Notícias Artigo
Artigo: O sucesso das tecnologias alternativas para redução do uso de antibióticos na pecuária
Com destaque para a nutrição animal, algumas classes de antibióticos consideradas seguras são também permitidas para serem utilizadas como melhoradores de desempenho ou promotores de crescimento
Por Luis Eduardo Ferreira
Na pecuária, a utilização dos aditivos antibióticos vem sendo discutida por profissionais de diversas áreas científicas, envolvidas ou não com este setor produtivo, e por pecuaristas preocupados com a manutenção da saúde e da qualidade do rebanho. Entre os consumidores finais, o assunto tem ganhado cada vez mais repercussão devido a dúvidas geradas em relação a possibilidade da presença de resíduos destas substâncias deixados nos produtos derivados da criação bovina, como a carne e o leite, e também no meio ambiente. Por este motivo, o uso destas substâncias na pecuária se torna cada vez mais questionado sobre até que ponto essa prática pode comprometer ou afetar a saúde e a qualidade de vida do ser humano e dos animais, como isso pode acontecer, quais as consequências disso na sociedade e quais seriam as soluções para evitar sérios problemas às nossas futuras gerações.
Primeiramente, é importante separar as finalidades pelas quais os antibióticos são utilizados na clínica veterinária daqueles antibióticos utilizados na nutrição dos animais como aditivos zootécnicos. Além disso, antes que a utilização destas substâncias possa ser entendida como sendo uma prática abusiva ou indiscriminada, é fundamental que seja feito um breve esclarecimento que fale não apenas dos principais riscos, mas também sobre as necessidades e as vantagens do uso destas substâncias pela pecuária.
Na clínica veterinária, os antibióticos são utilizados para garantir a saúde e o controle de qualidade dos animais, evitando que sérias doenças possam se alastrar no rebanho, minimizando perdas e prejuízos financeiros ao pecuarista, além de garantir a qualidade e a segurança do produto final oferecido ao consumidor. Neste caso, os antibióticos podem ser prescritos em três tipos de terapias: farmacológica, usada para tratamento contra infecções bacterianas nos animais infectados; metafilática, usada para o tratamento contra infecções bacterianas nos animais infectados e profilaxia geral para todo rebanho; e profilática, apenas para prevenção geral de doenças bacterianas no rebanho.
Para estas condições, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) estabelece que todos os animais do rebanho submetido ao tratamento com estas substâncias sejam abatidos após um período mínimo de carência pré-estabelecido para cada classe de antimicrobiano. Tal protocolo é adotado como medida de segurança para que toda substância aplicada no animal possa ser fisiologicamente excretada do organismo até atingir o limite de resíduo aceito nos produtos derivados (ANVISA 2018). Dessa forma, obedecidos os prazos de abate e ou venda de leite, são excluídos os riscos quanto a presença de resíduos tóxicos deixados nos produtos derivados da criação, garantindo o controle de qualidade, procedência e a segurança do produto destinado para o consumidor.
Com destaque para a nutrição animal, algumas classes de antibióticos consideradas seguras são também permitidas para serem utilizadas como melhoradores de desempenho ou promotores de crescimento, podendo, assim, serem classificados como aditivos zootécnicos, segundo a Instrução Normativa 13/2004 do MAPA. Neste caso, a presença dos aditivos antibióticos na dieta irá ajudar na manutenção da saúde intestinal dos animais através do melhor equilíbrio de toda dinâmica metabólica entre as espécies microbianas presentes no ecossistema ruminal.
É importante contextualizar que todo conteúdo alimentar consumido pelos ruminantes passa por um processo chamado de fermentação ruminal, que é realizado graças a presença de uma rica flora microbiana que se relaciona simbioticamente com estes animais no rúmem. Por este motivo, no rúmem, os aditivos antibióticos terão efeitos seletivos, podendo inibir o metabolismo de algumas espécies microbianas desnecessárias ou prejudiciais para o metabolismo ruminal, e favorecer o metabolismo de outras espécies microbianas mais importantes para o melhor desempenho metabólico da fermentação ruminal. Na prática, essa condição será favorável para o aumento dos níveis energéticos da dieta dos animais através do melhor aproveitamento de todo conteúdo alimentar consumido, melhorando os índices dos ganhos de peso e qualidade de acabamento na carcaça dos animais, aumentando a produtividade do rebanho em geral e, sobretudo, a rentabilidade nos lucros da propriedade.
