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O ótimo momento do leite: O grande desafio para os produtores

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*Guilherme Augusto Vieira 
Atualmente observa-se um ótimo momento para o segmento lácteo. Os preços pagos aos produtores estão excelentes (dependendo da região varia de R$0,90 a R$1,15); os preços das vacas estão em alta, os leilões “estourados”, as empresas de equipamentos estão com as vendas aquecidas ( segundo os representantes, tem fila de espera para entrega de ordenhadeiras), as empresas de insumos também não tem o que reclamar ( as vendas de sal mineral e medicamentos estão batendo os recordes).
Os laticínios estão operando a carga máxima, deixando de atuar em ociosidade. 
Em 2013, a produção leiteira no Brasil foi de 35 bilhões de litros, sendo 35% a mais que os 26 bilhões contabilizados em 2007. A produção prevista para 2014 será de 36,7 bilhões.
A previsão para o ano 2014 é que os preços pagos ao produtor continuem em alta. A redução nas importações do leite e seus derivados, devido o aumento do dólar que encarece as compras internacionais, serão responsáveis pela valorização. A demanda também deve continuar aquecida para os próximos anos, já que há um déficit na produção nacional [2]

Segundo o levantamento do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa), o consumo per capita anual brasileiro é de 172,6 litros por habitante, enquanto o recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMC) é de 200 litros ano/habitante.
Sinceramente, nunca vi um aquecimento tão alto para esta cadeia que historicamente tem apelo de “choro” e desânimo por parte dos atores da cadeia, desde os produtores até os laticínios.
Quais são os fatores que propiciaram o aquecimento da cadeia láctea? Será que estamos vivendo realmente  um eldorado lácteo? Ou este momento é passageiro, uma chuva de verão ( já alterada nestes tempos de aquecimento global)?
Vários são os fatores que propiciaram o aquecimento da cadeia láctea, a saber:
• Há muito custo e depois de apanhar bastante, os produtores entenderam que a pecuária leiteira apresenta vários processos especializados ao longo de sua cadeia produtiva, deixando de ser uma atividade simples e de subsistência, para se tornar uma atividade com finalidade empresarial e econômica. Daí estão aprendendo a tornar lucrativa a sua atividade, investindo em melhorias de rebanho, nutrição, manejo nutricional e instalações, embora tenha ainda um longo caminho a percorrer principalmente na melhoria da qualidade do leite e aumento de produtividade.
• Outro fator importante foi a implantação da IN 51/2002 que além de propor requisitos e parâmetros de qualidade do leite, propõe mudanças no sistema de armazenamento e coleta de leite nas fazendas, mantendo o leite sob refrigeração a 4º C por 48 horas em tanques de expansão. Lembro-me bem quando da implantação desta norma, os produtores falavam que “esta lei do governo vai acabar com atividade leiteira, é mais uma lei”.
Eu replicava: “esta Lei vai ensinar a cadeia a trabalhar e melhorar a qualidade do leite”.
Por que falava isto? Será que tinha o tom da premonição? Ou o meu sangue baiano tinha o poder místico da adivinhação?
Nada disto. Na época estudava minha dissertação de mestrado, cujo tema era qualidade do leite, e durante a pesquisa do referencial teórico, aprendi que normativa semelhante fora implantada em outros países com destaque para a instituição do tanque de expansão do leite no final do Século XIX nos Estados Unidos e nos primeiros anos do Século XX no Reino Unido (AMIOT, 1991[3]). Tais medidas melhoraram a qualidade do leite nestes países, diminuindo os índices de acidez do leite, células somáticas e demais aspectos de qualidade do leite. Ninguém discute a qualidade do leite americano. Lógico que outros fatores melhoraram a qualidade do leite nestes países. Nota o Leitor, que demorou mais de cem anos para implantar tais medidas no Brasil
Sem dúvida nenhuma a IN51/ 2002 foi um divisor de águas na pecuária leiteira nacional, no qual se observa uma melhora da qualidade do leite e derivados e aumentou a competitividade dos produtos lácteos tato a nível interno quanto externo. Outro dia conversava com produtores de leite e os relatos foram impressionantes:
