Suínos
A contribuição da aquicultura para a sustentabilidade da produção animal
A sustentabilidade é um objetivo de longo prazo, enquanto o desenvolvimento sustentável se refere aos muitos processos e caminhos para alcançá-la.
Em 1987, a Organização das Nações Unidas (ONU) definiu o Desenvolvimento Sustentável como “o desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atender às suas próprias necessidades”. Esta definição assenta em 3 dimensões principais: sociedade, ambiente e economia (e eventualmente uma quarta quando se considera a cultura) [Figura 1].
A sustentabilidade é um objetivo de longo prazo, enquanto o desenvolvimento sustentável se refere aos muitos processos e caminhos para alcançá-la. A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável conclama os países da ONU a já começarem a se esforçar para atingir os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) nos próximos anos. Os objetivos atendem às necessidades das pessoas em países desenvolvidos e em desenvolvimento e pedem a contribuição de todas as indústrias, independentemente de seu tamanho.
Aquicultura
Entre as indústrias envolvidas, a aquicultura é um ator chave, uma vez que atualmente contribui com mais de 60% do abastecimento de recursos aquáticos destinados ao consumo humano. Esta quota deverá aumentar no futuro, devido à estagnação das capturas ligadas à pesca extrativista. Além disso, a indústria da aquicultura é considerada uma das indústrias agroalimentares mais sustentáveis.
Se traduzirmos a definição de sustentabilidade global aplicada à aquicultura, significa que:
– Do ponto de vista ambiental, a aquicultura não deve criar perturbações significativas no ecossistema ou causar perda de biodiversidade ou impacto substancial de poluição.
– Do ponto de vista econômico, a aquicultura deve ser um negócio viável com boas perspectivas a longo prazo.
– Do ponto de vista social, a aquicultura deve garantir que o peixe seja acessível e disponível para todos, e os benefícios econômicos e nutricionais sejam compartilhados equitativamente. Hoje, reconhece-se que a aquicultura já atende a alguns desses objetivos [Figura 2].
ODS da ONU
Objetivos 1, 2 e 3: Embora os peixes representem uma pequena parte da quantidade total de proteína consumida globalmente (6,7%), eles são uma importante fonte de proteína animal, correspondendo a 17% do consumo mundial de carne. Além disso, os peixes desempenham um papel nutricional vital para muitas pessoas. Cerca de 3,1 bilhões de pessoas dependem do peixe para 20% de sua ingestão diária de proteínas, com algumas comunidades costeiras dependendo do peixe para mais de 70%.
Objetivo 8: Com o volume da captura de peixes, ou a pesca extrativista, permanecendo praticamente inalterada e alguns estoques já super explorados, a aquicultura torna-se uma das mais importantes áreas de crescimento a longo prazo para a produção de alimentos. Com uma população crescente, é importante aumentar a quantidade de peixes e outras espécies disponíveis, usando a aquicultura para fornecer proteína suficiente enquanto se reduz a captura de peixes selvagens. Prevê-se que precisaremos dobrar a produção de proteína até 2050, então nossa dependência da aquicultura provavelmente aumentará. De fato, a FAO prevê que a participação da aquicultura na produção aumente para 59% (109 milhões de toneladas) até 2030.
Objetivo 9: Nos últimos anos, o apetite global pelos produtos da aquicultura aumentou dramaticamente. Algumas iniciativas recentes têm sido propostas para trazer inovações para atender a demanda.
O Global Aquaculture Challenge, por exemplo, convida inovadores de todas as áreas da aquicultura, incluindo indústria, academia e instituições públicas para apresentar e desenvolver suas ideias. Os candidatos aprovados poderão obter conhecimento de especialistas do setor por meio de programas de orientação relevantes e ter acesso a oportunidades de investimento para desenvolver totalmente suas propostas.
Objetivo 12, 13, 14 e 15: Conforme evocado, a aquicultura visa substituir as capturas selvagens para preservar os recursos naturais enquanto a demanda por proteína animal aumenta. Sendo uma das produções animais mais sustentáveis, a aquicultura parece ser uma boa alternativa a outras proteínas animais para limitar o impacto de sua produção no meio ambiente.
