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Zootecnista aponta caminhos para reduzir perdas e aumentar sobrevivência na piscicultura

Estratégias nutricionais e de manejo preventivo se consolidam como aliadas para enfrentar desafios sanitários e garantir sustentabilidade na produção de peixes.

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Na piscicultura, controlar o ambiente é um desafio constante. Diferente da avicultura, em que todos os elos da cadeia podem ser monitorados com precisão, na criação de peixes o produtor lida diariamente com variáveis que fogem ao seu controle. Temperaturas instáveis, mudanças no pH da água, quedas repentinas de oxigênio e ameaças sanitárias são apenas alguns dos fatores que exigem resiliência do sistema produtivo.

“Os estresses nutricionais vão desde formulações, digestibilidade e composição dos ingredientes até excessos ou faltas de alimentação, presença de micotoxinas e fatores antinutricionais. Essas condições interagem com os estresses ambientais e sanitários, formando um conjunto de desafios que impacta diretamente a saúde e o desempenho dos peixes”, explica o zootecnista Thiago Ushizima, durante sua participação no 4º Simpósio de Piscicultura do Oeste do Paraná (Simpop), realizado em Toledo (PR).

A evolução da tilapicultura evidencia a complexidade desse cenário. Há uma década, a principal preocupação era com o Streptococcus. Hoje, o panorama inclui diversos sorotipos da bactéria, como Aeromonas, Streptococcus dysgalactiae e até infecções virais, presentes em várias regiões e fases de produção. “O produtor precisa conhecer essa variedade de infecções e entender que elas estão no ambiente”, ressalta Ushizima, destacando que o manejo cotidiano – transporte, classificação e vacinação – adiciona ainda mais estresse ao animal.

É nesse contexto que a nutrição estratégica se torna essencial. “A imunonutrição, quando bem aplicada, fortalece o peixe, melhora a digestão, a saúde hepática, a absorção de nutrientes e ajuda a prevenir doenças subclínicas”, explica o profissional.

Proteção antioxidante

Zootecnista Thiago Ushizima: “Nutrição estratégica deixa de ser apenas fornecimento de alimento e se transforma em ferramenta de resiliência, capaz de reduzir impactos de estresse ambiental, melhorar saúde e desempenho e garantir produtividade de forma sustentável” – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

Vitaminas e selênio aparecem como protagonistas desse processo. “As vitaminas são essenciais, mas poucas empresas produzem, e oscilações na oferta ou instabilidade durante armazenamento e processamento podem comprometer seu efeito”, afirma Ushizima.

Ele explica que o selênio atua como antioxidante, protegendo as membranas celulares do estresse oxidativo, processo que acelera danos quando espécies reativas de oxigênio se acumulam. “Quanto maior o estresse, mais importantes se tornam as defesas antioxidantes, incluindo vitamina E, flavonoides, carotenoides e vitamina C. O selênio é um componente essencial nesse sistema de proteção”, pontua.

Além de vitaminas e selênio, outras tecnologias nutricionais estão ganhando espaço na piscicultura. Um exemplo é o hidróxido de selênio metionina, considerado um selênio de terceira geração resistente à extrusão da ração. “Esse nutriente se deposita no músculo do peixe, funcionando como um estoque que pode ser mobilizado em períodos de estresse”, pontua o zootecnista, acrescentando que ele também contribui para a reprodução, aumentando a produção de ovócitos e melhorando o desempenho reprodutivo dos peixes.

Aproveitamento máximo dos nutrientes

Outro recurso importante são as enzimas digestivas, que extraem mais nutrientes dos alimentos. “Elas liberam fósforo preso ao fitato das matérias-primas e degradam componentes presentes no milho e na soja ligados às paredes celulares, liberando energia, proteína e minerais”, detalha Ushizima.

Já os emulsificantes permitem que os óleos da ração se misturem ao ambiente aquoso do trato digestivo, aumentando a superfície de ação das lipases, enzimas que quebram as gorduras. “Isofosfolipídios, que possuem efeito emulsificante, se incorporam às membranas intestinais, facilitando a absorção de nutrientes tanto no transporte passivo quanto ativo e ainda atuam nas células do fígado, promovendo efeitos benéficos no metabolismo”, complementa o zootecnista.

