Notícias
Como a variação do dólar impacta o produtor brasileiro?
A projeção para a moeda americana ao final de 2023 é R$5, R$5,05 para 2024 e R$5,10 em 2025.
Em uma economia globalizada, o dólar é a principal moeda de troca para as transações financeiras entre países. A balança comercial é um dos indicadores dessas operações, contabilizando diretamente a quantidade de exportação e importação feita por um país, utilizando a moeda americana.
Com isso, a variação de preço da divisa dos EUA impacta diretamente em diversos setores da economia brasileira. De acordo com o Boletim Focus, relatório que traz as expectativas dos agentes de mercado, o dólar deverá encerrar 2023 cotado a R$5, para 2024, a perspectiva é de R$5,05 e, em 2025, a R$5,10.
Para o setor agro, a variação do dólar impacta diretamente em dois pontos: das despesas – em que os insumos habitualmente são precificados na moeda americana, como os fertilizantes que o Brasil importa – neste caso, uma cotação elevada do dólar desfavorece o produtor no quesito custo/despesas, aumentando seu custo de produção.
E no ponto da receita, as commodities, como soja e milho, também são valorados em dólar, e a partir de uma valorização da moeda americana, o valor da receita do produtor poderá aumentar. “Por tratar-se de uma commodity, um produto básico global, por ter sua bolsa de referência em Chicago e pelo Brasil ser um grande exportador, a moeda americana é a moeda majoritária do agronegócio, existem algumas tentativas de negociação em outras moedas, como é o caso do Yuan, mas nada muito habitual”, comenta Enrico Manzi, country manager da Biond Agro.
Como funciona a precificação das exportações?
Existem dinâmicas particulares para precificação das commodities que são influenciadas pelo peso do mercado interno (oferta e demanda) e como isso se equilibra com o mercado global.
Toda negociação conta com o preço da cultura na bolsa de Chicago como referência inicial. Essa referência é ajustada pela disponibilidade geográfica dos grãos considerando a sazonalidade da oferta e o comportamento da demanda. Esse ‘ajuste’ é geralmente denominado “prêmio” a hora de negociar. Por último, o câmbio é considerado como a variável que permite traduzir tanto o prêmio quanto o valor de Chicago para uma referência de preço em reais.
É por isso que o impacto do dólar na comercialização dos grãos é alto, considerando o mesmo nível de preço em dólares, um câmbio alto favorece muito a competitividade em termos de preço, porém um câmbio menor, naturalmente tem o impacto inverso no preço final em reais.
Existem casos os quais, dependendo da modalidade de venda escolhida, é necessário adicionar a variável logística dentro da conta de precificação. Ela representa o custo de escoamento da mercadoria desde o local de retirada até o local de destino da mesma.
Para exemplificar, os dados do comércio exterior brasileiro de soja e milho demonstram a operação. Os maiores compradores de ambas as commodities e seus derivados são:
1) China – com 45% de todo o volume de exportação do Brasil, exportando em 2022 – 55 milhões de toneladas.
2) Irã – com 7,2% e 8,9 milhões de toneladas
3) Espanha – com 6,8% e 8,3 milhões de toneladas
4) Japão – com 4,5% e 5,5 milhões de toneladas
5) Egito – com 3,5% e 4,3 milhões de toneladas
Atualmente, na safra 2022/23, o Brasil se posiciona como o maior exportador global de soja e milho. Desde a safra 18/19, o país ocupa o primeiro lugar como exportador de soja; já com o milho, na safra atual o Brasil ultrapassou os EUA. “O processo de exportação é feito majoritariamente pelas tradings ou demais empresas do setor, essas empresas originam os grãos dos produtores e destinam para exportação”, expõe.
Além do dólar, o que mais impacta o produtor?
Juros, inflação, PIB, geopolítica e relações exteriores, esses são alguns fatores que podem refletir no produtor. No caso dos juros altos, ele traz consigo a possibilidade de um “dinheiro mais caro”, limitando então o acesso ao crédito, consequentemente dificultando o desenvolvimento do trabalho do produtor, investimentos e manutenção da safra. Uma inflação mais alta também gera para o produtor custos mais altos em relação ao diesel, mão de obra… Penalizando assim a rentabilidade.
No processo de exportação, uma inflação alta e um pib estagnado, no caso de países compradores, pode diminuir o poder de compra, limitando então o consumo. Com uma inflação alta, os custos serão mais altos e o preço do produto será mais caro, também limitando o consumo, dentre outros casos. “O atual cenário é desafiador, mas não é negativo. O desafiador são os custos da nova safra, que apesar de terem reduzido frente à safra anterior, ainda são considerados altos para a média histórica, e a queda de preços da soja e do milho, ambos os fatores em conjunto reduzem a margem do produtor, que vê uma margem mais apertada frente a média das últimas três safras”, finaliza.
Notícias
IPPA registra alta de 5,5% em outubro de 2024, porém acumula queda de 2,5% no ano
Entre os grupos de alimentos, houve retrações no IPPA-Grãos (-8,3%) e no IPPA-Pecuária (-2,7%).
