Conectado com

Notícias

SIAVS encerra programação com discussões sobre bem-estar animal, logística e perfil do novo consumidor

Evento realizado pela ABPA teve também painéis sobre segurança do trabalho e inovação

Publicado em

em

O último dia do Salão Internacional de Avicultura e Suinocultura (SIAVS) foi marcado por debates sobre temas cada vez mais presentes no setor de proteína animal. Os painéis abordaram questões como bem-estar animal, perfil do novo consumidor, saúde e segurança do trabalho, inovação e desafios logísticos. A programação, promovida pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), encerrou na quinta-feira (31), em São Paulo/SP.

Nos últimos anos, a demanda por produtos que atendem a rígidos critérios de bem-estar dos animais avançou mundialmente. Vice-presidente de Comunicações da Animal Agriculture Alliance, Hannah Thompson-Weeman apresentou as mudanças realizadas por produtores para corresponderem ao compromisso de supermercados e restaurantes de comprar apenas ovos de galinhas não criadas em gaiolas. “A indústria está aberta para ouvir os consumidores e atender suas necessidades. Existe hoje uma necessidade de adequação radical, mas isso vai precisar de tempo e grandes investimentos”, ponderou a executiva americana.

Detalhando a realidade brasileira, a produtora Daniela Duarte de Oliveira chamou atenção para as consequências econômicas geradas a partir da transformação do sistema de produção. “Tudo tem custo. Vamos precisar de espaço maior, mais funcionários, novos equipamentos e instalações, enquanto a produtividade cairá. Algumas empresas vão quebrar e, inevitavelmente, o preço do ovo vai subir. Devemos considerar não apenas o bem-estar animal, mas também o direito do consumidor”, defendeu Daniele.  Também participaram no painel Juliana Ribas, da Agroceres PIC, Rodrigo Moreira Dantas, do Ministério da Agricultura, e Jose Rodolfo Ciocca, da World Animal Protection. 

Desafios logísticos

Logística e abastecimento de grãos estão entre os principais entraves para o setor no Brasil. Everton Correia do Carmo, coordenador-geral de Planejamento e Logística do Ministério dos Transportes, apresentou os detalhes do Projeto Corredores Logísticos Estratégicos, um planejamento de curto e médio prazo com a previsão de ações específicas para o complexo de soja e milho. "A fronteira agrícola no Brasil foi se expandindo da Região Sul e Sudeste para o Centro-Oeste e parte do Nordeste. Temos a consciência de que a estrutura de transporte não acompanhou esse crescimento e acabou criando os gargalos que temos hoje", explica. O estudo, finalizado em 2016, é um diagnóstico estrutural dos modais de transporte brasileiro – com identificação dos fluxos de carga e os detalhes das rotas de escoamento – que indica os investimentos prioritários para atender as necessidades domésticas.

O mercado mundial de milho também foi debatido. Paulo Sousa, líder da unidade de negócios da Cargill de São Paulo/SP, tratou das particularidades do modelo de comercialização da safrinha e sua relevância para o atual cenário nacional de exportação. Segundo ele, o Brasil hoje é responsável por 22% do fluxo global do grão e por 50% da oferta mundial entre agosto e janeiro, além de ser a origem mais barata do produto. Arene Trevisan, diretor de Originação da Seara Alimentos, apresentou as estratégias para o abastecimento do cereal no setor de proteína animal. Complementando a exposição anterior, exibiu um mapa da capacidade portuária brasileira, reconheceu gargalos, mas pontuou: "os desafios na logística não foram obstáculos para o Brasil dobrar a produção de grãos na última década". Para ele, é possível buscar um equilíbrio maior entre modais na próxima década, bem como diminuir o desequilíbrio regional entre consumo e produção. 

Atendendo as novas demandas do consumidor

Com o objetivo de aprofundar o perfil do novo consumidor global, um painel reuniu especialistas da academia e da indústria no SIAVS. Estiveram na pauta estratégias de agregação de valor para atender mercados importadores específicos e inovações para corresponder às expectativas do consumidor brasileiro atual. Palestraram Renato Irgang, da UFSC, Fabio Bagnara, da BRF, e Mathew Perkins, da empresa global Elanco.

