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Bovinos / Grãos / Máquinas

Hipocalcemia subclínica é mais ocorrente do que produtor pensa, avalia estudioso

Doença provoca grandes perdas econômicas para o produtor; é preciso que ele fique atendo à forma clínica e principalmente à subclínica

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Um assunto que, mesmo muito debatido, continua na pauta de pesquisadores, técnicos e produtores é a hipocalcemia de vacas leiteiras, mais conhecida como febre do leite. E para explanar sobre as novidades do assunto, o médico veterinário, professor doutor Rodrigo de Almeida, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), falou sobre “Atualidades na hipocalcemia de vacas leiteiras: prevenções e implicações” durante o 13° Simpósio do Leite, que aconteceu nos dias 08 e 09 de junho, em Erechim (RS). O profissional explanou sobre como acontece a doença e como ela pode ser tratada pelo produtor sem causar grandes perdas.

O profissional começou explanando sobre o período de transição que as vacas leiteiras passam, que é quando o animal está nos dias finais da gestação. “A definição desse período de transição engloba as três últimas semanas de gestão e três semanas pós-parto imediato, ou seja, são seis semanas”, explica. Ele explana que durante esta fase, é normal que haja redução do consumo alimentar. Para isso, é recomendado a inclusão de ração ou sal aniônico na dieta do animal. Entre os acontecimentos da vaca durante este período estão as dietas alteradas, o consumo que não aumenta rapidamente e as alterações hormonais. O profissional explica que a depressão do consumo da vaca neste período pode ser de até 30%. “E por conta desta depressão de consumo, existe uma resposta da vaca. Ela começa a mobilizar as reservas corporais dela, as gorduras, buscando nutrientes para dar conta do final da gestação e da formação do colostro”, conta.

O que acontece durante este período de transição é que muitas mudanças são exigidas do animal, e muitos deles não dão conta de mudanças tão repentinas a tão curto prazo. “E isso deixa a vaca doente, provocando cetose, retenção, torção e hipocalcemia, que são algumas doenças metabólicas típicas do período de transição”, diz. Dando um exemplo prático, o professor explanou: uma vaca holandesa de 700 kg tem uma exigência de 11 megacalorias no período final da gestação, e para isso ela precisa de 3,3 megacalorias para finalizar o processo da gestação. Esta ainda é uma vaca seca e consequentemente tem uma exigência energética de 14,5 megacalorias. Dois dias depois do parto, a exigência energética da vaca dobra para 28,8 megacalorias. Ela não tem a exigência de prenhez, mas tem uma exigência de 18,7 megacalorias, que é a quantidade que uma vaca que produz 25 kg/leite no segundo ou terceiro dia, para ela dar conta de atender a lactação”.

A hipocalcemia, na transição, pode ocorrer nas formas clínica e subclínica. “Com uma baixa concentração de cálcio circulando no organismo do animal, há uma diminuição da atividade perina e consequentemente a evolução desta atividade fica mais lenta, deixando a vaca mais propensa a ter metrite e retenção de placenta”, explana. Almeida explica que com mais retenção e metrite, ocorre a diminuição da fertilidade do animal. “A vaca demora mais para reemprenhar”.

Comem Menos

O profissional ainda conta que com a doença as vacas tendem a comer menos. “Naturalmente elas já comem menos, mas comem menos ainda quando ficam doentes. E com menor consumo, acaba também diminuindo a produção”, explana. Almeida diz que, além disso, os animais ainda vão mobilizar suas reservas. “Seleciona muita reserva e tem cetose, diminuindo a produção de leite e a fertilidade”, orienta. O pesquisador ainda afirma que a hipocalcemia pode aumentar a ocorrência de doenças no animal.

A hipocalcemia é mais ocorrente pós-parto imediato. Segundo Almeida, normalmente a concentração de calcemia é mais baixa entre 12 e 24 horas pós-parto. “A vaca recém-parida tem uma concentração de cálcio mais baixa, já que ela mobiliza cálcio para terminar os ossos do feto. Além disso, o colostro também tem cálcio e já começa produzindo em altos níveis”, explica. O pesquisador ainda acrescenta que o problema com o cálcio é que as reservas são grandes, porém 99% delas estão concentradas nos ossos e dentes do animal”, explica.

