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Vírus na creche e bactérias na terminação: como enfrentar as doenças respiratórias?

Com inverno chegando, enfermidades causam dor de cabeça e prejuízos para o suinocultor que não adota medidas protetivas na granja

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O inverno é um período em que o produtor deve redobrar as preocupações e atenção à sanidade do rebanho. Com as mudanças de temperatura, é importante que o suinocultor tome todas as providências necessárias para que o lote continue saudável e rendendo adequadamente. Mas isso pode não acontecer por conta de enfermidades típicas para a época. Nesta temporada, as doenças respiratórias são as primeiras que aparecem causando grandes prejuízos na granja. É importante que o suinocultor saiba exatamente quais são, como tratar e, principalmente, evitar este tipo de enfermidade na propriedade. Em algumas fases de produção, orienta, os vírus são mais perigosos. Em outras, a preocupação maior é com as bactérias.

Entre as principais doenças respiratórias, que causam maiores prejuízos atualmente no Brasil, são a pneumonia micoplasmática e a influenza suína. Além destas duas, existem ainda outras que ocorrem com menos frequência, mas que também causam problemas em muitas granjas, como a pleuropneumonia suína e a pasteurelose pulmonar, informa o pesquisador da Embrapa Suínos e Aves, Marcos Antônio Zanella Mores. Ele conta que há ainda duas doenças importantes que cursam com sinais clínicos respiratórios, porém são doenças sistêmicas, que são a circovirose e a doença de Glasser.

Mores explica que a pneumonia micoplásmica é uma doença bacteriana. “A maioria das granjas comerciais é positiva para este agente, porém a doença ocorre com maior ou menor gravidade de acordo com os fatores de risco existentes em cada granja ou sistema de criação”, explica. Ele comenta que a doença é considerada crônica, de disseminação lenta nos lotes, afetando principalmente suínos nas fases de crescimento e terminação. “O principal sinal clínico desta doença é a tosse, que normalmente é seca e crônica”, diz Mores. A infecção por esta bactéria causa diminuição nos mecanismos de defesa contra outras infecções no pulmão do suíno, abrindo portas para infecções oportunistas por outros agentes, principalmente pela Pasteurella multocida e Haemophilus parasuis, aumentando a gravidade dos quadros clínicos e a mortalidade nos lotes afetados.

O pesquisador conta que já a influenza suína é uma doença viral causada por vários subtipos do vírus influenza A. “Atualmente este vírus está presente na maioria das granjas comerciais de suínos no Brasil. Quando a doença ocorre em granjas onde os animais não têm nenhuma imunidade, há o desenvolvimento de uma forma aguda, de disseminação rápida e afetando animais de todas as idades, com sinais clínicos mais graves”, diz Mores. Ele relata, porém, que os quadros mais frequentes observados no Brasil atualmente são mais crônicos, pois o vírus tornou-se enzoótico nas granjas. “Nestes casos, os animais mais afetados são os que estão na fase de creche e início de crescimento. Nesta forma crônica, a gravidade dos quadros clínicos é dependente dos fatores de risco existentes nas granjas”, informa. Mores acrescenta ainda que os sinais clínicos mais observados em surtos de influenza são tosse e febre. “Pode ocorrer também dificuldade respiratória, espirros e secreção nasal. Infecções bacterianas oportunistas também podem ocorrer, aumentando a gravidade da doença”, diz.

Já a pleuropneumonia suína e a pasteurelose pulmonar podem causar quadros clínicos semelhantes, cursando com febre, dificuldade respiratória e mortes em animais se não medicados rapidamente. “Estas doenças ocorrem principalmente em animais nas fases de crescimento e terminação”, revela Mores. E a circovirose, segundo o pesquisador, é uma doença viral sistêmica causada pelo circovirus suíno tipo 2. “Ela afeta leitões principalmente nas fases de creche e início de crescimento, causando especialmente o definhamento dos leitões, mas, muitas vezes, também cursando com sinais clínicos respiratórios, como tosse e dificuldade respiratória”, diz o pesquisador. Ele acrescenta que como é uma doença imunossupressora, frequentemente ocorrem infecções bacterianas associadas que agravam os quadros e aumentam a taxa de mortalidade. Já a doença de Glasser, Mores explica que afeta suínos principalmente nas fases de creche e crescimento, causando febre, apatia, tosse, dificuldade respiratória, definhamento e aumento na taxa de mortalidade. “Com frequência ocorre associada aos surtos de influenza e circovirose, como doença oportunista”, esclarece.