Além disso, a aquicultura também é uma boa ferramenta para repovoar habitats e áreas empobrecidas.
Desafios
Apesar das vantagens e benefícios listados, a aquicultura deve continuar evoluindo. Quais são os desafios restantes? Em termos de contribuição para os Objetivos da ONU, a aquicultura já é um ator chave, mas para crescer e ir mais longe, alguns desafios ainda precisam ser enfrentados para alcançar melhorias, conforme mostrado na figura 3.
Apesar de muitos avanços, em algumas regiões o setor ainda sofre com uma imagem negativa em temas como:
– cumprimento de normas ambientais, que tratam de questões como conservação de habitats, qualidade da água e efluentes, reciclagem de resíduos.
– saúde e bem-estar animal, onde nem sempre são aplicadas as melhores práticas para manejo da pecuária e controle de doenças.
– responsabilidades sociais de toda a cadeia de valor da aquicultura, para tornar o peixe mais acessível a todos.
– reforço da segurança alimentar e a redução do uso de antibióticos ou outros medicamentos e garantir que todos os medicamentos aprovados sejam utilizados de forma responsável.
Conclusões
Como podemos ver, pelo que foi exposto acima, a aquicultura tem uma valiosa contribuição para a sustentabilidade da produção animal. Os sistemas de cultivo de peixes podem atingir grandes produtividades com impacto ambiental reduzido, mas ainda há muito o que fazer para que essa contribuição seja ainda maior. Os pontos de melhoria listados, como as questões do impacto ambiental, do uso de medicamentos, da acessibilidade dos consumidores aos produtos finais e da qualidade dos produtos finais devem ser abordados sistematicamente. E neste contexto, as empresas ligadas de alguma forma à produção de peixes, sejam fornecedoras de insumos, produtoras de ração, de equipamentos, empresas de nutrição e sanidade, todas têm a contribuir. Façamos nossa parte!
Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor aquícola acesse gratuitamente a edição digital de Aquicultura. Boa leitura!
Suínos
Brasileiros destacam avanços e desafios nas atividades pecuárias durante EuroTier 2024
Entre os visitantes do Brasil, a opinião é unânime sobre a relevância do evento para acompanhar as tendências tecnológicas e os desafios emergentes da pecuária.
A EuroTier 2024, maior feira global de pecuária e nutrição animal, reúne milhares de profissionais e expositores com um foco claro: apresentar inovações que vão ajudar a transformar e a desenvolver melhor a produção animal. Entre os visitantes brasileiros, a opinião é unânime sobre a relevância do evento para acompanhar as tendências tecnológicas e os desafios emergentes da pecuária. Robôs para automação de processos, soluções em bem-estar animal e avanços em genética são alguns dos destaques que impressionam os participantes.
O diretor do Jornal O Presente Rural, Selmar Frank Marquesin, ressalta o uso da robótica deve ser cada vez mais empregado, principalmente na Europa, para suprir a carência de mão de obra especializada no campo. Marquesi está em Hanôver, na Alemanha, para conhecer as principais tendências dos setores avícola, suinícola, de bovinocultura e de piscicultura, que nossos leitores poderão acompanhar nas próximas edições de nossos jornais.
Para o presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), Valdecir Folador, a EuroTier oferece uma perspectiva ampla e detalhada sobre as mudanças tecnológicas dos últimos anos. Folador participou da feira pela primeira vez há 16 anos e está impressionado com os avanços. “Muita coisa mudou na suinocultura desde então. A automação nas granjas evoluiu consideravelmente, assim como os sistemas de alimentação e bem-estar animal, principalmente nos últimos cinco anos”, comentou.
Folador também observou o aumento significativo de expositores chineses, refletindo a crescente influência da China no setor de tecnologia para a pecuária.