Mobilização de Cálcio

O profissional expõe que no final da gestação, nas primeiras horas pós-parto, há uma queda natural da hipocalcemia das vacas. Há uma grande demanda não atendida, com a diminuição da concentração de cálcio. “Como resposta, as vacas liberam o hormônio TCH. A grande lição é fazer a mobilização do cálcio da matriz óssea. É ter a liberação de vitamina D e D3, que contribui para o aumento do cálcio intestinal”, conta.

“Quando estão com alcalose metabólica e não recebem uma dieta aniônica de cálcio, a vaca não consegue absorver tudo que precisa e a doença ocorre, seja na forma clínica ou subclínica”, diz. O zootecnista ainda acrescenta que para cada litro de leite é necessário 1,22 gramas de cálcio; já para cada litro de colostro são necessárias 2,30 gramas. “A concentração de cálcio circulante disponível é de três gramas e o único litro de colostro consumido tem 2,3 gramas de cálcio. Com dois ou três litros de colostro que o bezerro toma, já são utilizadas as reservas de cálcio aniônico circulante que a vaca tem”, informa.

Ele ainda acrescenta que se o animal não tiver um sistema partonômio funcionando em “pleno vapor para dar conta do recado” e colocar para funcionar todo o sistema de cálcio da matriz óssea, o animal, com certeza, ficará doente. “Embora muito cálcio que existe no organismo não é utilizado. O importante é o cálcio circulante”.

Hipocalcemia Clínica e Subclínica

Almeida ainda explica as diferenças entre a hipocalcemia clínica e subclínica. Segundo ele, a maioria dos casos de hipocalcemia que acontece é a subclínica, “por isso muitos produtores acreditam que o animal não está doente”, diz. Ele comenta que quando a concentração de cálcio estiver entre oito ou cinco miligramas é a subclínica. Já quando a concentração é menor de cinco miligramas há a hipocalcemia clínica, conhecida como febre do leite. O professor conta que as vacas que têm retenção de plancenta convivem com concentração de cálcio menores em quase todas as 12 horas de coleta. “A nossa sugestão é aumentar o nível linear de cálcio, ou seja, de oito miligramas deixar o valor mais alto, para 8,6 miligramas”, recomenda.

O profissional ainda alerta que a prevalência de hipocalcemia subclínica é baixa nas propriedades. “A grande maioria das pessoas não tem capacidade para diagnosticar a hipocalcemia porque a concentração é muito baixa. O estado clássico de sintomas de um animal com a doença realmente não é grande. É o grande problema que temos. Vários estudos mostram que até 50% de ocorrência é da hipocalcemia subclínica”, afirma.

Alguns dos fatores de risco para o animal ficar doente é idade – quanto mais velha a vaca, os receptores de vitamina D3 diminuem – e animais mais gordos. Outro fator destacado pelo profissional foi o custo que uma vaca doente reserva ao produtor. A hipocalcemia clínica tem um custo médio de US$ 300 por animal, já a subclínica tem um custo médio de US$ 125 por animal. “Em um primeiro momento a clínica parece muito mais custosa, porém, a taxa de prevalência é baixa, o impacto econômico é de ¼ da subclínica. Já a proporção de animais com a hipocalcemia subclínica é muito maior. No fim das contas, o impacto econômico de um rebanho é maior pela subclínica do que pela clínica”, afirma.

Dieta

Para evitar com que a doença ocorra no rebanho é importante que o produtor tenha em mente a importância de uma dieta aniônica. Para o profissional, especialista também em nutrição animal, pode-se usar basicamente o conceito DCAD (diferencia catiônica adiônica na dieta). Almeida explica que quando a quantia de cations supera a de ânions, há um DCAD positivo. “Consequentemente o resultado positivo provoca uma ligeira alcalose metabólica nos animais, o que é desejável no pós-parto”, conta.

