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Suínos / Peixes

Abertura do Congresso O Presente Rural reúne grande público; confira as fotos do evento

Programação desta terça-feira (11) está sendo direcionada aos suinocultores.

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Fotos: Sandro Mesquita e Jaqueline Galvão/OP Rural

O primeiro dia do Congresso de Avicultores e Suinocultores O Presente Rural atraiu centenas de produtores e profissionais ligados ao setor suinícola a Marechal Cândido Rondon, no Oeste do Paraná.

O evento, que contou nesta terça-feira (11) com a programação direcionada aos suinocultores, fornecedores e distribuidores de insumos, contou com a presença dos presidentes da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs), Valdecir Luis Folador; da Associação Sul-matogrossense de Suinocultores (Asumas), Milton Bigatão; da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Marcelo Lopes; da Associação Paranaense de Suinocultores, Jacir José Dariva, além do presidente da Frimesa, Elias Zydec.

Dentre os tópicos abordados estão os desafios contemporâneos enfrentados pela suinocultura, as tendências do mercado da carne suína, as projeções para o futuro, o crescimento do consumo doméstico, as estratégias de exportação, o papel do produtor na promoção do bem-estar animal, as práticas de manejo e tratamento de doenças, a importância da biosseguridade e a prevenção das doenças respiratórias na criação suína.

O evento está sendo realizado em formato híbrido, com participação presencial para convidados e transmissão ao vivo pelo Facebook e YouTube do jornal O Presente Rural.

Realização, apoio e patrocínio

O evento é realizado pelo jornal O Presente Rural, Lar Cooperativa Agroindustrial e Frimesa, com o apoio do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar) e da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS).

Além disso, conta com o patrocínio de importantes empresas do setor, incluindo na cota diamante Agrifirm, Agroceres PIC, American Nutrients, Biochem, Boehringer Ingelheim, Casp, DanBred Brasil, Grasp, MSD Saúde Animal, Oligo Basics, Sicredi e Vetanco; na cota ouro Cargill, Cobb, Huvepharma, Phibro, Salus, Suiaves, Vaccinar; na cota prata Agroceres Multimix, Aleris, Cinergis Agronegócios, DNA South America, Equittec, GD Brasil, HB Agro, Imeve, MS Schippers, NNATRIVM, Sanex, Sauvet, Sicoob, Suitek e Xcare; e na cota especiais BioSyn, MM2, Natural BR Feed, Ourofino, Polinutri, Vaxxinova e VetQuest.

Confira as fotos do primeiro dia do Congresso de Avicultores e Suinocultores O Presente Rural 

 

 

Fonte: O Presente Rural

Suínos / Peixes

Genômica permite até dobrar a produção em apenas uma geração

A produção e comercialização de peixes geneticamente editados variam de região para região no mundo, com cada país adotando suas próprias regulamentações e políticas em relação a esses organismos modificados.

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Foto: Imagem criada por IA por Giuliano De Luca

A crescente exploração da tecnologia de edição genômica, como a CRISPR, está abrindo novas perspectivas na piscicultura brasileira. Os peixes pelas características da fisiologia reprodutiva são candidatos ideais para a aplicação dessas técnicas inovadoras. A prolificidade inerente aos peixes é um dos fatores que facilitam o uso desta tecnologia. Com a capacidade de liberar milhares de ovos em cada desova, os peixes oferecem uma ampla gama de oportunidades para experimentação genética.

Médica-veterinária, mestre em Reprodução Animal, PhD em Biologia Celular e pesquisadora da Embrapa Pesca e Aquicultura, Fernanda Loureiro de Almeida O’Sullivan: “É de suma importância proporcionar maior acesso à informação sobre edição genômica à população” – Fotos: Jaqueline Galvão/OP Rural

A fertilização externa, com protocolos já estabelecidos ao longo do tempo, simplifica ainda mais o uso desta tecnologia. “A domesticação de cada espécie levou ao desenvolvimento de protocolos de reprodução, eliminando a necessidade de adaptação para aplicar a edição genômica. As principais espécies já têm a reprodução dominada pela fertilização externa. Os reagentes da CRISPR têm que ser injetados nos oócitos e sêmen coletados quando o ovo ainda está na fase unicelular para fazer a ruptura do DNA. Após esse processo todas as células daquele embrião vão manter a mesma mutação”, explicou a médica-veterinária, mestre em Reprodução Animal, PhD em Biologia Celular e pesquisadora da Embrapa Pesca e Aquicultura, Fernanda Loureiro de Almeida O’Sullivan, durante o Inovameat, um dos principais eventos de proteína animal do Paraná, realizado no início de abril, em Toledo, na região Oeste.