Perkins desvendou mitos sobre produtos cárneos. O especialista americano analisou o resultado de uma pesquisa que mostrou o uso de hormônios nos frangos – prática que não ocorre e é proibida por lei – entre as maiores preocupações da população. “Temos o desafio de melhorar a nossa comunicação, estabelecendo uma conversa com o consumidor”, ponderou o especialista americano, ressaltando as oportunidades de uma maior conexão das marcas com os integrantes da geração Y.

Segurança do trabalho no Brasil e na Europa

A prevenção de acidentes na agroindústria e a reabilitação de trabalhadores foram o foco do painel "Saúde e segurança do trabalho". Entre os assuntos debatidos estavam as novidades em tecnologias para prevenção e ginástica laboral, legislações e tratamento de desordens osteomusculares. O destaque do evento foi Baldur Oscar Schubert, da Organização Ibero-americana de Seguridade Social (OISS), que fez um paralelo entre os procedimentos de reabilitação realizados no Brasil e na Europa.

Para Ricardo de Gouvêa, presidente da Câmara de Sustentabilidade e Relações Laborais da ABPA, esse é um tema que ganha em relevância por tratar da integridade física das pessoas, mas também por ser um aspecto determinante na produtividade das empresas. “A saúde e a segurança do trabalho no setor frigorífico são alvos prioritários das ações do setor, e têm conquistado importantes avanços com acordos entre trabalhadores, agroindústrias e autoridades", avaliou. 

Inovações no abate e processamento de aves e suínos

Como a tecnologia tem afetado a indústria de proteína animal e as novidades em pesquisa e desenvolvimento foram os temas apresentados no painel “Inovações no abate e processamento de aves e suínos”. Luis Gustavo Delmont, do Senai de Brasília/DF, falou da importância da convergência digital para acompanhar as transformações do mercado global. Ele apresentou ações desenvolvidas pelo Senai, como o Programa Brasil Mais Produtivo, que propõe o aumento de 20% de produtividade das empresas através da melhoria de processos. O programa já beneficiou mais de 3.000 empresas no país, sendo 604 no segmento alimentício.

Fonte: Assessoria

Continue Lendo

Notícias

Ministério da Agricultura realiza simulado de febre aftosa no Acre

Treinamento visa reforçar a cooperação e a capacidade de resposta em uma zona com status de livre de febre aftosa sem vacinação.

Publicado em

em

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa) realizou, entre os dias 12 e 18 de setembro, no município de Cruzeiro do Sul, no Acre, o exercício simulado de febre aftosa com mais de 180 servidores da área de saúde animal, além de servidores de forças de segurança e integrantes do Servicio Nacional de Sanidad Agropecuaria e Inocuidad Alimentaria (SENASAG), da Bolívia, e do Servicio Nacional de Sanidad Agraria (SENASA), do Peru. O exercício foi realizado em conjunto com o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Acre (IDAF-AC).

Fotos: Divulgação/Mapa

Exercícios simulados permitem treinar e aferir a capacidade de ação e intervenção do serviço veterinário oficial num momento de crise e a realização desse treinamento é uma das ações previstas no Plano Estratégico do Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa (PE-PNEFA), visando a manutenção do status de área livre de febre aftosa sem vacinação e um corpo técnico preparado para atuar de forma imediata.

“O exercício simulado teve como objetivo preparar os servidores para a organização da cadeia de comando e o cumprimento dos protocolos que devem ser adotados em uma situação real de surgimento da doença, até a completa eliminação do foco e reestabelecimento da condição sanitária” explica o diretor do Departamento de Saúde Animal, Marcelo Mota.

Conforme previsto no Plano de Contingência para Febre Aftosa, durante o treinamento foi instalado um Centro de Operações de Emergência Zoossanitária para que os participantes praticassem a organização e os procedimentos técnicos de biossegurança, vigilância e investigação clínica e epidemiológica, colheita e envio de amostras para diagnóstico laboratorial, eliminação de focos, limpeza e desinfecção de instalações e controle e inspeção do trânsito de veículos na região, assim como o uso de softwares para coleta e processamento de dados e gestão da informação.

