Notícias
Bem-estar para suínos nos EUA avança com pressão do mercado
O debate sobre bem-estar para animais de produção nos EUA mobiliza posições conflitantes. O jogo de forças entre diferentes grupos gerou um quadro em que, até agora, a adoção de padrões mais rigorosos na suinocultura é voluntária na maioria dos casos do ponto de vista legal, mas requisito cada vez mais exigido por consumidores e grandes empresas da cadeia.
O bem-estar animal ganhou cada vez mais atenção desde os anos 70 e início dos anos 80. Tudo começou com a publicação de livros sobre os direitos dos animais que motivaram os estadunidenses a ficarem preocupados com a forma como o alimento é produzido, introduz o pesquisador da USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), Jeremy Marchant-Forde.
Nos EUA, o tema é regulamentado nos níveis federal e estadual. A legislação federal tem três marcos generalistas, o Animal Welfare Act (Decreto do Bem-estar Animal) de 1966, o Humane Methods of Slaughter Act (Decreto de Abate Humanitário) de 1978, e a 28 hours Law (Lei das 28 horas, sobre transporte) de 1994. Tais leis, no entanto, referem-se mais à crueldade contra animais em geral do que, propriamente, a animais de produção.
Em esfera estadual, algumas normas são mais específicas e exigentes, por exemplo, quanto ao uso de baias coletivas. Contudo, os nove estados que adotaram este tipo de regra (Florida, Arizona, Oregon, Colorado, Califórnia, Maine, Michigan, Rhode Island e Ohio) representam apenas 6% das matrizes. Entre os 10 principais, apenas Ohio, justamente o 10º deste ranking, adotou a norma.
Na prática, os estados responsáveis por 95% da suinocultura dos EUA, terceiros maiores produtores e principais exportadores de carne suína do mundo, não têm restrições legais quanto às baias individuais para matrizes. Ainda assim, o impacto para atividade foi grande entre os produtores dos estados que estabeleceram normas mais exigentes.
Na Califórnia, que aprovou as leis em 2008, muitos suinocultores com operações de matrizes se viram forçados a mudar para outros estados. Na Flórida, que adotou a proibição em 2003, um produtor chegou a ser indenizado em US$ 500 mil pois foi obrigado a fechar a granja pela nova exigência.
Segundo o Conselho Nacional dos Produtores de Suínos (NPPC, do inglês), que equivale a uma associação nacional dos suinocultores nos EUA, as próprias associações estadunidenses de veterinários e veterinários especializados em suínos sustentam que as baias individuais são apropriadas para o bem-estar das matrizes.
O diretor de comunicação da NPPC, David Warner, acrescenta que o bem-estar animal é uma das principais prioridades para o setor e, por isso, é mantida uma série de programas para formar os profissionais e estimular os suinocultores a ampliar o manejo humanitário para os suínos.
O programa base é o Pork Quality Assurance Plus que inclui inspeções nas granjas e auditorias de terceiros para garantir o bem-estar. Temos outros módulos, como o Transport Quality Assurance, sobre transporte e manejo. Proteger o bem-estar dos animais é um dos princípios éticos dos suinocultores nos EUA e a NPPC apoia as iniciativas neste sentido, detalha Warner.
Porém, os defensores do bem-estar animal mantêm, desde a década de 1980, campanhas para influenciar a opinião pública com mensagens impactantes, enquanto a maioria dos produtores tenta desqualificar tais argumentos, defender suas práticas e ignorar o debate ético e moral sobre o tema.
Como resultado, os próprios ativistas tornaram-se as fontes mais confiáveis sobre o tema para os estadunidenses. Segundo pesquisa da Universidade de Purdue, os consumidores dos EUA confiam na informação dos ativistas (34%), da USDA ou governos estaduais (30%), mas apenas 15 % nas informações de universidades ou associação de produtores.
Os produtores têm liberdade para escolher seu modelo de produção, mas sofrem com uma imagem ruim entre os consumidores, o que pode gerar prejuízos. Ainda que as leis dos EUA não sejam exigentes sobre o tema como são na União Europeia (leia a próxima reportagem da série), a máxima o cliente tem sempre razão já se faz valer na prática e como tendência.
