Suínos / Peixes
5 estratégias para reduzir custo da alimentação e ter maior rentabilidade na produção de suínos
Profissional defende a importância de trabalhar com uma alimentação que busque suprir todas as necessidades nutricionais dos animais e que seja dinâmica e atrelada às melhores opções de insumos, que são disponibilizadas para o mercado suinícola.

O suinocultor entende e reconhece a relevância da nutrição adequada para a criação de suínos, isso porque cerca de 70% dos custos de produção estão relacionados com a alimentação dos animais. Desta maneira, buscar alternativas eficientes e que promovam a economia financeira podem trazer maior rentabilidade para o produtor. Essa temática está fazendo parte do 20º Congresso da Abraves, que acontece nesta semana, de 16 a 19 de outubro, em Porto Alegre, RS, com palestra da professora doutora em Zootecnia Melissa Hannas. A docente defende a importância de trabalhar com uma alimentação que busque suprir todas as necessidades nutricionais dos animais e que seja dinâmica e atrelada às melhores opções de insumos que são disponibilizadas para o mercado suinícola.

Doutora em Zootecnia Melissa Hannas faz palestra no Congresso Abraves no Rio Grande do Sul – Foto: Arquivo Pessoal
Melissa defende que é possível melhorar o retorno econômico dos sistemas de produção a partir da elaboração das rações com base nas exigências nutricionais dos animais, mas alertou que este trabalho não é estático, porque os valores dos alimentos e dos produtos finais produzidos também passam por modificações e são, constantemente, alterados conforme as regras do mercado. “Uma coisa é certa, quando a exigência nutricional é bem ofertada, o desempenho do animal é sempre melhor”, defende.
Na busca por melhorar a alimentação dos animais e reduzir os custos de produção, a especialista sugere cinco estratégias principais. A primeira é a possibilidade de utilizar ingredientes alternativos. A segunda diz respeito ao conhecimento da composição dos nutrientes que são utilizados para formular as dietas. Em terceiro está valer-se da formulação de dieta com base nos conceitos de nutrição mais aprofundados. A quarta estratégia é propiciar uma alimentação específica em cada uma das fases do animal e a quinta é o uso de modelos dinâmicos de nutrição e rentabilidade.
1ª estratégia: ingredientes alternativos
A zootecnista lembra que a base da alimentação dos suínos no Brasil é milho e farelo de soja, porque o país não possui uma diversidade grande de grãos. “Em apenas algumas regiões existe a oferta de ingredientes alternativos, mas muitas vezes essa oferta é limitada”, pontua. Melissa complementa enaltecendo que é preciso buscar oferecer uma diversidade de grãos, conforme as disponibilidades de cada região.
2ª estratégia: conhecer a composição dos nutrientes
Outro aspecto importante destacado por ela á a necessidade de conhecer a composição dos nutrientes que estão presentes nos alimentos que são fornecidos aos animais. “Quando conseguimos analisar e verificar a composição, conseguimos formular uma dieta mais próxima daquilo que é a exigência nutricional, ou seja, o que o animal realmente necessita”, reforça.
3ª estratégia: energia líquida e aminoácidos
A terceira recomendação diz respeito a formulação da dieta, com base na utilização de conceitos nutricionais mais elaborados, valendo-se da utilização do sistema de energia líquida e da parte proteica, considerando os aminoácidos digestíveis. “Quando utilizamos esses conceitos temos uma possibilidade de melhor atender as exigências nutricionais dos animais e obter menores custos de produção, por meio da melhor eficiência do uso dos nutrientes fornecidos para ganho de peso animal e conversão do alimento”, informa.
4ª estratégia: alimentação específica em cada fase de vida do animal
Outro aspecto bastante importante, ressalta a zootecnista, é a importância de atentar-se à necessidade nutricional que é específica para cada fase/idade do animal. “Os suínos nascem hoje com cerca de 1,3 Kg, o desmame acontece normalmente com 6 Kg e depois ele é abatido com cerca de 130 Kg. Desta forma, ao longo do desenvolvimento do animal, as exigências de nutrientes vão modificando e, por isso, o trabalho em fases de alimentação é extremamente importante e pode ser um grande aliado na economia com a alimentação”, explica.
Ela reforça que esta estratégia é bastante benéfica, porque quando a alimentação do animal é subdividida em várias fases é possível atender com maior exatidão os nutrientes que o suíno precisa, e desta forma ele tem um desempenho melhor e possibilita um menor desperdício de nutrientes. “Trabalhar com conceitos de nutrição são uma excelente forma de melhorar o desempenho, pois eles possibilitam tornar os ingredientes como o milho e o farelo de soja mais eficientes”, destaca.
5ª estratégia: modelos dinâmicos de nutrição e rentabilidade
Com relação ao uso de modelos dinâmicos de nutrição e rentabilidade, Melissa reforça que os modelos dinâmicos permitem definir para cada situação, sistema de produção e preços de insumos quais níveis nutricionais da dieta fornecida aos animais proporcionarão aos produtores a maior rentabilidade. “Esses modelos dinâmicos oferecem a capacidade de personalizar os níveis nutricionais da dieta fornecida aos animais, adaptando-os a cada situação”, pontua.
Outras estratégias
Melissa também enalteceu que existem critérios nutricionais que são essenciais e que os produtores precisam considerar. “Para que isso funcione da melhor maneira os produtores contam com a assessoria de nutricionistas e zootecnistas que são aptos a indicar dietas formuladas, que estejam de acordo com as exigências nutricionais para cada fase do animal, para cada categoria e para as características específicas dos sistemas de produção que o granjeiro esteja inserido. Atentar-se para isso é fundamental”, opina.
Outra estratégia de alimentação seria a separação dos animais em três categorias, conforme o sexo, porque os machos castrados têm uma exigência nutricional e a fêmea outra. “Hoje também temos o terceiro gênero, que é o macho inteiro, que ele só vai ser castrado ao final com a vacina de imunocastração, e ele também possui uma necessidade diferenciada de nutrientes”, informa acrescentando que esta separação é difícil de ser realizada, por conta das limitações de logística, mas quando realizada traz muitos benefícios”, informa.
Nutrição de precisão