O professor comenta que o DCAD é negativo nas semanas que antecedem o parto, e com isso, é preciso que o produtor evite leguminosas e material forrageiro de alta concentração de potássio. “É preciso investir na prevenção. Utilizar na dieta silagem de milho e algum volumoso não tão bom, como o feno ou algum um pouco mais grosseiro”, comenta. “Em muitas fazendas o produtor coloca o pasto mais exuberante, o mais adubo que tem, na melhor das intenções. Porém, para essas vacas isso não é bom. Para a vaca pré-parto a ideia é oferecer silagem de milho, feno ou palha, preferencialmente não de áreas que foram muito adubadas”, recomenda.

Outro ponto destacado na dieta foi que no pós-parto tudo muda completamente. Para ele, o sal aniônico deve ser cortado da alimentação no dia do parto. “Uma estratégia simples utilizada por muitos produtores é cortar o cálcio do trigo no pré-parto”, diz. Porém, o professor oferece outra estratégia de dieta para auxiliar ao produtor. “É preciso que o produtor monitore as forragens ofertadas, evitando uma forragem com alto teor de potássio, com uma infusão de sal aniônico, buscando um DCAD entre 0 e 10 divalentes”, recomenda. Ele ainda acrescenta que é preciso continuar monitorando o animal para ver se esta estratégia de dieta está dando resultados.

Para ter certeza sobre a estratégia, o especialista recomenda que seja feito o monitoramento do pH urinário. “O ideal é fazer duas vezes por semana e ver se está entre 5,5 e sete. Mas esta coleta deve ser feita somente após 48 horas da ingestão do sal aniônico”, aconselha. Se o animal alcançar essa média, opina Almeida, é sinal de que o animal está produzindo acidose moderada, além de que quando a vaca vai parir o paratormônio estará ativo e, consequentemente, o risco do animal ter hipocalcemia é menor.

O professor lembrou que a hipocalcemia é uma porta de entrada para outras doenças, por isso é importante o contínuo monitoramento do potássio no pré-parto. Além disso, é bom fornecer sais e rações aniônicas neste mesmo período para diminuir a ocorrência de qualquer uma das duas hipocalcemias. O ponto principal é o produtor ficar atento ao bom funcionamento do paratormônio no pós-parto.

 

Mais informações você encontra na edição de Bovinos, Grãos e Máquinas de agosto/setembro de 2016 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Produtores de leite enfrentam dilema entre colher pastagem ou antecipar o milho

Com a previsão de seca severa e o atraso nas pastagens de inverno, produtores avaliam cenários para garantir segurança de alimentação ao gado

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Foto: Marcos Tang

Produtores de leite estão enfrentando um dilema na hora de decidir sobre a gestão de suas pastagens e o plantio de milho. Com as pastagens de inverno atrasadas por conta das chuvas, muitas delas estão sendo dessecadas em setembro para dar lugar ao milho, uma prática comum entre os produtores. No entanto, a incerteza climática para os próximos meses, com previsão de seca severa, faz com que alguns produtores hesitem em eliminar as pastagens para otimizar o plantio de milho.

Conforme o presidente da Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando), Marcos Tang, a decisão envolve múltiplos fatores. Produtores que conseguiram boas pastagens de azevém, após um ano de desafios climáticos, estão inclinados a aproveitar mais um ou dois cortes, seja para pastoreio, feno ou pré-secado. “A semente já foi jogada, o custo está aí. O produtor quer otimizar o máximo que puder”, explica Tang.

Contudo, o medo de uma estiagem prolongada traz dúvidas sobre se plantar o milho mais cedo poderia garantir uma colheita melhor. “Há quem já tenha plantado, e o milho já está nascendo. A pergunta é: vale mais a pena plantar logo ou esperar para colher mais uma vez as pastagens que finalmente estão boas?”, pontua o presidente. Tang sugere uma abordagem intermediária como uma possível solução. Ele propõe que os produtores plantem milho em partes da propriedade mais cedo, mantendo as pastagens em outras áreas para garantir a diversificação das colheitas e minimizar os riscos de perdas pela seca.

