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Suínos

Zootecnista chama atenção para atualização das exigências nutricionais dos suínos

É um dos itens mais caros da produção de suínos e que tem papel fundamental no bom desenvolvimento dos animal.

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Foto: Arquivo/OP Rural

A nutrição é um ponto essencial no processo produtivo. Sendo um dos itens mais caros da produção de suínos e que tem papel fundamental no bom desenvolvimento dos animais, é uma questão que não deve ser negligenciada ou deixada de lado pelos envolvidos: nutricionistas, profissionais do setor e produtor rural. Dessa forma, durante o Simpósio Brasil Sul de Suinocultura, que acontece de 13 a 15 de agosto, em Chapecó (SC), a doutora em Zootecnia e Produção e Nutrição de Não Ruminantes, Melissa Hannas, professora da Universidade Federal de Viçosa (UFV), fala sobre a atualização das exigências nutricionais com foco na melhoria de performance dos animais.

Doutora em Zootecnia e Produção e Nutrição de Não Ruminantes, professora da (UFV), Melissa Hannas: “Todos os nutrientes precisam ser fornecidos através da dieta e do consumo de ração e esse fornecimento vai permitir o desenvolvimento adequado”  – Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal

De acordo com ela, a nutrição é que vai garantir que a performance dos animais seja atingida. “Porque é ela que vai entregar toda a energia e nutrientes que o animal precisa para que possa se desenvolver, crescer e, dessa forma, fazer a deposição de tecidos adequada de acordo com o potencial genético. Assim, o atendimento dos nutrientes que os animais precisam através do consumo de ração e da mistura de ingredientes que vão ser fornecidos na dieta é que vão permitir que o animal expresse o potencial genético, ganho de peso, rendimento de carcaça e produtividade”, esclarece.

A especialista explica que os animais apresentam exigências de energia e ela vai ser obtida através do uso de carboidratos, lipídeos e proteína. “Os animais apresentam essas exigências de proteína na forma de aminoácidos, de alguns lipídeos essenciais, minerais e vitaminas. Todos os nutrientes precisam ser fornecidos através da dieta e do consumo de ração e esse fornecimento vai permitir o desenvolvimento adequado e que os animais apresentem ganho de peso de acordo com o potencial genético, ou seja, que sejam capazes de produzir, no caso das fêmeas, os leitões, e dos reprodutores um sêmen de qualidade”.

Dessa forma, uma vez que a nutrição adequada vai garantir que o animal possa expressar seu potencial genético, constantemente as pesquisas são atualizadas para determinar quais as melhores fontes que devem ser utilizadas nas dietas e quais as exigências nutricionais dos animais nas diferentes fases e qual o equilíbrio de nutrientes. “Muitas vezes precisamos desses nutrientes em equilíbrio, não a mais. Em algumas condições excesso de nutrientes pode ser prejudicial para o animal. Então as pesquisas são feitas constantemente por instituições, universidades e indústrias para que seja possível estabelecer os níveis adequados de nutrientes e os planos de arraçoamento que os animais vão precisar receber nos diferentes sistemas de produção, de forma a entender todos esses requisitos para que os suínos expressem seu potencial genético”, informa.

Dieta aliada a performance

Melissa esclarece que todas as fases da produção são importantes e merecem atenção. “Dentro do sistema de produção as fases são dependentes. Desde a creche até a terminação, em cada fase é preciso verificar quais são os melhores ingredientes, os desafios do sistema de produção, qual a curva de consumo, qual vai ser a mistura de ingredientes nutricionais e se há necessidade de utilizar algum aditivo ou não que possa melhorar ainda mais a produção ou desempenho reprodutivo desses animais. Então dentro da suinocultura não podemos priorizar uma fase em detrimento de outra”, defende.

A especialista comenta que é necessário estar sempre atento as atualizações quando o assunto é nutrição. “A genética, em função do melhoramento e da seleção que é feita nos animais e isso estar chegando constantemente dentro das granjas, faz com que haja alteração de exigências nutricionais dos animais. Constantemente os profissionais envolvidos nas decisões dentro das empresas relacionadas à nutrição precisam estar atentos para questões tanto da qualidade dos ingredientes das dietas quanto a atualização dos programas de nutrição”, afirma.

Para ela, essa é uma forma de garantir que a atualização genética da granja possa ser expressa através de uma maior produção e ganho de peso, uma vez que a nutrição que vai ser fornecida aos animais vai permitir que eles expressem o potencial genético. “Por isso, é sempre importante verificar a atualização genética, as recomendações nutricionais atualizadas, garantir qualidade dos ingredientes e que os planos de arraçoamento estejam sendo atingidos dentro do sistema de produção”.