As barreiras sanitárias contaram com a presença de equipes do Grupo Especial de Fronteira, da Polícia Militar, do Exército Brasileiro e da Polícia Rodoviária Federal nas principais vias terrestres e fluviais para fiscalização de trânsito na região.

Também foram exercitadas a logística de envio de amostras para análise laboratorial no Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de Minas Gerais (LFDA/MG) e a atuação dos serviços de comunicação, assessoria de imprensa e assessoria jurídica frente a uma emergência zoossanitária.

Ainda, segundo o diretor, “o objetivo do treinamento foi a preparação para enfrentar uma eventual ocorrência de febre aftosa, mas as medidas servem para todas as doenças emergenciais, como a peste suína clássica, peste suína africana, influenza aviária, entre outras. Os protocolos sanitários são semelhantes, e o caráter de emergência é o mesmo. Os resultados foram muito bons, permitindo avaliar os procedimentos previstos e subsidiar uma nova versão do plano de contingência, incluindo as sugestões colhidas durante o simulado”.

O simulado também recebeu o apoio do Governo do Estado do Acre e do Fundo de Desenvolvimento da Pecuária do Acre (FUNDEPEC).

Fonte: Assessoria Mapa
Continue Lendo

Notícias

Impacto da estiagem na produção e nos preços dos alimentos

Alterações nas temperaturas e mudanças nos padrões de precipitação tendem a provocar alterações nos sistemas produtivos e colocar em risco o desenvolvimento de algumas culturas podendo, inclusive, no longo prazo, alterar seu zoneamento climático.

Publicado em

em

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

Os eventos climáticos extremos, como alterações nas temperaturas e mudanças nos padrões de precipitação, tendem a provocar alterações nos sistemas produtivos e colocar em risco o desenvolvimento de algumas culturas podendo, inclusive, no longo prazo, alterar seu zoneamento climático.

Cenários climáticos desfavoráveis podem, no mínimo, elevar os custos de produção, eis que mesmo as culturas que suportam melhor os diferentes tipos de estresse ambiental, podem perder qualidade ou ter a sua produtividade reduzida.

Assim, está claro que as mudanças climáticas podem impactar a disponibilidade da oferta dos alimentos e provocar aumento dos seus preços – os quais, por sua vez, dependem, também e ainda, de múltiplos fatores não apenas relacionados ao clima.

A produção de leite no Brasil tem sido afetada pelas mudanças climáticas de duas maneiras distintas: em algumas regiões, pela estiagem, noutras, pelo excesso de chuvas.

A estiagem prolongada no Brasil tem causado impactos na produção de leite, onde a escassez de água afeta diretamente a disponibilidade e qualidade da pastagem e o bem-estar dos rebanhos, ocasionando a queda na produção do produto.

Durante a estiagem, muitos produtores se veem obrigados a recorrer à suplementação, o que eleva os custos de produção. Em 2024, os preços um pouco mais controlados dos grãos em comparação a anos anteriores mitigam um pouco desse impacto ao produtor.

Entretanto, ainda assim, houve elevação dos custos de produção pela necessidade de suplementação do rebanho com o uso de tecnologias de manejo mais avançadas.

Para os pequenos e médios produtores, tal situação foi de mais difícil enfrentamento, ocasionando o abandono da atividade por parte de muitos produtores. Neste quadro, os agricultores familiares foram ainda os mais atingidos, por disporem de menos estrutura e recursos, culminando na concentração da produção em produtores de maior volume diário.

Além disso, com menos chuvas, a água disponível para o consumo animal e a irrigação das pastagens diminui, afetando a saúde e a produtividade dos rebanhos. Esse cenário intensifica o estresse térmico nos animais, reduzindo ainda mais a produção de leite. A falta de infraestrutura de irrigação adequada em muitas propriedades agrava a situação.

Foto: Gustavo Porpino

Já nas regiões afetadas pelo excesso de chuvas, os efeitos foram mais agudos, em algumas situações levando à perda total ou parcial do rebanho durante enchentes, a elevadas perdas de solo e de fertilidade ou ainda, no mínimo, à necessidade de recomposição das pastagens.