A preocupação dos clientes finais motivou grandes redes de restaurantes (Mc Donald´s, Burger King, Jack in the Box, etc), agroindústrias (Smithfield, Maple Leaf Farms, Tyson, etc), distribuidoras (Sodexo, Sysco e Compass, etc) e de varejo a exigir a eliminação das gaiolas individuais de gestação.
Assim, dezenas de milhares de produtores tiveram ou terão mais alguns anos para adaptar-se sob pena de perder seus principais compradores. A adaptação às baias coletivas será realidade em 22,9% das granjas nos EUA até o final de 2014 e crescerá nos próximos anos.
O processo é liderado pelos grandes produtores (com 100 mil matrizes ou mais), dos quais 23,8% terão unidades já adaptadas até final de 2014. No mesmo período, as granjas que possuem entre 10 mil e menos de 100 mil matrizes terão 21,3% de adesão e as com plantel entre 1 mil e menos de 10 mil, 20,7 %.
Apesar disso, ativistas e parcela relevante dos consumidores estão insatisfeitos. No caso da suinocultura, as principais críticas são contra o pouco espaço para os suínos, as mutilações, o uso de animais doentes ou imperfeitos com fins comerciais, uso de determinados medicamentos e a exposição do abate a outros animais. Os mais radicais defendem, inclusive, que o ser humano não tem direito do uso dos animais para qualquer finalidade, mesmo alimentação.
Ainda assim, não existe uma determinação única por parte do governo. A USDA não tem uma posição oficial sobre bem-estar animal em granjas de suínos. Diferentes agências do USDA são responsáveis por definir partes da legislação, como o Serviço de Inspeção para Saúde Animal e Vegetal (APHIS, do inglês) e do Serviço de Inspeção de Alimentos (FSIS, do inglês). Além disso, temos estudos que indicam alternativas para os produtores, finaliza Jeremy.
Fonte: Ass. Impr. da ABCS
Notícias
Depois de quatro meses de alta, preço do suíno vivo estabiliza
Veja um panorama completo do mercado de suínos em setembro de 2024!
Desde que as cotações do suíno começaram a subir de forma consistente, em maio deste ano, o setor se perguntava qual seria o teto. Depois de mais de 20% de aumento no preço do suíno vivo, tanto na Bolsa de Belo Horizonte/MG (tabela 1), quanto nas principais praças de comercialização do Brasil (gráfico 1), atingiu-se o maior patamar do ano em meados de agosto/24, se mantendo relativamente estável desde então.
A cotação da carcaça suína na Grande São Paulo, ultrapassou a marca dos R$ 13,00 em setembro/24 (gráfico 2), algo que só ocorreu em novembro de 2020 (gráfico 3)
Certamente, uma das explicações para o preço do suíno atingir este teto momentâneo é a competitividade em relação às outras proteínas, com o preço da carcaça suína se aproximando da bovina e se afastando da de frango (tabela 2). Na referida tabela observa-se que a menor competitividade em preço no ano foi atingida em agosto/24 e nas primeiras semanas de setembro/24.
O IBGE publicou em 05 de setembro os dados completos de abate do segundo trimestre/24, reforçando, no acumulado do 1° semestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, a estabilidade na produção e disponibilidade interna das carnes de frango e suína e destacando a alta oferta de carne bovina (tabela 3). Na referida tabela a projeção de consumo per capita nos primeiros 6 meses do ano representa um aumento de 6,5% no consumo somado das três carnes, sendo quase praticamente todo este incremento se deve somente à carne bovina. Ou seja, o brasileiro está comendo 6 kg a mais de carne bovina no ano, sem diminuir o consumo das demais carnes.