Evolução constante

Melissa comenta que nutrição é um tema que sempre vai merecer atenção, uma vez que está relacionado ao maior curso do sistema de produção. “Tudo o que é feito através da nutrição tem um impacto muito grande no custo de produção desses animais. Em função disso, fazer uma nutrição adequada, estar atualizado em relação à nutrição, aos planos de arraçoamento, garantir qualidade de ingredientes e do sistema de mistura, definição dos níveis nutricionais, características de mistura e moagem são todos aspectos relacionados à nutrição. As exigências nutricionais sempre merecerão atenção do sistema de produção por apresentar impacto muito grande relacionado ao custo de produção final, rentabilidade e eficiência alimentar dos animais”.

A especialista comenta ainda que é realizado um trabalho de atualização das exigências nutricionais para suínos através da edição de tabelas. “É uma ferramenta que permite estimar os nutrientes que os animais precisam em diferentes condições. Um manual ou orientação que pode servir de ferramenta para diferentes animais, em diferentes condições e genéticas. Ela realmente permite uma flexibilidade na definição dos planos de alimentação e nutrição desses animais”.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo na suinocultura acesse a versão digital de Suínos clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural

Suínos

Abatedouros inteligentes: como os dados do frigorífico podem transformar a produção suína?

Tem espaço para inovação e interação com o setor agropecuário, porque no abate são evidenciadas as consequências do que é praticado no campo.

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A união entre todos os elos da cadeia produtiva é o que faz a diferença. Ter um sistema sustentável é essencial desde o campo até a indústria. Por isso é importante que todos estejam comprometidos em realizar um trabalho exemplar. Dessa forma, é importante que o abatedouro também se veja como um elo importante da cadeia. É onde o músculo do suíno se transforma em carne e se concretiza a missão de produzir proteína animal de qualidade para alimentar as pessoas. Mais que isso, usar com mais eficiência os dados do abatedouro pode contribuir para uma série de melhorias nas etapas anteriores.

“O abate é uma etapa estratégica da produção. No sistema verticalizado todos animais de uma “unidade” geográfica passam pelo mesmo abatedouro. Os dados ali produzidos podem alimentar programas estruturais da suinocultura, como genética, sanidade, rastreabilidade, redução de patógenos, sustentabilidade, entre outros”, destaca a pesquisadora da Embrapa Suínos e Aves, Jalusa Deon Kich.

Para ela, não há fronteiras para o papel do abatedouro. “Tem espaço para inovação e interação com o setor agropecuário, porque no abate são evidenciadas as consequências do que é praticado no campo. Baseado nas informações obtidas no abate, são criadas metas e definido foco de investimento e melhorias. Na direção de atrair e atender os interesses do consumidor, a tecnologia pode ser incorporada no sentido de aumentar a variabilidade na apresentação dos produtos, melhorando em praticidade e saudabilidade”, destaca a especialista, que é uma das palestrantes do SBSS (Simpósio Brasil Sul de Suinocultura), em Chapecó (SC).

Jalusa aborda uma visão holística do papel do abatedouro como cliente do sistema de produção. “Nossa suinocultura já é majoritariamente verticalizada e regulada nos diferentes elos da cadeia, desde a fábrica de ração até o produto no varejo, com controles oficiais e programas de autocontrole. Portanto, uma visão holística deve trazer ferramentas para integração e análise de dados que se convertam em informação compreensível, capaz de indicar falhas de processo, com capilaridade até o ponto onde a intervenção deve acontecer”.

Oportunidades de ponta a ponta

De acordo com ela, ainda há várias oportunidades para reduzir perdas ao abate tanto no campo quanto no abatedouro. “Como sempre, é necessário iniciar por um diagnóstico das ocorrências e das perdas econômicas relativas, ou seja, saber o que ocorre e fazer as contas. Neste diagnóstico, as perdas podem ser classificadas pela etapa da sua origem como: tecnológica para aquelas que ocorrem dentro da planta; pré-abate para perdas relacionadas a lesões e manejo inadequado no momento do embarque, transporte, desembarque; e agropecuárias, que são aquelas que refletem as práticas de produção nas granjas”.