O tamanho dos ovos é outro aspecto que favorece a manipulação genômica em peixes. Com ovos visíveis a olho nu em muitas espécies, não são necessários equipamentos sofisticados para a injeção dos reagentes da CRISPR. Além disso, o desenvolvimento embrionário e larval ocorre fora do corpo da mãe, eliminando a necessidade de receptoras, como nos mamíferos. “A injeção dos componentes genéticos seguida pela incubação dos ovos aproveita protocolos já estabelecidos na piscicultura”, salienta a pesquisadora.

Outro aspecto que ajuda bastante, principalmente na geração das linhagens, é o ciclo de vida curto, que faz com que o intervalo entre gerações seja muito menor, acelerando a fixação do fenótipo das linhagens geradas. “Tem sido muito utilizada a edição genômica em peixes principalmente por estas características, lembrando que nós temos quase 500 espécies de peixes em cultivo produzidas comercialmente e, para cada uma temos que fazer um estudo específico”, ressalta.

De acordo com a médica-veterinária, os principais países impulsionadores da edição genômica na piscicultura são a China e o Chile, sendo que o país asiático está na vanguarda do desenvolvimento desta tecnologia. “No Brasil, pesquisas de edição genômica são realizadas apenas em espécies de relevância econômica, com muitos trabalhos sendo desenvolvidos com a tilápia”, aponta a especialista.

Os fenótipos mais abordados nos estudos incluem reprodução, pigmentação, desenvolvimento muscular, resistência a doenças, toxinas e infecções virais, resposta imune, biomarcadores (como GFP) e metabolismo de ômega 3.

Exemplos de edição genômica na aquicultura

A PhD em Biologia Celular expõe que um dos avanços mais expressivos na edição genômica animal é explicado pela raça bovina Belgian Blue, conhecida por seu fenótipo de musculatura dupla. “O estudo do genoma dessa raça revelou a ausência de um gene que codifica a proteína miostatina, responsável por regular o crescimento muscular estriado. Quando ausente, resulta em uma regulação reduzida, permitindo um crescimento muscular contínuo e exponencial”, aponta a palestrante.

Essa descoberta tem sido aplicada em diversas espécies de peixes, com resultados promissores para o knockout da miostatina na carpa comum, bagre do canal, linguado oliva (coreano), dourada, dourada de Wuchang, bagre amarelo e tilápia do Nilo. “Na carpa comum foram observadas um aumento significativo de 49% na hiperplasia muscular. Esse aumento é evidente desde a fase juvenil, com peixes editados exibindo uma massa muscular consideravelmente maior em comparação com os peixes não editados da mesma idade e desova”, avalia Fernanda.

Médica-veterinária, mestre em Reprodução Animal, PhD em Biologia Celular e pesquisadora da Embrapa Pesca e Aquicultura, Fernanda Loureiro de Almeida O’Sullivan: “Estratégias avançadas como a coinjeção de genes relacionados ao albinismo e à miostatina estão sendo exploradas em espécies como o tambaqui”

Em outros casos, como na dourada de Wuchang, a pesquisadora conta que o knockout da miostatina resultou em um aumento de 11% na densidade muscular, enquanto no bagre amarelo, os peixes editados chegaram entre 1.3 a 1.4 vezes mais peso do que os não editados, principalmente devido ao aumento no número de fibras musculares. E a tilápia editada para o knockout da miostatina por CRISPR/Cas9 apresentou quase o dobro do ganho de peso de uma tilápia não editada. “Todos os peixes de corte que passaram pela edição genômica estão explorando a edição da proteína miostatina, e isso é essencial”, destaca a pesquisadora. “Ao considerar uma produção mais eficiente e uma maior produtividade por hectare de lâmina de água, a edição da miostatina desempenha um papel essencial nesse avanço”, ressalta.

