Suínos Saúde Animal
Vinte anos de Circovírus no Brasil: Mutações pontuais de aminoácidos podem comprometer a resposta imune?
Ainda há um efeito positivo dos protocolos de vacinação atualmente utilizados com vacinas convencionais, mesmo que todas sejam baseadas no genótipo PCV2a

Artigo escrito por Andrea Panzardi, especialista técnica em Biológicos Ourofino – Suínos
O circovírus suíno possui a maior taxa de evolução dentre os vírus ssDNA (Holmes, 2009). Em função disso, atualmente há a presença de oito (8) diferentes genótipos de PVC2, sendo representados por: PCV2a, PCV2b, PCV2c, PCV2d (antigo mPCV2b), PCV2e, PCV2f, PCV2g e PCV2h, os quais podem infectar leitões de maneira simultânea, ou seja, podendo este albergar mais de um genótipo de PCV2. Há indício de um nono (9) genótipo de circovírus já sequenciado, sendo este representado pelo PCV2i. Com isso, a circovirose passou de doença emergente a genótipos emergentes. Entretanto apesar da diversidade de genótipos determinados, atualmente no Brasil, os de maior importância em suinocultura tecnificada estão representados por dois (2) principais e frequentemente isolados, o PCV2b e o PCV2d (Gráfico 1).

Esta evolução foi decorrente de mutações pontuais na região ORF2, mais especificamente em regiões/epítopos específicos de importância estrutural do vírus, bem como de reconhecimento de anticorpos, ou seja, uma região imunogênica, aumentando a chance de falhas vacinais, respectivamente, devido a alterações relacionadas em resíduos de aminoácidos (aa) que reduzem a homologia/identidade, e consequente proteção cruzada.
“De doença emergente a genótipos emergentes”
Os diferentes genótipos de PCV2 possuem alta homologia, ou seja, demonstrando proteção cruzada, entretanto esta evolução fez com que as vacinas convencionais, desenvolvidas a partir do PCV2a, perdessem de certa forma, um pouco em eficácia, uma vez que a redução desta homologia está diretamente relacionada à redução de proteção cruzada. Esta redução de homologia foi verificada através de um estudo em que foi analisado o percentual (%) de identidade de amostras de campo PCV2b e d frente à vacina recombinante PCV2b, quando comparado aos isolados PCV2a, demonstrando menor risco de falha vacinal (Quadro 1).

Ainda neste mesmo estudo foi realizada uma análise um pouco mais aprofundada no intuito de verificar a homologia em um epítopo específico e, cientificamente, comprovado por ser responsável estruturalmente e antigenicamente na região ORF2, representado pelo epítopo da região do aminoácido (aa) 51 – 85. Os resultados demonstraram uma maior homologia da vacina recombinante PCV2b frente aos isolados PCV2b e PCV2d em detrimento ao PCV2a, que apresentou uma redução importante nesta homologia, e com isso aumentando o risco de falha vacinal (Quadro 2).

No intuito de demonstrar o porquê desta redução de homologia do genótipo PCV2a frente aos isolados atuais brasileiros de PCV2b e d, associado ao aumento de quadros subclínicos e alguns clínicos a campo, foi selecionado o resíduo do aminoácido 59 da região ORF2. Este aa já foi cientificamente comprovado como um aminoácido crítico, localizado externamente ao capsídeo viral, e, portanto, possuindo importância estrutural e antigênica. Neste aa em específico, foi verificada uma mutação, havendo substituição do aa alanina (A) por arginina (R) e lisina (K), respectivamente, nos genótipos PCV2b e PCV2d (Figura 1). Um dos pontos mais interessantes desta mutação, é que o aa A do PCV2a, se trata de um aa com características físico-químicas muito distintas dos aa presentes nas sequencias dos genótipos b e d, o que demonstra um aumento da chance de risco da ocorrência de escape imunológico (Tabela 1).


Este escape imunológico foi comprovado em um estudo controlado in vivo, onde três grupos de leitões foram vacinados com uma vacina convencional PCVa presente no Brasil, e desafiados respectivamente com PCV2a, PCV2b e PCV2d. Dos três (3) grupos de tratamento, o primeiro, desafiado com PCV2a e vacinado com PCV2a apresentou estatisticamente (P<00,5) uma maior concentração de anticorpos neutralizantes quando comparado aos grupos desafiados com PCV2b e PCV2d, indicando uma melhor neutralização viral e, consequentemente, melhor proteção por ser um genótipo homólogo/ similar.

Considerações finais
Ainda há um efeito positivo dos protocolos de vacinação atualmente utilizados com vacinas convencionais, mesmo que todas sejam baseadas no genótipo PCV2a. Entretanto, pelo fato do PCV2a diferir, em média, de 5 a 10% entre o PCV2b e PCV2d na região de ORF2 agrava a preocupação em relação a esta proteção em decorrência de mutações pontuais demonstradas em epítopos estruturais e de função antigênica, o que aumenta a chance de falha/escape vacinal.
Portanto, no intuito de que seja reduzido os riscos de falhas vacinais, é importante a utilização de vacinas atualizadas e alinhadas aos genótipos atualmente circulantes a campo.
Outras notícias você encontra na edição de Suínos e Peixes de outubro/novembro de 2020 ou online.

Suínos
Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro
Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.
Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.
Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton
De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.
A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.
Impacto social e ambiental
Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.
A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.
O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.
Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.
O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.
Futuro sustentável
Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”
Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”
O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.
Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.
Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.



