Suínos
Zeralenona e seus efeitos estrogênicos: por que e como controlar?
Zearalenona causa alterações nos órgãos genitais de suínos, e interfere nos índices reprodutivos, por ser uma micotoxina apolar seu controle através da utilização de aditivos adsorventes convencionais se torna pouco efetivo
Artigo escrito por MSc. Fabrizio Matté, médico veterinário e coordenador Técnico da Vetanco Brasil
A distribuição mundial de matérias-primas (milho, soja, etc.) contaminadas com fungos filamentosos e suas micotoxinas tem sido amplamente documentado na literatura. Dentre as micotoxinas, as de maior interesse incluem: Aflatoxina, que geralmente é produzida por Aspergillus; Ocratoxina produzida por Penicillium; e Zearalenona (ZEA), Fumonisinas, Desoxinivalenol (DON) e T-2 que são produzidas por Fusarium spp.
Nos últimos anos é possível se observar uma diminuição nas contaminações por Aflatoxinas, principalmente em milho, micotoxinas estas produzidas por fungos de armazenamento. Porém, o aumento da contaminação do milho pelas Fusarium toxinas vem crescendo muito nos últimos anos, e dentro desta categoria se destacam a Zearalenona (ZEA), Fumonisinas e Deoxinivalenol (DON), micotoxinas estas produzidas por fungos de campo.
Os micélios e esporos do Fusarium spp. produzem pigmentos avermelhados ou pink, tendo em seus mofos esta coloração. A sua presença é extremamente comum e a produção de suas micotoxinas em cereais podem ocorrer nas diversas fases do desenvolvimento da planta, como na maturação, colheita, transporte, processamento ou armazenamento dos grãos.
Dentre as Fusarium toxinas, temos a zearalenona (ZEA), que é classificada como uma lactona ácido resorcíclica, a única micotoxina que gera efeitos primariamente estrogênicos. A ZEA possui um derivado fenólico, que do ponto de vista químico a torna praticamente insolúvel em água (pH < 8) e que na prática significa que a mesma pode ser minimamente adsorvida no trato gastrointestinal dos suínos.
Várias espécies e subespécies de Fusarium spp. são responsáveis pela produção da ZEA. Como a maioria destas espécies de fungos também são produtoras de outras micotoxinas, é muito difícil que apenas a ZEA esteja contaminando a matéria-prima, ocorrendo assim uma ação sinérgica e potencializando os efeitos negativos das micotoxinas sobre os animais.
Após a ingestão, a ZEA é rapidamente absorvida pelas células do trato gastrintestinal, sendo a absorção estimada em 85% nos monogástricos. A flexibilidade na conformação espacial da ZEA e dos produtos de sua biotransformação hepática permite a competição com o 17β-estradiol por receptores estrogênicos das células uterinas, hipotalâmicas, hipofisárias e das glândulas mamárias.
Essa interação incrementa a síntese proteica e manifesta-se principalmente pelo aumento de volume nos tecidos do trato reprodutivo e em quadros caracterizados de vulvovaginite. Também pode ser observada redução na taxa de concepção acompanhada de repetição de cio e pseudogestação pela manutenção de corpo lúteo, nascimento de leitões fracos e natimortos e, muitas vezes, surtos da síndrome dos membros abertos ou splayleg.
Controle da Zearalenona
O controle de micotoxinas evoluiu drasticamente nas últimas décadas, onde surgiram formas mais eficazes para minimizar ou evitar seus efeitos nocivos sem a interferência em outros componentes da alimentação (ex.: vitaminas, minerais e antibióticos). Muitos estudos foram direcionados para a inativação enzimática das micotoxinas. Devido ao fato de as enzimas serem extremamente específicas e dependentes de um meio característico (temperatura, pH, etc.), as pesquisas buscaram encontrar aquelas que catalisassem as micotoxinas de importância e que tivessem sua atividade potencializada no ambiente do trato gastrointestinal dos monogástricos. A partir de isolamentos realizados no sistema digestivo de porcos selvagens (naturalmente resistentes a certas micotoxinas), foram obtidos microrganismos que sintetizavam enzimas com as características desejadas, alcançando assim à base do desenvolvimento de um produto com essa tecnologia.