Foto : Jonathan Campos
Um caminho para o futuro, segundo a doutora, é a possibilidade de incrementar ainda mais a nutrição de precisão, já que os estudos mostram que é possível verificar a real exigência nutricional dos animais. “Em um futuro próximo, quando a gente conseguir misturar a dieta diariamente e verificar se os animais estão consumindo exatamente o que é necessário, essa precisão será uma grande forma de reduzir o custo e vai possibilitar uma maior sustentabilidade, porque vai diminuir a ingestão de nutrientes que são excretados pelo animal de forma desnecessária e que voltam ao meio ambiente”, sugere.
Melissa considera esta estratégia muito importante porque ela propicia uma dieta que atenda às necessidades dos animais, o que vai possibilitar com que o animal absorva e tenha uma eficiência melhor de ganho de peso. “Isso porque à medida que o animal vai crescendo a capacidade de ingestão dele aumenta. Nessa situação, a dieta precisa ser diluída porque ele come mais e não necessariamente esse aumento no consumo reflete em maior ganho de peso, desta maneira, quanto mais próximo da exigência nutricional e capacidade de eficiência dele, mais econômico fica o investimento financeiro que o produtor faz na alimentação do seu plantel”, orienta.
“Quando determinamos a exigência de um nutriente em condições experimentais, estabelecemos quanto que o animal precisa consumir para apresentar o melhor desempenho, o que pode ser traduzido em ganho de peso, conversão alimentar e em algumas condições, por exemplo, rendimento de carne, maior produção de cortes, dependendo da indústria”, destaca.
Melissa ainda enaltece que os efeitos de melhoria de desempenho são imediatos quando se é trabalhado com a atendimento das exigências nutricionais dos animais. “Com certeza a gente melhora os índices zootécnicos, mas, mais uma vez, melhorar o índice zootécnico não se traduz necessariamente em maior lucratividade, é preciso planejar e avaliar quais os planos alimentares que promovem os maiores retornos econômicos, este é o nosso grande desafio”, considera.
Ela reforça que é necessário levar em consideração também que muitas vezes o melhor ponto econômico não acompanha o melhor desempenho, uma vez que este dependerá do custo dos insumos e do preço de comercialização dos produtos finais produzidos. “É importante considerar isso”, recomenda.
Avaliar e otimizar
Aos produtores que pensam em melhorar a eficiência e diminuir os custos, ela aconselha que o primeiro passo é reavaliar em que situação a granja encontra-se hoje. “Precisamos ter um objetivo, mas também é preciso saber qual é o ponto de partida, ou seja, qual é a situação da granja hoje, no que diz respeito ao potencial genético dos animais e avaliar onde que isso pode ser otimizado. Contar com profissionais capacitados, que vão propiciar avaliações específicas para cada modelo de produção, é necessário”, recomenda.
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Suínos / Peixes
Modelagem, inteligência artificial e big data são o futuro da suinocultura, defende médico-veterinário
Profissional enfatiza durante o Pork Meet Rio Verde que estes temas ainda são novos para uma grande parcela dos produtores, mas que vão auxiliar muito os sistemas de produção.