A pesquisadora explica que depois do diagnóstico realizado e as perdas relativas medidas, deve ser traçado um plano de ação de curto e médio prazo. “Frequentemente, as intervenções são incorporadas ao planejamento de melhoria contínua do setor específico. Por exemplo, se dentro do abatedouro está ocorrendo falha na evisceração por problema de inabilidade técnica, isso pode ser corrigido com algum direcionamento no programa de treinamento, em curso, de forma barata. Por outro lado, quando grandes perdas são geradas pela condenação de carcaças devido à ocorrência de canibalismo associado à pneumonia embólica, por ter uma causa multifatorial que ocorre em diferentes fases da produção, às vezes relacionado à estrutura da granja e volume de produção, o investimento é maior e a tomada de decisão passa por instâncias mais complexas. No caso de perdas no pré-abate, por exemplo, as soluções virão da implementação dos programas de bem-estar”, informa.

Ela explica ainda que é interessante perceber que embora os abatedouros mantenham os mesmos processos, são todos diferentes, e as queixas em relação às perdas também não são exatamente as mesmas. “Em termos de desafios internos de abatedouros, eu elenco dois: um estrutural, em função de termos muitas plantas antigas no Brasil, com dificuldades de adaptação para novos processos, que ampliam o papel do abatedouro; e o outro de pessoal. A troca de funcionários é muito frequente, o que demanda treinamento constante e uma dificuldade intrínseca de manter todas estações de trabalho na sua eficiência máxima diariamente”.

Trabalho conjunto

Segundo Jalusa, com informação, conhecimento, reciclagem e a percepção corporativa que vai além da porteira precisa ser incorporada a todos os atores da cadeia produtiva. “É preciso que todos entendam que produzimos carne; cada animal que não vira carne, que é perdido especialmente no abate é um fracasso do sistema. Ele usou toda energia do ciclo de produção para se transformar em um subproduto e passivo ambiental”, comenta.

Ela explica que o produtor deve executar as boas práticas de produção, sanidade e bem-estar, como é orientado tecnicamente para fazer, e toda orientação tem um motivo que deve ser compreendido pelo produtor. Existem questões importantes para redução da ocorrência de doenças endêmicas que demandam investimento nas granjas, mas também mudanças no fluxo e organização da produção. Estas são mais custosas para o sistema”, reflete.

Além disso, a pesquisadora destaca que o abatedouro não consegue corrigir problemas que vêm do campo. “Talvez o desafio neste sentido seja a comunicação interna que possibilite a utilização das informações técnicas e econômicas do abatedouro para intervenção no campo. Para mim, esta é a riqueza do feedback”.

De acordo com ela, abordar um tema que posiciona o abatedouro como um “cliente” do campo é uma boa analogia. “Muitas são as evidências de falhas da produção que aparecem no abatedouro. Podemos citar a violação de limites de resíduos na carne, detectados em programas oficial e de autocontrole, os autos de infração dados pelo SIF em função de não conformidades como animais sujos, violação do tempo de jejum, marcas de agressão, animais inviáveis com sinais de problemas que aconteceram na granja, entre outros”, diz.

Jalusa explica que os dados de causas dos desvios para o DIF e condenações relativas ao setor agropecuário até o embarque dos animais dizem respeito às etapas de produção. “Todas essas informações devem ser consolidadas, analisadas e traduzidas de forma prática e direta para os técnicos e produtores. Faz parte dessa análise considerar se o achado é ocasional ou se se trata de um “surto” e precisa de uma intervenção imediata”.

Pesquisadora da Embrapa Suínos e Aves, Jalusa Deon Kich: “Queremos reduzir desperdícios, obviamente, pela sustentabilidade da cadeia, mas a qualidade deve estar garantida” – Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal

Qualidade deve ser o foco

A especialista destaca que é no abatedouro que é realizada a vigilância ativa para proteção do consumidor por meio da inspeção sanitária. “Este sistema robusto de inspeção presencial na planta é um dos passaportes para acesso e manutenção de mercados, portanto é um passaporte. Digo isso mais no sentido de que quando a matéria-prima não serve para o consumo humano, ela deve ter outro destino. Queremos reduzir desperdícios, obviamente, pela sustentabilidade da cadeia, mas a qualidade deve estar garantida”, destaca.

Ela diz que em termos de qualidade intrínseca da carne oriunda da genética, alimentação, tempo de transporte e de espera no abate, o produtor não tem muito o que fazer. Porém, os manejos que estressam os animais, como choques, pancadas, amontoamento na retirada da granja e embarque nos caminhões ocasionam carne DFD (dark, firm, dry – escura, dura e seca, em inglês), e aumentam os casos de fraturas e hematomas.