Além disso, a situação de cada propriedade deve ser analisada individualmente, considerando fatores como o estoque de silagem e feno, a qualidade da pastagem atual e o impacto econômico de adiar o plantio de milho. “As decisões vão variar de acordo com a realidade de cada propriedade. É importante que o produtor considere seus estoques, a qualidade da pastagem e as previsões climáticas para garantir a melhor estratégia”, conclui Tang.

Fonte: Assessoria Gadolando
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Pelagem tem influência direta na adaptação de bovinos às mudanças climáticas

O estudo aborda as respostas termorregulatórias e a estrutura dos pelos de touros das raças Nelore e Canchim.

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Foto: Gisele Rosso

Cientistas brasileiros e estrangeiros pesquisaram a influência das características da pelagem de bovinos no bem-estar animal e na adaptação a temperaturas extremas, por meio de avaliações da termorregulação corporal em diferentes condições ambientais. Os resultados estão publicados no artigo Adaptive integumentary features of beef cattle raised on afforested or non-shaded tropical pastures, da revista Nature Scientific Reports.

O estudo aborda as respostas termorregulatórias e a estrutura dos pelos de touros das raças Nelore e Canchim criados em sistemas sombreados de integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) e em sistemas com menor disponibilidade de sombreamento natural (NS).

O papel da ciência, diante das mudanças climáticas, é identificar e propor possíveis soluções e formas de reduzir os problemas causados pelo desequilíbrio no clima. O mundo vem sofrendo com eventos climáticos extremos nos últimos anos de maneira mais frequente (ondas de calor, períodos mais longos de secas ou chuvas mais intensas, entre outros), causando danos sem precedentes aos humanos e aos animais. No Brasil, a ocorrência da última enchente no estado do Rio Grande do Sul é um exemplo dos efeitos alarmantes das mudanças climáticas.

De acordo com o coordenador do trabalho, o pesquisador Alexandre Rossetto Garcia, da Embrapa Pecuária Sudeste (SP), as características do pelo influenciam a capacidade do animal em ganhar ou perder calor para o meio. Esses aspectos são relevantes do ponto de vista de adaptação aos desafios climáticos. Segundo Garcia, os bovinos mantidos em ambientes que promovem conforto térmico expressam melhor seu potencial genético, aprimorando assim o seu desempenho produtivo. Os dados indicam que a temperatura média do ar e a radiação incidente no ILPF foram menores, principalmente no verão, demonstrando o efeito favorável do componente arbóreo nas estações quentes.

A copa das árvores atua como uma barreira física, reduzindo a carga de calor e proporcionando um ambiente mais ameno para os animais. Já a estrutura dos pelos, incluindo o número de fios por unidade de área, influencia a quantidade de calor transmitida pela pelagem para o ambiente externo, bem como a radiação absorvida pelo animal. Os pelos servem de escudo para o animal contra choques mecânicos, além de ser uma proteção importante da pele. A pele e os pelos funcionam como uma barreira física para retenção de calor em casos de frio intenso, mas também auxiliam na perda de calor quando está muito quente.

“Por isso, temos interesse em estudar a pele e seus anexos e, assim, entender como as raças criadas em regiões tropicais usam essas características morfológicas para se adaptar ao ambiente em que vivem. Em um país tropical, como o Brasil, com elevadas temperaturas, umidade relativa do ar alta em boa parte do ano, e significativa intensidade de radiação solar, os animais são postos à prova constantemente, principalmente quando criados a pasto”, observa Garcia.

Características de adaptação definem critérios de seleção genética

Esse cenário exige a adoção de estratégias para melhorar a eficiência dos sistemas de produção por meio de intervenções positivas nos seus componentes bióticos e abióticos. “Entender como os bovinos se adaptaram ao longo do tempo e identificar aqueles que têm características desejáveis e que possam ser transmitidas geneticamente é fundamental para trabalhar critérios de seleção, visando à construção de gerações futuras de animais mais resilientes”, complementa.