Estudos recentes com tilápias criadas em baixa temperatura mostraram que dietas com emulsificantes aumentam o consumo de alimento em cerca de 10%, melhoram o ganho de peso e reduzem a conversão alimentar, com impactos positivos na composição corporal, incluindo índices viscerossomáticos e patrossomáticos. “No inverno, o metabolismo do animal diminui e ele tende a acumular gordura. Essas ferramentas nutricionais ajudam a otimizar o aproveitamento do alimento e manter o peixe saudável mesmo em condições desafiadoras”, afirma Ushizima.

Para o profissional, essas tecnologias não substituem o manejo adequado, mas potencializam os resultados, fortalecendo o peixe e, consequentemente, toda a cadeia produtiva da piscicultura. “Nutrição estratégica, nesse contexto, deixa de ser apenas fornecimento de alimento e se transforma em ferramenta de resiliência, capaz de reduzir impactos de estresse ambiental, melhorar saúde e desempenho e garantir produtividade de forma sustentável”, sustenta.

Prevenção de doenças

Ushizima ressalta que a imunonutrição tem sido uma das estratégias para reduzir o uso de antibióticos e aumentar a resistência do peixe. “Os desafios sanitários são uma realidade nos sistemas de produção, constantemente pressionados por bactérias e outros patógenos. Em fases intermediárias ou finais, o uso de antibióticos pode ser necessário. Não estou criticando o antibiótico, ele é essencial em alguns problemas, mas dietas funcionais ajudam a reduzir a necessidade de tratamento”, explica Ushizima.

Entre os alimentos funcionais, os ácidos orgânicos são amplamente utilizados. Eles melhoram a digestão, reduzem a carga bacteriana e ajudam a controlar doenças subclínicas, promovendo um ambiente digestivo mais equilibrado e eficiente. “O objetivo é criar um sistema digestivo menos ácido e mais resistente, garantindo que os peixes absorvam melhor os nutrientes e se mantenham saudáveis mesmo sob condições desafiadoras”, acrescenta o profissional.

Impacto econômico

O impacto econômico de perdas sanitárias é significativo. Segundo o zootecnista, considerando um produtor que cria 100 toneladas de peixe a um custo de R$ 6,20 por quilo e vende a R$ 7,20, a margem é de 16%. “Se houver perda de 5% da produção, todo o investimento em ração, mão de obra e insumos se perde, reduzindo drasticamente a rentabilidade. Esse ano, fatores como clima quente, altas densidades nos tanques e enfermidades cada vez mais agressivas afetaram muitos produtores”, expôs.

Resultados na prática

Pesquisas recentes reforçam o potencial das estratégias nutricionais preventivas na piscicultura. Estudos realizados em polos de São Paulo, Paraná, Minas Gerais e Bahia mostraram que o uso de ácidos orgânicos melhora a sobrevivência frente a bactérias como Streptococcus e Francisella, mesmo em baixas dosagens. “Foi um dos primeiros trabalhos feitos no Brasil, infectando tilápias com Francisella e fornecendo ácido orgânico 30 dias antes. Observamos melhora de sobrevivência em torno de 26%”, relata Ushizima.

O uso preventivo de ácidos orgânicos se consolidou no mercado entre 2016 e 2017, em fazendas de São Paulo que enfrentavam graves surtos de Francisella. Hoje, a ferramenta é considerada aliada tanto das indústrias de ração quanto dos produtores, sendo aplicada antes e durante o inverno. A estratégia pode ser complementada por monitoramento visual: ao observar pontos brancos no baço do peixe, o produtor consegue antecipar o uso de antibióticos e outras medidas preventivas.

Estudos envolvendo co-infecção por Streptococcus e Aeromonas também mostraram benefícios. “Com ácido orgânico, houve aumento de cerca de 22% na sobrevivência. Mas é importante destacar que, mesmo em peixes que sobrevivem à infecção, há danos significativos em órgãos essenciais como intestino, fígado e baço. Por isso, a prevenção é essencial”, salienta Ushizima, destacando que o custo de um programa preventivo com ácido orgânico gira em torno de R$ 0,11 por quilo de peixe ao longo de todo o ciclo produtivo, mostrando-se uma estratégia acessível e eficaz.

Outro componente crescente na alimentação funcional são os fitobióticos, extratos botânicos que modulam a resposta imune, atuam na saúde intestinal e inibem a comunicação bacteriana (quorum sensing). Estudos realizados em parceria com a Universidade Estadual de Londrina mostraram que a administração de fitobióticos antes do desafio com Streptococcus aumentou a sobrevivência dos peixes em cerca de 17%. O custo médio de um programa preventivo com fitobióticos é de R$ 110 por tonelada de ração, ou R$ 17 por quilo de peixe, reforçando a viabilidade econômica dessa estratégia.