Exemplos práticos

As boas práticas de produção e manejo sanitário são essenciais para reduzir perdas ao abate. O trabalho realizado desde o campo até o abatedouro é que faz a diferença. “Como exemplo fáceis posso citar as plantas que registram muitas perdas em relação a lesões pulmonares hemorrágicas com exsudato e fibrina abundante. Neste caso, a identificação do patógeno, com ações específicas como o reposicionamento do programa de vacina, reduz o problema e melhora o rendimento do abate”.

Outro exemplo citado pela pesquisadora é a ocorrência de abcessos no pescoço, em função de agulhas contaminadas ou injetáveis (medicamentos/vacinas) muito reativos. “Neste caso, também se pode lançar mão de diagnóstico microbiológico e histopatológico para entender do que se trata para orientar a intervenção. O treinamento em relação à troca e higiene das agulhas ou à busca de um injetável menos reativo resolvem o problema”, informa.

De acordo com ela, a boa execução do jejum pré-abate melhora sobremaneira o extravasamento de conteúdo estomacal e perdas por contaminações, de vísceras e carcaças. “Dentro do abatedouro, pequenas alterações de processos, que corrijam o extravasamento de conteúdo fecal, como o posicionamento dos operadores que fazem a oclusão e fechamento retal, reduzem as perdas pós-evisceração. Acréscimo de estação de trabalho para que toaletes, previstas na legislação, possam ser realizadas na linha, sem serem encaminhadas ao DIF, reduzem perdas acarretadas por algumas limitações estruturais das plantas”, aponta a palestrante.

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Fonte: O Presente Rural
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Suínos

Especialista aponta desafios e soluções na transferência de imunidade aos suínos

Ter uma boa imunidade desses animais é uma garantia para não haver perdas na produção. E uma das estratégias para assegurar a melhor imunidade dos animais são os protocolos vacinais.

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A saúde de bem-estar dos animais deve ser um dos focos de toda a cadeia produtiva, desde o produtor até a indústria, que busca por bons resultados na produção. Dessa forma, ter uma boa imunidade desses animais é uma garantia para não haver perdas na produção. E uma das estratégias para assegurar a melhor imunidade dos animais são os protocolos vacinais. A partir desse gancho, e olhando especialmente para as matrizes e sua prole, é que o médico veterinário, doutor em Ciência Veterinária e professor associado na UFPR (Universidade Federal do Paraná) Geraldo Alberton, fala sobre a importância da imunidade materna nos protocolos vacinais, durante o SBSS (Simpósio Brasil Sul de Suinocultura), realizado em meados de agosto em Chapecó (SC).

De acordo com o especialista, a imunidade materna é a garantia de sobrevivência e desenvolvimento adequado para os leitões. Alberton explica que a transição do ambiente uterino para o ambiente da maternidade gera um desafio microbiológico gigante para o recém-nascido, e o que irá protege-lo de infecções é a imunidade passiva. “Entretanto, essa imunidade é transitória e será substituída em poucas semanas pela imunidade ativa, gerada pelo próprio leitão a partir da infecção natural e pela vacinação. Portanto, existe uma fase de transição, em que os títulos maternos estarão altos suficientes para ainda proteger o leitão de infecções, mas não tão altos para que o antígeno vacinal não seja totalmente inativado”, informa.

Alberton comenta que, via de regra, quando os leitões são vacinados com pelo menos 21 dias de idade, essa transição é adequada. “Leitões vacinados mais jovens podem ter a eficácia vacinal comprometida não somente pelos altos títulos da imunidade passiva, mas principalmente pela imaturidade do sistema imunológico, o qual ainda não está totalmente preparado para a imunização. Essa imaturidade é fisiológica, afinal a natureza programou o animal para estar protegido pela imunidade materna nesta fase”.

Além disso, a imunidade materna influencia de forma direta na saúde dos leitões, já que eles são colonizados por trilhões de microrganismos que irão compor a microbiota, defende o médico veterinário. “Mais de 90% desses agentes são benéficos, mas uma parte importante pode gerar doenças, como por exemplo a Escherichia coli e o rotavírus. Sem essa proteção do colostro, a colonização dos leitões poderia resultar em muitas enfermidades, com grande risco de morte”, alerta.

