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Vírus que afetam tilápia e outros peixes podem nortear escolha de espécies e biosseguridade

A propagação natural de doenças virais exige desenvolvimento de meios viáveis para controlar e implementar barreiras sanitárias eficazes

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Arquivo/OP Rural

Artigo escrito por Atilio Sersun Calefi, médico veterinário, MSc, DSc e professor da Universidade Cruzeiro do Sul e Universidade Santo Amaro-SP; e Marco Aurélio Pereira de Almeida, estudante de Medicina Veterinária Ceunsp – Salto-SP

Desde 1950 a aquicultura tem crescido como proteína animal. Os principais produtores estão na Ásia e dentre os peixes, as tilápias tem o maior crescimento. A criação da tilápia do Nilo expandiu-se a partir de 1965 do Japão para Tailândia e depois Filipinas, Brasil, Estados Unidos e China.

A análise de econômica e segurança alimentar de doenças de peixes estão mais presentes na literatura, mas infecções por vírus carecem de mais trabalhos. Segue uma revisão dos principais que impactam a tilápia e que podem impactar outros peixes.

Família Birnaviridae: os gêneros Avibirnavírus e o Aquabirnavírus têm sido os mais estudados pelo impacto em peixes de alto valor agregado: O Aquabirnavírus é responsável por uma doença contagiosa em Salmonídeos e em outros peixes.

Aquabirnavirus: primeiro relato em 1983 na tilápia de Moçambique, associados à Necrose Pancreática Infecciosa (IPN) na Europa; a presença em peixes relaciona-se à IPN, porém, em tilápias de Moçambique não foram observados sinais clínicos da doença. IPN e Birnavírus geram redução na conversão alimentar, estresse e maior suscetibilidade a patógenos oportunistas. Estudos com tilápia sabaki confirmaram infecção e resposta imunológica a IPN após infecção experimental por inoculação intramuscular e intracelômica de IPN vírus pré-adaptado. Dentro de sete semanas observou-se hemorragia, principalmente na superfície da barriga e em alguns casos perda de muco da pele; órgãos mais afetados foram o pâncreas, fígado (hepatomegalia e necrose), estômago, intestinos (gastroenterite) e o cérebro (hemorragia). A taxa de mortalidade de 25% nos infectados.

Família Iridoviridae: três principais gêneros em peixes:

Bohle Iridovirus: do gênero Ranavirus o BIVm suas infecções relacionadas como a causa de doenças epidérmicas (Linfocitovírus) e hemólise (vírus da necrose eritrocítica) em peixes. Ariel e Owens, na Austrália, descreveram surto epizoótico fatal em tilápias Moçambique: eventualmente a investigação indicou potencial transmissão do vírus de fêmeas para alevinos via canibalismo e os principais sinais sendo Síndrome do Redemoinho (SS); os órgãos afetados foram musculatura e o rim com miólise focal, diminuição dos túbulos renais, hemorragia e infiltrado de heterofilos. Experimentos com Barramundi confirmaram a suscetibilidade a BIV: mesmas anormalidades com necrose dos rins e do baço.

Megalocitivirus é gênero mais recente, sendo os principais o vírus da Necrose Infecciosa do Baço e do Rim (ISKNV), Iridovírus de Brema do Mar Vermelho (RSIV) e Turbot reddish body iridovirus (TRBIV);.O primeiro relato de ocorreu na dourada (Pagrus major) no Japão em 1990 com sinais de letargia, natação impotente, anemia, petéquias nas guelras, esplenomegalia e taxas de mortalidade entre 20-60 %. Desde 1991 gerou mortalidade em mais de 30 espécies de peixes marinhos cultivados no oeste do Japão. O primeiro caso em tilápia do Nilo nos EUA em 2012, com mortalidade entre 50 e 75% de alevinos, histopatologia revelou megalocitose no intestino, rim, baço, coroide, brânquias e ocasionalmente no tecido cardíaco. Partículas virais poligonais foram observadas por microscopia de transmissão na submucosa intestinal e a sequência genética era idêntica ao do Vírus da Necrose Infecciosa do Baço e Rim (ISKNV). A implementação de medidas de biossegurança estrita é necessária para evitar propagação.