O pesquisador explica que as principais doenças ainda causam diversas consequências zootécnicas. Ele conta que a pneumonia micoplásmica e a infecção por influenza causam perdas nos índices zootécnicos nos lotes afetados, principalmente no consumo de ração e no ganho de peso, e piora o índice de conversão alimentar. “Em casos mais graves, quando associadas a infecções secundárias oportunistas, também ocorre aumento na taxa de mortalidade dos lotes”, informa. Mores acrescenta que outra consequência das doenças respiratórias é o aumento nos gastos com medicamentos para o tratamento e controle das doenças nos lotes. Ele ainda diz que a pleuropneumonia suína e a pasteurelose pulmonar podem causar também aumento nos índices de condenações de carcaças nos abatedouros devido às lesões que aparecem ao abate quando os lotes são afetados no final do período de terminação.

Precauções

Mores explica que para que a prevenção e controle das doenças respiratórias seja efetiva, normalmente recomenda-se aos produtores trabalhar com quatro ferramentas: biosseguridade, controle dos fatores de risco, utilização de vacinas e uso de tratamentos antimicrobianos estratégicos. Ele informa que as medidas de biosseguridade são utilizadas para evitar ou reduzir o risco da introdução de novos agentes infecciosos na granja. “As principais medidas são relacionadas ao controle de visitas à granja, sendo permitidas somente quando realmente necessárias e sob condições adequadas, como troca de roupa e calçados, período de vazio sem acesso a outras granjas, frigoríficos ou laboratórios; evitar o acesso de animais domésticos ou selvagens às instalações dos suínos pela utilização de cercas; controle de insetos e roedores; aquisição de animais de reposição somente de granjas idôneas e livres das principais doenças”, recomenda.

O pesquisador conta que existem vacinas com boa eficiência para o controle da pneumonia micoplásmica e da circovirose, sendo que a prática de vacinação para estas doenças é amplamente utilizada no Brasil. Já para a influenza existem vacinas no mercado nacional, porém os resultados ainda são contraditórios e a vacinação é utilizada somente em alguns sistemas de produção. “Para as demais enfermidades citadas, existem vacinas eficientes, porém a prática da vacinação só é recomendada para as granjas onde o problema realmente existe e causa prejuízos aos produtores”, observa.

Para Mores, fatores de risco são situações de manejo e ambientais que ocorrem em algumas granjas e podem favorecer a ocorrência das doenças por diminuírem a imunidade dos animais ou favorecerem a transmissão dos agentes infecciosos entre os animais ou lotes. “Os principais fatores de risco para a ocorrência das doenças respiratórias são: amplitudes térmicas diárias maiores que 6° Celsius, correntes de ar frio sobre os animais, falta de ventilação nas instalações, falta de higiene e problemas na desinfecção das instalações, superlotação, misturas de animais de diferentes origens na formação dos lotes e não utilização do vazio sanitário entre os lotes”, salienta.

Outro ponto destacado pelo profissional é que a utilização de medicações antimicrobianas estratégicas deve ser realizada em granjas onde as demais medidas de prevenção e controle citadas não estão sendo suficientes para evitar a ocorrência das doenças. “Neste caso, deve ser feito um estudo de quais as doenças são prevalentes na granja, quais as fases em que estão ocorrendo e, com base nestas respostas, montar um programa de medicação com antibióticos, normalmente via ração, por períodos previamente determinados, para as fases em que as doenças ocorrem com maior frequência”, informa.