Não se gerencia o que não se mede

Para Ushizima, não existe solução mágica: “A piscicultura é multidisciplinar. Não há um único ácido orgânico, probiótico ou biorremediador que resolva tudo. É um conjunto de fatores que precisam atuar juntos: boas práticas de produção, biosseguridade, qualidade da água e nutrição de excelência. Uma ração bem formulada só dará resultado se o manejo e o ambiente também forem adequados. Qualidade de água é essencial. Não se gerencia o que não se mede”, pontua.

O profissional deixou uma mensagem muito clara aos participantes do Simpop: peixes saudáveis refletem sistemas produtivos resilientes. “Investir em nutrição estratégica, imunonutrição e manejo preventivo não apenas aumenta a sobrevivência e o desempenho dos animais, mas protege a rentabilidade do produtor e fortalece toda a cadeia da piscicultura brasileira”, reforça.

O acesso é gratuito e a edição pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural

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Carta de Belém une entidades e leva aquicultura ao centro das discussões na COP 30

Setor aquícola conquista espaço histórico na agenda principal da COP.

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A Carta de Belém foi oficialmente entregue, na terça-feira (18), ao presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores, na cidade de Belém, no Pará. Na última segunda-feira (17), a Carta de Belém foi apresentada aos participantes da COP30, no Pavilhão Oceano, Blue Zone.

Foto: Sergio Moraes/COP

Pela primeira vez na história das COPs, a produção de alimentos aquáticos entrou na agenda oficial e tantas atividades relacionadas constam da programação. E pela primeira vez, a produção de pescado está sendo debatida como uma das mais importantes soluções para a redução das emissões de gases de efeito estufa na produção de alimentos. O sistema alimentar é responsável por cerca de um terço das emissões globais de gases de efeito estufa, e grande parte destas emissões vem da produção de proteínas terrestres, que consomem muita água, energia e utilizam extensas áreas de terra.

A Carta de Belém apresenta a produção de pescado como solução climática, por ser uma atividade de baixo carbono, baixo consumo d’água, excelente conversão alimentar no caso da aquicultura (menor consumo alimento para um kg de proteína), e na Amazônia, onde está localizada a maior reserva de água doce do mundo e a proteção da floresta é uma condicionante para o equilíbrio do clima a nível mundial,  se produz pescado preservando-a. A Amazônia pode transformar-se em um grande polo mundial de produção de pescado, gerando milhares de postos de trabalho, emprego e renda. Ou seja, a produção de pescado é uma atividade estratégica para a Amazônia e para o Planeta.

A Carta de Belém também apresenta uma série de propostas para o desenvolvimento da produção de pescado no Brasil: a sua Inclusão nas Políticas Públicas e no Fundo Clima como atividade de baixo carbono, investimentos em inovação, assistência técnica, infraestrutura, cooperativismo, agregação de valor, acesso ao mercado, entre outras, objetivando o desenvolvimento sustentável e inclusivo da cadeia produtiva da pesca e da aquicultura.

A Carta de Belém foi elaborada durante a realização do Internacional Fish Congres & Fish Expo Amazônia – IFC Amazônia, em Belém, em

Foto: Divulgação

abril deste ano, (o evento contou com 6.800 participantes)  e foi  subscrita por 23 entidades e organizações do setor de pesca e aquicultura, entre outras, como a Federação da Indústria do Estado de São Paulo – FIESP e a Confederação Nacional da Agricultura –  CNA e se constituiu em referência para uma ação propositiva na COP 30. A ação conjunta com o Ministério da Pesca e com a FAO, resultaram na inclusão desta temática na programação da COP.

Posição estratégica do setor

A participação do agro e da aquicultura ganhou destaque inédito na COP 30, realizada no Brasil, conforme destacou a CEO do IFC Amazônia, Eliana Panty. Segundo ela, diferentemente de outras edições da cúpula, em que esses temas permaneciam à margem das discussões, desta vez o agro e, especialmente, a aquicultura tiveram protagonismo expressivo. “Em edições anteriores da cúpula, esses assuntos ficavam de fora e, dessa vez, o agro e a aquicultura tiveram protagonismo importante com salas de reuniões, com o Pavilhão Oceano, com vários debates sobre a produção aquícola”, afirmou.

Panty ressaltou ainda a relevância do ato final da comitiva: “E, agora, entregar essa pauta através da Carta de Belém nas mãos do presidente André Lago é uma grande oportunidade de repercutir o interesse e a preocupação, os objetivos, repercutir o real desejo do setor.”

