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Made in Brazil

Jamais seremos um país desenvolvido sem produzir produtos tecnologicamente complexos e empregar mais brasileiros na indústria de transformação e em serviços sofisticados

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Artigo escrito por João Carlos Marchesan, administrador de empresas, empresário e presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas (ABIMAQ)

Os historiadores consideram que a industrialização brasileira começa em 1808, quando D. João VI, ao chegar ao Brasil, revogou a proibição de D. Maria I que impedia a colônia de produzir manufaturas. Entretanto, a simultânea abertura dos portos fez com que a manufatura brasileira ficasse restrita a poucos bens de consumo e, somente nas duas últimas décadas do século XIX, o Brasil passou a apresentar alguns indicadores de industrialização.  

Ainda assim, em 1900, quando comparamos os índices de produção industrial per capita*, o Brasil mal chegava a 5% da produção da Inglaterra e 7% do Estados Unidos e, somente com Vargas e a 2ª Guerra Mundial, o Brasil começou a implantar uma política de industrialização com indústrias de base e de energia. Ou seja, a industrialização brasileira iniciou quase 200 anos após a Inglaterra e 150 anos depois dos Estados Unidos.

Nossa revolução industrial, aproveitou muito bem a criação do BNDES e os estímulos dados à substituição das importações, desde Juscelino até os governos militares (1964-1985). Neste período nasceram os incentivos às exportações, que ajudaram a consolidar  nossa indústria de modo que, no fim da década de 70, o Brasil figurava em quinto lugar entre as principais potências industriais, fazendo os brasileiros se orgulhar do “made in Brazil”.

Na década perdida dos anos 80 o Brasil perdeu bem mais do que sua taxa de crescimento. O país esqueceu que o motor do crescimento chinês, de 1930 a 1980, foi, basicamente, o processo de industrialização. Foi a indústria que, ao crescer e criar empregos, possibilitou fortes ganhos de produtividade,  permitindo a absorção  dos migrantes do campo e do nordeste e transformando desempregados em brasileiros com carteira assinada e renda decente.

A substituição das importações, porém, tinha como limite natural o atendimento ao mercado interno, alcançado na década de 70, o que comprometia a continuidade do crescimento da indústria. Na ocasião, o sucesso dos países emergentes asiáticos que escolheram "crescer via exportações" indicava qual o caminho do Brasil. Isto exigia fortes investimentos em educação para fornecer pessoal qualificado, bem como câmbio depreciado, baixa carga tributária e crédito abundante, para investimentos produtivos, a juros compatíveis.

Entretanto, em meados dos anos 80, o processo de redemocratização mudou as prioridades definidas pelo regime militar, substituindo-as pelo atendimento prioritário dos anseios sociais, fato sacramentado na “constituição cidadã". Simultaneamente o Brasil passava a conviver com forte crescimento da dívida pública e inflação elevada o que tornava o estado brasileiro refém do setor financeiro, levando o “mercado” a definir as novas prioridades nacionais, das quais a indústria não fazia parte.

Assim em lugar da inserção competitiva da indústria nacional nas cadeias globais, foi feita uma abertura financeira ampla, geral e irrestrita. A adoção das políticas do “consenso de Washington”, feita por FHC e continuada pelo Lula, ampliou o processo de desindustrialização iniciado nos anos oitenta. Juros altos e câmbio baixo, decorrentes do “tripé” instituído na crise cambial de 1999,  levaram a indústria de transformação brasileira a reduzir sua participação no PIB, dos quase 30% de 1980 para cerca 11% em 2016.

As tentativas canhestras, feitas no governo Dilma, de compensar os estragos no tecido industrial do país, causados por anos de juros altos e câmbio apreciado, através de incentivos creditícios e/ou desonerações fiscais pontuais, demonstraram que estes últimos não substituem uma política macroeconômica favorável ao investimento produtivo. Isto não impediu, entretanto, que economistas ortodoxos usassem o fato para pontificar sobre a inutilidade de todas e quaisquer políticas industriais.