Além disso, a presença dos aditivos na dieta dos animais pode também contribuir para tornar as práticas de manejo mais sustentáveis e vantajosas do ponto de vista ambiental, pois os efeitos seletivos dos aditivos antibióticos sobre a flora microbiota ruminal podem resultar na inibição de forma indireta de espécies microbianas secundárias no metabolismo ruminal, que são os metanogênicos. Nesta condição, os aditivos poderão também melhorar os índices de eficiência do metabolismo ruminal em relação a quantidade de gases entéricos que são produzidos e liberados para o meio ambiente, como o gás carbônico (CO2) e o gás metano (CH4), que são considerados produtos secundários da fermentação, fazendo com que os animais possam aproveitar o conteúdo da dieta com a mesma quantidade de gás produzido.
Apesar das vantagens sobre a utilização dos antibióticos na pecuária, o principal ponto que deve ficar claro para o criador e consumidor é que a inclusão destas substâncias na dieta dos animais na forma de aditivos não é uma prática indiscriminada, pois as dosagens são previamente calculadas de acordo com as recomendações dos profissionais da área. Além disso, mesmo sendo prolongado o período de consumo na dieta, estas substâncias não trazem nenhum risco para a saúde dos animais, pois são fornecidas dosagens muito baixas, e minimizam também os riscos da presença de resíduos na carne e leite. Em contrapartida, a utilização de antibióticos pela clínica veterinária acontece em dosagens maiores, mas com menor tempo de exposição e, por este motivo, caso não seja respeitado o período mínimo de carência para abate dos animais ou consumo do leite, poderá, sim, haver chances de conter resíduos na carne ou leite destes animais. No entanto, isso pode acontecer geralmente em abatedouros clandestinos, onde não há presença de fiscalização.
Na verdade, o principal risco sobre o uso dos antibióticos na forma de aditivos é que estas substâncias, quando ingeridas pelo animal na dieta, passam por todo trato gastrintestinal, exercem seus efeitos biológicos sobre a microbiota no rúmem e, posteriormente, são excretadas para o meio ambiente por meio das fezes. É neste momento que a utilização destas substâncias na nutrição dos animais pode se tornar prejudicial, pois os resíduos delas presentes nos dejetos dos animais podem contaminar o solo e a água. Sendo assim, considerando que estes compostos levam um certo período para serem degradados no meio ambiente, a permanência deles por um longo período contribui para a evolução de resistências microbianas.
Em definição, a resistência microbiana é a capacidade de os microrganismos sobreviverem e se multiplicarem mesmo após a administração in vivo dos agentes antimicrobianos nas dosagens máximas permitidas. Neste contexto, as consequências diretas causadas são a perda da eficácia terapêutica dos atuais antibióticos disponíveis no mercado, ausência de novas classes de antibióticos capazes de curar diversas doenças infecciosas, principalmente aquelas causadas pelas chamadas “superbactérias” em hospitais e, de forma indireta, trazer sérios riscos de saúde pública, podendo comprometer a qualidade de vida das nossas futuras gerações.
De acordo com Hilal-Dandan e Brunton (2015), todo ser vivo, quando sujeito a algum tipo de pressão química ou de outra etiologia que possa ameaçar sua extinção, tem a habilidade de desenvolver mecanismos capazes de se adaptarem e sobreviver a este estresse e, dessa forma, resistir às armas químicas utilizadas para destruí-los. Diante disso, podemos entender que a evolução da resistência microbiana pode ser tratada como sendo um processo natural e intrínseco de cada ser vivo, que acontece em decorrência de algumas alterações genéticas, geralmente espontâneas, causadas por mutações cromossômicas que serão bioquimicamente expressas através da resistência.