Analisando exclusivamente o mercado de carne suína, se por um lado houve estabilização da produção, com crescimento insignificante do abate no 1° semestre em relação ao mesmo período do ano passado e retração em relação ao segundo semestre de 2023 (tabela 4 e 5), as exportações no acumulado do ano, até agosto/24, continuam superando os volumes do ano passado (tabela 6), com quase 5% a mais de embarques de carne suína in natura, sendo que, pela primeira vez na história, dois meses consecutivos (julho e agosto/24) ultrapassaram a marca de 100 mil toneladas de carne in natura exportadas.
O mercado chinês e Hong Kong continuam em retração, enquanto Filipinas, Chile, Singapura, Japão, México e Coreia do Sul mais que compensam esta queda (tabelas 7 e 8), seguindo o tão esperado processo de pulverização das exportações.
A pergunta do momento é: “será que o último trimestre apresentará um novo patamar de preço, acima do que estamos vendo neste 3° trimestre?”
Ainda é cedo para responder a esta pergunta de forma categórica, mas, se analisarmos o histórico dos últimos 9 anos (gráfico 4), sempre o preço médio do suíno no 4° trimestre supera o preço médio do terceiro trimestre.
Resta saber se os demais fatores contribuirão para que esta alta se repita no final de 2024. Exportações de carne suína em bom ritmo e carcaça bovina em alta (melhorando a competitividade da carne suína) são favoráveis à concretização deste novo ciclo de elevação de preço no fim de ano, mas é a relação oferta e procura da carne suína o maior determinante. Como não se espera crescimento expressivo da produção de suínos nos próximos meses e o mercado consumidor doméstico, com desemprego em baixa e a entrada do 13° salário, deve manter o viés de alta, especialmente nos meses de novembro e dezembro.
Milho sobe após a colheita, mas relação de troca está muito favorável ao suinocultor
O custo dos principais insumos, principalmente o milho (gráfico 5), cuja segunda safra se encerrou, teve alta nas últimas semanas, mas não na mesma intensidade da alta do preço do suíno. Da mesma forma, o farelo de soja tem se mantido estável. Este comportamento do mercado resultou em um momento de melhor relação de troca do suíno com o mix de milho e farelo de soja (gráfico 6).
Segundo o levantamento mensal de custos da Embrapa, cruzando com dados de preço do suíno do CEPEA (tabela 9), o mês de agosto foi o melhor dos últimos anos em termos de margens financeiras para o produtor nos três estados do Sul.
Ainda é cedo para projetar a safra 2024/25. O plantio do milho 1ª safra (verão) já foi iniciado nos estados ao Sul. Segundo a consultoria MBagro, por enquanto há pouca informação disponível. O plantio da soja, embora já autorizado para início de setembro, avança a partir de meados do mês. O clima mostra precipitações no Brasil restritas aos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Amazonas, mas com baixos acumulados. No restante do país o tempo seco e com temperaturas acima da média prevalece, mas está dentro do calendário normal. Segundo a mesma consultoria até o momento não há comprometimento da safra verão ou perspectiva de que o plantio da segunda safra fique fora da janela ideal.
Considerações finais
Para Marcelo Lopes, presidente da ABCS, “Com o mercado externo e doméstico aquecidos, a suinocultura brasileira consolida margens positivas e se prepara para o período historicamente mais favorável, o último trimestre. Todas as atenções ficam por conta do plantio da safra 2024/25 que, conforme o clima pode colocar pressão sobre os custos de produção”, finaliza.
Notícias
Centro de inteligência e mercado em aquicultura chega aos cinco anos
Iniciativa da Embrapa e de parceiros reúne dados e informações do setor.
Neste mês de setembro, o Centro de Inteligência e Mercado em Aquicultura (CIAqui), coordenado pela Embrapa, completa cinco anos. Num mesmo espaço digital (https://www.embrapa.br/cim-centro-de-inteligencia-e-mercado-em-aquicultura), os usuários podem acessar diferentes tipos de dados e informações dessa cadeia produtiva de valor que cresce a cada ano. Mesmo ainda longe de transformar todo o seu potencial aquícola em realidade, o Brasil vem aprimorando a atividade. Disponibilizar conteúdos de maneira organizada e constante ajuda no crescimento da aquicultura nacional.