Família Herpesviridae: há uma grande variedade com enfoque no Vírus da encefalite da larva de tilápia (TLEV), descrito em larvas de tilápia azul (O. aureus) e híbridos de tilápias vermelhas (Oreochromis spp.): ocorrência associada à Síndrome do Redemoinho (SS) e palidez ou escurecimento da pele entre 4 a 6 dias pós-infecção, seguido por mortalidade. O primeiro pico de mortalidade entre animais compartilhando o mesmo habitat foi entre 24 a 26 dias após a fertilização (transmissão vertical) e um segundo pico de mortalidade de 32 a 34 dias (transferência horizontal); sobrevivência escassa de 2 a 8%. Suscetibilidade foi de 72% no O. aureus e 33,3% no O. niloticus, respectivamente. Tanto na transmissão vertical quanto na horizontal, houve supressão da produção de radicais superóxido (ROS) pelos leucócitos fagocíticos, favorecendo necrose neuronal aguda. Observações adicionais de que a transmissão horizontal está ligada a cofatores ambientais de estresse e de que em infecção vertical é possível restaurar a funcionalidade de ROS por células fagocíticas, ao contrário da transmissão horizontal, onde é irreversível e correlacionada a altas taxas de mortalidade.

Família Nodaviridae: classe composta por Ribovírus inseto-patogênicos isométricos, com ênfase no Betanodavírus causando encefalomielite, encefalopatia, retinopatia vacuolar, bem como necrose neuronal viral (VNN); afeta estágios larvais ou juvenis de peixes; sinais clínicos de perda de controle da bexiga natatória, perda de visão e coloração anormal da pele em várias espécies de peixes marinhos com mortalidade variável. Disseminando-se mundialmente o VNN transmite-se para peixes de água doce pela pelo portador Barramundi, cujas larvas são criadas em água salobra e com fase juvenil aclimatada em água doce: surto de 2007 em O. niloticus em fazenda europeia sugeriu, Betanodavírus pelos sinais de natação errática e achados histopatológicos. Também foi observado que O. niloticus pode desenvolver resistência durante o envelhecimento. O vírus poderia ser transmitido horizontalmente, por meio de água contaminada, indivíduos infectados e pela ingestão do vírus, bem como verticalmente.

Outros vírus que afetam as tilápias: Alguns surtos virais permanecem em pesquisa, à exemplo de Tilapia Lake Virus (TiLV) em tilápias híbridas (O. niloticus com O. Aureus) em Israel, pois sua origem ainda não foi adequadamente estabelecida, mas indicam alta mortalidade associada ao patógeno.

Partículas semelhantes ao vírus foram isolados e com propagação em cultivo celular. Os sinais foram erosões cutâneas, buftalmia, hemorragia das leptomeninges, baço e congestão renal em tilápias infectadas. A reprodução da doença TiLV em tilápias nativas (O. niloticus) foi realizada por meio da injeção intracoelômica viral, tendo 74 a 85% de peixes com letargia, descoloração, ulceração ocular, manchas na pele e ulceração, com morte 10 dias após a infecção. Os testes de coabitação confirmaram a transmissão horizontal. As tentativas de identificação e classificação por meio de análise homóloga do material genético de TiLV coletado no surto em Israel falharam, porém, foi observado que devido às características morfológicas (vírus de RNA com dez segmentos únicos e sentido negativo) o TiLV poderia ser qualificado como um novo gênero da família Orthomyxoviridae. Outro surto com alta mortalidade e alto grau de especificidade atingindo O. nilocitus ocorreu em Granada com alteração nos hepatócitos e definiu o surto como hepatite sincicial da tilápia (SHT) com distensão abdominal, protrusão das escamas, escurecimento da pele e exoftalmia, com uma taxa de mortalidade de aproximadamente 80%. A infecção em Tilápias Geneticamente Masculinas (TGM) não produziu a doença; as sobreviventes aos picos de mortalidade permaneceram saudáveis, apresentando redução da conversão alimentar. Outros estudos observaram que os vírions SHT compartilham características ultraestruturais que combinam com os Ortomixovírus, e também que o SHT apresenta homologia genética parcial ao TiLV, mas ainda necessário mais estudos a fim de conseguir o isolamento, transmissão e patogênese viral. Além das doenças virais descritas, a FAO China em junho de 2018 indicou que o TiLV tem sido associado a casos com alta mortalidade e perdas de produção na Ásia, África e América do Sul e este cenário o qualifica para maior conscientização, vigilância e melhoria das capacidades diagnósticas.