Cuidados essenciais

Segundo Alberton, para que a imunidade materna seja transferida adequadamente, os leitões precisam mamar colostro imediatamente após o nascimento. “Leitões fracos e aqueles que nascem por último em leitegadas numerosas (mais de 15) são os de maior risco, por ingerirem menos colostro, ou colostro de menor qualidade, respectivamente”, comenta.

Ele explica que permitir que os leitões mamem de preferência na mãe biológica, o quanto antes e pelo máximo de tempo possível – ideal pelo menos 8 a 12h na mãe biológica – é uma das medidas mais importantes. “As equalizações excessivas e precoces acabam prejudicando a ingestão de colostro. O revezamento de mamadas pode contribuir na melhor ingestão de colostro, mas quando mal executado, acaba prejudicando, pois os leitões acabam ficando muito tempo sem acesso ao úbere, gerando estresse, hipotermia e menor ingestão de colostro”, diz.

Para que a porca transfira a imunidade aos leitões, ela precisa ter sido exposta aos mesmos agentes que desafiarão precocemente os leitões, portanto a vacinação das matrizes e o manejo de feedback são indispensáveis para garantir que o colostro seja protetor, informa Alberton.

Ele comenta que outro ponto extremamente importante e que tem sido negligenciado é o investimento em saúde de plantel, com a adoção de medidas preventivas e curativas visando o aumento de longevidade das matrizes. “Atualmente, a longevidade das porcas é de 3,2 partos; muito aquém do ideal, tanto do ponto de vista econômico, quanto do sanitário. Com relação a esse último ponto, temos que lembrar que na medida que as matrizes ficam maduras, elas transferem maior competência imunológica para seus leitões, tanto via colostro, como via epigenética e via microbiota. Assim, nesse cenário de alta mortalidade de plantel e alta taxa de reposição, os leitões tornam-se muito mais suscetíveis às infecções”.

Imunidade merece atenção

Médico veterinário, doutor em Ciência Veterinária e professor associado na UFPR (Universidade Federal do Paraná) Geraldo Alberton: “Granjas de grande porte precisam treinar um colaborador para ter como atividade prioritária identificar e tratar precocemente as porcas enfermas” – Foto: Arquivo pessoal

As porcas devidamente imunizadas via vacinação ou via feedback e que gozem de boa saúde, irão produzir colostro e leite com a qualidade necessária para proteger os leitões até que imunidade ativa seja suficientemente robusta. Além disso, ela também transferirá a microbiota para seus leitões, que irá colonizar principalmente o intestino do leitão e irá treinar o sistema imunológico. “Assim, quando os níveis de imunidade passiva estiverem declinando, uma grande população de bactérias e outro microrganismos que colonizaram o leitão irão ajudar na defesa dele, fazendo a exclusão competitiva ou produzindo substâncias que inibam a proliferação dos agentes patogênicos. Essa combinação de imunidade passiva robusta com microbiota adequada permite que o leitão não adoeça mesmo sem ter seu sistema imunológico suficientemente maduro”, explica Alberton.

O especialista comenta que as porcas constituem o patrimônio imunológico da granja, pois delas virá a imunidade dos leitões bem como a microbiota. Portanto, não tem como esperar que os leitões possuam boa capacidade imunológica se as matrizes não estiverem saudáveis. “Como os planteis são muito grandes, as porcas muitas vezes adoecem e os colaboradores só percebem quando o animal já está muito debilitado ou já veio a óbito. Para ser possível o diagnóstico precoce, granjas de grande porte precisam treinar um colaborador para ter como atividade prioritária identificar e tratar precocemente as porcas enfermas, bem como organizar monitorias de infecção urinária e de problemas locomotores”, explica.

Ele diz que outro ponto importante é fazer o controle adequado das infecções urinárias, que deve ser feito com medidas de manejo e nunca com o uso preventivo de antibiótico, já que isso desequilibra a microbiota das porcas, com consequente desequilíbrio da microbiota dos leitões. “Dentre os pontos mais importantes para o controle de infecção urinária está a ingestão de água, limpeza das instalações e qualidade dos cascos”.

Estratégias eficazes

Alberton comenta que para que o leitão reaja adequadamente ao estímulo vacinal, ele precisa ter o sistema imunológico devidamente preparado para montar a resposta imunológica adequada. “Dessa forma, leitões que ingerem pouco colostro, que sofreram intervenções com antibiótico ao longo da lactação e que ao desmame não estão saudáveis, poderão ter a resposta vacinal comprometida”, avisa.