Mores alerta sobre o frio extremo que ocorre em muitas regiões do Brasil durante o inverno. Ele aponta que na região Sul, onde o inverno é mais rigoroso, a ocorrência de problemas respiratórios pode ser maior neste período, principalmente onde os produtores não controlam adequadamente os fatores de risco, pois o estresse térmico reduz a imunidade dos animais, favorecendo as infecções pelos agentes presentes nas granjas. “Em climas mais frios a sobrevivência dos agentes infecciosos no ambiente é maior, favorecendo a transmissão entre granjas, lotes e animais”, relata.

O pesquisador ainda enfatiza dois pontos, que segundo ele, são de extrema importância. O primeiro é que a maioria das doenças respiratórias dos suínos é considerada multifatorial, ou seja, além da presença do agente infeccioso, outros fatores são importantes para que a doença ocorra com maior ou menor gravidade nas granjas. “Além das medidas específicas para cada doença, o controle dos fatores de risco é muito importante para manter a doença sob controle no sistema de produção”, revela. Já o segundo ponto são as medidas de biosseguridade, que “são essenciais para reduzir o risco da introdução de novos agentes na granja”.

Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de maio/junho de 2017 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Importância do diagnóstico para controle de diarreia em leitões de maternidade

Ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais.

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Fotos: Divulgação/Agroceres Multimix

Artigo escrito por Lucas Avelino Rezende, consultor de Serviços Técnicos de suínos na Agroceres Multimix

Uma das causas mais frequentes de morte de leitões na maternidade, sem dúvidas, é a diarreia neonatal, que pode ser causada por diversos fatores, incluindo infecções bacterianas, virais ou parasitárias, bem como problemas nutricionais ou ambientais.

Por ser multifatorial, a simples presença de patógenos entéricos nem sempre é suficiente para produzir doença clínica. Diante disso, é importante saber que é necessário haver uma interação hospedeiro-ambiente-patógeno. Diferenças em práticas específicas de manejo e ambiente, bem como características do animal e do rebanho, podem influenciar muito o risco de ocorrência da doença.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Alguns fatores podem contribuir para o aumento na ocorrência da diarreia pré-desmame, como: leitões de baixo peso ao nascer, baixa temperatura ambiental levando ao estresse pelo frio, higiene ruim da gaiola de parição, ingestão de leite e colostro insuficientes e o número insuficiente de tetos para a prole.

As principais causas infecciosas de diarreia em leitões na maternidade no Brasil são as Clostridioses, Colibacilose, Rotaviroses e Coccidiose. Em alguns casos, a coinfecção de dois ou mais agentes podem estar presentes e agravar o caso de diarreia.

A sobrevivência de leitões é influenciada por vários fatores, incluindo ordem de nascimento, peso ao nascer, ingestão de colostro e níveis séricos de imunoglobulina G (IgG). Esses fatores interagem de maneiras complexas para determinar a suscetibilidade do leitão a doenças e a saúde geral.

Um importante ponto para entender a dinâmica do surgimento de diarreias na maternidade é a avaliação da ingestão de colostro pelos leitões, uma vez que é essencial para a imunidade passiva dos leitões recém-nascidos, já que não há transferência de imunoglobulinas e outros componentes da imunidade materna para os leitões via transplacentária.

De modo geral, granjas com baixo peso ao nascimento ou uma grande variabilidade do tamanho dos leitões nascidos são aquelas mais desafiadas com diarreias na maternidade, porque leitões com menor peso ao nascer podem ter dificuldade em consumir colostro suficiente, resultando em níveis mais baixos de IgG e maior suscetibilidade a infecções.

O diagnóstico clínico da causa da diarreia em leitões pode ser subjetivo e propenso a erros. Fatores como estresse, condições ambientais e outros problemas de saúde subjacentes podem ser muito semelhantes aos sintomas da diarreia. Para isso, devemos desenvolver critérios de diagnóstico mais objetivos para diarreia em leitões, como: monitorar os leitões desde o nascimento, permitindo a detecção precoce da doença, incorporar testes laboratoriais (por exemplo, consistência fecal, pH e níveis de eletrólitos), realizar necropsias e exames complementares a detecção viral ou bacteriana, como histopatologia e imuno-histoquímica.