Considerações Finais

A propagação natural de doenças virais exige desenvolvimento de meios viáveis para controlar e implementar barreiras sanitárias eficazes. Melhorias como recirculação de água e inspeções transfronteiriças e do fluxo de produção entre criadouros-criadores-unidades de processamento de carne e populações e avaliação dos níveis de densidade se fazem essenciais. A exigência comercial de machos e respectivas técnicas de reversão sexual indicam uma oportunidade para a avaliação de oportunizar ou não maior disseminação de vírus. A intensificação do levantamento epidemiológico e caracterização de novos vírus é necessária para compreender as doenças virais e determinar manejos de contenção na produção de peixes.

Outras notícias você encontra na edição de Nutrição e Saúde Animal de 2020 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Importância do diagnóstico para controle de diarreia em leitões de maternidade

Ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais.

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Fotos: Divulgação/Agroceres Multimix

Artigo escrito por Lucas Avelino Rezende, consultor de Serviços Técnicos de suínos na Agroceres Multimix

Uma das causas mais frequentes de morte de leitões na maternidade, sem dúvidas, é a diarreia neonatal, que pode ser causada por diversos fatores, incluindo infecções bacterianas, virais ou parasitárias, bem como problemas nutricionais ou ambientais.

Por ser multifatorial, a simples presença de patógenos entéricos nem sempre é suficiente para produzir doença clínica. Diante disso, é importante saber que é necessário haver uma interação hospedeiro-ambiente-patógeno. Diferenças em práticas específicas de manejo e ambiente, bem como características do animal e do rebanho, podem influenciar muito o risco de ocorrência da doença.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Alguns fatores podem contribuir para o aumento na ocorrência da diarreia pré-desmame, como: leitões de baixo peso ao nascer, baixa temperatura ambiental levando ao estresse pelo frio, higiene ruim da gaiola de parição, ingestão de leite e colostro insuficientes e o número insuficiente de tetos para a prole.

As principais causas infecciosas de diarreia em leitões na maternidade no Brasil são as Clostridioses, Colibacilose, Rotaviroses e Coccidiose. Em alguns casos, a coinfecção de dois ou mais agentes podem estar presentes e agravar o caso de diarreia.

A sobrevivência de leitões é influenciada por vários fatores, incluindo ordem de nascimento, peso ao nascer, ingestão de colostro e níveis séricos de imunoglobulina G (IgG). Esses fatores interagem de maneiras complexas para determinar a suscetibilidade do leitão a doenças e a saúde geral.

Um importante ponto para entender a dinâmica do surgimento de diarreias na maternidade é a avaliação da ingestão de colostro pelos leitões, uma vez que é essencial para a imunidade passiva dos leitões recém-nascidos, já que não há transferência de imunoglobulinas e outros componentes da imunidade materna para os leitões via transplacentária.

De modo geral, granjas com baixo peso ao nascimento ou uma grande variabilidade do tamanho dos leitões nascidos são aquelas mais desafiadas com diarreias na maternidade, porque leitões com menor peso ao nascer podem ter dificuldade em consumir colostro suficiente, resultando em níveis mais baixos de IgG e maior suscetibilidade a infecções.

O diagnóstico clínico da causa da diarreia em leitões pode ser subjetivo e propenso a erros. Fatores como estresse, condições ambientais e outros problemas de saúde subjacentes podem ser muito semelhantes aos sintomas da diarreia. Para isso, devemos desenvolver critérios de diagnóstico mais objetivos para diarreia em leitões, como: monitorar os leitões desde o nascimento, permitindo a detecção precoce da doença, incorporar testes laboratoriais (por exemplo, consistência fecal, pH e níveis de eletrólitos), realizar necropsias e exames complementares a detecção viral ou bacteriana, como histopatologia e imuno-histoquímica.

