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Veterinários são os protagonistas na redução de antibióticos na América do Norte

Iniciativas legislativas para monitorar ou restringir o uso de antimicrobianos em alimentos de origem animal foram ou estão sendo adotadas em vários Estados nos países da América do Norte.

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As bactérias resistentes a antibióticos causam anualmente em torno de duas milhões de doenças e cerca de 23 mil mortes nos Estados Unidos, segundo informações dos Centros de Controle de Doenças norte-americano. Até 2050 estima-se que dez milhões de vidas por ano e uma produção econômica acumulada de US$ 100 trilhões estarão em risco devido ao aumento de infecções resistentes a antimicrobianos, caso não sejam tomadas ações proativas agora para coibir o uso descontrolado e inadequado de medicamentos na cadeia de produção animal.

Médico-veterinário e professor mestre em Medicina Suína da Universidade de Iowa, Locke Karriker: “A legislação caminha para ser mais restritiva e regulamentada” – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

Esses dados foram apresentados pelo médico-veterinário e professor mestre em Medicina Suína da Universidade de Iowa, Locke Karriker, que também é membro do Conselho Consultivo Presidencial sobre combate a bactérias resistentes a antibióticos dos Estados Unidos, durante sessão sobre antimicrobianos promovida no Pré-Congresso do IPVS2022, evento que marcou o início do encontro mundial de profissionais do setor suinícola, realizado em junho, na cidade do Rio de Janeiro, RJ.

Na oportunidade, o especialista estadunidense traçou um perfil sobre o uso de antimicrobianos na produção de suínos na América do Norte, apontando que há um grande esforço global para reduzir o uso de antibióticos. “Resistência antimicrobiana é um problema de ecossistema, que impacta na saúde humana, animal e ambiental, por esta razão abordar o problema requer trabalho multidisciplinar e projetos de pesquisa. Essa ameaça crescente à saúde pública já levou diversas organizações a aumentar a supervisão regulatória para antimicrobianos usados ​​em animais produtores de alimentos, incluindo suínos”, ressaltou Karriker.

Os mercados importadores, segundo o profissional, exercem uma forte pressão para decisões sobre o uso de antimicrobianos. “A legislação caminha para ser mais restritiva e regulamentada. É uma questão difícil, que envolve, acima de tudo, motivação de todos os elos da cadeia produtiva, principalmente dos médicos-veterinários”, analisou Karriker, ampliando: “Uma coisa é certa: não vamos ter novas drogas no mercado e por isso precisamos desenvolver melhores práticas para lidar com as que já dispomos”.

Na suinocultura, o médico-veterinário salienta que a bactéria Escherichia coli já apresenta resistência a múltiplas drogas e resistência crescente ao ceftiofur, enrofloxacina, florfenicol, gentamicina, neomicina e sulfonamidas, o que tem gerado grande preocupação entre os profissionais do setor suinícola. Outras doenças suínas primárias que estão sendo monitoradas de perto por sua resistência crescente incluem Salmonella ssp., Streptococcus suis e Pasteurella multocida.

Uso antimicrobiano na América do Norte

Dentro dos 23 Estados soberanos da América do Norte, existem quase todas as estruturas concebíveis de produção e alojamento de suínos, ecologias de doenças, graus de industrialização e estrutura de treinamento veterinário. “De um modo geral, Canadá, Estados Unidos e México têm os maiores sistemas de produção e a regulamentação mais intensiva do uso de antimicrobianos, com o uso subterapêutico para promoção de crescimento proibido e a maioria do uso terapêutico exige autorização de um veterinário licenciado”, relata o docente da Universidade de Iowa.

Depois de vários estudos, a partir de 2017, a Administração de Alimentos e Medicamentos dos Estados Unidos implementou mudanças na política de uso de antimicrobianos no país, que incluem a eliminação do uso de antibióticos para fins de promoção do crescimento em animais de alimentação e a exigência de supervisão veterinária para o uso de antimicrobianos na água e na alimentação dos animais.

