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Condomínio rural no Oeste paranaense transforma dejetos em energia e lucro

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Antes, dona Elizabet Vargas e o marido Gedson juntavam parte do esterco das 12 cabeças de gado com pás. O que conseguiam salvar da chuva e da lama, ensacavam e levavam nas costas até o pasto, para adubar o solo e garantir alimento aos animais. O restante ia parar no meio ambiente, poluindo o subsolo e a principal artéria hídrica da comunidade de Sanga Ajuricaba, no interior de Marechal Cândido Rondon. Hoje, após entrar para um seleto condomínio de produtores, todo dejeto da propriedade é transformado em biogás e biofertilizante. Com o primeiro, ela garante água quente na chácara de 6,9 alqueires, gás para o fogão e até uma renda extra, já que o que a família não usa vai parar em uma Microcentral Termelétrica de Biogás, que produz energia elétrica e a despeja na rede da Companhia Paranaense de Energia (Copel). A conta de luz ficou mais barata. Com o segundo, fertiliza o solo, ampliando a qualidade do pasto e a produtividade no sítio. Mais retorno financeiro na atividade.

Entre o antes e o hoje na vida de dona Elizabet está a criação do Condomínio de Biogás Sanga Ajuricaba, em 2009, em um projeto-piloto que já foi visto e almejado por lideranças ambientais dos setores energético, ambiental e agropecuário de dezenas de países. O empreendimento rondonense se tornou referência e exemplo pela eficiência por conta de uma ação aparentemente simples, mas que de uma só vez eliminou problemas ambientais, melhorou a sanidade e garantiu mais conforto nas propriedades, reduziu custos de produção e ampliou a produtividade. Agora, dona Elizabet experimenta mais uma conquista. O biogás excedente passou a ser transformado em energia na Microcentral Termelétrica a Biogás do condomínio, interligada no mês de agosto à rede de distribuição de energia elétrica da Copel. Tudo o que entra na rede é abatido na conta de energia dos produtores. O que antes era dejeto poluidor, hoje é fonte de renda e tranquilidade no campo.

No primeiro mês de produção foram cerca de dois mil quilowatts (kW), o que pode representar pouco mais de R$ 500 no bolso dos trabalhadores. Parece pouco, mas é o suficiente para o primeiro mês, garante dona Elizabet. “Estamos esperando os primeiros pilas”, brinca a produtora, que elenca as dificuldades de antes e os benefícios conquistados depois que entrou para o projeto: “Muito esterco ia parar no rio, a propriedade tinha mau cheiro, com muita mosca, e era difícil levar o esterco que sobrava até o pasto. Era tudo nas costas, feito manualmente, e levava muito tempo. Hoje produzo o biogás sem sujeira, levo o esterco (biofertilizante) na pastagem com o trator e o sítio ficou mais organizado”, conta.

O projeto que iniciou em 2009 em uma iniciativa da Superintendência de Energias Renováveis, da Itaipu Binacional, ofereceu todo o suporte para que as 33 famílias integradas deixassem de produzir poluentes e passassem a produzir energia. “Os produtores receberam recursos para adequar as propriedades, construir piso e barracões para instalar adequadamente o gado, relocar instalações, construir as salas de máquinas e instalar os biodigestores”, diz o técnico em Agropecuária da Itaipu, Carlos Eduardo Levandowski. Em 2010 começou a produção de energia renovável, mas até o mês de agosto parte era perdida porque a Microcentral Termelétrica a Biogás não estava integrada à rede da Copel.

Como funciona

Todas as 33 propriedades rurais estão interligadas à Microcentral Termelétrica por meio de um gasoduto de 25,7 quilômetros. Os dejetos são canalizados para uma caixa de homogeneização na própria propriedade, que deixa a mistura adequada para ser inserida nos biodigestores, uma espécie de botijão de gás gigante que armazena o material orgânico. “No biodigestor, um processo físico-químico produz o biogás, que, por pressão, é levado pelo gasoduto até a sede do condomínio e então transformado em energia elétrica em um gerador”, conta o técnico em Eletromecânica da Binacional, Bruno Henrique Crispin Carbunck. “A energia passa por um transformador e então é jogada na rede”, amplia. “É simples e muito eficiente”, garante.

Antes de ser queimado para virar eletricidade, entretanto, o biogás passa por um filtro, que retira dele as impurezas e gases tóxicos, ampliando a capacidade de queima e geração de energia. “O biogás chega com 60% a 70% de pureza. Aqui na Microcentral Termelétrica, retiramos o gás carbônico, que é umidade e que atrapalha a combustão, e o ácido sulfídrico, altamente corrosivo, que poderia diminuir a vida útil da usina. Depois dessa filtragem, que isola também oxigênio e hidrogênio, temos um biogás com 90% a 100% de pureza (biometano), ideal para a queima”, explica Carbunck.
Depois de 20 ou 30 dias, de acordo com a produção, o esterco é despejado já sem poluentes em uma lagoa de tratamento. De lá, é sugado por distribuidores de esterco e levado para o campo, onde serve de adubo para a terra.
Cada uma das 33 propriedades tem um medidor instalado na casa de máquinas. O aparelho aufere quanto a propriedade está produzindo de biogás e, portanto, quanto cada produtor vai receber no abate da conta de energia.
 