Diagnóstico

Um diagnóstico preciso ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais. Um dos pilares para isso é a coleta adequada de amostras. Ela permite a identificação dos agentes etiológicos, avaliação da resposta imune e a monitorização da eficácia das terapias.

A escolha do tipo de amostra dependerá do agente etiológico suspeito e dos objetivos do exame. As amostras mais comuns incluem:

  • Fezes: A coleta de fezes é o método mais simples e acessível. É importante coletar amostras frescas e representativas de diferentes animais do lote. Para suspeitas virais é importante coletar sempre de animais na fase aguda da doença, quando a eliminação viral é maior. Para casos de suspeita parasitária é importante associar o diagnostico com histopatologia, uma vez que a eliminação do Cystoisospora é intermitente.
  • Sangue: A análise do sangue permite avaliar a resposta imune, a presença de anticorpos e detectar alterações bioquímicas.
  • Conteúdo intestinal: A coleta do conteúdo intestinal é indicada para a identificação de patógenos que colonizam o intestino delgado ou grosso.
  • Tecidos: A coleta de tecidos para histopatologia é parte fundamental e complementar as análises de cultivo bacteriano e detecção viral nas fazes ou conteúdo intestinal.

A coleta de amostras deve ser realizada de forma cuidadosa para evitar a contaminação e garantir a qualidade do material. Os recipientes utilizados para a coleta das amostras devem estar limpos e esterilizados para evitar a contaminação por outros microrganismos. De modo geral, é importante que as amostras sejam bem refrigeradas e nunca congeladas, uma vez que o processo de congelamento pode inviabilizar o cultivo bacteriano.

Após a coleta das amostras, diversos métodos podem ser utilizados para o diagnóstico, dentre eles cultura que possibilita a identificação e o isolamento de bactérias, PCR que detecta a presença de DNA ou RNA de vírus, bactérias com alta especificidade, sorologia para pesquisa de anticorpos contra os agentes infecciosos, indicando uma infecção prévia ou atual e a histopatologia que permite a avaliação de lesões histológicas e a identificação de agentes infecciosos em tecidos.

A histopatologia desempenha um papel crucial no diagnóstico preciso de doenças intestinais em leitões. Através da análise microscópica de tecidos, é possível identificar lesões características de diversas doenças, auxiliando na diferenciação entre condições infecciosas, inflamatórias, neoplásicas e degenerativas.

A escolha do método de coleta de amostra e do exame laboratorial dependerá do agente etiológico suspeito, da fase da doença e dos recursos disponíveis. A correta coleta e o transporte das amostras são essenciais para garantir a qualidade dos resultados.

A interpretação correta dos resultados dos exames laboratoriais é crucial para o diagnóstico preciso e o tratamento adequado da diarreia em leitões. Ela envolve a análise dos dados obtidos, a correlação com os sinais clínicos e a consideração de outros fatores, como a idade dos animais, as condições de manejo e a história epidemiológica do plantel.

Em resumo, o diagnóstico é uma ferramenta essencial no combate à diarreia em leitões de maternidade, uma vez que permite ações direcionadas e eficazes para controlar e prevenir a doença, garantindo a saúde e o bem-estar dos animais.

As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: marketing.nutricao@agroceres.com.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural com Lucas Avelino Rezende
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Especialista evidencia importância de os profissionais da cadeia suinícola entenderem o que é sustentabilidade

Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção.

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Fotos: Shutterstock

Na suinocultura, a sustentabilidade se tornou um dos principais desafios enfrentados pelos profissionais do setor. O médico-veterinário José Francisco Miranda, especialista em Qualidade de Alimentos, destaca que a compreensão desse conceito é fundamental para que zootecnistas e veterinários contribuam efetivamente para a produção sustentável de suínos. “É preciso entender que a sustentabilidade não é custo, mas investimento”, afirma.

Ele ressalta que, ao longo dos últimos 15 anos, a discussão sobre práticas sustentáveis ​​esteve frequentemente atrelada a um aumento nos custos, envolvendo ações como o plantio de árvores e a adequação da dieta dos animais. “Essas práticas eram vistas como um custo, o profissional precisa desmistificar essa visão. Na verdade, boas práticas de produção estão intimamente ligadas a resultados positivos”, explica.