Uma pesquisa de 2010 aponta os Estados Unidos como um dos cinco principais países com maior consumo de antimicrobianos em alimentos de origem animal, com 13% do uso global. Na mesma pesquisa, com previsão para 2030, projeta-se que o México se junte ao top 5 com 2% do uso global. “Provavelmente essas projeções já estejam alteradas em razão das mudanças regulatórias nos Estados Unidos, que ocorreram na última década. Mas é importante ressaltar que a falta de informações consistentes entre os países foi apontada como um desafio e levou ao uso de meios indiretos para estimar o consumo de antimicrobianos na pecuária”, explanou o especialista norte-americano.

De domínio público, dados sobre os antimicrobianos vendidos para uso em animais para alimentação são divulgados anualmente nos Estados Unidos. O relatório mais recente descreve que as vendas e distribuição doméstica de antimicrobianos aprovados para uso em animais aumentaram 3% entre 2018 e 2019. No entanto, “a tendência ao longo do tempo indica que os esforços contínuos para apoiar o uso racional e sustentável de antimicrobianos estão tendo um impacto sobre as vendas e a distribuição de medicamentos de uso veterinário, apresentando queda de 36% desde 2015”, enfatizou Karriker.

Iniciativas regulatórias específicas

Iniciativas legislativas para monitorar ou restringir o uso de antimicrobianos em alimentos de origem animal foram ou estão sendo adotadas em vários Estados nos países da América do Norte. A exemplo da Califórnia (EUA), que aprovou em 2015 um projeto de lei em que determina que o Departamento de Alimentação e Agricultura, em consulta com o Conselho Médico Veterinário, o Departamento Estadual de Saúde Pública, universidades e extensões cooperativas, desenvolvam diretrizes de administração antimicrobiana e melhores práticas de gerenciamento sobre o uso adequado de medicamentos, bem como que reúna  informações sobre vendas e uso de antibióticos importantes, bactérias resistentes a antimicrobianos e dados de práticas de manejo de gado.

Em Maryland (EUA), a legislação estipula que os veterinários forneçam informações rotineiras sobre o uso de antibióticos, especialmente aqueles considerados medicamentos clinicamente importantes. Os Estados estadunidenses de Nova York, Illinois, Pensilvânia e Oregon também já adotam ou estão elaborando Projetos de Lei para restrição e adequação quanto ao uso de antimicrobianos na produção animal.

Fomento a pesquisas sobre resistência antimicrobiana

Desde 2018, o Instituto Nacional de Pesquisa e Educação em Resistência Antimicrobiana impulsiona estudos, educação e engajamento colaborativos e integradores para resolver os desafios da resistência antimicrobiana, beneficiando a sociedade usando uma abordagem One Health (saúde única) para gerar soluções baseadas em evidências para administração antimicrobiana, contribuindo para melhorias na saúde dos animais, de humanos e do meio ambiente, facilitando o desenvolvimento e implementação de políticas econômica e socialmente sólidas, promovendo uma compreensão ativa da resistência antimicrobiana para reduzir seu impacto social.

Em setembro de 2014, a Casa Branca lançou a Estratégia Nacional de Combate a Bactérias Resistentes a Antibióticos. Em resposta, a Associação de Universidades Públicas e Outorgadas e a Associação Americana de Faculdades de Medicina Veterinária apresentaram uma pesquisa conjunta sobre resistência microbiana na pecuária. Um ano depois, a Casa Branca estabeleceu uma força-tarefa interinstitucional federal chamada Conselho Consultivo Presidencial para Combater Bactérias Resistentes a Antibióticos. “A missão é fornecer ao secretário de Saúde e Serviços Humanos conselhos, informações e recomendações sobre políticas e programas relacionados à resistência a antibióticos de uma perspectiva de saúde única, que busca o equilíbrio e a integração entre humanos e animais”, expõe Karriker.

Várias organizações governamentais e profissionais estão financiando pesquisas sobre mecanismos regulatórios visando o combate à resistência antimicrobiana, o que requer o uso criterioso de antibióticos. Simultaneamente, têm havido esforços significativos para melhorar o compartilhamento de dados entre laboratórios, resumir tendências de suscetibilidade a antibióticos dentro e entre granjas e laboratórios, melhorar a capacidade de manipular esses dados em tempo real e acessar resultados agregados de diagnóstico de caso em uma variedade de plataformas eletrônicas. Conforme Karriker, esses esforços buscam coletivamente mudar ou melhorar desde o início o comportamento veterinário em direção ao uso mais criterioso de antimicrobianos.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola e da piscicultura acesse gratuitamente a edição digital Suínos e Peixes.