Coloração

Outro avanço da indústria da aquicultura é a manipulação genômica da coloração em diversas espécies, incluindo a carpa prussiana branca, a botia, o salmão do Atlântico e a tilápia vermelha, esta altamente valorizada na Malásia. “Esta variedade de tilápia alcançou uma eficiência de 98.9% na edição genômica”, expôs Fernanda, complementando: “Estratégias avançadas como a coinjeção de genes relacionados ao albinismo e à miostatina estão sendo exploradas em espécies como o tambaqui, que já aos sete dias de vida se observa a manifestação inicial da pigmentação, sinalizando a possibilidade de supressão da miostatina”.

Fernanda relata que na parte de reprodução, a esterilidade já foi trabalhada com a edição genômica na tilápia do Nilo, no bagre do canal e no salmão do Atlântico. E adiantou que está em andamento um projeto para estudo no tambaqui, principal espécie nativa brasileira, uma vez que as espinhas intermusculares representam cerca de 20% de perdas no processo de beneficiamento da espécie. “É um fenótipo interessante para se estudar e tentar aplicar na principal espécie nativa brasileira para a remoção das espinhas intermusculares”, menciona.

A mestre em Reprodução Animal conta que uma pesquisadora chinesa realizou modificações genéticas na carpa prussiana, na carpa crussiana e na dourada de Wuchang, todas pertencentes à família dos ciprinídeos, interrompendo na terceira geração o desenvolvimento das espinhas em forma de Y desses peixes. “A tecnologia CRISPR é uma técnica altamente eficiente e o ciclo de vida desses peixes é curto acelera ainda mais o processo de obtenção de linhagens com fenótipo definitivo, uma vez que essas mutações são herdáveis. Quando um peixe mutado produz espermatogônias e óvulos, essas características são transmitidas para a prole, facilitando assim o estabelecimento das linhagens de peixes”, aponta.

Fernanda diz ainda que uma outra aplicação da edição genômica pode ser feita em linhagens celulares in vitro. “As células-tronco de uma espécie são coletadas para realizar a mutação nas células, seguida pelo transplante. O genoma de um oócito ou embrião em estágio unicelular é ‘desativado’ e um núcleo é transplantado para uma placa que contenha várias células, realizando assim a edição genômica. São numerosas as aplicações que podemos explorar com a tecnologia CRISPR/Cas9”, enfatiza a pesquisadora.

Da edição genômica à mesa

Foto: Jefferson Christofoletti

A produção e comercialização de peixes geneticamente editados variam de região para região no mundo, com cada país adotando suas próprias regulamentações e políticas em relação a esses organismos modificados. “O Brasil se destaca como um país avançado nesse campo, com uma estrutura consolidada para lidar com organismos geneticamente modificados e transgênicos. Enquanto isso, a Europa tende a ser mais cautelosa e restritiva em relação a essas tecnologias, resultando em diferentes regulamentações e legalizações de acordo com o país”, compara Fernanda.

Em alguns países europeus, a pesquisadora menciona que a edição genômica pode ser usada apenas para fins de pesquisa, não sendo permitida para cultivo comercial.

Atualmente, apenas duas espécies de peixes geneticamente modificados estão disponíveis no mercado para o consumidor final, ambas produzidas e regulamentadas no Japão: o fugu (similar ao baiacu) e o pargo vermelho japonês (Madai 22).

Vantagens

A edição genômica na aquicultura oferece diversas vantagens, destacando-se pela sua aplicação fácil, de baixo custo e oferece uma abordagem sustentável (redução de ração, esterilidade, diminuição de resíduos e manutenção da sanidade). “A técnica CRISPR/Cas9 representa uma revolução na edição genômica devido à sua alta eficiência. Além de cortar precisamente a dupla fita de DNA, sua precisão é excepcionalmente alta, ao contrário de técnicas mais antigas que ocasionalmente resultavam em cortes incorretos. Agora, com a CRISPR/Cas9, ao desenhar uma guia, é possível realizar cortes exatos no local desejado do genoma, permitindo a criação de fenótipos específicos. Uma das maiores vantagens dessa técnica é a sua velocidade, pois pode dobrar a produção em apenas uma geração, representando um avanço considerável e não apenas um efeito cumulativo”, destaca Fernanda.