Estas desonerações pioraram sensivelmente as contas públicas, levando o país a um endividamento crescente e á crise política. Já em 2015 com o ministro da Fazenda imposto pelo mercado e, principalmente, após a troca de governo, a visão financeira no diagnóstico da crise, priorizou um ajuste fiscal que, desconheceu o elevado endividamento das famílias e das empresas, piorando sensivelmente a grave recessão que já dura mais de três anos. Caberá ao futuro presidente, além equilibrar as contas públicas, definir um novo modelo de desenvolvimento que resgate o papel da indústria.

O ciclo de crescimento sustentado, dos anos 30 a 80 do século passado não por acaso ocorreu junto com a industrialização do país enquanto que a forte redução nas taxas crescimento do PIB simultânea com a desindustrialização não é mera coincidência. Se é verdade que o crescimento decorre basicamente de ganhos de produtividade, fato com o qual concordam onze entre dez economistas, o novo governo deve perseguir este objetivo. E é indiscutível que, no mundo todo, este papel tem sido desempenhado, basicamente, pela indústria e pelos serviços sofisticados que ela demanda.

Jamais seremos um país desenvolvido sem produzir produtos tecnologicamente complexos e  empregar mais e mais brasileiros na indústria de transformação e em serviços  sofisticados. Assim reindustrializar o país, tendo em vista o novo paradigma de uso intensivo de tecnologia digital, internet das coisas e inteligência artificial é indispensável para o crescimento sustentado. Um ambiente favorável aos investimentos é necessário mas as reformas microeconômicas entre as quais se destaca a tributária, são essenciais para que a produção e exportação de bens e serviços “made in Brazil” sejam um bom negócio.

Não foi por falta de políticas industriais que a indústria brasileira não só cresceu no passado recente mas, ao contrário, encolheu até ocupar, hoje, o 11º lugar entre os países industriais. De fato nenhuma política de incentivos ou de desonerações compensa uma política macroeconômica hostil. Juros altos desestimulam os investimentos e aumentam custos enquanto o câmbio apreciado define o preço e portanto as margens de bens e serviços. Ou seja, um ambiente desfavorável aumenta custos e reduz margens o que certamente não faz do país um bom lugar para se produzir.

Fonte: Assessoria

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Ministério da Agricultura realiza simulado de febre aftosa no Acre

Treinamento visa reforçar a cooperação e a capacidade de resposta em uma zona com status de livre de febre aftosa sem vacinação.

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OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa) realizou, entre os dias 12 e 18 de setembro, no município de Cruzeiro do Sul, no Acre, o exercício simulado de febre aftosa com mais de 180 servidores da área de saúde animal, além de servidores de forças de segurança e integrantes do Servicio Nacional de Sanidad Agropecuaria e Inocuidad Alimentaria (SENASAG), da Bolívia, e do Servicio Nacional de Sanidad Agraria (SENASA), do Peru. O exercício foi realizado em conjunto com o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Acre (IDAF-AC).

Fotos: Divulgação/Mapa

Exercícios simulados permitem treinar e aferir a capacidade de ação e intervenção do serviço veterinário oficial num momento de crise e a realização desse treinamento é uma das ações previstas no Plano Estratégico do Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa (PE-PNEFA), visando a manutenção do status de área livre de febre aftosa sem vacinação e um corpo técnico preparado para atuar de forma imediata.

“O exercício simulado teve como objetivo preparar os servidores para a organização da cadeia de comando e o cumprimento dos protocolos que devem ser adotados em uma situação real de surgimento da doença, até a completa eliminação do foco e reestabelecimento da condição sanitária” explica o diretor do Departamento de Saúde Animal, Marcelo Mota.

Conforme previsto no Plano de Contingência para Febre Aftosa, durante o treinamento foi instalado um Centro de Operações de Emergência Zoossanitária para que os participantes praticassem a organização e os procedimentos técnicos de biossegurança, vigilância e investigação clínica e epidemiológica, colheita e envio de amostras para diagnóstico laboratorial, eliminação de focos, limpeza e desinfecção de instalações e controle e inspeção do trânsito de veículos na região, assim como o uso de softwares para coleta e processamento de dados e gestão da informação.