O Índice de Preços ao Produtor de Grupos de Produtos Agropecuários (IPPA/CEPEA) subiu 5,5% em outubro, influenciado pelos avanços em todos os grupos de produtos: de 1,9% para o IPPA-Grãos; de fortes 10,7% para o IPPA-Pecuária; de expressivos 10,4% para o IPPA-Hortifrutícolas; e de 0,5% para o IPPA-Cana-Café.
No mesmo período, o IPA-OG-DI Produtos Industriais apresentou alta de 1,5%, demonstrando que, de setembro para outubro, os preços agropecuários mantiveram-se em elevação frente aos industriais da economia brasileira.
No cenário internacional, o índice de preços calculado pelo FMI subiu 1,4% quando convertido para Reais, acompanhando a valorização da taxa de câmbio oficial divulgada pelo Bacen. Isso indica um comportamento relativamente estável dos preços internacionais dos alimentos.
No acumulado de 2024, o IPPA/CEPEA registra queda de 2,5%. Entre os grupos de alimentos, houve retrações no IPPA-Grãos (-8,3%) e no IPPA-Pecuária (-2,7%), enquanto o IPPA-Hortifrutícolas avançou 34,6% e o IPPA-Cana-Café cresceu 7%.
Em comparação, o IPA-OG-DI Produtos Industriais apresenta estabilidade no ano, enquanto os preços internacionais dos alimentos, convertidos para Reais, acumulam alta de 6,1%.
A despeito desses movimentos divergentes com relação ao IPPA/CEPEA, ressalta-se que, sob uma perspectiva de longo prazo, o que se observa é a convergência ao mesmo nível, após elevação acelerada dos preços domésticos nos últimos anos.
Notícias
ABCZ participa da TecnoAgro e destaca sustentabilidade no agro
Tem como objetivo impulsionar o desenvolvimento do agronegócio e explorar o potencial econômico das cidades da região.
Nesta semana, a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) marca presença na TecnoAgro 2024, evento realizado no Parque Fernando Costa, em Uberaba (MG). Com o tema “Agro Inteligente”, a iniciativa promovida pelo Grupo Integração e tem como objetivo impulsionar o desenvolvimento do agronegócio e explorar o potencial econômico das cidades da região.
A abertura do evento aconteceu na manhã da última quinta-feira (21), reunindo autoridades e representantes dos setores ligados ao agro. A ABCZ esteve em destaque logo após a solenidade, quando o Superintendente Técnico, Luiz Antonio Josahkian, participou do painel “O Futuro da Pecuária”. O debate, mediado pela jornalista Adriana Sales, também contou com a presença da Prefeita de Uberaba, Elisa Araújo, e do Professor da ESALQ/USP, Sérgio de Zen.
A discussão abordou a responsabilidade do Brasil diante da crescente demanda global por proteína. “Temos o potencial para liderar o aumento da demanda por proteína animal. Contamos com terras disponíveis, mão de obra qualificada e políticas públicas que fortalecem continuamente o setor. O Brasil se destaca como um dos poucos países que ainda investe em qualificação profissional através de políticas públicas, com o apoio de órgãos como as Secretarias de Estado, o Senar e as extensões rurais Além disso, temos uma vocação natural para a produção de alimentos, com recursos essenciais, como a água, que é um insumo cada vez mais valorizado e disputado globalmente”, destacou Josahkian.
Complementando o debate, Sérgio de Zen enfatizou a necessidade de modelos produtivos mais sustentáveis. “É perfeitamente possível aumentar a demanda na redistribuição de renda e atender ao crescimento populacional sem recorrer ao desmatamento. Isso pode ser alcançado por meio do uso mais eficiente das tecnologias e dos sistemas de produção já disponíveis”, afirmou.
O evento, que segue até amanhã (22), reúne mais de 50 palestras voltadas para a sustentabilidade no agronegócio. Entre os destaques da programação técnica desta sexta-feira, o Zootecnista e Gerente do Departamento Internacional da ABCZ, Juan Lebron, participará da palestra “Recuperação de Pastagem, Genética, Nutrição e Saúde: Pilares da Sustentabilidade na Pecuária”, ao lado de especialistas como Guilherme Ferraudo e Thiago Parente.
Além das contribuições técnicas, a ABCZ participa com um estande apresentando produtos e serviços da maior entidade de pecuária zebuína do mundo.
Notícias
Altas no preço do boi seguem firmes, com escalas ainda menores que em outubro
Frigoríficos renovam o fôlego para conceder novos reajustes positivos aos animais para abate e o mesmo acontece entre os pecuaristas nas negociações de reposição.
O movimento de alta nos preços da pecuária segue intenso. Segundo pesquisadores do Cepea, semana após semana, frigoríficos renovam o fôlego para conceder novos reajustes positivos aos animais para abate e o mesmo acontece entre os pecuaristas nas negociações de reposição.
No final da cadeia produtiva, o consumidor também se mostra resiliente diante dos valores da carne nos maiores patamares dos últimos 3,5 anos.
No mesmo sentido, a demanda de importadores mundo afora tem se mantido firme.
Pesquisadores do Cepea observam ainda que as escalas de abate dos principais estados produtores, em novembro, estão ainda menores que em outubro.
No mercado financeiro (B3), também cresceu forte a liquidez dos contratos de boi para liquidação neste ano, pelo Indicador do boi elaborado pelo Cepea, o CEPEA/B3.