Manoel Pedroza é pesquisador da Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas-TO) na área de economia aquícola e coordena o centro, que vem evoluindo com o tempo. “Ao longo desses cinco anos, o CIAqui incorporou novos painéis de dados, tais como cotações de alevinos e filés de peixe, infomapas, custos de produção de tilápia e novos dados de produção. Além disso, passou por mudanças no seu design, o tornando mais funcional. Atualmente, o centro conta com uma média de 1.500 acessos por mês, por pessoas de todo o Brasil e também do exterior”, explica.
Um dos principais produtos disponibilizados é o Informe de Comércio Exterior da Piscicultura, editado a cada trimestre. Desde 2020, ele divulga números e outros conteúdos sobre as movimentações do Brasil na venda e na compra de produtos do setor, com natural destaque para a tilápia, principal espécie tanto na produção como na exportação nacionais. A próxima edição do boletim (de número 19) sairá em outubro, compreendendo o terceiro trimestre de 2024. Segundo Manoel, o informativo é “utilizado por diversos atores da cadeia produtiva. Os
dados de exportações apresentados também podem ser acessados de forma interativa por meio dos painéis do CIAqui”.
Uma das pessoas que costuma acessar o centro é Rui Donizete Teixeira, chefe de divisão do Departamento de Indústria do Pescado (DIP) do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA). “Geralmente, tem sido utilizado como consulta para auxiliar em levantamento estatístico de
balança comercial do pescado. Com os dados obtidos, tenho feito comparação com outras fontes de informações, gerando material para auxiliar nas políticas públicas do departamento”, relata.
Confiabilidade e melhorias – Rui elogia a iniciativa de construção do CIAqui: “a base para se fazer gestão pública e governança de uma cadeia produtiva inicia com informações confiáveis. Portanto, a consulta a um site confiável, como o CIAqui, oriundo de uma instituição conceituada e de referência como a Embrapa, nos tranquiliza quanto aos dados disponibilizados”.
Entre os tipos de conteúdos disponíveis, estão a produção nacional por ano, cotações e custos de produção. Para os próximos meses, uma novidade está sendo preparada: “em breve, lançaremos um aplicativo voltado especificamente para dados de comércio exterior da
piscicultura. Além disso, pretendemos implementar novas parcerias com instituições e empresas visando a levantar e disponibilizar novos ndados e estudos. A implementação da versão em inglês é outra melhoria prevista para o CIAqui”, adianta Manoel.
Os parceiros da Embrapa nesse trabalho são o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), as secretarias estaduais da Agricultura e Pecuária (Seagro) e da Aquicultura e Pesca (Sepea) do Tocantins, além dos ministérios da Pesca e Aquicultura (MPA) e da Agricultura e
Pecuária (Mapa).
Notícias
Frísia é uma das maiores organizações do Brasil
Informação foi apresentada na edição especial Valor 1.000, elaborado pelo jornal Valor Econômico.
A Frísia, com presença nos estados do Paraná e Tocantins, é uma das maiores organizações do Brasil. A cooperativa está na posição 198 de 1.000 empresas ranqueadas na edição especial Valor 1.000, elaborada pelo jornal Valor Econômico. Já na região Sul, a Frísia está alocada na 40ª posição.
O faturamento da cooperativa em 2023, ano de análise da edição, foi de R$ 6,45 bilhões. Ano passado, a Frísia produziu 334,7 milhões de litros de leite, crescimento de quase 7% sobre o período anterior.
A produtividade média diária dos cooperados saltou de 3.342 litros para 3.680 litros. Em relação a grãos, as unidades operacionais do Paraná e Tocantins receberam, em conjunto, mais de um milhão de toneladas, sendo 818.066 toneladas no Paraná e 186.143 toneladas no Tocantins.
O caderno especial tem a parceria do Serasa Experian e do Centro de Estudos em Finanças da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGVcef).
A análise é baseada em dados contábeis e financeiros públicos ou fornecidos pelas empresas para avaliar os diferentes aspectos de negócios.