A nossa Secretaria da Agricultura não tem 1 centavo de orçamento, seria muito importante poder contar com apoio do governo do nosso estado.

O Presente Rural – Presidente, vocês realizam um importante evento que é o Itaipu Rural Show. No próximo ano, vocês completam 25 anos deste evento. Conta um pouco para a gente sobre a história desta programação.

Arno Pandolfo – Nosso evento começou pequeno, com um tradicional Dia de Campo. Ele foi evoluindo e hoje digo que é o maior evento agrícola de Santa Catarina e digo que do nosso foco, é o maior do Brasil. Iniciamos com o foco em sementes de milho e implementos para aves e suínos, mas fomos crescendo. Hoje contamos com uma área de 18 hectares e meio de área própria e mais 2 hectares de terreno alugado e com a participação de diversas empresas. Temos uma forte parceria com a Embrapa, e por isso nosso evento destaca-se por apresentar tecnologias inovadoras, oferecendo soluções e oportunidades de negócios para produtores familiares. Apesar dos desafios de espaço, o Itaipu Rural Show proporciona uma experiência rica em conteúdo para produtores e suas famílias. É um evento que surpreende, pois traz muitos conteúdos que ajudam muito o produtor. E não queremos parar por aqui, temos ideia de expandir ainda mais. O último ano tivemos um recordo enorme de público, de vendas. Todos os anos é um desafio trazer e apresentar inovações para o setor. Para o setor agrícola ele é super importante, dizemos que é uma universidade a céu aberto. Em quatro dias conseguimos mostrar tudo que temos de tecnologia no Brasil e no mundo. É um evento muito familiar e que também atende os pequenos produtores.

O Presente Rural – Para 2024, o que a Cooperitaipu espera?

O Presente Rural – Estamos bem ansiosos, especialmente após um ano desafiador. A expectativa é de normalização, pois os produtores adquiriram insumos a preços mais baixos. No entanto, há preocupações com a reforma tributária, e a incerteza sobre suas consequências. Isso sempre gera receios. Esperamos um ano de muito trabalho, mas sou otimista e acredito que vai ser melhor, mas sempre temos um pouco de medo. Apesar das incertezas, a Cooperitaipu mantém otimismo. Em nome da nossa cooperativa eu agradeço a oportunidade de receber a equipe do O Presente Rural aqui e como mensagem final eu gostaria de dizer que que devemos confiar nas pessoas, nosso governo que está no poder agora precisa formar uma boa equipe e trabalhar, pois assim vamos avançar e progredir.

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Fonte: O Presente Rural

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Sete anos de promessas: A Rota do Milho e a falta de avanços

“O diálogo entre as lideranças políticas precisa ser retomado imediatamente, mas com uma diferença: dessa vez, é preciso seriedade e ação concreta.”

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Setembro de 2024 marca um triste aniversário: sete anos desde o encontro em Encarnación, no Paraguai, onde representantes políticos e setoriais de Brasil, Argentina e Paraguai se reuniram para abordar a implantação da Rota do Milho.

A proposta, tão simples quanto necessária, era estabelecer uma rota de transporte que reduziria drasticamente os custos logísticos para trazer milho do Paraguai até Santa Catarina, passando por Major Otaño, entrando na região de Misiones, na cidade de Eldorado, e chegando no Estado por Dionísio Cerqueira.

Naquele momento, acreditávamos que estávamos diante de uma solução definitiva para um problema que afeta diretamente a competitividade de nossa produção agropecuária. No entanto, passados sete anos, a Rota do Milho permanece como um projeto esquecido, engavetado pela inércia política.

Em 2016, Santa Catarina enfrentava um déficit de 3,5 milhões de toneladas de milho. Hoje, essa necessidade cresceu para 6 milhões de toneladas, tornando a situação ainda mais insustentável. A dependência do cereal, fundamental para a produção de proteína animal — especialmente suínos, aves e gado leiteiro — tornou-se um dos principais gargalos para o setor produtivo.

Apesar das inúmeras promessas e da presença de autoridades influentes naquela reunião, entre governadores, deputados e prefeitos, a verdade é que nada foi feito. Seguimos pagando caro para trabalhar, sacrificando a rentabilidade dos nossos produtores e a competitividade das nossas indústrias.

Chegou o momento de cobrar de forma incisiva. É inadmissível que as lideranças políticas, que juraram defender os interesses do setor agropecuário, tenham permitido que esse projeto caísse no esquecimento.