Para Miranda, a eficiência na conversão alimentar é um exemplo claro de como sustentabilidade e produtividade caminham juntas. “Não existe produção com alta conversão alimentar que não seja sustentável. Os números de emissões são baixos quando a eficiência é alta”, ressalta.

Um ponto destacado pelo especialista é o papel dos zootecnistas e nutricionistas na cadeia produtiva. “Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção. E cada vez mais eles terão um papel significativo na implantação da sustentabilidade dentro das empresas”, afirma.

O entendimento das análises de sustentabilidade e das tecnologias disponíveis é essencial. Miranda menciona, como exemplo, o uso de aditivos nutricionais, como a protease, que permite reduzir a quantidade de soja na ração. “Com isso, é possível diminuir a pegada de carbono em até 12%. No entanto, menos de 40% dos produtores no mundo utilizam essa tecnologia, o que revela uma falta de informação e confiança na eficácia desses produtos”, expõe.

Comunicação e conscientização

Para que as informações sobre sustentabilidade sejam disseminadas na suinocultura é fundamental que os profissionais comuniquem os benefícios dessas práticas não apenas entre si, mas também para a alta direção das empresas. “Os profissionais precisam trazer essa informação para a gestão, conscientes de que a sustentabilidade deve ser uma estratégia de crescimento, não apenas uma preocupação financeira”, destaca Miranda.

O especialista também ressalta a importância de uma colaboração entre academia, indústria e governo para facilitar a adoção de novas tecnologias. “Cada parte da cadeia produtiva deve contribuir para acelerar esse processo. É um esforço coletivo que envolve desde a produção até a comercialização”, enfatiza.

Compromisso do setor

Miranda acredita que o setor está comprometido com a adoção de práticas sustentáveis, embora reconheça a necessidade de discussão sobre o que é realmente necessário para essa transição. “As empresas entendem que a sustentabilidade traz benefícios não apenas para o planeta, mas também para sua própria lucratividade, mas é preciso acelerar a implementação destas práticas sustentáveis”, frisa,

Para se destacar neste cenário, Miranda enfatiza que os profissionais devem se aprofundar nas análises de sustentabilidade e na análise do ciclo de vida dos produtos. “Um bom profissional deve entender desde a produção do grão até o produto final que chega ao consumidor. Se ele se restringir a uma única área, pode perder de vista os benefícios que sua atuação pode trazer para toda a cadeia”, salienta.

A visão do especialista reforça que a sustentabilidade na suinocultura não é uma tendência passageira, mas uma necessidade imediata. “A adoção de práticas sustentáveis, aliada ao conhecimento técnico e científico, é fundamental para garantir um futuro mais responsável e eficiente para a indústria suinícola”, afirma.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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Suinocultura teve ano de recuperação, mas cenário é de cautela

Conjuntura foi apresentada ao longo de reunião da Comissão Técnica de Suinocultura da Faep. Encontro também abordou segurança do trabalho em granjas de suínos.

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Foto: Divulgação/Sistema Faep

Depois de dois anos difíceis, a suinocultura paranaense iniciou um período de recuperação em 2024. As perspectivas para o fim deste ano são positivas, mas os primeiros meses de 2025 vão exigir cautela dos produtores rurais, que devem ficar de olho em alguns pontos críticos. O cenário foi apresentado em reunião da Comissão Técnica (CT) de Suinocultura do Sistema Faep, realizada na última terça-feira (19). Os apontamentos foram feitos em palestra proferida por Rafael Ribeiro de Lima Filho, assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A mesma conjuntura consta do levantamento de custos de produção do Sistema Faep, que será publicado nos próximos dias.

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

O setor começou a se recuperar já em janeiro deste ano, com a retomada dos preços. Até novembro, o preço do suíno vivo no Paraná acumulou aumento de 54,4%, com a valorização se acentuando a partir de março. No atacado, o preço da carcaça especial também seguiu esse movimento. A recomposição ajudou o produtor a se refazer de um período em que a atividade trabalhou no vermelho.