– Olha Doutor, depois que coloquei este tal de tanque de expansão na fazenda, nunca mais tive leite rejeitado na plataforma. Melhorou minha renda, animei em investir na fazenda e já deu até para comprar umas “coisas” lá para a Patroa.
Viva o tanque.
Outros fatores são responsáveis pelo aquecimento do leite, a se destacar:
• Demanda interna aquecida com aumento de renda da população, migração de parte da população para outra classe social, mudanças no hábito da população em consumir mais iogurte, queijos e demais produtos lácteos;
• Aumento da produção leiteira ( já enumerado), com melhoria da produtividade. Produtores melhorando sua genética, utilizando mais tecnologias;
• Laticínios mudando sua maneira de trabalhar, embora ainda tenham  que adotar uma visão de integração vertical com adoção de parcerias estratégicas com produtores.
A grande questão que permeia o segmento é?
-Será que os produtores de leite e laticínios estão preparados para aumento desta demanda?
Em minha opinião, estão começando a aprender a “lidar” com este momento, precisa entendê-lo melhor.
Vários são os desafios para os produtores, como dissera em outro artigo publicado no Presente:
Para acompanhar as evoluções mercadológicas, proprietários rurais, deve agregar em suas ações o conceito de BUSINESS, adotando medidas como:
Adotar técnicas modernas de gerenciamento;
Dominar as tecnologias agropecuárias;
Buscar a lucratividade, produtividade;
Ajustar-se às transformações sócio-econômicas, estabelecendo estratégias e  qualidade;
Adaptar-se às exigências dos consumidores e mercados.
Melhorar o manejo nutricional, com uso de aditivos (converse com Veterinário, Agrônomo ou Zootecnista);
Melhorar o manejo sanitário e estar atento as questões ambientais.
Antes de iniciar a produção, os produtores rurais, deve estabelecer um plano de produção, estratégias de comercialização, conhecer os mercados e os canais de distribuição (para onde vai meu leite?), conhecer as tendências futuras do mercado (variações de commodities). 
Quanto aos laticínios (pequenos e médio porte), cada vez mais adotar as técnicas de gestão agroindustrial. Conforme dito anteriormente, buscar um modelo de integração vertical que adapte as características de seu negócio e da sua região. Buscar as parcerias estratégicas com produtores rurais. Veja o modelo da avicultura e suinocultura, o segmento lácteo tem muito a aprender com estas cadeias.
Gente depois que observamos a fusão da UBABEF e ABIPECS formando uma mega Instituição de Proteína Animal, porque não fazer parcerias estratégicas?
Uma coisa é certa, o aumento da demanda para o leite é um fato, segundo especialistas e indústrias do segmento de nutrição animal é um caminho sem volta. Talvez este é o grande desafio para os produtores e todo o restante do segmento, se não perde-se o bonde da história como aconteceu com a turma da cana. 
Não quero nem pensar.
*Médico Veterinário, Doutorando em História das Ciências Agrárias UFBA/UEFS, Secretário Executivo da Associação Baiana de Avicultura, Professor do Curso de Veterinária da UNIME/Professor do Instituto Qualittas & Qualyagro.Contato:guilherme@farmacianafazenda.com.br 
[2] Ver em:
[3] Vale a pena ler: AMIOT, Jean. Ciencia y tecnología de la leche. Zaragoza: Acríbia, 1991, págs.25-45

Fonte: Prof. Guilherme Augusto Vieira

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Comércio exterior e logística no setor agropecuário: desafios e oportunidades para o transporte e escoamento

Exportações de soja em outubro, caíram 22,9% em relação ao mês anterior, um reflexo de flutuações no mercado, mas o acumulado de 2024 manteve-se robusto, com 94,2 milhões de toneladas exportadas de janeiro a outubro.

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Fotos: Claudio Neves

O mercado de fretes e a logística de escoamento se destacam como elementos essenciais no atual cenário da agricultura brasileira, especialmente diante do crescimento expressivo da produção de grãos previsto para a safra 2024/25. A estimativa de 322,53 milhões de toneladas de grãos, um aumento de 8,2% em relação à safra anterior, traz desafios adicionais para a infraestrutura de transporte e os processos logísticos do país. A análise consta na nova edição do Boletim Logístico da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado nesta sexta-feira (22).