Preços

De modo geral, não há previsão de aumento nos preços de produtos como milho, arroz e trigo em decorrência da estiagem. Destaca-se, ainda, que os preços do trigo e do milho estão em baixa. Sobre leite, carne, arroz, feijão, frango e ovos, o impacto nos preços deve ser mais duradouro durante o período de estiagem, especialmente no Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste, onde as condições climáticas são mais severas.

Os preços podem começar a apresentar algum alívio somente após a retomada de chuvas regulares e de melhorias na umidade do solo, o que pode demorar alguns meses dependendo da estação e da região.

Em relação a esses produtos, estima-se que os consumidores percebam esse aumento de preços provavelmente nos próximos meses, ante a intensificação da estiagem e o consequente reflexo nos preços ao consumidor final.

Fonte: Assessoria Superintendência de Gestão da Oferta da Conab
Continue Lendo

Notícias

Oferta do leite não cresce conforme o esperado, e preços voltam a subir

O consumo, por sua vez, tem se mantido firme; e os estoques nos laticínios caíram gradativamente em agosto, até atingirem níveis abaixo do normal em setembro.

Publicado em

em

Foto: Semagro

O preço do leite ao produtor voltou a subir devido à oferta, que não cresceu como era esperado. A pesquisa do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, mostra que, em agosto, a “Média Brasil” fechou a R$ 2,7607/litro, 1,4% acima da do mês anterior e 17,7% maior que a registrada em agosto/23, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de agosto). Apesar de o preço do leite pago ao produtor acumular avanço real de 32% desde o início de 2024, a média de janeiro a agosto deste ano (de R$ 2,53/litro) é 8,4% inferior à do mesmo período de 2023.

Até o início de agosto, os fundamentos de mercado apontavam reduções no preço do leite ao produtor neste terceiro trimestre. Por um lado, a produção de leite parecia estimulada pelo aumento da margem do produtor neste ano e, por outro, a demanda seguia condicionada aos preços baixos nas gôndolas. Fora isso, as importações, ainda em volumes elevados, pressionavam as cotações ao longo de toda a cadeia produtiva. Porém, a produção não cresceu como era esperado pelos agentes do setor.

Os dados mais recentes da Pesquisa Trimestral do Leite do IBGE, divulgados em meados de agosto, mostram que a captação de leite cru pelas indústrias de laticínios no âmbito nacional caiu 6,2% no segundo trimestre em relação ao primeiro. Comparando com o mesmo período do ano passado, o incremento foi de apenas 0,8%.

De julho para agosto, o Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea avançou 5% na “Média Brasil”, mas o crescimento em Minas Gerais foi de 2,8% e, em Goiás, de apenas 1,5%. Apesar do aumento da margem do produtor nos últimos meses e de certa estabilidade nos custos de produção, o estímulo à atividade foi menor do que o esperado pelos agentes do setor. E o clima extremo não ajudou a atividade.

O excesso de chuvas e enchentes no Rio Grande do Sul em maio fizeram com que a oferta crescesse pouco entre julho e agosto. A entressafra no Sudeste e no Centro-Oeste se intensificou com o calor a partir de agosto. E as queimadas em setembro fizeram esse cenário se agravar em termos nacionais. Além de comprometer o bem-estar animal, os incêndios têm prejudicado a produção de forragens para alimentação animal – o que eleva o custo de produção e limita a oferta.

Outro fator que reforçou a menor disponibilidade de lácteos entre agosto e setembro foi a diminuição das importações. Dados da Secex compilados pelo Cepea mostram que, em agosto, houve queda de 25,2% nas importações de lácteos, totalizando 187,8 milhões de litros em equivalente leite.

Como a oferta não se recuperou conforme o previsto, os estoques de lácteos nas indústrias não foram repostos como esperado. O consumo, por sua vez, tem se mantido firme; e os estoques nos laticínios caíram gradativamente em agosto, até atingirem níveis abaixo do normal em setembro. Esse contexto deve sustentar e intensificar o movimento de alta nas cotações entre setembro e outubro.

Fonte: Assessoria Cepea
Continue Lendo

NEWSLETTER

Assine nossa newsletter e recebas as principais notícias em seu email.