No artigo publicado na revista Acta Vet. BRNO 2014 e descrito resumidamente nos parágrafos que seguem, pesquisadores do Centro Biotecnológico de Agricultura do Instituto Central de Veterinária e Faculdade de Ciências Veterinárias de Budapest na Hungria, testaram a eficiência de um Aditivo Antimicotoxinas especialmente desenvolvido para inativação enzimática de micotoxinas, sobre os efeitos tóxicos produzidos pela zearalenona.
Foram avaliadas 60 leitoas com 6 semanas de idade, desmamadas aos 30±2 dias com peso médio de 8,4±0,3 kg e divididas em 6 grupos padronizados em peso e conformação com 10 animais cada.
Além dos animais de dois grupos de controle negativo, os demais animais foram desafiados com ZEA na dose de 8 e 16 mg/dia durante um período de 20 dias, entre os 50 e 70 dias de idade. Os grupos com numeração pares receberam aditivo enzimático para micotoxinas via ração na dose 1 kg/tonelada.
Nos grupos desafiados, foi usado ZEA purificada dissolvida em propilenoglicol e administrada diariamente via sonda esofágica. Grupos não desafiados receberam propilenoglicol puro na mesma proporção e no mesmo período.
Como critérios de avaliação foi definido a histologia do tecido vaginal, diferenciando em escores. Ványi et al. (1994) encontrou proliferação epitelial do endométrio e proliferação epitelial das células da vagina, além de edema e hiperemia confirmando os resultados encontrados.
E a concentração de ZEA e seus metabólitos no fígado encontrados aos 70 dias de idade. Método descrito por Bata et al. (1989).
Conclusão
Zearalenona causa alterações nos órgãos genitais de suínos, e interfere nos índices reprodutivos, por ser uma micotoxina apolar seu controle através da utilização de aditivos adsorventes convencionais se torna pouco efetivo.
Assim como apresentado nesse artigo o uso de um aditivo antimicotoxinas enzimático é capaz de hidrolisar a molécula de ZEA quebrando seu anel lactônico e resultando em um produto sem toxicidade. A utilização desse aditivo na alimentação dos suínos demonstrou efeitos positivos, diminuindo a proliferação celular vaginal e a redução dos níveis de ZEA e seus metabólitos no fígado após o desafio com inoculação oral da micotoxina.
Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de julho/agosto de 2017 ou online.
Fonte: O Presente Rural

Suínos
Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca com farelo atinge pior nível do semestre
Após pico histórico em setembro, alta nos preços do farelo de soja reduz competitividade e encarece a alimentação dos plantéis em novembro.

A relação de troca de suíno vivo por farelo de soja atingiu em setembro o momento mais favorável ao suinocultor paulista em 20 anos.
No entanto, desde outubro, o derivado de soja passou a registrar pequenos aumentos nos preços, contexto que tem desfavorecido o poder de compra do suinocultor.
Assim, neste mês de novembro, a relação de troca de animal vivo por farelo já é a pior deste segundo semestre.
Cálculos do Cepea mostram que, com a venda de um quilo de suíno vivo na região de Campinas, o produtor pode adquirir, nesta parcial de novembro (até o dia 18), R$ 5,13 quilos de farelo, contra R$ 5,37 quilos em outubro e R$ 5,57 quilos em setembro.
Trata-se do menor poder de compra desde junho deste ano, quando era possível adquirir R$ 5,02 quilos.
Suínos
Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro
Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.
Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.
Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton
De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.
A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.
Impacto social e ambiental
Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.
A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.
O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.
Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.
O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.
Futuro sustentável
Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”
Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”
O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.
Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.
Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