Presidente do IFC Amazônia e ex-ministro da Pesca, Altemir Gregolin: “Pela primeira vez na história das COPs, a produção de alimentos aquáticos entrou na agenda principal” – Foto: Divulgação

Para o presidente do IFC Amazônia e ex-ministro da Pesca, Altemir Gregolin, a Carta de Belém representa um marco de união e posicionamento estratégico do setor. Ele enfatiza que o documento, subscrito por 23 entidades, consolida a defesa da tese de que a produção de pescado é de baixo carbono, possui baixas emissões de gases de efeito estufa, demanda pouco consumo de água e é estratégica tanto para a Amazônia quanto para o planeta. “Na Amazônia também se pode produzir pescado preservando a floresta”, reforçou.

Gregolin explicou que a Carta de Belém foi essencial para iniciar um movimento conjunto com a FAO e com o Ministério da Pesca para inserir a produção de alimentos aquáticos como tema da agenda principal da COP 30. “Pela primeira vez na história das COPs, a produção de alimentos aquáticos entrou na agenda principal. Temos aqui mais de 30 painéis em torno desta temática”, destacou. Ele também relatou que o documento foi apresentado no Pavilhão Oceano, na Blue Zone, e entregue ao presidente da COP, André Lago. “Ele reconheceu a importância dessa temática, conhece dados e informações de baixas emissões, portanto foi extremamente receptivo. E nós queremos agradecer as entidades nacionais que subscreveram a carta, dando aquele peso político que toda manifestação tem que ter”, concluiu.

Entidades Subscritoras da Carta de Belém

A Carta de Belém conta com o apoio e a subscrição das seguintes entidades nacionais do setor aquícola e pesqueiro: IFC Amazônia; IFC Brasil; ABIPESCA – Associação Brasileira das Indústrias de Pescado; PEIXE BR – Associação Brasileira da Piscicultura; ABRAPES – Associação Brasileira de Fomento ao Pescado; ABCC – Associação Brasileira de Criadores de Camarão; PESCA BR – Associação Nacional de Armadores e Proprietários de Embarcações Pesqueiras; CONEPE – Conselho Nacional da Pesca e Aquicultura; CNA – Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil; FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo; Rede de Pesquisa Sustentabilidade na Aquicultura; ABLA – Associação Brasileira de Lojas de Aquariofilia; CBPE – Confederação Brasileira de Pesca Esportiva; ACRIPAR – Associação de Criadores de Peixes do Estado de Rondônia; FAEPA – Federação da Agricultura do Estado do Pará; SINDIPI – Sindicato dos Armadores e das Indústrias da Pesca de Itajaí e Região; SINPESCA – Sindicato das Indústrias de Pesca, da Aquicultura e das Empresas Armadoras e Produtoras, Proprietárias de Embarcações de Pesca do Estado do Pará; PEIXE SP – Associação de Piscicultores em Águas Paulistas e da União; PEIXE MG – Associação dos Aquicultores e Empresas Especializadas do Estado de Minas Gerais; PEIXE PR – Associação Paranaense de Aquicultura; ACAQ – Associação Catarinense de Aquicultura; CEPEA – Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada; CNPA – Confederação Nacional de Pescadores e Aquicultores.

 

Fonte: Assessoria IFC Brasil e IFC Amazônia
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Importação de tilápia vietnamita reacende alerta do setor de aquicultura

Operação comercial liderada pela JBS traz 700 toneladas do Vietnã. Dados oficiais mostram 48 toneladas já desembarcadas em 2025 e produtores apontam risco à competitividade e à sanidade.

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O recente avanço das importações de tilápia do Vietnã ao Brasil, autorizado pelo governo federal em abril deste ano e agora operacionalizado por um embarque de maior escala negociado pela JBS, reacendeu apreensões entre piscicultores e representantes do setor. A operação prevê a chegada de 700 toneladas de pescado, com o primeiro contêiner despachado em 06 de novembro e previsão de desembarque no Porto de Santos em 17 de dezembro, segundo informações sobre o acordo comercial fechado durante a Cúpula do BRICS.

Os números oficiais já registrados no sistema Comex Stat do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) mostram que o País importou 48 toneladas de filé de tilápia congelado do Vietnã em 2025: 25 toneladas em agosto (US$ 123.877) e 23 toneladas em setembro (US$ 71.419), num total de US$ 195.296.