Dessa forma, estas alterações genéticas tendem a ser passadas para as gerações seguintes de modo que, ao longo do tempo, todos os indivíduos de uma determinada população possam conter em seu genoma todos os genes responsáveis por conferir a resistência microbiana. Esse processo se torna mais acelerado ainda quando é considerado o tempo necessário que uma população de microrganismos necessita para se reproduzir, pois, em torno de algumas horas, podemos ter várias gerações de microrganismos de uma determinada população, aumentando a probabilidade de acontecer mutações e variabilidade genéticas entre os indivíduos.
Portanto, é necessário ficar claro que o agente antimicrobiano não induz a resistência, mas apenas seleciona os indivíduos mais resistentes existentes no meio de uma população (TRABULSI, L. F.; ALTERTHUM, F., 2002). Neste caso, são as práticas clínicas inadequadas e indiscriminadas através de sub dosagens, periodicidade inadequada e manejo geralmente sem acompanhamento zootécnico ou veterinário, que contribuem cada vez mais para acelerar o processo de evolução das resistências microbianas.
Na história, desde a sua descoberta ao acaso pelo médico microbiologista Alexander Fleming, há quase 100 anos atrás, até a sua utilização pela medicina, os antibióticos foram responsáveis por salvar milhares de vidas, principalmente no período da Segunda Guerra Mundial. No entanto, atualmente sabemos que, se por um lado o uso de antibióticos pode contribuir para diversos efeitos benéficos para a saúde humana, clínica veterinária, nutrição animal, entre outros setores da agropecuária, por outro lado, o uso contínuo e incorreto destas substâncias pode de fato trazer ao longo do tempo os riscos para a evolução de resistências microbianas.
Preocupada com este cenário, a comunidade científica tem investido, nos últimos anos, em diferentes linhas de estudos aplicados em pesquisas por novas classes de aditivos que pudessem ser alternativos aos atuais antibióticos. Além disso, foram elaborados novos métodos de manejo que tornaram a prática pecuária mais segura e eficiente, melhorando, inclusive, a saúde dos animais, o aumento da produtividade do rebanho com qualidade e a prevenção a evolução das resistências microbianas. Neste sentido, os estudos em zootecnia, associados a modernas áreas da biotecnologia, têm contribuído para um avanço de pesquisas para o desenvolvimento de novas tecnologias de aditivos e que possuem diferentes mecanismos de ação biológica no rúmem e intestino dos animais, reduzindo os impactos ambientais e minimizando os perigos de resistência.
A utilização de extratos vegetais na forma de ácidos orgânicos, óleos essenciais, taninos, entre outros, estão sendo considerados uma opção bastante segura, favorável e vantajosa para serem aplicados na nutrição animal, podendo também ser classificados como aditivos zootécnicos melhoradores de desempenho, e potencial substitutos dos antibióticos. Na prática, por serem compostos de origem natural, são facilmente biodegradados quando lançados ao meio ambiente e, por este motivo, tendem a oferecer menores riscos de contaminação e de surgimento de resistências. Além disso, pesquisas realizadas com este tipo de bioativos têm apresentado bons resultados na produtividade e redução de emissão de gases entéricos a partir da fermentação ruminal.
Os aditivos zootécnicos classificados como “equilibradores de flora” são também uma tecnologia que há anos vem sendo avaliada para serem incluídas na nutrição dos animais. Neste caso, os probióticos são compostos por microrganismos vivos não patogênicos que, quando introduzidos no trato gastrintestinal, competem com os microrganismos indesejáveis no rúmem, promovendo o melhor equilíbrio da microbiota, favorecendo a população de espécies microbianas mais benéficas para a fermentação ruminal. Além disso, temos também os prebióticos, que são compostos não digeridos pelo organismo dos animais, mas que são fonte de substrato para serem consumidos pelos micro-organismos benéficos, responsáveis pela fermentação ruminal. Diversas pesquisas envolvendo enzimas digestivas, sequências de peptídeos microbianos e anticorpos policlonais, são também modernas tecnologias dessa nova geração de aditivos que estão sendo cada vez mais estudadas e que oferecem riscos cada vez menores de contaminação ao meio ambiente e, principalmente, minimizam os riscos de evolução para resistências microbianas.