Com uma abordagem focada em tecnologia, o Pork Meet Rio Verde, promovido no dia 28 de setembro, em Rio Verde, GO, pela Agigo, contou com a palestra “Aos suinocultores, o futuro! Uma abordagem sobre modelagem, inteligência artificial e big data”, com o médico-veterinário e mestre em Ciência Animal, Marcino Pereira Junior. O profissional apresentou um panorama sobre como as novas tecnologias podem agregar valor ao setor, trouxe apontamentos sobre o futuro e enalteceu a importância da modernização das ferramentas na era da indústria 4.0.
De forma simples ele explicou que estes três termos estão interligados, pois a modelagem matemática permite a simulação e previsão de resultados com base em dados passados e condições variáveis, enquanto a IA aprimora a capacidade de análise e tomada de decisões, identificando padrões e otimizando processos. Esses dois elementos se beneficiam do big data, que serve como base para a coleta e armazenamento de uma grande quantidade de informações valiosas que, por sua vez, alimentam a modelagem e o aprendizado da IA, promovendo a evolução e a inovação contínuas.
“Mas a pergunta que eu quero responder é o que isso tem a ver com a suinocultura? Minha resposta é simples, num futuro próximo vamos utilizar estas ferramentas para conseguir modelar o acúmulo de informação de uma forma consistente e tratar esta informação para tomada de decisão do dia-a-dia da granja”, observa Marcino.
Modelagem matemática

Médico-veterinário e mestre em Ciência Animal, Marcino Pereira Junior – Foto: Sarah Nunes
Pereira explicou que a modelagem matemática envolve simulações de casos reais a fim de prever o resultado de algo no futuro. “De forma prática, podemos usar a modelagem para prever um resultado próximo, como peso e a conversão alimentar de um suíno. A modelagem pode trazer mais assertividade para o trabalho dos técnicos, extensionistas e produtores. Desta maneira, a modelagem possibilita a produção de um leitão mais tech”, pontua.
O profissional rememorou que a história da modelagem matemática mostra que ela já é estudada há mais de 30 anos na produção de proteína animal, mas que ela não era utilizada porque ela não era eficaz, já que não existiam sistemas que possuíam a capacidade de alcançar o objetivo que havia sido modelado. “A prática do campo não trazia a modelagem que você havia previsto, porque possuem muitas variáveis. Hoje a história é diferente, pois os sistemas evoluíram e o acompanhamento é preciso. Por conta disso, cada vez mais podemos confiar nas modelagens que são feitas no campo, porque com o auxílio de softwares de gestão, elas auxiliam na administração correta da granja”, reforça.
Modelagem creche
O médico-veterinário disse que o setor da creche é um dos mais difíceis de se fazer a modelagem matemática porque a creche herda muitos efeitos de erros da maternidade, o que dificulta a modelagem do animal. “Durante o período de adaptação na creche, cerca de 15 a 20 dias, podemos ter muitos efeitos rebotes de como foi a vivência do suíno na maternidade. Desta forma, esses efeitos podem contribuir para que os animais não consumam os ingredientes necessários, ou não se adaptem de forma correta. Isso pode ocasionar um erro maior do que eu consigo predizer, o que não favorece a modelagem”, explica.
Modelagem na terminação
De acordo com ele, é na terminação que a modelagem matemática pode ser melhor aproveitada e isso ocorre por dois motivos. O primeiro é que o animal tem efeitos externos muito menores e o segundo é que ele precisa de água e ração. “Neste ciclo ele não tem outras variáveis, desta forma, a modelagem consegue identificar se ele teve algum problema no caminho e dizer o que foi que aconteceu, para que o produtor consiga corrigir este problema, para que no final ele possa entregar um leitão sadio para o abate”, afirma.
Modelagem da reprodução
O ciclo da reprodução também é bastante complexo, porque é preciso contar com o desenvolvimento da fêmea, o crescimento do feto, com o líquido amniótico, a recuperação da fêmea da última lactação, bem como é necessário contabilizar a produção de leite que ela vai ter, juntamente com a formação de glândula mamária. “Por conta de todos estes processos, a modelagem pode ser feita, mas ela vai ficando cada vez mais complexa nesta etapa”, pontua.
Big Data