Onde estão os políticos que estavam em Encarnación em 2016? O que foi feito desde então? São perguntas que merecem respostas claras e objetivas. O agronegócio catarinense, que é a base da economia de tantas regiões, não pode continuar refém de uma política desinteressada, que só se mobiliza em tempos de interesse, mas não entrega resultados práticos para quem trabalha no campo.

Mas a janela de oportunidade foi aberta novamente. Hoje, tanto o Paraguai quanto a Argentina são governados por líderes de direita, que entendem a importância do agronegócio. O Paraguai, em especial, tem ampliado sua produção de milho e possui um governo comprometido com o crescimento do setor. E o que estamos esperando?

O diálogo entre as lideranças políticas precisa ser retomado imediatamente, mas com uma diferença: dessa vez, é preciso seriedade e ação concreta. Chega de discursos vazios e promessas que se perdem no tempo. Temos de ver resultados práticos. Não podemos mais aceitar que a Rota do Milho siga apenas no sonho, enquanto produtores e indústrias pagam um preço altíssimo pela falta de milho mais acessível.

A abertura dessa rota não só reduziria os custos logísticos — que chegam a ser cinco vezes menores em comparação com o cereal vindo do centro do Brasil —, como também impulsionaria o desenvolvimento das regiões por onde o milho passaria. Todos os envolvidos sairiam ganhando: os produtores, as indústrias e as economias locais e nacionais.

Como representante do setor suinícola, vejo que o tempo das promessas vazias tem que acabar. Precisamos de ação, e precisamos agora. Chega de pagar caro pela ineficiência política. Se não houver uma mobilização séria, o agronegócio catarinense, que já atravessou três anos de crise severa, continuará sofrendo e perdendo competitividade.

Portanto, aos políticos que prometeram e não cumpriram, a mensagem dos nossos produtores é clara: a paciência acabou. Precisamos que vocês cumpram seu papel e coloquem em prática o que foi discutido em 2016.

Caso contrário, estarão condenando não apenas o setor agropecuário, mas também a própria credibilidade perante aqueles que vocês deveriam e dizem representar.

Fonte: Por Losivanio Luiz de Lorenzi, presidente da ACCS e da Coasc
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Eduardo Berbigier assume comitês na Sociedade Rural Brasileira

A posse, conduzida pelo presidente da SRB, Sérgio Bortolozzo, reforça o compromisso de Berbigier com a defesa dos interesses do agronegócio.

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Advogado tributarista Eduardo Berbigier e presidente da SRB, Sérgio Bortolozzo - Foto: Reinaldo de Maria

O advogado tributarista Eduardo Berbigier, com vasta experiência no setor tributário e do agronegócio, foi empossado nos comitês Jurídico e Tributário da Sociedade Rural Brasileira (SRB).

A posse, conduzida pelo presidente da SRB, Sérgio Bortolozzo, reforça o compromisso de Berbigier com a defesa dos interesses do agronegócio. “É uma honra colaborar com o agronegócio nacional e contribuir para o desenvolvimento de políticas que beneficiem esse setor fundamental para a economia do país” afirmou Berbigier, cujo escritório O Berbigier Sociedade de Advogados,  acumula 84 anos de atuação jurídica.

Fonte: Assessoria
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Notícias Safra 2024/2025

Conab aponta perspectiva com cenário positivo para milho e soja, além de novo aumento na área de arroz e feijão

Produção de grãos na temporada 2024/2025 tem potencial para atingir 326,9 milhões de toneladas, o que seria um novo recorde na série histórica.

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Em meio aos desafios climáticos que se apresentam a cada nova safra, arroz e feijão devem apresentar novo crescimento no volume a ser colhido no ciclo 2024/2025. A alta é influenciada pela ligeira recuperação na área plantada dos dois principais produtos de consumo dos brasileiros, como mostra a 12ª edição das Perspectivas para a Agropecuária. A publicação, divulgada nesta terça-feira (17) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em parceria com o Banco do Brasil (BB), aponta ainda que a produção de grãos na temporada 2024/2025 tem potencial para atingir 326,9 milhões de toneladas, o que seria um novo recorde na série histórica.