O cientista explica que o estresse térmico é um dos principais fatores envolvidos na redução do desempenho e produtividade animal. Sob condições de desconforto pelo calor, os bovinos tentam dissipá-lo, ativando mecanismos tegumentares (da pele e estruturas anexas a ela), cardiorrespiratórios e endócrinos, essenciais para a adaptabilidade. Dessa maneira, algumas características morfológicas são cruciais para a adaptação térmica, afetando diretamente os mecanismos de troca de calor entre o animal e o ambiente.

O primeiro aspecto importante é a coloração do pelo. Quanto mais escura, menor é a capacidade de reflexão da luz solar, ou seja, mais radiação é absorvida. A maior parte do rebanho brasileiro é criado a pasto, sujeito a todas as variações e intempéries climáticas. Mas não basta ter o pelo claro, a densidade também é relevante. Quanto maior a cobertura de pelos, mais protegida a pele.

Também há que se observar o comprimento e a espessura dos fios. Pelos mais longos podem dificultar a perda de calor, o que é prejudicial no calor, mas positivo no inverno. Os fios ainda têm uma inclinação e esse ângulo tem influência na altura do pelame, que varia no inverno e no verão. Os pelos mais grossos asseguram maior proteção contra a radiação solar direta, protegendo a pele.

Para chegar ao resultado, o experimento avaliou cerca de 40 mil amostras de pelos de 64 touros adultos, durante 12 meses, aproximadamente, com medições repetidas no inverno e no verão. Foram acompanhados 32 animais da raça Nelore (Bos indicus) e 32 touros Canchim (composição: 5/8 Bos taurus × 3/8 Bos indicus), distribuídos igualmente entre dois sistemas de pastejo rotativo intensivo.

As raças e as diferentes influências no conforto térmico

Canchim

A pelagem do Canchim, que é uma raça formada a partir de animais zebuínos e animais taurinos da raça Charolês, tende a ser menos densa do que a do Nelore, resultando em uma menor quantidade de pelos por unidade de área. Os fios do Canchim são geralmente mais finos em comparação aos do Nelore. Essa menor espessura permite uma adequada troca de calor com o ambiente, sendo benéfica em climas mais temperados. Sua cor creme em várias tonalidades, até o amarelo claro, ajuda a refletir a radiação solar, reduzindo a absorção de calor.

O comprimento dos pelos da raça Canchim é intermediário, proporcionando uma cobertura suficiente para proteção contra insetos e fatores ambientais .

Devido à menor densidade e menor espessura dos fios, a pelagem facilita a dissipação de calor, o que é vantajoso em ambientes onde a temperatura pode variar significativamente. Isso contribui para a capacidade dos animais de se adaptarem a diferentes condições climáticas.

Nelore

A raça Nelore (exemplar na foto abaixo) é conhecida por sua excelente adaptação a climas tropicais. A pelagem é densa, com grande número de pelos por unidade de área. Essa densidade oferece uma barreira física significativa contra a radiação solar.

Foto: Juliana Sussai

Os fios são grossos, o que proporciona maior proteção contra a radiação direta e reduz a penetração de calor na pele.

A coloração geralmente varia do branco ao cinza claro. A cor clara ajuda a refletir a radiação solar, minimizando a absorção de calor e ajudando a manter a temperatura corporal.

O pelo curto facilita a dissipação de calor e evita o acúmulo de umidade e sujeira, contribuindo para a manutenção da saúde da pele.

As características na pelagem das duas raças são importantes para a termorregulação e desempenho. O Canchim, que possui alta capacidade de dissipação de calor, pode se adaptar melhor a variações climáticas. Enquanto isso, o Nelore, com uma pelagem que oferece proteção contra a radiação solar, é mais eficiente em manter a temperatura corporal estável em ambientes quentes.

Impacto e vinculação ao ODS 13

Foto: Alexandre Rossetto Garcia

Os resultados dessa pesquisa destacam a importância de considerar o conforto térmico e as características físicas da pelagem dos bovinos para otimizar o desempenho produtivo em diferentes sistemas de criação.