Diagnóstico

Um diagnóstico preciso ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais. Um dos pilares para isso é a coleta adequada de amostras. Ela permite a identificação dos agentes etiológicos, avaliação da resposta imune e a monitorização da eficácia das terapias.

A escolha do tipo de amostra dependerá do agente etiológico suspeito e dos objetivos do exame. As amostras mais comuns incluem:

  • Fezes: A coleta de fezes é o método mais simples e acessível. É importante coletar amostras frescas e representativas de diferentes animais do lote. Para suspeitas virais é importante coletar sempre de animais na fase aguda da doença, quando a eliminação viral é maior. Para casos de suspeita parasitária é importante associar o diagnostico com histopatologia, uma vez que a eliminação do Cystoisospora é intermitente.
  • Sangue: A análise do sangue permite avaliar a resposta imune, a presença de anticorpos e detectar alterações bioquímicas.
  • Conteúdo intestinal: A coleta do conteúdo intestinal é indicada para a identificação de patógenos que colonizam o intestino delgado ou grosso.
  • Tecidos: A coleta de tecidos para histopatologia é parte fundamental e complementar as análises de cultivo bacteriano e detecção viral nas fazes ou conteúdo intestinal.

A coleta de amostras deve ser realizada de forma cuidadosa para evitar a contaminação e garantir a qualidade do material. Os recipientes utilizados para a coleta das amostras devem estar limpos e esterilizados para evitar a contaminação por outros microrganismos. De modo geral, é importante que as amostras sejam bem refrigeradas e nunca congeladas, uma vez que o processo de congelamento pode inviabilizar o cultivo bacteriano.

Após a coleta das amostras, diversos métodos podem ser utilizados para o diagnóstico, dentre eles cultura que possibilita a identificação e o isolamento de bactérias, PCR que detecta a presença de DNA ou RNA de vírus, bactérias com alta especificidade, sorologia para pesquisa de anticorpos contra os agentes infecciosos, indicando uma infecção prévia ou atual e a histopatologia que permite a avaliação de lesões histológicas e a identificação de agentes infecciosos em tecidos.

A histopatologia desempenha um papel crucial no diagnóstico preciso de doenças intestinais em leitões. Através da análise microscópica de tecidos, é possível identificar lesões características de diversas doenças, auxiliando na diferenciação entre condições infecciosas, inflamatórias, neoplásicas e degenerativas.

A escolha do método de coleta de amostra e do exame laboratorial dependerá do agente etiológico suspeito, da fase da doença e dos recursos disponíveis. A correta coleta e o transporte das amostras são essenciais para garantir a qualidade dos resultados.

A interpretação correta dos resultados dos exames laboratoriais é crucial para o diagnóstico preciso e o tratamento adequado da diarreia em leitões. Ela envolve a análise dos dados obtidos, a correlação com os sinais clínicos e a consideração de outros fatores, como a idade dos animais, as condições de manejo e a história epidemiológica do plantel.

Em resumo, o diagnóstico é uma ferramenta essencial no combate à diarreia em leitões de maternidade, uma vez que permite ações direcionadas e eficazes para controlar e prevenir a doença, garantindo a saúde e o bem-estar dos animais.

As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: marketing.nutricao@agroceres.com.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural com Lucas Avelino Rezende
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Especialista evidencia importância de os profissionais da cadeia suinícola entenderem o que é sustentabilidade

Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção.

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Fotos: Shutterstock

Na suinocultura, a sustentabilidade se tornou um dos principais desafios enfrentados pelos profissionais do setor. O médico-veterinário José Francisco Miranda, especialista em Qualidade de Alimentos, destaca que a compreensão desse conceito é fundamental para que zootecnistas e veterinários contribuam efetivamente para a produção sustentável de suínos. “É preciso entender que a sustentabilidade não é custo, mas investimento”, afirma.

Ele ressalta que, ao longo dos últimos 15 anos, a discussão sobre práticas sustentáveis ​​esteve frequentemente atrelada a um aumento nos custos, envolvendo ações como o plantio de árvores e a adequação da dieta dos animais. “Essas práticas eram vistas como um custo, o profissional precisa desmistificar essa visão. Na verdade, boas práticas de produção estão intimamente ligadas a resultados positivos”, explica.