Foto: Divulgação/Freepik

De acordo com a análise da Conab, a projeção é de um incremento na área destinada ao arroz na temporada 2024/2025 mais intenso do que o identificado na safra 2023/2024. Os preços e a rentabilidade da cultura encontram-se em um dos melhores patamares históricos para o produtor. Com isso, a perspectiva é de uma alta expressiva de 11,1% na área destinada para o grão, e uma produção que deve ficar em torno de 12,1 milhões de toneladas, recuperando o volume obtido na safra 2017/2018. Para a safra de 2024/2025, a perspectiva de maior disponibilidade interna do grão, aliada à demanda aquecida do mercado internacional pelo arroz brasileiro, e a projeção de arrefecimento dos preços internos, abre espaço para um possível aumento das exportações do produto, que podem chegar a 2,0 milhões de toneladas.

Dupla do arroz no prato dos brasileiros, o feijão também tende a apresentar aumento na área no próximo ciclo. Projeta-se um incremento de 1,2% em relação a 2023/2024. Como a produtividade das lavouras tende a apresentar ligeira queda, a colheita da leguminosa deverá se manter dentro de uma estabilidade próxima a 3,28 milhões de toneladas, a maior desde 2016/2017. Com isso, a produção segue ajustada à demanda e deverá continuar proporcionando boa rentabilidade ao produtor.

Cenário positivo

A Conab também prevê um novo aumento para a área destinada à cultura do algodão, podendo chegar a dois milhões de hectares, elevação de 3,2% em relação à safra 2023/2024. Na região do Matopiba, que engloba Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, é onde se espera o maior crescimento em termos proporcionais. Os produtores têm investido na fibra, uma vez que o produto apresenta boa rentabilidade em relação a outros grãos, grande facilidade de comercialização antecipada e excelente competitividade em termos de preço e de qualidade da pluma brasileira no mercado internacional. Esses fatores influenciam na expectativa de produção da temporada 2024/2025, quando se espera uma colheita de 3,68 milhões de toneladas apenas da pluma.

Cenário positivo também é previsto para a produção de soja. Mesmo com a pressão baixista nos preços nacionais e os desafios de rentabilidade, a oleaginosa continua a ser uma cultura lucrativa e com alta liquidez. A crescente demanda global, impulsionada pelo aumento do esmagamento e pela expansão da produção de biocombustíveis, tanto no Brasil quanto internacionalmente, alimenta expectativas de crescimento nas exportações e no esmagamento interno. Esse panorama influencia na projeção de aumento da área plantada, podendo chegar a 47,4 milhões de hectares. A produtividade tende a apresentar recuperação, após problemas climáticos nos principais estados produtores brasileiros. A combinação de maior área e melhor desempenho nas lavouras resulta na projeção de uma colheita em torno de 166,28 milhões de toneladas, 12,82% superior à safra 2023/2024.

Já para o milho, o cenário é de manutenção da área a ser cultivada. Apesar disso, a produtividade deve apresentar recuperação, o que contribui para uma expectativa de alta na produção, estimada em 119,8 milhões de toneladas. Mesmo com o crescimento na safra do cereal, as exportações estão projetadas em 34 milhões de toneladas no ciclo 2024/2025, queda de 5,6%, se comparada com as vendas da safra 2023/2024. No mercado interno, a demanda pelo grão deverá se manter aquecida, uma vez que o bom desempenho do mercado exportador de proteína animal deverá sustentar o consumo por milho, especialmente para composição de ração animal. Além disso, é esperado um aumento da procura do grão para produção de etanol, sendo estimado um crescimento de 17,3% para a produção do combustível produzido a partir do milho.

Parceria com Banco do Brasil

Pela primeira vez, a Perspectivas para a Agropecuária é realizada em parceria com o Banco do Brasil. Trata-se da materialização do início de parceria inédita firmada entre a Companhia e o Banco do Brasil, por meio de Acordo de Cooperação Técnica, que abrangerá atividades de pesquisa, de desenvolvimento, de treinamento, de intercâmbio de tecnologias e de metodologias, de produção de informações agropecuárias e de ações promocionais conjuntas em feiras e eventos estratégicos para as instituições.

No trabalho, a instituição financeira abordou a importância do crédito rural como fomentador de uma agricultura que visa ao desenvolvimento dos negócios por meio de ações ambientais, sociais e de governança; de forma que haja adequação dos processos produtivos ao comportamento climático atual, diversificação da matriz energética, rastreabilidade, certificado de origem da produção, práticas conservacionistas, certificação, crédito para a recuperação ambiental, custeio anual ou que melhorem toda a gestão da atividade rural.

Outras informações sobre o panorama dos principais grãos cultivados no país estão disponíveis na publicação Perspectivas para a Agropecuária na Safra 2024/2025. O documento também traz a projeção de produção e de mercado para carnes bovinas, suínas e aves em 2025.

Fonte: Assessoria Conab
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