Desafios

Fernanda relata que ainda existe muita confusão entre o paralelismo do melhoramento genético e a seleção genômica. Ela enfatiza que não é possível realizar edição genômica em material genético que já foi selecionado, pois este já possui características de produção superiores. “É essencial compreender que ambas as modalidades de aprimoramento e aumento da produção devem progredir de forma simultânea. É importante ressaltar que trabalhamos com genes únicos; portanto, quando se deseja um efeito fenotípico que envolve múltiplos genes ou é somático e aditivo, é necessária a aplicação do melhoramento genético. Assim, é fundamental alinhar essas duas tecnologias. No entanto, ainda persiste a falta de compreensão por parte de muitas empresas e pesquisadores em relação à convergência dessas duas abordagens”, pontua.

Foto: Jefferson Christofoletti

A pesquisadora também aponta uma série de desafios, incluindo segurança biológica, contaminação e competição com estoques naturais, bem-estar animal, regulamentação, registro e legalização de linhagens como gargalos do setor. “No Brasil essas questões já estão estabelecidas por meio de leis existentes, além da necessidade de aceitação pelo mercado consumidor, que ainda possui pouco conhecimento sobre essa técnica e suas potenciais vantagens. É de suma importância proporcionar maior acesso à informação sobre edição genômica à população”, salienta.

Trabalhos em andamento

Em 2023, foi criado o Núcleo de Edição Genômica para Peixes de Aquicultura (CNPASA) e em 2024 a Embrapa realizou a produção dos primeiros tambaquis geneticamente modificados.

Atualmente, o centro de pesquisa está envolvido em dois projetos com as espécies de tambaqui e tilápia. Conforme detalha Fernanda, o primeiro visa a criação de tambaquis sem espinhas intermusculares (IBs), identificando o gene responsável para sua supressão, considerando que as perdas chegam a 20% no rendimento de filés, representando um dos principais desafios enfrentados pela indústria, e fazer o nocaute da miostatina, visando um crescimento acelerado e maior rendimento de filé.

E para a tilápia, o foco do trabalho também está voltado ao nocaute da miostatina, visando um crescimento mais eficiente e rendimentos superiores de filé. “Embora já existam linhagens de tilápia disponíveis no mercado com edição genômica, nosso objetivo é desenvolver genéticas adaptadas pela Embrapa para diferentes regiões do Brasil”, reforça.

Fonte: O Presente Rural
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Suínos / Peixes

Doenças respiratórias na terminação e o impacto econômico das condenações

Médico-veterinário e especialista em sanidade e manejo na suinocultura, Luis Gustavo Schütz apresenta dados e análises fundamentais para compreender como as condições de saúde dos animais influenciam não apenas na produtividade da indústria, mas também na economia como um todo.

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Fotos: Shutterstock

Durante o Encontro Regional Abraves, realizado em meados de março, em Toledo, no Paraná, o médico-veterinário e especialista em Sanidade e Manejo na Suinocultura, Luis Gustavo Schütz, falou sobre o impacto econômico das enfermidades na fase de terminação dos suínos. Ele apresentou dados e análises fundamentais para compreender como as condições de saúde dos animais influenciam não apenas na produtividade da indústria, mas também na economia como um todo.

Médico-veterinário especialista em sanidade e manejo na suinocultura, Luis Gustavo Schütz, no Encontro Abraves, em Toledo (PR) – Foto: Francieli Baumgarten

Schütz compartilha sua experiência na indústria agropecuária e ressalta a importância dos modelos matemáticos como ferramenta essencial para avaliar o desempenho dos planos de ação e compreender os fatores subjacentes aos resultados obtidos. Ele cita um estudo realizado nos Estados Unidos que revela o impacto dos agentes na questão do isolamento. “Mostra que uma carcaça positiva para influenza apresentou diferença de 3,3 quilos a menos do que numa carcaça negativa. E com mycoplasma, uma diferença de 14 quilos”, relata.