A melhoria nas condições climáticas tem favorecido o avanço das semeaduras, com destaque para as culturas de soja e milho, mas, para que a produção chegue ao mercado internacional, é crucial um sistema de escoamento eficiente. Nesse sentido, os portos brasileiros desempenham papel fundamental, especialmente os do Arco Norte, que têm se consolidado como uma via vital para exportação. Em outubro de 2024, os portos do Arco Norte responderam por 35,1% das exportações de grãos, superando a participação de 33,9% registrada no mesmo período de 2023.

Com o aumento da produção de soja e milho, as expectativas de escoamento nos próximos meses apontam para um cenário desafiador, com necessidade de otimizar os fretes para atender ao crescimento das exportações. Em outubro, as exportações de soja caíram 22,9% em relação ao mês anterior, um reflexo de flutuações no mercado, mas o acumulado de 2024 manteve-se robusto, com 94,2 milhões de toneladas exportadas de janeiro a outubro. Já as exportações de milho, que enfrentam uma redução de 34,1% nas estimativas para a safra 2023/24, exigem adaptação no transporte, uma vez que a oferta menor pode reduzir a demanda por fretes no curto prazo, mas com aumento da competição por capacidade logística.

A movimentação de fertilizantes, por sua vez, também demanda atenção na logística. Em outubro de 2024, os portos brasileiros importaram 4,9 milhões de toneladas de fertilizantes, o que representa um incremento de 5,9% em relação ao mês anterior. Este crescimento contínuo na importação exige um cuidado especial no transporte desses insumos, visto que o Brasil é um dos maiores compradores internacionais e uma base importante de consumo de fertilizantes.

Por outro lado, o transporte de cargas no Brasil segue enfrentando desafios estruturais. De acordo com o Boletim da Conab, a ampliação das capacidades de escoamento nos portos, especialmente no Arco Norte, é uma estratégia chave para lidar com o aumento do volume de exportações e garantir que os fretes se mantenham competitivos.

Em suma, a logística no setor agropecuário brasileiro se apresenta como um elo crucial para garantir o sucesso das exportações de grãos. A integração entre os diferentes modais de transporte, o aprimoramento da infraestrutura portuária e a adaptação às demandas de escoamento serão decisivos para que o Brasil continue sendo um dos maiores exportadores de commodities agrícolas do mundo.

Fretes

Em outubro de 2024, os preços do frete apresentaram variações significativas entre os estados brasileiros. Os preços subiram em estados como Bahia, Goiás e Minas Gerais e Distrito Federal, principalmente devido ao aumento na demanda, impulsionado pela exportação de grãos e a importação de fertilizantes. Em Goiás, a melhora nos preços do milho também gerou aumento na demanda por fretes. Já em estados como Paraná, Piauí e São Paulo, os preços ficaram mais baratos, com o Paraná registrando uma redução de 16,67% na região de Cascavel, refletindo a baixa demanda por grãos. No Piauí, a diminuição nas exportações de soja resultou em uma queda de 4,10% no mercado de fretes. Por outro lado, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul apresentaram estabilidade nos preços, com pouca variação nas cotações, devido a um equilíbrio entre a demanda e a oferta de fretes.

O Boletim Logístico da Conab é um periódico mensal que coleta dados em dez estados produtores, com análises dos aspectos logísticos do setor agropecuário, posição das exportações dos produtos agrícolas de expressão no Brasil, análise do fluxo de movimentação de cargas e levantamento das principais rotas utilizadas para escoamento da safra. Confira a edição completa do Boletim Logístico – Novembro/2024, disponível no site da Companhia.

Fonte: Assessoria Conab
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Clima favorável impulsiona cultivos da primeira safra, aponta boletim de monitoramento

Precipitações regulares e bem distribuídas criaram um ambiente propício para a semeadura e o desenvolvimento dos cultivos.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

As condições climáticas favoráveis nas primeiras semanas de novembro impactaram positivamente o cenário agrícola brasileiro. Na região Central do país, precipitações regulares e bem distribuídas criaram um ambiente propício para a semeadura e o desenvolvimento dos cultivos de primeira safra.