Embora representem um volume relativamente pequeno frente ao mercado produtor doméstico, as aquisições internacionais ganham peso diante da escala industrial prevista pela operação atual.

Contexto de produção
O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de tilápia. Em 2024 a produção nacional foi registrada em cerca de 662.230 toneladas, volume que representa aproximadamente 68% da produção de peixes cultivados no país. Ainda assim, a entrada de matéria-prima importada suscita dúvidas sobre competitividade e equilíbrios de mercado.

O Brasil possui uma das legislações sanitárias mais rigorosas do mundo para a aquicultura, impondo aos produtores brasileiros padrões de biossegurança, rastreabilidade, fiscalização contínua e protocolos de inspeção animal que não são integralmente exigidos em alguns países exportadores, entre eles o Vietnã.

Preocupações com competitividade e normas
Representantes do segmento destacam que a assimetria regulatória é central nas preocupações. Enquanto a cadeia brasileira opera sob protocolos de biossegurança, rastreabilidade e fiscalização contínua que aumentam custos, parte do pescado importado pode provir de sistemas com exigências menos restritivas na origem, reduzindo preço final e, potencialmente, pressionando margens de produtores e frigoríficos nacionais.

Riscos sanitários e incerteza regulatória
Além do aspecto econômico, há receio explícito sobre riscos sanitários. A importação de tilápia estrangeira pode introduzir doenças, parasitas ou variantes de patógenos não presentes ou controlados no Brasil. A situação ficou mais sensível com a inclusão da tilápia na Lista Nacional de Espécies Exóticas Invasoras no início de novembro, medida que aumentou o debate sobre eventuais barreiras e requisitos para movimentação e manejo da espécie, embora o governo afirme que a inclusão não impede a produção comercial.

Produtores, no entanto, veem na listagem um fator de incerteza regulatória que pode resultar em maior burocracia e, consequentemente, inibir novos investimentos. Em suma, dizem, o risco é duplo: concorrência com produto importado a custos potencialmente menores e custos adicionais eventuais decorrentes de medidas administrativas vinculadas ao estatuto de espécie exótica invasora.

Fonte: O Presente Rural
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Aqua Summit BR 2025 traz programação estratégica para orientar o futuro da aquicultura no Brasil

Encontro reúne lideranças, especialistas e setor produtivo para integrar ciência, mercado e políticas públicas.

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A primeira edição do Aqua Summit BR 2025 reúne, de 26 a 28 de novembro, no Palácio Araguaia em Palmas, no Tocantins, uma programação intensa que combina conhecimento, estratégia e inovação para impulsionar o futuro da aquicultura brasileira. O evento estratégico vai reunir lideranças, pesquisadores, empresários e representantes das cadeias de proteína animal e da aquicultura para planejar o futuro da produção de pescado no Brasil. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo site www.aquasummitbr.com.br.

A abertura oficial será realizada no dia 26 de novembro, às 19 horas, com a Palestra Magna “A Força das Proteínas Brasileiras no Cenário Mundial: O que a aquicultura pode aprender com as demais proteínas”, conduzida por Celso Luiz Moretti, engenheiro agrônomo, mestre e doutor em produção vegetal, pesquisador, ex-presidente da Embrapa e atual presidente do conselho do CGIAR, reconhecido internacionalmente por sua contribuição à sustentabilidade agrícola, incluindo o Prêmio Norman Borlaug.

No dia 27 de novembro, às 09 horas, inicia-se o primeiro painel, “Lideranças e sua importância no desenvolvimento da cadeia”, destacando o papel estratégico da gestão e da articulação institucional para o fortalecimento do setor, com participação de Diones Bender Almeida, da Genomar Genetics Latin América, e João Manoel Cordeiro Alves, do Sindirações, sob moderação de Altemir Gregolin, ex-ministro da Pesca e presidente do IFC Brasil.

Em seguida, às 10h30, ocorre o segundo painel, “Avanços Normativos e Governança Setorial em Debate”, abordando as atribuições do governo e do setor produtivo para garantir competitividade e construir um ambiente regulatório moderno e eficiente. Participam Juliana Satie Becker de Carvalho Chino, do Dipoa/Mapa, e Helinton Rocha, da Câmara Setorial.

A programação da tarde começa às 14 horas com o painel “Pacote Tecnológico Integrado: A Base da Competitividade nas Cadeias de Proteína Animal”, trazendo uma visão sobre soluções inovadoras para elevar produtividade e garantir sustentabilidade, com contribuições de Gustavo Maia, da Shrimpl, e Marcos Queiroz, da MqPack, sob mediação de Everton Krabbe, da Embrapa Suínos e Aves.