O palestrante também compartilhou resultados de um trabalho realizado durante seu período de estágio, no qual acompanhou suínos desde o nascimento até o abate, analisando a relação entre peso ao nascer, incidência de desvios e ocorrência de pleurisia. “Pude observar uma relação de pleurisia de 7,9%, enquanto que, de desviados, foram 12%”, conta. “Tivemos animais com pleurisia com uma carcaça média de 80,22 quilos, para quem não tem pleurisia, isso dá uma diferença de 4,41 quilos. Sobre a porcentagem de carne magra, observamos 2,45 quilos a menos, ou seja, animais que passam por um processo de complexo respiratório terão problema de performance”, explica o especialista.

Para ilustrar o impacto econômico das enfermidades na terminação suína, Luis Gustavo destaca a necessidade de calcular o custo de uma carcaça saudável, levando em consideração não apenas o valor da carne, mas também o aproveitamento das vísceras. “Uma carcaça saudável tem vísceras que valem bastante no mercado. Para saber quanto custa a víscera, temos o processo de triparia, onde a mucosa vai custar R$ 2,00, a tripa R$11,50. Isso é muito importante para fechar a conta do frigorífico”. Ele complementa ainda que: “hoje uma carcaça desmontada vai custar, se fizermos todo o desmonte dela e fizermos a soma por quantos quilos deu de rendimento e, quanto que custou, dentro da indústria, teremos uma somatória de R$ 845”, calcula.

Ele demonstra como as carcaças condenadas por problemas de saúde têm seu valor substancialmente reduzido devido à impossibilidade de aproveitamento das vísceras, resultando em prejuízos significativos para a indústria. “Uma carcaça que foi desviada, seja por Pleurisia ou problema de transporte, as vísceras são condenadas, e não se terá esse ganho de R$ 35. Coloco um preço médio de R$ 8,50 para uma carcaça de 93 quilos, e ela valerá R$ 795. Se ela é saudável, mais a mucosa, mais víscera, mais tripa, teremos uma carcaça de R$ 830”, exemplifica.

Inspeção

Além disso, Schütz discute a importância da análise econômica para avaliar os programas sanitários na indústria de carne suína. Ele ressalta a importância da inspeção federal como uma ferramenta valiosa para monitorar a saúde do rebanho e identificar possíveis problemas. “É um excelente termômetro para a gente ver se está indo bem ou se está indo mal. Se está indo mal aonde que está o problema, se está indo bem, serve para reforçarmos isso”, evidencia. “No sistema de inspeção federal, temos a linha normal, o animal passará por processo de inspeção, toda a carcaça é inspecionada. Se o fiscal tem alguma dúvida, ele desvia ela para o DIF. Desviando para o DIF, se tem graxaria, que vai pagar 1% daqueles R$ 8,50, e pagará 15% se for para o processo de banha”, complementa o médico-veterinário.

Uma das principais questões abordadas é a análise do destino das carcaças inspecionadas. O especialista detalha um modelo matemático desenvolvido pela Embrapa para avaliar o impacto econômico de condições como pleurites e pericardites na qualidade das carcaças suínas. “O modelo mostra que uma carcaça com pleurite pode ser liberada, mas não exportada. Pode ter condicionamento parcial que vai pagar os 50%, como pode ir para graxaria que vai pagar 1%. Vai depender da resposta desse animal para o teu programa de sanidade”, revela Luis Gustavo.

“De 2010 a 2014, em uma somatória de três milhões de carcaças, Nelson Mores mostra que os desviados para o DIF, por aderência, foram num total de 7% de pleurisia”, frisa o palestrante. Esses dados históricos revelam as tendências ao longo do tempo e permitem uma análise mais precisa do impacto econômico. “Ele mostra quais foram as carcaças desviadas e liberadas, quantas foram para conserva e quantas foram para graxaria. Faz um modelo matemático, mostrando quanto isso impactaria. Nessa relação de peso, quanto foi pago por essas carcaças, tem-se um prejuízo de R$ 31 milhões. Ou seja, uma média de R$ 8,93 por carcaça de prejuízo”.