O estudo reforça a necessidade de integrar práticas agropecuárias sustentáveis para garantir a saúde e o bem-estar dos animais. A adoção de sistemas integrados, como a ILPF, pode ser uma estratégia eficaz para melhorar o conforto e a produtividade dos bovinos, beneficiando tanto os produtores, com ganho em produtividade, quanto o meio ambiente.

Os esforços dos pesquisadores para a mitigação e adaptação, envolvendo tecnologias, intervenções e melhores práticas de manejo que equilibrem prioridades ambientais, sociais    e econômicas estão vinculados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS),  principalmente a meta 13, de ação contra a mudança global do clima. O trabalho determina novos caminhos para responder aos impactos da crise climática a que o planeta está submetido.

Além de Alexandre Rossetto Garcia, participaram do trabalho os cientistas da Embrapa Manuel Jacintho, Waldomiro Barioni Junior e Gabriela Novais Azevedo (bolsista na época da pesquisa); da Universidade Federal do Pará (UFPA), Andréa Barreto; da Universidade Federal Fluminense (UFF), Felipe Brandão; e da Universidade de São Paulo (USP), Narian Romanello. As instituições de ensino estrangeiras foram representadas por Alfredo Manuel Pereira (Universidade de Évora, Portugal) e Leonardo Nanni Costa (Universidade de Bolonha, Itália).

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Atraso no plantio da soja pode impactar outras culturas

Falta de chuvas que atinge grande parte do Brasil está afetando os rios desde a Amazônia até a Região Sul, com isso, apesar do encerramento do vazio sanitário da soja, não devemos observar grande avanço do plantio em setembro.

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Foto: Gilson Abreu

Na atualização de setembro, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) manteve a produtividade das lavouras americanas em 3,6 t/ha (59,7 sc/ha). A falta de chuvas que atinge grande parte do Brasil está afetando os rios desde a Amazônia até a Região Sul. Apesar do encerramento do vazio sanitário da soja, não devemos observar grande avanço do plantio em setembro. O atraso da soja pode gerar consequências para outras culturas, como algodão e milho safrinha.

Balanço global de soja, em milhões de toneladas. Fonte: USDA

A produção dos EUA foi reduzida em 100 mil toneladas, enquanto os estoques americanos projetados para 2024/25 caíram 200 mil toneladas, para 15 milhões de toneladas. Ainda assim, o incremento sobre a safra passada é de 61,7%. O estoque final global sofreu leve reajuste para cima, +300 mil t ante agosto, enquanto as projeções de produção para Brasil e Argentina foram mantidas sem 169 e 51 milhões de toneladas, respectivamente.

Os rios Paraná e Paraguai estão próximos dos níveis mínimos do ano, o que tem atrapalhado a navegação e o transporte de grãos. O impacto nesse momento é limitado, por conta da sazonalidade dos embarques, mas as barcaças estão navegando com menor capacidade e maior tempo.

A perspectiva de atraso na consolidação do regime de chuvas no Brasil não deve permitir um plantio acelerado para a safra 2024/25. Os modelos apresentam alguma divergência em relação a entrada das frentes frias, porém o consenso é de que isso aconteça de forma irregular. Apesar da possibilidade de atraso, o cenário para a safra brasileira segue positivo, uma vez que a expectativa é de que, quando estabelecidas, as chuvas aconteçam dentro da normalidade.

A depender do atraso, podemos ver alguma migração da soja para algodão 1ª safra, diante da janela bem apertada de plantio da safrinha da fibra no Mato Grosso (MT). Além disso, o atraso da soja acaba retardando o plantio do milho segunda safra, aumentando os riscos climáticos para o desenvolvimento do cereal. Podemos ver também uma logística mais ociosa em janeiro, com a entrada mais tardia da soja.

Projeção da anomalia da precipitação para setembro. Fonte: NOAA (CFSv2)

Fonte: Consultoria Agro do Itaú BBA
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IFC

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