Foto: Shutterstock
Marcino descreveu o big data como um grande banco de dados, que armazena muitas informações importantes e que são pertinentes para a resolução de desafios que estão presentes no dia-a-dia da granja, sendo que ele possibilita também velocidade, volume e variedade de informações. “O big data oferece a capacidade de compilar e armazenar informações significativas, o que vai possibilitar mais eficiência na tomada de decisões na granja”, destaca.
Ele disse os centros acadêmicos estão utilizando o big data e resgatando um grande acúmulo de informação que foram geradas para replicar e melhorar os problemas das granjas. “Hoje observamos que as teorias estão sendo aplicadas e sendo eficientes nas práticas do dia-a-dia da granja”, observou o profissional acrescentando que o big data precisa ser constituído de dados que possam ser traduzidos em conhecimento e que devem estar arquivados de forma organizada e serem acessados com facilidade.
Inteligência Artificial
Com relação a IA, Marcino pontuou que ela é a responsável por auxiliar o entendimento dos dados que são coletados pelos sistemas, pois ela concentra as informações e possibilita um entendimento daqueles dados. “Na prática, a IA permite também a automação da tomada de decisão com base em dados coletados. Se treinarmos ela de forma eficiente, ela pode ajudar a identificar problemas e fornecer sugestões para melhorias. Ela consegue apontar quais são os nutrientes que podem ajudar a ter melhores resultados, tornando o processo mais eficiente”, exemplifica.
O profissional também discorreu sobre a evolução dessas ferramentas na suinocultura e como elas podem ser aplicadas em diferentes estágios da produção, da reprodução à terminação. “À medida que a genética dos suínos evolui, é essencial manter-se atualizado e aproveitar as novas ferramentas para melhorar a produção. Temos granjas muito grandes, onde é inviável manipular os dados de forma manual, nestes casos a IA pode ser uma grande aliada”, sugere.
Redução da mortalidade
A utilização de IA, modelagem matemática e big data também foi associada à redução da mortalidade na produção de suínos e à otimização da tomada de decisões. Pereira enfatizou que, em um futuro próximo, essas tecnologias devem ser fundamentais na maneira como as granjas são construídas e gerenciadas, permitindo a coleta e a análise mais eficaz de dados para melhorar os resultados da suinocultura.
De acordo com ele, a suinocultura está se adaptando às novas tecnologias, e a integração da IA, big data e modelagem matemática promete aumentar a eficiência, reduzir custos e melhorar a produtividade, criando um futuro mais promissor para o setor. “Um exemplo prático disso é que hoje é possível saber, num tempo de 10 segundos, se eu já tiver a projeção da modelagem matemática de produção, eu posso definir para o produtor qual é o melhor ponto entre a comercialização frente à realidade do preço da ração naquele momento e o custo do cevado de venda daquela semana. Desta forma, eu preciso acompanhar os números e modelar minha granja para que eu consiga ter uma resultado cada vez melhor”, menciona.
Possibilidades
O profissional apresentou algumas ferramentas e aplicativos que podem ser utilizados na produção de suínos, como as câmeras inteligentes – smartcam, que têm a função de passar por cima das baias, calculando o peso dos cevados diariamente e armazenado os dados em softwares, e o sound talks, que é um aplicativo que identifica o aspecto sanitário da granja, indicando o nível de pressão de infecção na parte respiratória dos animais, entre outros.
Maior desafio
Marcino também enalteceu que o objetivo de todo produtor é manter o nível mais alto de produtividade na granja, salientando que existem ações que podem auxiliar na melhoria da conversão alimentar, bem como na redução da mortalidade. “A IA pode ser uma grande aliada, mas ela não vai trabalhar sozinha. Precisamos de pessoas para gerenciá-la”, aponta.
E qual seria o grande próximo passo da suinocultura? Segundo ele, é a possibilidade de valer-se das informações e tecnologias disponíveis e tomar a melhor decisão de forma rápida e eficiente. “Acredito que, num futuro muito próximo, isso vai moldar como a gente constrói as nossas granjas, porque quanto mais informações relevantes eu tiver da minha propriedade melhor serão as minhas condições de tomada de decisões. Com certeza teremos melhores resultados”, aponta.
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Suinocultura segue com margens positivas, mas custos começam a incomodar
O custo de produção da suinocultura avançou 2,1% em outubro (R$ 5,86/kg vivo) ao passo em que o animal desvalorizou 0,4% na média ponderada da Região Sul e Minas Gerais.