Às 15h30, o quarto painel, “Posicionamento Mercadológico e Branding Territorial”, explora estratégias de diferenciação, construção de marca e agregação de valor nas cadeias de proteína, com Tom Prado, da REI Alimentos, e Lidia Leal da Silva Lopes, da Angus Brasil, sob moderação de Carlos Humberto Duarte de Lima e Silva, da SICs.

Encerrando o dia, o Flash Embrapa e Sepea apresentará uma sequência de pitches sobre tecnologias desenvolvidas pela Embrapa Pesca e Aquicultura, incluindo edição genética, inteligência de dados para aquicultura, programas de competitividade e soluções de reuso de água, com apresentações de Eduardo Varela, Manoel Pedrosa Filho, Renata Melon e Marccela Mataveli, além da participação de Thiago Tardivo, da Secretaria de Pesca e Aquicultura do Tocantins, destacando as condições favoráveis para investimentos no estado. “O Tocantins oferece condições ideais para o desenvolvimento da piscicultura: clima favorável, abundância de água, quatro grandes reservatórios federais, logística eficiente, incentivos fiscais e segurança jurídica para investidores. A realização da primeira edição do Aqua Summit em Palmas é uma oportunidade única para apresentar essas vantagens a investidores nacionais e internacionais, destacando o potencial do estado para impulsionar a cadeia produtiva do pescado”, destaca Tardivo.

No dia 28 de novembro, os participantes farão uma visita técnica à Embrapa Pesca e Aquicultura, onde poderão conhecer de perto pesquisas, tecnologias e estruturas que posicionam o Tocantins como referência nacional em inovação científica para o setor.

A programação do Aqua Summit BR 2025 foi concebida para integrar ciência, mercado e políticas públicas, estimulando decisões estratégicas e preparando a aquicultura brasileira para um novo ciclo de competitividade, sustentabilidade e crescimento.

Sede estratégica

A escolha de Palmas como sede é unanimemente celebrada pelas lideranças envolvidas. Para Danielle de Bem Luiz, analista e chefe da

Embrapa Pesca e Aquicultura, o Aqua Summit BR é uma oportunidade única para a cadeia do pescado refletir, aprender com o sucesso das demais cadeias de proteínas e avançar na consolidação da sua produção e na ampliação de mercados. “O evento integrará pesquisa aplicada, políticas públicas e mercado para reforçar a competitividade e o protagonismo da aquicultura brasileira”, ressalta Danielle.

Eliana Panty, diretora da Hollus Comunicação e Eventos, valoriza a realização no estado em que nasceu: “Realizar um evento no Tocantins ao lado da Embrapa e do Governo do Estado é um sonho antigo. Cresci às margens do Rio Tocantins, onde a vida sempre veio da água. Hoje, mais do que nunca, voltamos nosso olhar para essa proteína que nasce das águas. A piscicultura tem enorme potencial, mas ainda enfrenta desafios de infraestrutura, processamento, logística e mercado. Eventos como o Aqua Summit BR criam os espaços de debate necessários para transformar esse potencial em desenvolvimento real, gerando mais qualidade, mercado e consumo para o pescado brasileiro”, menciona.

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“O Aqua Summit representa uma oportunidade estratégica para fortalecer a aquicultura tocantinense, pois aproxima produtores, pesquisadores, investidores e gestores públicos em torno de um mesmo objetivo: transformar o potencial natural do Tocantins em um setor produtivo robusto e sustentável”, afirma Roberto Sahium, secretário-executivo da Pesca e Aquicultura do Tocantins.

Citando condições que o estado possui (recursos hídricos, clima favorável e localização estratégica), Sahium lembra que é preciso avançar em conhecimento técnico, em inovação e em agregação de valor. “Eventos como o Aqua Summit permitem justamente essa troca de experiências e tecnologias, estimulando a adoção de boas práticas, o empreendedorismo e a atração de novos investimentos para o setor aquícola tocantinense”, reforça.

Com grande potencial de desenvolvimento também na aquicultura, o Tocantins tem avançado nessa área. Ainda longe de transformar em realidade todas as condições que possui para uma aquicultura sustentável nos três pilares (ambiental, econômico e social), o estado atualmente é o 17° maior produtor nacional, com 18.100 toneladas de peixes no ano passado, principalmente tambaqui.

Fonte: Assessoria Aqua Summit
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