Produção, meio ambiente e qualidade de vida

Com o empurrão do projeto, dona Elizabet financiou implementos agrícolas, como trator e distribuidor de esterco, e investiu em infraestrutura, com mais um barracão, sala de ordenha canalizada e sala de alimentação para o gado, garantindo mais praticidade no trabalho diário. “A vida no campo ficou mais fácil”, lembra. Além de mais estrutura, ela e seus parceiros cooperados têm fogão a biogás e sistema de aquecimento de água também movido ao que produzem.

Além disso, a produção de leite também começou a mostrar melhores resultados. “Com o biofertilizante dá pra ver a diferença. A pastagem era feia, e hoje tem pasto à vontade. Aumentamos nossa produtividade e paramos de jogar esterco no rio”. Antes do projeto, a média de produção do sítio de dona Elizabet e do esposo era de 7,5 litros de leite por cabeça/dia. Hoje, a média saltou para 16,6 litros, o que representa um aumento de aproximadamente 120%. “Produzia 180 litros de leite a cada dois dias, com 12 vacas. Hoje, produzo 500 litros por dia, com 30 vacas”, comenta.

O engenheiro agrônomo da Prefeitura de Marechal Rondon, Urbano Mertz, que acompanha o condomínio desde sua concepção, corrobora a observação da produtora. “Além de eliminar um sério problema ambiental, que era o esterco poluindo o subsolo e as águas, especialmente a Sanga Ajuricaba, o biodigestor garantiu mais produtividade nas propriedades, de acordo com estudos que fizemos antes e depois. O biofertilizante, por exemplo, é importantíssimo, pois tem o poder de nutrir com mais eficácia e melhorar a qualidade do solo, refletindo em mais qualidade do pasto e em mais produção de leite”, pontua Mertz, que amplia: “Também melhorou a sanidade das propriedades”.
 
Quem dá mais

Além da Copel, o sucesso do Condomínio Sanga Ajuricaba despertou interesse em outros clientes, como a indústria de aves da Cooperativa Copagril, instalada ao lado do condomínio. O biogás produzido pela Microcentral Termelétrica pode ser negociado antes mesmo de virar energia e garantir ainda mais renda aos produtores. “Estamos estudando a possibilidade de vender o biogás para a Copagril, que deve pagar um preço melhor para os produtores. Esse biogás seria usado na caldeira da indústria, reduzindo a necessidade de queimar lenha. Esperamos que isso possa acontecer ainda neste ano”, conta Mertz. Neste caso, a Microcentral não mais produziria a energia elétrica, deixando de alimentar a rede da Copel, mas somente o biogás.
 
Futuro

O condomínio, que já recebeu delegações interessadas de diversos países, tem diversos parceiros. Os principais são a Itaipu, a Prefeitura de Rondon e o Instituto Emater. De acordo com Mertz, os investimentos que chegaram à casa dos R$ 3 milhões animam os produtores. “Tem gente que já pensa em ampliar os biodigestores para produzir mais. Aos poucos, vamos aumentar a capacidade do condomínio em produzir energia renovável”, diz o engenheiro agrônomo.
 
 

Fonte: O Presente Rural

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Cotações do milho iniciam setembro em alta

Reação dos preços é impulsionada pela demanda externa e recompra de fundos, enquanto a colheita avança nos EUA e a oferta interna no Brasil segue restrita.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Após registrar três meses seguidos de queda, as cotações do milho iniciaram o mês de setembro em alta na bolsa de Chicago. No Brasil, os preços seguem em trajetória de alta em setembro, após terem subido 4% em agosto na praça de Campinas (SP).

A colheita do milho iniciou nos EUA, com bom ritmo registrado na primeira semana. A demanda externa pelo milho brasileiro se aqueceu no último mês, porém segue abaixo do ritmo registrado no ano passado.

Balanço global de milho, em milhões de toneladas. Fonte: USDA.

A safra americana seguiu se desenvolvendo bem, mas nesse início de setembro, um movimento de recompra dos fundos (que ainda seguem bem vendidos) e uma boa demanda pelo grão dos EUA ajudou a valorizar o cereal. Apesar disso, a expectativa de grande safra americana deve moderar o movimento de alta da CBOT.