Atualmente, novas opções de aditivos mais modernos e seguros tanto para a saúde dos animais como para o meio ambiente são oferecidas ao criador para serem aplicados no campo. No entanto, o uso destas tecnologias carece não apenas de investimento, mas também em confiar e acreditar que irá valer a pena não somente na melhoraria da produtividade e rentabilidade para o pecuarista, mas também na sustentabilidade do setor, reduzindo os impactos ambientais, tanto na liberação de gases entéricos como na evolução de resistência.
Preocupada com o agronegócio nacional, a Premix é uma empresa que investe na aplicação de novas tecnologias para este setor, seguindo sempre as tendências do mercado para uma pecuária de valor cada vez mais sustentável. É o caso do Fator Premium, produto que foi projetado e desenvolvido utilizando tecnologia 100% de origem natural e matéria prima nacional, formado por uma combinação de ácidos graxos essenciais como ômega 3 e ômega 6, probióticos, prébióticos e minerais orgânicos. Neste sentido, a aplicação desta tecnologia tende a ser uma prática cada vez mais elegante, segura e confiável para o pecuarista, associando produtividade, rentabilidade e sustentabilidade.
Portanto, considerando que a evolução das resistências microbianas pode ser entendida como sendo um processo natural, e tendo em vista que a utilização de antibióticos será continuamente uma prática necessária na pecuária, a principal estratégia para evitar os riscos de resistência microbiana será sempre a utilização de forma mais prudente e responsável dos antibióticos em geral. Sendo assim, esta conscientização será incessantemente uma das medidas básicas para preservar o valor terapêutico dos atuais antibióticos utilizados no mercado e, sobretudo, evitar que essa situação possa comprometer a qualidade de vida das futuras gerações.
Notícias
Sindirações apresenta dois novos associados
Sul Óxidos e Purefert do Brasil passam a integrar o quadro de associados da entidade, reforçando a cadeia produtiva na promoção de parceiras estratégicas.
O Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal – Sindirações anuncia a chegada de duas novas empresas no seu quadro de associados: Sul Óxidos e Purefert do Brasil. No total, a entidade representa cerca de 90% da indústria de alimentação animal. Para Ariovaldo Zani, CEO do Sindirações, essa movimentação vai de encontro com um dos principais objetivos da entidade, que é dar voz para as empresas e defender os principais interesses do setor.
Com mais de 20 anos de experiência, a Sul Óxidos é referência na produção de óxido de zinco e sulfato de zinco, além da comercialização de ânodos, zinco metálico e outros metais não ferrosos. Comprometida com a excelência, a empresa foca na melhoria contínua de seus processos e na garantia da qualidade de seus produtos, atuando com responsabilidade ambiental e priorizando a redução de resíduos sólidos e efluentes, a fim de minimizar os impactos ambientais.
De acordo com Jorge Luiz Cordioli Nandi Junior, Engenheiro Agrônomo da Sul Óxidos, “a filiação ao Sindirações é vital para reforçar sua presença no setor de alimentação animal e fomentar parcerias estratégicas. A associação garante acesso a informações essenciais sobre tendências do mercado, regulamentações e práticas de excelência. Além disso, a Sul Óxidos se posiciona para defender os interesses da indústria, moldando políticas que beneficiam o segmento. A colaboração com outros líderes do setor facilita a troca de inovações e conhecimentos, fortalecendo a competitividade e a sustentabilidade da empresa nesse nicho crucial”, comenta.
Já o grupo Purefert atua como fornecedor de fertilizantes premium para clientes em todo o mundo. Com contratos estratégicos de fornecimento de longo prazo com fornecedores líderes, a Purefert está na vanguarda das mais recentes inovações em qualidade de produto e agregação de valor à cadeia de fornecimento para seus clientes. A empresa é líder de mercado em produtos à base de Fosfato.
“A associação da Purefert ao Sindirações é estratégica por proporcionar acesso a informações técnicas e regulatórias, participação em grupos de trabalho que definem tendências do mercado, suporte em questões jurídicas e tributárias, além de oportunidades de networking para parcerias e inovações. Essa conexão fortalece a competitividade e a conformidade da empresa no mercado”, afirma Thiago Janeri, trader da Purefert.
Notícias
Epagri divulga Boletim Agropecuário de Santa Catarina referente a outubro
Para a 1ª safra de milho 2024/25, a redução na área plantada deverá chegar a 10,4%. “A produtividade média esperada, entretanto, deverá crescer em torno de 24%, chegando a 8.463kg/ha.