As barreiras sanitárias contaram com a presença de equipes do Grupo Especial de Fronteira, da Polícia Militar, do Exército Brasileiro e da Polícia Rodoviária Federal nas principais vias terrestres e fluviais para fiscalização de trânsito na região.

Também foram exercitadas a logística de envio de amostras para análise laboratorial no Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de Minas Gerais (LFDA/MG) e a atuação dos serviços de comunicação, assessoria de imprensa e assessoria jurídica frente a uma emergência zoossanitária.

Ainda, segundo o diretor, “o objetivo do treinamento foi a preparação para enfrentar uma eventual ocorrência de febre aftosa, mas as medidas servem para todas as doenças emergenciais, como a peste suína clássica, peste suína africana, influenza aviária, entre outras. Os protocolos sanitários são semelhantes, e o caráter de emergência é o mesmo. Os resultados foram muito bons, permitindo avaliar os procedimentos previstos e subsidiar uma nova versão do plano de contingência, incluindo as sugestões colhidas durante o simulado”.

O simulado também recebeu o apoio do Governo do Estado do Acre e do Fundo de Desenvolvimento da Pecuária do Acre (FUNDEPEC).

Fonte: Assessoria Mapa
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Impacto da estiagem na produção e nos preços dos alimentos

Alterações nas temperaturas e mudanças nos padrões de precipitação tendem a provocar alterações nos sistemas produtivos e colocar em risco o desenvolvimento de algumas culturas podendo, inclusive, no longo prazo, alterar seu zoneamento climático.

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Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

Os eventos climáticos extremos, como alterações nas temperaturas e mudanças nos padrões de precipitação, tendem a provocar alterações nos sistemas produtivos e colocar em risco o desenvolvimento de algumas culturas podendo, inclusive, no longo prazo, alterar seu zoneamento climático.

Cenários climáticos desfavoráveis podem, no mínimo, elevar os custos de produção, eis que mesmo as culturas que suportam melhor os diferentes tipos de estresse ambiental, podem perder qualidade ou ter a sua produtividade reduzida.

Assim, está claro que as mudanças climáticas podem impactar a disponibilidade da oferta dos alimentos e provocar aumento dos seus preços – os quais, por sua vez, dependem, também e ainda, de múltiplos fatores não apenas relacionados ao clima.

A produção de leite no Brasil tem sido afetada pelas mudanças climáticas de duas maneiras distintas: em algumas regiões, pela estiagem, noutras, pelo excesso de chuvas.

A estiagem prolongada no Brasil tem causado impactos na produção de leite, onde a escassez de água afeta diretamente a disponibilidade e qualidade da pastagem e o bem-estar dos rebanhos, ocasionando a queda na produção do produto.

Durante a estiagem, muitos produtores se veem obrigados a recorrer à suplementação, o que eleva os custos de produção. Em 2024, os preços um pouco mais controlados dos grãos em comparação a anos anteriores mitigam um pouco desse impacto ao produtor.

Entretanto, ainda assim, houve elevação dos custos de produção pela necessidade de suplementação do rebanho com o uso de tecnologias de manejo mais avançadas.

Para os pequenos e médios produtores, tal situação foi de mais difícil enfrentamento, ocasionando o abandono da atividade por parte de muitos produtores. Neste quadro, os agricultores familiares foram ainda os mais atingidos, por disporem de menos estrutura e recursos, culminando na concentração da produção em produtores de maior volume diário.

Além disso, com menos chuvas, a água disponível para o consumo animal e a irrigação das pastagens diminui, afetando a saúde e a produtividade dos rebanhos. Esse cenário intensifica o estresse térmico nos animais, reduzindo ainda mais a produção de leite. A falta de infraestrutura de irrigação adequada em muitas propriedades agrava a situação.

Foto: Gustavo Porpino

Já nas regiões afetadas pelo excesso de chuvas, os efeitos foram mais agudos, em algumas situações levando à perda total ou parcial do rebanho durante enchentes, a elevadas perdas de solo e de fertilidade ou ainda, no mínimo, à necessidade de recomposição das pastagens.

