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Zoneamento agrícola do sorgo forrageiro já está disponível para produtores rurais
Também foi publicado o Zarc do sorgo granífero para safra 2021/2022

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) disponibilizou pela primeira vez o Zoneamento Agrícola de Riscos Climáticos (Zarc) para o sorgo forrageiro. Em 2020 já havia sido instituído o zoneamento agrícola do sorgo granífero. A separação de uma mesma cultura em dois zoneamentos distintos é uma novidade no Zarc, que é coordenado pelo Mapa e executado pela Embrapa.
De acordo com o pesquisador Daniel Pereira Guimarães, da Embrapa Milho e Sorgo, essa especificidade busca aprimorar as análises de riscos em função do uso dessa cultura em diferentes sistemas de produção. O sorgo (Sorghum bicolor (L.) Moench), é um gênero botânico pertencente à família Poaceae, de origem africana, sendo o quinto cereal mais produzido no globo, superado apenas por trigo, arroz, milho e cevada.
Os sorgos são classificados agronomicamente em cinco grupos: granífero, sacarino, forrageiro, vassoura e biomassa. “Embora se trate da mesma cultura (Sorghum bicolor), os sistemas de produção orientados para a produção de grãos (sorgo granífero) são distintos dos sistemas que visam a produção de forragem destinada à alimentação animal ou para a geração de energia, em que o foco principal é a produção de biomassa”, diz o pesquisador.
O sorgo forrageiro tem porte maior que o granífero, e a finalidade dele é produzir massa verde, com alta proteína e alta digestibilidade, para alimentação animal na forma de silagem ou feno.
“O sorgo é uma espécie de grande valia para a prática da agricultura sustentável, a segurança alimentar e a qualidade de vida em nossas condições tropicais. Vale ressaltar que o sorgo, por ser mais tolerante à seca que os cereais citados acima, pode se tornar uma das principais culturas para mitigar os fortes efeitos das mudanças climáticas que estão ocorrendo nos trópicos”, pontua Guimarães.
Zarc sorgo forrageiro
A elaboração de um zoneamento agrícola de riscos climáticos envolve o uso de análises que integram simultaneamente as características específicas das plantas, do solo e do clima da região.
“Os conhecimentos gerados nessas áreas são usados para simular o comportamento da cultura agrícola em todo o país em função das variações climatológicas em séries históricas de longas durações. Diferentes resultados são ainda obtidos em função do ciclo de crescimento das plantas e da disponibilidade hídrica dos solos”, diz Daniel Guimarães.
Segundo o pesquisador da Embrapa, para o Zarc do sorgo forrageiro, o processo de modelagem levou em consideração a boa disponibilidade hídrica dos solos na fase de germinação e o estabelecimento inicial da cultura e do período de crescimento vegetativo. “Assim é possível maximizar a produção de biomassa, condição básica para a alta produção de forragem. Também foram incluídos os riscos de excesso de chuvas, os riscos de ocorrência de geadas, as baixas temperaturas e os impactos do fotoperíodo”, explica.
O objetivo deste estudo foi identificar as áreas de menor risco climático, classificado em níveis de risco (20%, 30%, 40% e >40% ou inviável) e definir os melhores períodos de semeadura para esta cultura no Brasil, para reduzir as perdas de produção e obter rendimentos mais elevados. Os resultados obtidos foram submetidos às análises críticas de especialistas na cultura e posteriormente foram discutidos em reuniões de validações com extensionistas das diferentes regiões brasileiras, para identificação de eventuais inconsistências em relação à realidade local e possibilidades de ajustes na metodologia.
Os resultados mostraram que o cultivo do sorgo forrageiro deve ser iniciado em outubro e finalizado em fevereiro, na maioria das regiões do Brasil Central. “Nas regiões onde o regime hídrico começa e finaliza mais tarde, ele pode ser plantado até março, como na região Nordeste. Quando comparado ao milho, o sorgo permite a postergação das datas de semeadura em até 20 dias nos plantios de segunda safra, nas principais fronteiras agrícolas brasileiras, além da expansão dessas áreas de cultivo”, explica o pesquisador Cícero Beserra de Menezes, da Embrapa Milho e Sorgo.
“Deve-se levar em consideração a sensibilidade da cultivar ao fotoperíodo, pois a planta de cultivares sensíveis cresce menos na segunda safra”, diz Menezes.
Sorgo se destaca na seca
O sorgo se destaca pela maior tolerância à seca e às altas temperaturas. É utilizado para a produção de grãos e de biomassa para alimentação animal, energia e papel. O sorgo forrageiro apresenta um sistema radicular profundo, que permite o aumento da fixação do carbono no solo, a proteção do solo às intempéries e a boa adaptação aos sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta.
“O sorgo tem mostrado bom desempenho até em locais de águas salinas, tem menor custo de produção que o milho e possui excelente adaptação tanto para a agricultura intensiva quanto para a agricultura familiar. Quando cultivado de forma adequada, produz muito grão, o que resulta em uma silagem de boa qualidade sem a necessidade do uso de aditivos. Essa cultura também é tolerante ao pisoteio do gado e apresenta baixa incidência de nematoides e de cigarrinha das pastagens”, descreve Menezes.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