Ele diz que quando se trata de vacina oral, leitões que apresentam diarreia durante a vacinação ou que passaram por episódios de diarreia causadas pela rotavirose ou pela coccidiose, não terão as mucosas íntegras para processar adequadamente o antígeno vacinal, consequentemente menos protegidos pela vacina. “O sistema imunológico do leitão amadurece com o passar das primeiras semanas. Nas várias pesquisas que avaliaram a interferência dos altos títulos de anticorpos maternos e da idade da vacinação sobre a resposta vacinal, concluíram que a idade da vacinação interfere mais na resposta vacinal do que os títulos de anticorpos maternos. Portanto, os programas vacinais devem ser posicionados, de preferência, a partir dos 21 dias de idade”.

Para ele, a forma mais simples de monitorar a imunidade dos animais é por índices como ganho de peso diário, conversão alimentar, percentual da animais enfermos e mortos por lote e necessidade de intervenções com antibiótico. “Atualmente estão disponíveis muitos exames laboratoriais que permitem avaliar o status imunológico do plantel, mas são técnicas caras e mais aplicadas em estudos científicos. Uma técnica barata é a avaliação do Grau Brix do colostro, que é uma medida da concentração de imunoglobulinas no colostro. Essa avaliação é feita por um aparelho portátil denominado refratômetro. Uma gota do colostro é colocada no aparelho, e a leitura é feita contra a luz, gerando um valor que indica o quanto concentrado o colostro está em imunoglobulinas. Essa avaliação é muito interessante para monitorar a qualidade do colostro e avaliar o resultado de intervenções de manejo ou nutricionais, sobre a qualidade do colostro”, explica.

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Fonte: O Presente Rural
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Suínos Editorial

A defesa da sanidade como pilar do progresso

Como guardiões da sanidade dos seus rebanhos, os produtores precisam estar constantemente vigilantes e informados sobre as melhores práticas de manejo e controle sanitário.

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A suinocultura brasileira enfrenta desafios constantes que ameaçam sua produtividade e sustentabilidade. Entre esses desafios, a sanidade dos plantéis se destaca como uma preocupação crítica. Enfermidades suínas não apenas acarretam prejuízos econômicos significativos, mas também desperdiçam o trabalho árduo realizado ao longo de toda a cadeia produtiva até o frigorífico. Neste contexto, a biosseguridade é uma medida imprescindível para proteger a saúde animal e garantir a eficiência da produção.

Os impactos das doenças suínas são devastadores. Elas comprometem a saúde dos animais, reduzem a eficiência produtiva e podem levar a perdas substanciais em termos de mortalidade e custo de tratamento. Além disso, a presença de enfermidades afeta diretamente a qualidade da carne, gerando repercussões negativas para toda a cadeia de valor. Para mitigar esses riscos, a implementação rigorosa de práticas de biosseguridade nas propriedades rurais é vital.

A biosseguridade, tema amplamente debatido no Congresso de Avicultores e Suinocultores O Presente Rural, envolve um conjunto de medidas preventivas destinadas a proteger os rebanhos de agentes patogênicos. Cada etapa é crucial para impedir a entrada e a disseminação de doenças, preservando assim a integridade dos plantéis o status sanitário brasileiro.

O papel do produtor rural nesse cenário não pode ser subestimado. Como guardiões da sanidade dos seus rebanhos, os produtores precisam estar constantemente vigilantes e informados sobre as melhores práticas de manejo e controle sanitário. Isso exige um compromisso contínuo com a educação e a atualização técnica. Participar de eventos, cursos e treinamentos específicos sobre biosseguridade e sanidade animal é fundamental para que os produtores estejam sempre à frente das ameaças sanitárias.

Além disso, a colaboração entre produtores, veterinários e órgãos de defesa sanitária é essencial. A troca de informações e experiências, aliada à implementação de programas de monitoramento e controle, fortalece a capacidade de resposta rápida e eficaz a surtos de doenças. A união de esforços cria uma barreira robusta contra as enfermidades, protegendo não apenas os rebanhos individuais, mas também a sanidade do setor como um todo.

Ao adotar medidas de biosseguridade e investir em educação e colaboração, os produtores podem proteger seus rebanhos e garantir a longevidade e o sucesso da suinocultura brasileira. A saúde animal não é apenas uma questão de eficiência produtiva, mas de responsabilidade e compromisso com o futuro do agronegócio nacional.

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Fonte: Por Giuliano De Luca , jornalista e editor-chef do O Presente Rural
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