Além disso, o especialista aponta a questão da performance das carcaças, enfatizando a diferença de peso entre carcaças liberadas e desviadas. “Se eu sei que a perda por destino serão as carcaças condenadas por inspeção, com aproveitamento parcial, também tenho uma perda de performance. E sei que essa carcaça vai pesar menos do que uma carcaça liberada”. Essa diferença de peso, juntamente com os diferentes destinos das carcaças, é fundamental para calcular o potencial de perda econômica. “Mais a tripa, mucosa e reto, a gente consegue fazer um modelo matemático que vai mostrar quanto que vai ser isso de prejuízo”.

Impactos nas operações dos frigoríficos

Schütz também analisa os impactos econômicos das operações de frigoríficos. Com dados concretos e modelos matemáticos elaborados, ele salienta os desafios e oportunidades enfrentados pela indústria. “Se você for no frigorífico de inspeção federal e pedir um relatório, ele vai te dar o relatório de todo abate diário e ele vai ser imenso”, destaca. “Por exemplo, um deles tem 130 mil linhas. Então, para você fazer essa análise, é um pouco complexo”. O foco da análise está em compreender os destinos finais das carcaças e os possíveis impactos econômicos associados a esses destinos. “Se você somar o quilo de carcaça por destino que foi embutido, cozido, graxa, banha, pelo preço da carcaça, menos o total que foi pago teremos um potencial de perda por destino”, explica o palestrante.

O palestrante também apresenta uma análise detalhada da performance das operações do frigorífico, considerando tanto as carcaças desviadas, quanto aquelas que retornaram à linha de produção. “Esse cálculo se faz da seguinte forma: tenho então, uma diferença de peso de carcaça de 3.87. Vezes os R$ 8,50, cada carcaça seria R$ 32”, acrescenta. Ele fala ainda sobre o aumento significativo nas perdas econômicas ao longo dos anos. “Se dividir 1,4 milhões pelo número de carcaças, teremos R$ 5,90. Lembrando que, há dez anos atrás a média por carcaça era de R$ 8”, assinala.

Infraestrutura e manejo

A correlação entre o tamanho crescente das unidades de produção e o aumento das taxas de pleurisia também é discutida. “Isso mostra que as interações que a temos tido, unidades de granja cada vez maiores, temos sim uma interação de agentes, e isso aqui está impactando na questão de pleurisia, que está impactando na questão econômica do frigorífico”, enfatiza Luis Gustavo.

Além do impacto econômico, o médico veterinário também ressalta as implicações para a saúde pública. Ele cita um estudo dos Estados Unidos que mostra uma correlação entre condições como pleurisia e a presença de Salmonella nas carcaças, destacando a importância de abordagens proativas para garantir a segurança alimentar. “A carcaça que tem pleurisia, tem 22% a chance de ter Salmonella, ou seja, 90% a mais de chance de ter Salmonella. E a cada 1% de aderência, você aumenta 5% a presença de Campylobacter”. Ao finalizar sua apresentação, Schütz faz uma importante observação. “Lembrando que, quanto mais demora o carregamento, mais aumenta a questão de Campylobacter, impactando a saúde pública”.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo na suinocultura acesse a versão digital de Suínos clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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Preço de venda de suínos entra em junho com novo patamar

Dados de abate oficiais do primeiro trimestre e extraoficiais de abril e maio indicam, na média, pequeno crescimento da produção (menos de 3%) que, aliado a uma pequena elevação das exportações em relação ao ano passado, demonstram que a disponibilidade interna de carne suína se mantém estável.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

O mercado ajustado e a estabilidade na produção de suínos finalmente começam a resultar em melhores preços pagos ao produtor. Dados de abate oficiais do primeiro trimestre e extraoficiais de abril e maio (gráfico 1) indicando, na média, pequeno crescimento da produção (menos de 3%) que, aliado a uma pequena elevação das exportações em relação ao ano passado (tabela 2), demonstram que a disponibilidade interna de carne suína se mantém estável.