E o consultor, pesquisador, palestrante e produtor rural, Cleandro Pazinato Dias, destaca a importância de estar na EuroTier para entender as tecnologias que vão moldar as transformações das atividades pecuárias no mundo. “Estar aqui é como olhar para o futuro; é uma oportunidade de visualizar as soluções que vão estar no campo nos próximos anos”, ressaltou, acrescentando: “A EuroTier é uma referência no segmento. Ver o que há de novidades é fundamental para quem atua na pecuária no Brasil”.
Além da tecnologia, o bem-estar animal continua sendo um tema central na feira, especialmente com discussões sobre práticas como o corte da cauda de suínos. Na Europa, onde há uma pressão crescente para a eliminação de mutilações, se busca alternativas viáveis que equilibrem o bem-estar animal e a eficiência produtiva. “Há uma fricção entre a vontade da sociedade e o que a cadeia produtiva consegue entregar. A retirada do corte de cauda, por exemplo, pode elevar a incidência de caudofagia, comportamento prejudicial entre os suínos”, explicou Dias, destacando o desafio de manter o equilíbrio entre o que a sociedade deseja e a saúde dos animais.
A EuroTier 2024 reafirma seu papel como plataforma essencial para a troca de conhecimentos e o fomento da inovação no setor pecuário, oferecendo aos profissionais uma visão clara das tendências e transformações que impactarão a produção animal nos próximos anos. A programação, que seja até sexta-feira (15), no Centro de Exposições de Hanôver, na Alemanha, pode ser conferida aqui.
Suínos No Espírito Santo
Vargem Alta é reconhecida como Capital Capixaba da Culinária Suína
Município tem a oportunidade de se destacar na rota do turismo gastronômico do Estado e escrever uma bela história de desenvolvimento econômico, turístico e cultural da região.
O município de Vargem Alta (ES), que fica a 136 quilômetros de Vitória, ganhou, no mês de outubro, o título de Capital Capixaba da Culinária Suína através de Projeto de Lei sugerido pela Associação Comercial e Empresarial de Vargem Alta (ACE) e a Associação de Suinocultores do Espírito Santo (ASES), e proposta pelo deputado estadual Wellington Callegari e aprovada na Assembleia Legislativa do Espírito Santo.
Com esse status, o município de 20 mil habitantes tem a oportunidade de se destacar na rota do turismo gastronômico do Estado e escrever uma bela história de desenvolvimento econômico, turístico e cultural da região.
“A culinária suína é muito popular em Vargem Alta pela tradição que possui na criação e comércio da carne suína, a princípio como forma de subsistência e atualmente como forte atividade econômica. Para se ter uma ideia, o município representa 11% da produção do Espírito Santo”, comenta o presidente do Conselho Deliberativo da ASES, Marco Mosquini.
Representantes da ASES, da Associação Comercial e de órgãos da municipalidade já começam a articular ações que possam incluir estabelecimentos comerciais, restaurantes e hotéis, por exemplo, a fim de traçar um planejamento de atividades e eventos que se somem aos já existentes na cidade.
O presidente da Associação Comercial e Empresarial de Vargem Alta, Ricardo Dalfior Dalcin, destaca que o título representa uma oportunidade singular para impulsionar o desenvolvimento turístico, cultural e econômico do município. “Esse reconhecimento se alinha aos objetivos de diversos empresários locais que buscam destacar Vargem Alta no cenário turístico e cultural do estado, valorizando um bem de consumo ancestral: a carne suína, produzida há gerações pelas famílias da região. Enxergamos com otimismo as possibilidades que esse título traz, visualizando o surgimento de eventos que poderão ser trabalhados culturalmente para valorizar a tradição da culinária suína local”, conclui.
Para o diretor executivo da ASES, Nélio Hand, Vargem Alta deve aproveitar o momento e abraçar essa ideia. “A união de esforços entre esses grupos é fundamental para gerar oportunidades e incentivar o consumo da carne suína, uma proteína versátil, saborosa e que traz muitos benefícios para a saúde”, ressalta Hand.