Para Miranda, a eficiência na conversão alimentar é um exemplo claro de como sustentabilidade e produtividade caminham juntas. “Não existe produção com alta conversão alimentar que não seja sustentável. Os números de emissões são baixos quando a eficiência é alta”, ressalta.

Um ponto destacado pelo especialista é o papel dos zootecnistas e nutricionistas na cadeia produtiva. “Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção. E cada vez mais eles terão um papel significativo na implantação da sustentabilidade dentro das empresas”, afirma.

O entendimento das análises de sustentabilidade e das tecnologias disponíveis é essencial. Miranda menciona, como exemplo, o uso de aditivos nutricionais, como a protease, que permite reduzir a quantidade de soja na ração. “Com isso, é possível diminuir a pegada de carbono em até 12%. No entanto, menos de 40% dos produtores no mundo utilizam essa tecnologia, o que revela uma falta de informação e confiança na eficácia desses produtos”, expõe.

Comunicação e conscientização

Para que as informações sobre sustentabilidade sejam disseminadas na suinocultura é fundamental que os profissionais comuniquem os benefícios dessas práticas não apenas entre si, mas também para a alta direção das empresas. “Os profissionais precisam trazer essa informação para a gestão, conscientes de que a sustentabilidade deve ser uma estratégia de crescimento, não apenas uma preocupação financeira”, destaca Miranda.

O especialista também ressalta a importância de uma colaboração entre academia, indústria e governo para facilitar a adoção de novas tecnologias. “Cada parte da cadeia produtiva deve contribuir para acelerar esse processo. É um esforço coletivo que envolve desde a produção até a comercialização”, enfatiza.

Compromisso do setor

Miranda acredita que o setor está comprometido com a adoção de práticas sustentáveis, embora reconheça a necessidade de discussão sobre o que é realmente necessário para essa transição. “As empresas entendem que a sustentabilidade traz benefícios não apenas para o planeta, mas também para sua própria lucratividade, mas é preciso acelerar a implementação destas práticas sustentáveis”, frisa,

Para se destacar neste cenário, Miranda enfatiza que os profissionais devem se aprofundar nas análises de sustentabilidade e na análise do ciclo de vida dos produtos. “Um bom profissional deve entender desde a produção do grão até o produto final que chega ao consumidor. Se ele se restringir a uma única área, pode perder de vista os benefícios que sua atuação pode trazer para toda a cadeia”, salienta.

A visão do especialista reforça que a sustentabilidade na suinocultura não é uma tendência passageira, mas uma necessidade imediata. “A adoção de práticas sustentáveis, aliada ao conhecimento técnico e científico, é fundamental para garantir um futuro mais responsável e eficiente para a indústria suinícola”, afirma.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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Suinocultura teve ano de recuperação, mas cenário é de cautela

Conjuntura foi apresentada ao longo de reunião da Comissão Técnica de Suinocultura da Faep. Encontro também abordou segurança do trabalho em granjas de suínos.

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Foto: Divulgação/Sistema Faep

Depois de dois anos difíceis, a suinocultura paranaense iniciou um período de recuperação em 2024. As perspectivas para o fim deste ano são positivas, mas os primeiros meses de 2025 vão exigir cautela dos produtores rurais, que devem ficar de olho em alguns pontos críticos. O cenário foi apresentado em reunião da Comissão Técnica (CT) de Suinocultura do Sistema Faep, realizada na última terça-feira (19). Os apontamentos foram feitos em palestra proferida por Rafael Ribeiro de Lima Filho, assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A mesma conjuntura consta do levantamento de custos de produção do Sistema Faep, que será publicado nos próximos dias.

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

O setor começou a se recuperar já em janeiro deste ano, com a retomada dos preços. Até novembro, o preço do suíno vivo no Paraná acumulou aumento de 54,4%, com a valorização se acentuando a partir de março. No atacado, o preço da carcaça especial também seguiu esse movimento. A recomposição ajudou o produtor a se refazer de um período em que a atividade trabalhou no vermelho.