Gráfico 1 – Crescimento percentual mensal do abate de Suínos (cabeças) em 2024, mês a mês, de janeiro a maio, comparado com 2023. Elaborado pelo MBagro, com dados oficiais de janeiro a março (IBGE) e extraoficiais de abril e maio (SIF e MBagro).

Tabela 1 – Volumes exportados de carne suína brasileira in natura (em toneladas), mês a mês, em 2021, 2022, 2023 e 2024 e comparativo percentual de 2024 (de janeiro a maio) com o mesmo período do ano passado. Elaborado por Iuri P. Machado, com dados da Secex.

 

As cotações do suíno vivo para abate vinham mais ou menos na mesma linha de estabilidade, com pequenas oscilações de demanda ao longo do mês, incluindo a tendência de alta nas primeiras semanas em função da entrada dos salários. Este comportamento das cotações do suíno vivo mudou em junho, podendo ser evidenciado pelos preços da Bolsa de suínos de Belo Horizonte (BSEMG) ao longo do ano, como mostra a tabela 2, a seguir.

Tabela 2 – Preço da Bolsa de suínos Belo Horizonte (BSEMG) em cada semana do ano de 2024 (R$/kg vivo). Na legenda (cores) é possível verificar o destaque para alguns movimentos relevantes do mercado de suíno vivo. Elaborado por Iuri Pinheiro Machado com dados da BSEMG.

Em resumo, analisando a tabela 2, com as cotações da BSEMG ultrapassando a barreira de R$ 7,00; bolsa em acordo (fechada) por várias semanas consecutivas, se mantendo em alta até a última semana de comercialização do mês, são indicativos suficientes para afirmar que o preço do suíno em junho mudou de patamar, para melhor. Este mesmo comportamento, de subida nas cotações pode ser observado no preço da carcaça suína em São Paulo, em junho (gráfico 2).

Gráfico 2 – Cotação da carcaça especial suína em São Paulo (SP), nos últimos 6 meses. Dados de junho/2024 até dia 21/06. Fonte: Cepea

Por outro lado, a carne bovina, com volumes de abate superiores aos do ano passado (gráfico 3), apresenta viés de queda nas cotações em junho (gráfico 4)

Gráfico 3 – Crescimento percentual mensal do abate de Bovinos (cabeças) em 2024, mês a mês, de janeiro a maio, comparado com 2023. Elaborado pelo MBagro, com dados oficiais de janeiro a março (IBGE) e extraoficiais de abril e maio (SIF e MBagro).

Gráfico 4 – Cotação do Boi gordo Cepea/B3, em arroba, nos últimos seis meses. Dados de junho/2024 até dia 21/06. Fonte: Cepea.

Este comportamento antagônico entre a carne bovina e suína em junho determinou, pelo menos até o dia 21, uma aproximação dos preços das duas carcaças (redução do spread), conforme apresentado na tabela 3, a seguir. O quilograma de carcaça bovina que chegou a valer mais que o dobro da carcaça especial suína em 2021 e 2022, em junho deste ano está com diferença próxima a 40% apenas.

Tabela 3 – Spread em porcento (R$/kg de carcaça) do boi em relação ao suíno e do suíno em relação ao frango resfriado em São Paulo em 2021, 2022, 2023 e de janeiro a junho de 2024. Elaborado por Iuri Pinheiro Machado com dados do Cepea.

Segundo o Cepea a diferença entre o preço da carcaça especial suína e o da carcaça casada bovina em junho/24 é a menor desde novembro/20, na ocasião o kg da carcaça suína ultrapassou os 13 reais.

Esta redução do spread entre as duas proteínas reforça a situação de relativa escassez de carne suína no mercado neste momento, mas pode ser um limitante para maiores altas desta proteína nas próximas semanas, se o boi não voltar a subir significativamente.

Em relação às exportações de carne suína in natura, o mês de maio manteve a tendência de queda de embarques para a China que, no acumulado do ano reduziu em quase 40% as importações da nossa carne suína, quando comparado com o mesmo período do ano passado (tabela 4). Assim, o gigante asiático, que já comprou mais da metade de nossas exportações, na soma dos primeiros cinco meses de 2024 representou somente 23,5%.