Por outro lado, a valorização da carne suína também serve de alerta. Com o aumento de preços, os produtos da suinocultura perdem competitividade, principalmente em relação à carne de frango, que teve alta bem menor ao longo ano: o preço subiu 7,7%, entre janeiro e novembro. Com isso, a tendência é que o frango possa ganhar a preferência do consumidor, em razão dos preços mais vantajosos.

“Temos que nos atentar com a competitividade da carne suína em relação a outras proteínas. Com seus preços subindo bem menos, o frango se tornou mais competitividade. Isso é um ponto de atenção para a suinocultura, neste cenário”, assinalou Lima Filho.

Exportações

Foto: Claudio Neves

Com 381,6 mil matrizes, o Paraná mantém 18% do rebanho brasileiro de suínos. A produção nacional está em estabilidade nos últimos três anos, mas houve uma mudança no portifólio de exportações paranaenses. Com a recomposição de seus rebanhos, a China reduziu as importações de suínos. O país asiático – que chegou a ser o destino de 40% das vendas externas paranaenses em 2019 – vai fechar 2024 com a aquisição de 17% das exportações de suínos do Paraná.

Em contrapartida, os embarques para as Filipinas aumentaram e já respondem por 18% das vendas externas de carne suína do Estado. Entre os destinos crescentes, também aparece o Chile, como destino de 9% das exportações de produtos da suinocultura paranaense. Nesse cenário, o Paraná deve fechar o ano com um aumento de 9% no volume exportado em relação a 2023, atingindo 978 mil toneladas. Os preços, em compensação, estão 2,3% menores. “Apesar disso, as margens de preço começaram a melhorar no segundo semestre”, observou Lima Filho.

Perspectivas

Diante deste cenário, as perspectivas são positivas para este final de ano. O assessor técnico da CNA destaca fatores positivos, como o recebimento do 13º salário pelos trabalhadores, o período de férias e as festas de final de ano. Segundo Lima Filho, tudo isso provoca o aquecimento da economia e tende a aumentar o consumo de carne suína. “A demanda interna aquecida e as exportações em bons volumes devem manter os preços do suíno vivo e da carne sustentados no final deste ano, mantendo um momento positivo para o produtor”, observou o palestrante.

Para 2025, se espera um tímido crescimento de 1,2% no rebanho de suínos, com produção aumentando em 1,6%. As exportações devem crescer 3%, segundo as projeções. Apesar disso, por questões sazonais, os produtores podem esperar uma redução de consumo nos dois primeiros meses de 2025. “É um período em que as pessoas tendem a ter mais contas para pagar, como alguns impostos. Além disso, a maior concorrência da carne de frango pode impactar a demanda doméstica”, disse Lima Filho.

Além disso, o aumento nos preços registrados neste ano pode estimular o alojamento de suínos em 2025. Com isso, pode haver uma futura pressão nos preços nas granjas e nas indústrias. Ou seja, o produtor deve ficar de olho no possível aumento dos custos de produção, puxado principalmente pelo preço do milho, da mão de obra e da energia elétrica. “O cenário continua positivo para a exportação, mas o cenário para o ano que vem é de cautela. O produtor deve se planejar e traçar suas estratégias para essa conjuntura”, apontou o assessor da CNA.

Segurança do trabalho

Além disso, a reunião da CT de Suinocultura da FAEP também contou com uma palestra sobre segurança do trabalho em granjas de suínos. O engenheiro e segurança do trabalho e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sandro Andrioli Bittencourt, abordou as Normas Regulamentadoras (NRs) que visam prevenir acidentes de trabalho e garantir a segurança e o bem-estar dos trabalhadores.

Entre as normativas detalhadas na apresentação estão a NR-31 (que estabelece as regras de segurança do trabalho no setor agropecuário), a NR-33 (que diz respeito aos espaços confinados, como silos, túneis e moegas) e a NR-35 (que versa sobre trabalho em altura). Em seu catálogo de cursos, o Sistema Faep dispõe de capacitações para cada uma dessas regulamentações.

Fonte: Assessoria Sistema Faep
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