A Epagri divulgou a última edição do Boletim Agropecuário, publicado mensalmente pelo Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola da Epagri (Epagri/Cepa).
Milho
Em outubro, o preço médio mensal pago ao produtor de milho em Santa Catarina apresentou uma alta de 5,3% em relação ao mês anterior. Segundo o documento, os preços refletem a maior demanda interna pelo cereal, a entressafra no Brasil e a concorrência com as exportações.
De acordo com o analista de socioeconomia e desenvolvimento rural da Epagri/Cepa, Haroldo Tavares Elias, para a 1ª safra de milho 2024/25, a redução na área plantada deverá chegar a 10,4%. “A produtividade média esperada, entretanto, deverá crescer em torno de 24%, chegando a 8.463kg/ha. Assim, espera-se um aumento de 11% na produção, com um volume colhido de aproximadamente 2,24 milhões de toneladas de milho”, diz ele.
O Boletim Agropecuário traz os dados atualizados do acompanhamento das safras e do mercado dos principais produtos agropecuários catarinenses. Confira mais detalhes de outras cadeias produtivas:
Trigo
Em outubro, os preços médios recebidos pelos produtores catarinenses de trigo ficaram praticamente estabilizados, mas com uma pequena variação negativa de 0,34%. Na variação anual, em termos reais, registrou-se uma alta expressiva de 22,07%. Em todo o estado, até a última semana de outubro, cerca de 39% da área destinada ao plantio de trigo nesta safra já havia sido colhida. Para as lavouras que ainda estão a campo, 20% da área estava em fase de floração e 80% em fase de maturação.
Com relação à condição de lavoura, em 94% das áreas avaliadas a condição é boa; 5% a condição é média e, 1% a condição é ruim. A área plantada estimada é de pouco mais de 121 mil hectares, redução de 11,8% em relação à safra passada. A produtividade média estadual está estimada em 3.582kg/ha, um aumento de 60,1%. Até o momento, a expectativa é que a produção estadual deverá crescer 41,3%, chegando a aproximadamente 435 mil toneladas.
Soja
No mês de outubro, as cotações da soja no mercado catarinense apresentaram reação de 2,7% em relação ao mês anterior. No início de novembro, nos 10 primeiros dias do mês, na comparação com o preço médio de setembro, é possível perceber movimento altista de 2,6%. A menor oferta interna do produto no mercado interno tem favorecido as cotações, no entanto, fatores de baixa estão se projetando no mercado futuro.
Para essa safra, deveremos ter um aumento de 2,09% da área plantada, alcançando 768,6 mil hectares na primeira safra. A produtividade média esperada deverá crescer significativamente: a expectativa é um incremento de 8,56%, chegando a 3.743kg/ha. Com isso, espera-se um aumento de 10,8% na produção, com um volume colhido de aproximadamente 2,87 milhões de toneladas de soja 1ª safra.
Bovinos
Nas primeiras semanas de novembro registrou-se de alta nos preços do boi gordo em relação ao mês anterior em praticamente todos os estados brasileiros. Em Santa Catarina, o preço médio estadual do boi gordo atingiu R$295,34 em meados deste mês, o que representa uma alta de 8,8% em relação ao mês anterior e de 20,3% na comparação com maio de 2023. A expectativa é de que se verifique a continuidade desse movimento de alta nas próximas semanas.
A reduzida oferta de animais prontos para abate e a elevada demanda, tanto no mercado interno quanto externo, são responsáveis por esse acentuado movimento de alta observado na maioria dos estados. A forte seca que atingiu grande parte do país, em especial a região Centro-Oeste, tem sido um fator crucial na redução da oferta.
Frangos
Santa Catarina exportou 105,5 mil toneladas de carne de frango (in natura e industrializada) em outubro – queda de 0,03% em relação aos embarques do mês anterior, mas alta de 27,1% na comparação com os de outubro de 2023. As receitas foram de US 212,8 milhões – queda de 4,8% em relação às do mês anterior, mas crescimento de 32,9% na comparação com as de outubro de 2023.