O Norte-Nordeste experimentou uma expansão das áreas beneficiadas por chuvas, incluindo regiões do Matopiba que anteriormente enfrentavam déficit hídrico. Esse cenário impulsionou o processo de semeadura na maior parte dessa região.

Foto: Gilson Abreu

Em contraste, o Sul do país registrou uma redução nas precipitações, o que facilitou o avanço da colheita do trigo e a semeadura dos cultivos de primeira safra. De modo geral, as condições agroclimáticas se mostraram favoráveis, proporcionando umidade adequada para o desenvolvimento das lavouras.

No Rio Grande do Sul, a semeadura do arroz progrediu significativamente, com a maior parte concluída dentro do período considerado ideal. A maioria das lavouras encontra-se em fase de desenvolvimento vegetativo, beneficiando-se das condições climáticas que favoreceram a germinação e o estabelecimento das plantas. Em Santa Catarina, temperaturas médias e incidência solar adequadas contribuíram para o bom desenvolvimento das culturas.

Estas informações estão presentes no Boletim de Monitoramento Agrícola (BMA), publicado mensalmente pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em parceria com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) e o Grupo de Monitoramento Global da Agricultura (Glam).

A versão completa do Boletim está disponível para consulta no site oficial da Conab, acesse clicando aqui.

Fonte: Assessoria Conab
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Show Rural investe em obras para melhorar experiência de visitantes

Com o objetivo de garantir mais conforto e eficiência à experiência de visitantes e expositores, várias obras físicas acontecem no parque e serão entregues já para a 37ª edição.

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Fotos: Divulgação/Coopavel

Avançam os preparativos para a 37ª edição do Show Rural Coopavel, evento que reafirma o Oeste do Paraná como um dos principais polos do agronegócio mundial. De 10 a 14 de fevereiro de 2025, visitantes do Brasil e do exterior terão acesso a um espaço renovado, com melhorias que reforçam o compromisso da Coopavel com a inovação, a sustentabilidade e a excelência em infraestrutura. “Melhorar continuamente é uma das regras que fazem o sucesso do Show Rural, referência em inovações e tendências para o agronegócio”, destaca o presidente da Coopavel, Dilvo Grolli.

Com o objetivo de garantir mais conforto e eficiência à experiência de visitantes e expositores, várias obras físicas acontecem no parque e serão entregues já para a 37ª edição. O restaurante do parque está em ampliação em 500 metros quadrados, permitindo o atendimento de mais mil pessoas por refeição. A área de entrega de bebidas é reformulada para otimizar o fluxo, enquanto novos buffets, mesas e utensílios foram adquiridos para manter o alto padrão de qualidade em uma estrutura com capacidade para servir mais de 40 mil refeições diariamente.

A mobilidade no parque também recebe melhorias. São mais de seis mil metros quadrados de ruas asfaltadas. Uma das novidades mais aguardadas é a cobertura da Rua 10, que conecta o Portal 4 ao Pavilhão da Agricultura Familiar. Com 400 metros lineares, essa obra, viabilizada em parceria com a Barigui/Volkswagen, eleva para mais de 6,2 mil metros quadrados a área coberta do parque, garantindo conforto aos visitantes em qualquer condição climática, observa o coordenador geral Rogério Rizzardi.

Para ônibus

Para receber caravanas de todo o Brasil e de outros países será criado um estacionamento exclusivo para ônibus com capacidade para 400 veículos. Estrategicamente localizada, a nova estrutura promete praticidade e organização para os grupos que participam da maior mostra de tecnologia para o campo da América Latina.

Outro destaque é o barracão de 1,2 mil metros quadrados dedicado à gestão de resíduos. Essa estrutura permitirá separação e correta destinação de materiais antes, durante e depois do evento, reforçando o compromisso da cooperativa e do evento técnico com práticas ambientalmente responsáveis.

Evolução

Com essas inovações e investimentos, o Show Rural Coopavel segue como referência global, combinando hospitalidade, tecnologia e respeito ao meio ambiente, reforça o presidente Dilvo Grolli. O tema da 37ª edição será Nossa natureza fala mais alto.

Fonte: Assessoria Coopavel
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