A valorização externa somada à depreciação do real resulta em elevação da paridade de exportação, que acaba levando de carona os preços internos. Além disso, os produtores seguem comercializando o milho em ritmo mais lento e limitando a oferta disponível, acompanhando o desenvolvimento do clima nas regiões produtoras de milho 1ª safra. Nos primeiros dez dias de setembro, o cereal em Campinas (SP) apresentou valorização de 4%, para R$ 62/saca.

Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), os americanos já colheram 5% dos campos com o cereal, contra 4% do ano passado e 3% da média das últimas cinco safras. O estado mais adiantado é o Texas, onde o plantio começa mais cedo e 75% da colheita já foi concluída. Em Illinois, 2% dos campos foram colhidos enquanto em Indiana, 1%.

De acordo coma Secretaria de Comércio Exterior (Secex), os embarques em agosto somaram 6 MM t, quase o dobro das 3,6 MM t exportadas em julho. Contudo, na soma do ano comercial fev-ago, a exportação de milho está 31% abaixo de 2023. A menor oferta interna, ausência da China no mercado internacional e maior competitividade do milho americano ajudam a explicar o movimento.

 

Balanço interno de milho, em milhões de toneladas. Fonte: USDA, Secex, Itaú BBA.

Fonte: Consultoria Agro do Itaú BBA
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Notícias Com R$ 44,6 milhões do Fundo Clima

BNDES financia produção sustentável da Cooperativa Agrária no Paraná

Cooperativa vai substituir caldeira a lenha por uma mais moderna e sustentável, a cavaco e resíduo agroindustrial, e expandir a estocagem de resíduos de cereais.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou financiamento de R$ 44,6 milhões, por meio do Fundo Clima, à Cooperativa Agrária Agroindustrial para substituição da caldeira da indústria de óleo em Guarapuava (PR) a lenha por uma mais moderna e sustentável, a cavaco e resíduo agroindustrial, e para a expansão da estocagem de resíduos de cereais.

A unidade fornece matéria-prima para refinarias de óleo de soja, indústrias de margarinas, biodiesel, entre outros produtos que abastecem empresas do mercado interno e de exportação. A fábrica também produz farelo de soja para as indústrias de nutrição animal, tanto no Brasil quanto no exterior.

Com 30 anos de uso, a atual caldeira da fábrica não foi projetada para consumir resíduos de cereais. A substituição por uma mais moderna reduzirá o custo de frete, além de reduzir o preço da tonelada de vapor com o consumo de recurso disponível na própria unidade. O objetivo é queimar todo resíduo cereal produzido em Guarapuava, o que corresponde a cerca de 5 mil toneladas por ano.

Também serão instalados silos para armazenamento de 500 toneladas de resíduos finos de cereais, além da implantação de sistema de recepção, moagem e armazenagem.

“Com a modernização para maior eficiência energética e redução de custos operacionais, a cooperativa deixará de emitir 582 toneladas de CO2 por ano. Esse é o objetivo do Fundo Clima no governo do presidente Lula: um importante instrumento de investimento em projetos de sustentáveis e que visem a descarbonização no país”, explica o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.

“O projeto atende às diretrizes da nova política industrial, que visa o desenvolvimento da bioeconomia, a descarbonização e a transição energética”, explica o diretor de Desenvolvimento Produtivo, Inovação e Comércio Exterior do BNDES, José Luís Gordon.

Fundo Clima ‒ O financiamento na modalidade Transições Energéticas se alinha aos objetivos de apoiar a aquisição de máquinas e tecnologia para reduzir emissões de gases do efeito estufa. Em abril deste ano, o BNDES e Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima anunciaram a transferência de R$ 10,4 bilhões ao Fundo, que agora é o principal instrumento do Governo Federal no combate às mudanças climáticas. Até 2023, o orçamento era de R$ 2,9 bilhões.

Cooperativa Agrária Agroindustrial ‒ Hoje, a cooperativa tem 728 cooperados e cerca de 1.900 colaboradores, que atuam no recebimento, industrialização e comercialização de produtos agropecuários. As principais culturas do grupo são a soja, o milho, o trigo e a cevada, com matriz energética predominantemente formada por fontes renováveis. Em 2023, a produção total de grãos pelos cooperados foi de 932 mil toneladas.

Fonte: Assessoria BNDES
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Competitividade da carne suína sobe frente ao boi, mas cai em relação ao frango

Preços médios destas carnes vêm registrando altas no mercado atacadista da Grande São Paulo neste mês de setembro.

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Foto: Shutterstock

Os preços médios das carnes suína, de frango e de boi vêm registrando altas no mercado atacadista da Grande São Paulo neste mês de setembro.

Pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) indicam que os avanços nos valores da carne suína, no entanto, se destacam em relação aos do frango, mas ficam abaixo dos observados para a bovina.

Diante desse contexto, de agosto para setembro, a competividade da carne suína tem crescido frente à bovina, mas diminuído em relação à avícola.

Fonte: Assessoria Cepea
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