Fonte: O Presente Rural

Suínos

Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças

Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

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Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.

Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.

No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.

Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.

Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.

Fonte: Assessoria Cepea
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Suínos

Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde

Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

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Foto: Jonathan Campos

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.

Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock

Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.

Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.

O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.

Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.

Fonte: O Presente Rural com informações Itaú BBA Agro
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Colunistas

Comunicação e Marketing como mola propulsora do consumo de carne suína no Brasil

Se até pouco tempo o consumo era freado por percepções equivocadas, hoje a comunicação correta, direcionada e baseada em evidências abre caminho para quebrar paradigmas.

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Foto: Claudio Pazetto

Artigo escrito por Felipe Ceolin, médico-veterinário, mestre em Ciências Veterinárias, com especialização em Qualidade de Alimentos, em Gestão Comercial e em Marketing, e atual diretor comercial da Agência Comunica Agro.

O mercado da carne suína vive no Brasil um momento transição. A proteína, antes limitada por barreiras culturais e mitos relacionados à saúde, vem conquistando espaço na mesa do consumidor.

Se até pouco tempo o consumo era freado por percepções equivocadas, hoje a comunicação correta, direcionada e baseada em evidências abre caminho para quebrar paradigmas. Estudos recentes revelam que o brasileiro passou a reconhecer características como sabor, valor nutricional e versatilidade da carne suína, demonstrando uma mudança clara no comportamento de compra e consumo. É nesse cenário que o marketing se transforma em importante aliado da cadeia produtiva.

Foto: Shutterstock

Reposicionar para crescer

Para aumentar a participação na mesa das famílias é preciso comunicar aquilo que o consumidor precisava ouvir:
— que é uma carne segura,
— rica em nutrientes,
— competitiva em preço,
— e extremamente versátil na culinária.

Campanhas educativas, conteúdos informativos e a presença mais forte nas mídias sociais têm ajudado a construir essa nova imagem. Quando o consumidor entende o produto, ele compra com mais confiança – e essa confiança só existe quando existe uma comunicação clara e alinhada as suas expectativas.

O marketing não apenas divulga, ele conecta. Ao simplificar informações técnicas, aproximar o produtor do consumidor e mostrar maneiras práticas de preparo, a comunicação se torna um instrumento de transformação cultural.

Apresentar novos cortes, propor receitas, explicar processos de qualidade, destacar certificações e reforçar a rastreabilidade são estratégias que aumentam a percepção de valor e, consequentemente, estimulam o consumo.

Digital: o novo campo do agro

As redes sociais se tornaram o “supermercado digital” do consumidor moderno. Ali ele busca receitas, tira dúvidas, avalia produtos e

Foto: Divulgação/Pexels

compartilha experiências.
Indústrias, cooperativas e associações que investem em presença digital tornam-se mais competitivas e ampliam sua capacidade de influenciar preferências.

Vídeos curtos, reels com receitas simples, influenciadores culinários e campanhas segmentadas têm desempenhado papel fundamental na aproximação com o consumidor urbano, historicamente mais distante da realidade da cadeia produtiva e do campo.

Promoções e estratégias de varejo

Além do ambiente digital, o ponto de venda continua sendo o território decisivo da conversão. Embalagens mais atrativas, materiais explicativos, promoções e ações conjuntas com o varejo aumentam a visibilidade e reduzem a insegurança de quem tomando decisão na frente da gondola.

Marketing como elo da cadeia produtiva

A cadeia de carne suína brasileira é altamente tecnificada, sustentável e reconhecida, mas essa excelência precisa ser comunicada. O marketing tem o papel de unir elos – do campo ao consumidor – e transformar conhecimento técnico em mensagens simples e que engajam.

Fonte: O Presente Rural com Felipe Ceolin
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