Preços

De modo geral, não há previsão de aumento nos preços de produtos como milho, arroz e trigo em decorrência da estiagem. Destaca-se, ainda, que os preços do trigo e do milho estão em baixa. Sobre leite, carne, arroz, feijão, frango e ovos, o impacto nos preços deve ser mais duradouro durante o período de estiagem, especialmente no Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste, onde as condições climáticas são mais severas.

Os preços podem começar a apresentar algum alívio somente após a retomada de chuvas regulares e de melhorias na umidade do solo, o que pode demorar alguns meses dependendo da estação e da região.

Em relação a esses produtos, estima-se que os consumidores percebam esse aumento de preços provavelmente nos próximos meses, ante a intensificação da estiagem e o consequente reflexo nos preços ao consumidor final.

Fonte: Assessoria Superintendência de Gestão da Oferta da Conab
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Oferta do leite não cresce conforme o esperado, e preços voltam a subir

O consumo, por sua vez, tem se mantido firme; e os estoques nos laticínios caíram gradativamente em agosto, até atingirem níveis abaixo do normal em setembro.

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Foto: Semagro

O preço do leite ao produtor voltou a subir devido à oferta, que não cresceu como era esperado. A pesquisa do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, mostra que, em agosto, a “Média Brasil” fechou a R$ 2,7607/litro, 1,4% acima da do mês anterior e 17,7% maior que a registrada em agosto/23, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de agosto). Apesar de o preço do leite pago ao produtor acumular avanço real de 32% desde o início de 2024, a média de janeiro a agosto deste ano (de R$ 2,53/litro) é 8,4% inferior à do mesmo período de 2023.

Até o início de agosto, os fundamentos de mercado apontavam reduções no preço do leite ao produtor neste terceiro trimestre. Por um lado, a produção de leite parecia estimulada pelo aumento da margem do produtor neste ano e, por outro, a demanda seguia condicionada aos preços baixos nas gôndolas. Fora isso, as importações, ainda em volumes elevados, pressionavam as cotações ao longo de toda a cadeia produtiva. Porém, a produção não cresceu como era esperado pelos agentes do setor.

Os dados mais recentes da Pesquisa Trimestral do Leite do IBGE, divulgados em meados de agosto, mostram que a captação de leite cru pelas indústrias de laticínios no âmbito nacional caiu 6,2% no segundo trimestre em relação ao primeiro. Comparando com o mesmo período do ano passado, o incremento foi de apenas 0,8%.

De julho para agosto, o Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea avançou 5% na “Média Brasil”, mas o crescimento em Minas Gerais foi de 2,8% e, em Goiás, de apenas 1,5%. Apesar do aumento da margem do produtor nos últimos meses e de certa estabilidade nos custos de produção, o estímulo à atividade foi menor do que o esperado pelos agentes do setor. E o clima extremo não ajudou a atividade.

O excesso de chuvas e enchentes no Rio Grande do Sul em maio fizeram com que a oferta crescesse pouco entre julho e agosto. A entressafra no Sudeste e no Centro-Oeste se intensificou com o calor a partir de agosto. E as queimadas em setembro fizeram esse cenário se agravar em termos nacionais. Além de comprometer o bem-estar animal, os incêndios têm prejudicado a produção de forragens para alimentação animal – o que eleva o custo de produção e limita a oferta.

Outro fator que reforçou a menor disponibilidade de lácteos entre agosto e setembro foi a diminuição das importações. Dados da Secex compilados pelo Cepea mostram que, em agosto, houve queda de 25,2% nas importações de lácteos, totalizando 187,8 milhões de litros em equivalente leite.

Como a oferta não se recuperou conforme o previsto, os estoques de lácteos nas indústrias não foram repostos como esperado. O consumo, por sua vez, tem se mantido firme; e os estoques nos laticínios caíram gradativamente em agosto, até atingirem níveis abaixo do normal em setembro. Esse contexto deve sustentar e intensificar o movimento de alta nas cotações entre setembro e outubro.

Fonte: Assessoria Cepea
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