De janeiro a outubro, Santa Catarina exportou 961,8 mil toneladas, com receitas de US$ 1,88 bilhão – alta de 6,7% em quantidade, mas queda de 1,6% em receitas, na comparação com os valores acumulados no mesmo período do ano passado.
A maioria dos principais destinos apresentou variação positiva, na comparação entre o acumulado deste ano e o mesmo período de 2023, com destaque, mais uma vez, para o Japão (crescimento de 35,6% em quantidade e 13,4% em valor).
Suínos
Santa Catarina exportou 68,0 mil toneladas de carne suína (in natura, industrializada e miúdos) em outubro, altas de 10,6% em relação ao montante do mês anterior e de 44,8% na comparação com os embarques de outubro de 2023. As receitas foram de US$169,4 milhões, crescimentos de 12,7% na comparação com as do mês anterior e de 61,5% em relação às de outubro de 2023. Esse é o segundo melhor resultado mensal de toda a série histórica, tanto em quantidade quanto em receitas, atrás apenas de julho passado.
De janeiro a outubro, o estado exportou 595,3 mil toneladas de carne suína, com receitas de US$1,39 bilhão – altas de 10,5% e de 6,3%, respectivamente, em relação ao mesmo período de 2023. Santa Catarina respondeu por 56,7% das receitas e por 55,0% do volume de carne suína exportada pelo Brasil este ano.
Leite
Até setembro/24, as indústrias inspecionadas brasileiras adquiriram 18,331 bilhões de litros de leite cru, 1,2% acima dos 18,116 bilhões adquiridos no período de 2023. Essa quantidade, somada à quantidade importada, mostra que, até setembro, a oferta total de leite foi 1,6% maior do que a do mesmo período de 2023.
De janeiro a outubro/24 foi importado o equivalente a 1,888 bilhão de litros de leite cru, 7% acima dos 1,765 bilhão de litros do mesmo período de 2023.
Em novembro, houve diferentes movimentos nos preços aos produtores catarinenses: estabilidade, alta e baixa. Com isso, pelos levantamentos da Epagri/Cepa, o preço médio de novembro fechou em R$2,75/litro, quase idêntico ao preço médio de outubro, que ficou em R$2,76/litro.
Leia a íntegra do Boletim Agropecuário de novembro, clicando aqui.
Notícias
IPPA registra alta de 5,5% em outubro de 2024, porém acumula queda de 2,5% no ano
Entre os grupos de alimentos, houve retrações no IPPA-Grãos (-8,3%) e no IPPA-Pecuária (-2,7%).
O Índice de Preços ao Produtor de Grupos de Produtos Agropecuários (IPPA/CEPEA) subiu 5,5% em outubro, influenciado pelos avanços em todos os grupos de produtos: de 1,9% para o IPPA-Grãos; de fortes 10,7% para o IPPA-Pecuária; de expressivos 10,4% para o IPPA-Hortifrutícolas; e de 0,5% para o IPPA-Cana-Café.
No mesmo período, o IPA-OG-DI Produtos Industriais apresentou alta de 1,5%, demonstrando que, de setembro para outubro, os preços agropecuários mantiveram-se em elevação frente aos industriais da economia brasileira.
No cenário internacional, o índice de preços calculado pelo FMI subiu 1,4% quando convertido para Reais, acompanhando a valorização da taxa de câmbio oficial divulgada pelo Bacen. Isso indica um comportamento relativamente estável dos preços internacionais dos alimentos.
No acumulado de 2024, o IPPA/CEPEA registra queda de 2,5%. Entre os grupos de alimentos, houve retrações no IPPA-Grãos (-8,3%) e no IPPA-Pecuária (-2,7%), enquanto o IPPA-Hortifrutícolas avançou 34,6% e o IPPA-Cana-Café cresceu 7%.
Em comparação, o IPA-OG-DI Produtos Industriais apresenta estabilidade no ano, enquanto os preços internacionais dos alimentos, convertidos para Reais, acumulam alta de 6,1%.
A despeito desses movimentos divergentes com relação ao IPPA/CEPEA, ressalta-se que, sob uma perspectiva de longo prazo, o que se observa é a convergência ao mesmo nível, após elevação acelerada dos preços domésticos nos últimos anos.