Os preços do suíno e da carne seguiram relativamente equilibrados nos últimos trinta dias, sustentando as margens no campo positivo, apesar de o resultado por cabeça terminada estar gradualmente diminuindo diante dos custos voltando a se elevar. Do lado da demanda externa, os embarques de outubro vieram um pouco mais baixos, mas longe de anularem o bom resultado do ano, que pode inclusive bater um novo recorde.
O custo de produção da suinocultura avançou 2,1% em outubro (R$ 5,86/kg vivo) ao passo em que o animal desvalorizou 0,4% na média ponderada da Região Sul e Minas Gerais. Com isso, o spread da atividade veio de 11% em set/23 para 8% no último mês, ou R$ 55/cabeça. Já na parcial de novembro, o indicador aponta para 6%, pressionado pelos custos, voltando a subir.

Fonte: Cepea
Do lado da oferta, segundo os números preliminares do IBGE, os abates de suínos no 3T23 (14,6 milhões de cabeças) foram 0,5% maiores sobre o igual trimestre do ano anterior, porém a produção de carne subiu 2,4% dado o maior peso médio das carcaças. Vale lembrar que após terem começado o ano crescendo 3,3% (1º tri), o segundo trimestre mostrou redução de 1%, voltando agora a se expandir.
Com relação às exportações, foram 82,6 mil t in natura embarcadas em outubro, 8,4% abaixo de out/22. Ainda assim, o crescimento acumulado no ano foi de 7,8% sobre 2022. Por outro lado, o preço médio de embarque continuou em queda, pelo quinto mês consecutivo, desvalorizando 1,4% em out/23 sobre set/23, o que é 7,5% inferior a set/22. Cabe dizer que, tanto nos EUA quanto na China os preços também continuaram caindo em outubro e primeira quinzena de novembro.
Curto prazo deve seguir favorável mas cenário de custos preocupa
O cenário para a suinocultura segue favorável para o final do ano, com o período favorecendo o bom fluxo de vendas internas, mas com os preços podendo enfraquecer sazonalmente a partir da virada de ano. Entretanto, do lado dos custos, o cenário vem ficando mais preocupante. De acordo com o USDA, os dois principais produtores globais de carne suína, China e União Europeia, terão redução da produção em 2024, de 1% e 1,6%, respectivamente, que somados significam 900 mil toneladas a menos, ambos com indicação de fraca demanda esperada e redução do rebanho. Porém, Brasil, EUA e Vietnã deverão expandir, de modo que a produção global deve permanecer estável no próximo ano.
As exportações para 2024 também tendem a seguir favoráveis, com o Brasil bem posicionado para capturar oportunidades diante das menores produções da China e da EU. Entre os exportadores, os destaques são os EUA e o Brasil, com crescimentos de 85 e 80 mil t sobre 2023, respectivamente. O órgão americano destacou que o Brasil seguirá ampliando seu market share sobre a Europa e os EUA, sobretudo no Japão e no México. Há apenas 3 anos, a Europa significava 41% do trade global, percentual que deverá cair para 31% em 2024. Já os EUA respondiam por 26% em 2020 e devem caminhar para 30% em 2024 enquanto o Brasil veio de 9% em 2020 para 15% previstos para 2024.
Seguimos otimistas quanto à demanda para o próximo ano, tanto interna quanto externa. O cuidado a ser tomado é a gestão dos riscos de preço dos grãos, sobretudo porque, possivelmente, a produção de carne suína tende a seguir crescente.

Spread da exportação de carne de frango
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Perdas gestacionais em matrizes suínas
A compreensão da etiologia, sintomas, lesões fetais, aliados aos métodos de diagnóstico, são cruciais para o controle e prevenção destas afecções.