Ainda de acordo com o diretor, a mobilização deve girar em torno de ações como festivais gastronômicos, aulas-show, workshops, promoções do turismo, rota gastronômica, campanhas de marketing e treinamentos para os profissionais envolvidos e outras ações que tenham como objetivo transformar Vargem Alta em um destino turístico mais atrativo e diversificado.
Suínos Em outubro
Santa Catarina exporta 68 mil toneladas de carne suína e alcança segundo melhor desempenho da série histórica
Esse resultado reflete o crescimento nas exportações para praticamente todos os destinos, com destaque para Filipinas e Japão.
A exportação catarinense de carne suína in natura, industrializada e miúdos alcançou em outubro deste ano o segundo melhor resultado mensal de toda a série histórica (iniciada em 1997), tanto em quantidade, quanto em receitas, atrás apenas de julho deste ano. Santa Catarina exportou 68 mil toneladas de carne suína no mês passado, as receitas foram de US$ 169,4 milhões. Em relação aos embarques de setembro de 2024, a alta em outubro foi de 10,6% (quantidade) e de 12,7% (receita).
Na comparação com outubro de 2023, o aumento no mês passado foi de 44,8% na quantidade exportada e 61,5% na receita gerada. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), analisados pelo Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa) e disponíveis no Observatório Agro Catarinense.
“Esses números só mostram como toda a nossa cadeia produtiva está comprometida a entregar um produto de qualidade ao comprador. É o nosso produtor que trabalha e se dedica muito, são nossas ações de fiscalização pra não deixar entrar doença e manter a sanidade dos animais, os incentivos estaduais pra que se produza cada vez e com segurança. O resultado é esse. A carne catarinense sendo comprada por todo o mundo”, observou o governador Jorginho Mello.
Esse resultado reflete o crescimento nas exportações para praticamente todos os destinos, com destaque para Filipinas (altas de 82,3% em quantidade e 78,5% em receitas, em relação a outubro de 2023) e Japão (265,4% e 295,2%). Ou seja, o Japão importou quase três vezes mais carne suína catarinense no mês passado, na comparação com outubro de 2023.
O estado foi responsável por 55% da quantidade e 56,7% das receitas das exportações brasileiras de carne suína dos nove primeiros meses deste ano. Segundo o secretário de Estado da Agricultura e Pecuária, Valdir Colatto, esses resultados refletem todo trabalho da cadeia produtiva, com crescente alta na quantidade exportada e na receita gerada. “A carne suína de Santa Catarina chega a 73 países, isso é reflexo do compromisso de todo setor com a sanidade e qualidade dos nossos plantéis, e das ações integradas do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária e suas empresas vinculadas: Cidasc e Epagri. Somos o estado campeão na produção e exportação dessa proteína animal”, destacou Colatto.
No acumulado de janeiro a outubro, as exportações de carne suína atingiram 595,3 mil toneladas, alta de 10,5% em relação aos embarques do mesmo período do ano passado. As receitas foram de US$ 1,39 bilhão, alta de 6,3% em relação às do ano anterior. Segundo o analista da Epagri/Cepa, Alexandre Giehl, as estimativas são positivas. “Há perspectiva de que esse bom desempenho se mantenha no último bimestre, o que deve resultar num novo recorde de exportações do estado. Esse cenário tem contribuído fortemente para as cotações elevadas do suíno vivo ao produtor que tem sido observadas nos últimos meses”, avalia.
Exportação total de carnes
No total, Santa Catarina exportou 182,2 mil toneladas de carnes (frangos, suínos, perus, patos e marrecos, bovinos, entre outras) em outubro, altas de 4,9% na comparação com os embarques do mês anterior e de 33,2% em relação ao montante registrado no mesmo mês de 2023. As receitas foram de US$ 399,5 milhões, altas de 3,4% em relação às de setembro e de 45,1% na comparação com os valores de outubro de 2023.
No acumulado de janeiro a outubro, Santa Catarina exportou 1,63 milhão de toneladas de carnes, alta de 7,9% em relação ao mesmo período do ano passado. As receitas foram de US$ 3,40 bilhões, alta de 1,6% na comparação com os valores do mesmo período de 2023.