Por outro lado, a valorização da carne suína também serve de alerta. Com o aumento de preços, os produtos da suinocultura perdem competitividade, principalmente em relação à carne de frango, que teve alta bem menor ao longo ano: o preço subiu 7,7%, entre janeiro e novembro. Com isso, a tendência é que o frango possa ganhar a preferência do consumidor, em razão dos preços mais vantajosos.

“Temos que nos atentar com a competitividade da carne suína em relação a outras proteínas. Com seus preços subindo bem menos, o frango se tornou mais competitividade. Isso é um ponto de atenção para a suinocultura, neste cenário”, assinalou Lima Filho.

Exportações

Foto: Claudio Neves

Com 381,6 mil matrizes, o Paraná mantém 18% do rebanho brasileiro de suínos. A produção nacional está em estabilidade nos últimos três anos, mas houve uma mudança no portifólio de exportações paranaenses. Com a recomposição de seus rebanhos, a China reduziu as importações de suínos. O país asiático – que chegou a ser o destino de 40% das vendas externas paranaenses em 2019 – vai fechar 2024 com a aquisição de 17% das exportações de suínos do Paraná.

Em contrapartida, os embarques para as Filipinas aumentaram e já respondem por 18% das vendas externas de carne suína do Estado. Entre os destinos crescentes, também aparece o Chile, como destino de 9% das exportações de produtos da suinocultura paranaense. Nesse cenário, o Paraná deve fechar o ano com um aumento de 9% no volume exportado em relação a 2023, atingindo 978 mil toneladas. Os preços, em compensação, estão 2,3% menores. “Apesar disso, as margens de preço começaram a melhorar no segundo semestre”, observou Lima Filho.

Perspectivas

Diante deste cenário, as perspectivas são positivas para este final de ano. O assessor técnico da CNA destaca fatores positivos, como o recebimento do 13º salário pelos trabalhadores, o período de férias e as festas de final de ano. Segundo Lima Filho, tudo isso provoca o aquecimento da economia e tende a aumentar o consumo de carne suína. “A demanda interna aquecida e as exportações em bons volumes devem manter os preços do suíno vivo e da carne sustentados no final deste ano, mantendo um momento positivo para o produtor”, observou o palestrante.

Para 2025, se espera um tímido crescimento de 1,2% no rebanho de suínos, com produção aumentando em 1,6%. As exportações devem crescer 3%, segundo as projeções. Apesar disso, por questões sazonais, os produtores podem esperar uma redução de consumo nos dois primeiros meses de 2025. “É um período em que as pessoas tendem a ter mais contas para pagar, como alguns impostos. Além disso, a maior concorrência da carne de frango pode impactar a demanda doméstica”, disse Lima Filho.

Além disso, o aumento nos preços registrados neste ano pode estimular o alojamento de suínos em 2025. Com isso, pode haver uma futura pressão nos preços nas granjas e nas indústrias. Ou seja, o produtor deve ficar de olho no possível aumento dos custos de produção, puxado principalmente pelo preço do milho, da mão de obra e da energia elétrica. “O cenário continua positivo para a exportação, mas o cenário para o ano que vem é de cautela. O produtor deve se planejar e traçar suas estratégias para essa conjuntura”, apontou o assessor da CNA.

Segurança do trabalho

Além disso, a reunião da CT de Suinocultura da FAEP também contou com uma palestra sobre segurança do trabalho em granjas de suínos. O engenheiro e segurança do trabalho e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sandro Andrioli Bittencourt, abordou as Normas Regulamentadoras (NRs) que visam prevenir acidentes de trabalho e garantir a segurança e o bem-estar dos trabalhadores.

Entre as normativas detalhadas na apresentação estão a NR-31 (que estabelece as regras de segurança do trabalho no setor agropecuário), a NR-33 (que diz respeito aos espaços confinados, como silos, túneis e moegas) e a NR-35 (que versa sobre trabalho em altura). Em seu catálogo de cursos, o Sistema Faep dispõe de capacitações para cada uma dessas regulamentações.

Fonte: Assessoria Sistema Faep
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