Por outro lado, as Filipinas se consolidam como o segundo maior comprador do Brasil (tabelas 5 e 6) e o México, um dos maiores importadores de carne suína do mundo, pelo segundo mês consecutivo, volta a comprar volumes expressivos de nossa carne, depois de uma suspenção de praticamente quatro meses (gráfico 5), determinada pela justiça daquele país, em função de pressão dos suinocultores mexicanos.

Tabela 4 – Volumes exportados totais e para a China de carne suína brasileira in natura (em toneladas), mês a mês, em 2021, 2022, 2023 e 2024 (de janeiro a maio) e comparativo percentual de 2024 (em destaque) com o mesmo período do ano passado. Elaborado por Iuri P. Machado, com dados da Secex.

Tabela 5 – Principais destinos da carne suína brasileira in natura exportada entre Janeiro e maio de 2024, comparado com o mesmo período de 2023, com valor em dólar (FOB). Ordem estabelecida sobre volumes de 2024. Elaborado por Iuri P. Machado com dados da Secex

Tabela 6 – Principais destinos da carne suína brasileira in natura exportada em maio de 2024, com valor em dólar (FOB). Elaborado por Iuri P. Machado com dados da Secex

Gráfico 5 – Exportação mensal de carne suína brasileira in natura para o México, em 2023 e 2024, em toneladas. Destaque para os volumes totais exportados ano passado e percentual sobre o total e a suspensão dos embarques em dezembro/23, com retomada em abril. Elaborado por Iuri Pinheiro Machado com dados da Secex.

Colheita da segunda safra avança e cotações de milho se mantém em queda

Segundo o MBagro a colheita do milho safrinha no Centro-Sul do Brasil já acumula 9,1% da área colhida até dia 14 de junho, cerca de 3 pontos percentuais acima da média histórica, sendo que o Mato Grosso colheu até o momento cerca de 14% de suas áreas de safrinha. Ainda segundo o MBagro, os EUA já terminaram o plantio da safra de milho está nos estágios iniciais de desenvolvimento vegetativo e até o dia 16 de junho apresenta as melhores condições de cultivo dos últimos 4 anos, com 72% das áreas sob boas ou excelentes condições de desenvolvimento.

A Conab divulgou dia 13 de junho o nono levantamento da safra 2023/24 que, novamente, trouxe um aumento na previsão de volume de milho a ser colhido, em mais 2,5 milhões de toneladas, totalizando 114,1 milhões de toneladas a serem colhidas (tabela 7), sendo que, ainda segundo a Conab, deste total, pouco mais de 88 milhões de toneladas devem ser produzidas nesta segunda safra.

Tabela 7 – Balanço de oferta e demanda de MILHO no Brasil (em mil toneladas). Dados da safra 2022/23 atualizados em 13/06/24, sendo estoque final estimado para 31/01. Fonte: Conab

Com alta disponibilidade de milho estocado ou a ser colhido no Brasil e com a safra estadunidense se estabelecendo bem, as cotações do grão apresentaram ligeira queda em junho, até o momento (gráfico 6).

Gráfico 6 – Preço do milho (R$/SC 60kg) em Campinas (SP), nos últimos 24 meses, até dia 21/06/24. Fonte: Cepea.

O presidente da ABCS, Marcelo Lopes, comemora: “Finalmente o preço do suíno vivo ultrapassou por mais de duas semanas a barreira dos R$ 7 em Mina Gerais, uma tendência de alta que se observa também nas demais praças relevantes da suinocultura. A redução da diferença de preço entre a carcaça suína e bovina dá mostras de que, mesmo com a diminuição da competitividade em preço, a demanda por carne suína tem ultrapassado a oferta e sustentado os preços. Além disso, a alta oferta doméstica e mundial de milho e a aproximação do segundo semestre, que tradicionalmente incrementa a procura por carne suína, deixa o setor mais otimista para os próximos meses”, ressalta Lopes

Fonte: Assessoria ABCS
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