Perdas gestacionais em suínos podem ser atribuídas a fatores infecciosos e não infecciosos. As taxas de abortamento no Brasil variam de 1% a 2,5%, e diversos patógenos, como Circovírus Suíno, Parvovírus, Leptospira sp., Brucella suis, entre outros, podem causar distúrbios reprodutivos, assim como fatores não infecciosos incluindo ingestão de micotoxinas, nutrição inadequada, genética, altas temperaturas e manejo inadequado.
A compreensão da etiologia, sintomas, lesões fetais, aliados aos métodos de diagnóstico, são cruciais para o controle e prevenção destas afecções.
Neste artigo serão abordadas algumas das causas de perdas gestacionais envolvendo etiologias não-infecciosas e infecciosas.
Causas não infecciosas
Micotoxinas:
As micotoxinas são metabólitos tóxicos produzidos por fungos em grãos e cereais usados na alimentação animal, sendo a zearalenona, alcaloides do ergot e tricotecenos mais rejudiciais para suínos. A zearalenona é originária de fungos Fusarium, e atua como o estrógeno, causando efeitos hiperestrogênicos que levam à morte embrionária, abortos, natimortos e malformações em leitões. Alcaloides do Ergot são produzidos por fungos do gênero Claviceps, e causam agalaxia em matrizes, impactando a lactação e levando a problemas de saúde neonatal. Tricotecenos são produzidos por vários fungos, incluindo Fusarium, Stachybotrys e outros, podem causar degeneração ovariana, atrofia uterina, abortos, redução de peso fetal e problemas de ossificação em leitões.
Estresse calórico e Sazonalidade:
As raças suínas utilizadas no Brasil são pouco adaptadas ao clima tropical, o que pode refletir na reprodução devido ao estresse calórico e fotoperíodos prolongados. A infertilidade de verão pode estar relacionada à interrupção precoce da gestação, possivelmente devido ao reconhecimento materno inadequado. Estudos mostraram que o calor afeta negativamente o papel do corpo lúteo na secreção de progesterona e no desenvolvimento embrionário, mas a relação exata permanece incerta.
Mudanças no fotoperíodo entre as estações têm impactos negativos, como aumento nos retornos irregulares ao estro, abortos e redução no tamanho das leitegadas. A redução do fotoperíodo afeta a síntese de melatonina, diminuindo a liberação de GnRH, LH e progesterona, prejudicando o desenvolvimento embrionário e a manutenção da gestação.
Efeito da nutrição e do escore corporal:
O desempenho reprodutivo das matrizes suínas está diretamente ligado à sua nutrição. A alimentação com aminoácidos, vitaminas, minerais e outros nutrientes é essencial para o ambiente intrauterino, e deficiências desses nutrientes podem levar ao crescimento retardado do feto.
A condição corporal das matrizes no momento da cobertura também é crítica para o desempenho reprodutivo. Porcas que passam por restrição alimentar na última semana de lactação têm uma taxa de sobrevivência embrionária reduzida. Estudos mostraram que uma menor espessura de toucinho nas fêmeas no final da gestação está relacionada a um maior número de natimortos. Portanto, é importante evitar a perda de gordura durante a lactação para obter bons resultados reprodutivos após o desmame.
Causas infecciosas
Parvovirose Suína:

Fetos mumificados de tamanhos variados, indicando morte fetal em momentos diferentes – Foto: Mariela Aparecia Claro Martines
A parvovirose suína afeta principalmente marrãs e resulta na mumificação de fetos. Ela é causada pelo parvovírus suíno (PPV), que é resistente ao ambiente e endêmico na maioria das granjas. A infecção do feto ocorre via fluídos corporais, replicação nos tecidos placentários ou células do sistema imune. Se a infecção ocorrer antes de 30 dias de gestação, pode causar morte embrionária e retorno irregular ao estro. Entre 30 e 70 dias de gestação, pode levar à morte fetal e mumificação, mas a transmissão se dá de forma lenta entre os fetos, fazendo com que seja possível o nascimento de leitões saudáveis juntamente com os mumificados. Após 70 dias, o sistema imunológico fetal é capaz de combater o vírus. A vacinação de matrizes é importante para prevenção da infecção.
Circovirose Suína:
O circovírus suíno (PCV) é um vírus que pertence à família Circoviridae, sendo o PCV2 e PCV3 os mais ligados a perdas reprodutivas em suínos. Esses vírus estão associados a outras doenças reprodutivas, e podem infectar embriões suínos, levando a morte embrionária e retorno ao estro. Pelo menos três critérios devem ser considerados para o diagnóstico de PCV: 1) abortos tardios e natimortos, às vezes com hipertrofia evidente do coração fetal; 2) presença de lesões cardíacas caracterizadas por extensa miocardite fibrosante e/ou necrotizante; 3) presença de grandes quantidades de PCV2 em lesões miocárdicas e outros tecidos fetais. A vacinação de matrizes é recomendada para prevenir a infecção em leitões e evitar perdas reprodutivas.
Leptospirose:
A leptospirose em suínos gera impactos econômicos e sanitários significativos, por se tratar também de uma zoonose, é causada por diferentes sorovares de Leptospira, sendo os mais importantes para suínos o Pomona e o Bratislava. A transmissão ocorre principalmente pelo contato com a urina de animais infectados, especialmente de ratos. A infecção intrauterina pode ocorrer durante a fase de bacteremia após a infecção, resultando em abortos, natimortos e doenças neonatais, principalmente quando a infecção ocorre na última metade da gestação. O controle da doença envolve vacinação de animais reprodutores, controle de vetores e tratamento dos suínos afetados.
Brucelose:

Leitões natimortos, etiologia desconhecida – Foto: Mariela Aparecia Claro Martines
A brucelose em suínos, causada principalmente pela Brucella suis, é uma doença com potencial zoonótico. A transmissão ocorre pelo contato direto com suínos infectados, fetos contaminados, membranas fetais, corrimento ou via venérea. A capacidade de Brucella spp. de invadir, sobreviver e proliferar em macrófagos e trofoblastos placentários é essencial para a infecção.
A infecção no início da gestação leva à morte embrionária com retorno irregular ao estro, enquanto a infecção no final da gestação resulta em aborto, fetos de vários tamanhos, natimortos ou leitões nascidos vivos infectados e com baixa vitalidade. Não existe vacina disponível, portanto, a prevenção depende de medidas rigorosas de biossegurança.
Doença de Aujeszky:
Doença causada pelo Herpesvírus Suíno Tipo I, que tem o suíno como hospedeiro natural e reservatório. Pode causar doenças neurológicas, respiratórias, além de perdas reprodutivas. A infecção começa nas células epiteliais da mucosa nasal e orofaríngea, espalhando-se para os neurônios do sistema nervoso periférico. Também pode se disseminar para o útero, onde causa vasculite e trombose, levando a abortos. Os sinais clínicos em matrizes variam de acordo com a fase da gestação e incluem morte embrionária, reabsorção fetal, fetos mumificados, aborto, natimortos, sintomas respiratórios e febre. A vacinação é fundamental para o controle e prevenção da doença e de perdas econômicas.
Peste Suína Clássica (PSC):

Marina L. Mechler Dreibi – Foto: Divulgação/Ourofino
Causada por um Pestivírus que acomete suínos domésticos e suídeos selvagens, a doença é altamente contagiosa e de notificação obrigatória no Brasil e pela OIE devido à sua importância econômica. O Brasil tem uma zona livre de PSC que abrange grande parte da produção de suínos, mas há surtos limitados em estados das regiões Norte e Nordeste.

Feto mumificado, etiologia desconhecida – Foto: Arquivo pessoal do autor
A transmissão ocorre por via oral ou nasal, com replicação nas tonsilas, linfonodos regionais e em outros órgãos. O vírus pode atravessar a barreira placentária e afetar fetos em qualquer fase da gestação, ocasionando retorno ao estro, aborto, mumificação fetal, natimortos e malformações congênitas. A vacinação é permitida apenas em países ou áreas não livres de PSC e sua implementação depende da situação epidemiológica e econômica local.
Conclusão
A gestação em suínos pode ser acometida por doenças infecciosas e não infecciosas, que, em geral, levam ao retorno ao estro, abortos, natimortos, mumificados e leitões fracos. Além do impacto reprodutivo, é importante ter em mente que essas doenças também estão associadas a perdas econômicas devido aos dias extras não produtivos de porcas e marrãs no rebanho.
Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola acesse gratuitamente a edição digital de Suínos. Boa leitura!