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Ventilação mínima: princípios e principais pontos de atenção
Correto manejo da ventilação mínima é de extrema importância para a obtenção de resultados zootécnicos superiores e a expressão de todo o potencial genético das aves

Rodrigo Tedesco Guimarães, Supervisor Regional de Serviços Técnicos, especialista em frango de corte da Aviagen
Contato: rtedesco@aviagen.com Aviagen
A ventilação é o principal parâmetro de atenção e controle de um ambiente adequado para as aves. A ventilação mínima traz ar fresco para dentro do galpão, remove o excesso de umidade e limita o acúmulo de gases potencialmente nocivos.
Trata-se de um processo orientado por ciclos de tempo. A qualquer hora, dia ou noite, que a temperatura externa estiver abaixo do Set-Point do aviário, deve-se considerar “clima frio em relação às aves” e a ventilação mínima será benéfica para as mesmas.
Deve-se ter atenção a dois pontos fundamentais para a correta execução da ventilação mínima:
1 – Aviário Bem-Vedado e Isolado
- Os aviários devem ser bem fechados e vedados ao máximo.
- Quanto melhor a vedação do galpão:
- mais fácil será criar a pressão negativa;
- mais controle você terá de onde e do modo como o ar entrará no aviário;
- Um aviário bem isolado manterá o calor em seu interior em condições de clima frio.
2 – Capacidade de Aquecimento
Deve-se ter capacidade de aquecimento suficiente para manter o Set-Point ideal de acordo com a idade das aves, proporcionando ventilação adequada para que a qualidade do ar seja aceitável para as aves independente da temperatura externa.
Reduzir a capacidade de aquecimento em um aviário não reduzirá necessariamente o custo/consumo total do aquecimento:
ter mais capacidade de aquecimento, bem distribuído em todo o aviário, muitas vezes resultará em menor custo e ambiente melhor e mais uniforme para as aves.
A ventilação não deve ser reduzida abaixo do mínimo necessário para manter a qualidade do ar (umidade, amônia, CO2, CO) a fim de reduzir o custo de aquecimento.
Para o correto manejo e configuração da ventilação mínima, o ar frio deve passar pelas entradas das paredes laterais dos galpões (Inlets), e ser direcionado até o topo do teto.
Isso é importante porque:
- mantém o ar frio que entra longe das aves;
- o ar frio que entra irá misturar-se com o ar quente interno do aviário, que em um aviário bem isolado e vedado se acumula no topo do teto;
- o fluxo do ar que entra ajuda a trazer o ar quente para baixo, a nível das aves;
- a ventilação mínima ajuda a misturar o ar no aviário, quebrar qualquer estratificação térmica e na qualidade do ar;
Durante a ventilação mínima, as entradas de ar devem operar de acordo com a pressão negativa (diferencial de pressão).
A pressão negativa operacional ideal para um aviário específico varia e depende:
- da largura do aviário (distância que o ar precisa percorrer para chegar ao topo do teto);
- do ângulo e forma do teto interno;
- do tipo de entrada de ar;
- do tamanho da entrada de ar;
Para uma determinada forma de teto, a exigência da pressão será menor para um teto liso em comparação com um teto com vigas/treliças expostas.
Um guia útil para estimar a pressão operacional para um determinado aviário, é que para cada aumento na pressão negativa de 3-4 Pa, o ar será lançado cerca de 1m para dentro do aviário.
Por exemplo, para um aviário com 14 m de largura, a pressão operacional deverá ser:
(14/2) * 3-4 = 21-28 Pa
O manejo da entrada de ar é parte crucial da ventilação mínima. Geralmente, nem todas as entradas de ar deverão ser abertas durante a ventilação mínima, e estas deverão ser abertas de maneira uniforme garantindo o correto fluxo e distribuição de ar uniformes.
A abertura mínima recomendada da entrada de ar é de aproximadamente 5cm.
Se as entradas de ar não estiverem abertas o suficiente, o ar que entra só percorrerá uma curta distância antes de chegar até as aves, independentemente da pressão do aviário.
Se as entradas de ar estiverem muito abertas ou muitas delas estiverem abertas, a pressão negativa no aviário será reduzida e a velocidade que o ar entrará no aviário será muito baixa, chegando diretamente até as aves.
Ter menos entradas de ar abertas e com a abertura “correta” (mínimo de 5 cm) é melhor do que ter todas as entradas de ar não suficientemente abertas.
Se houver obstáculos no teto e/ou forração do aviário obstruindo a passagem do ar, será importante utilizar uma placa direcionadora do ar, que deverá ser instalada acima da entrada de ar lateral (Inlet).
Se o aviário tiver um teto liso, a orientação geral é ajustar a placa direcionadora de modo que o ar entre em contato com a superfície do teto ±0,5m a 1m distante da parede lateral.
Para tetos que tenham obstruções que cruzam a direção do fluxo de ar, a placa direcionadora deve ser ajustada para conduzir o ar que entra abaixo da(s) obstrução(s).
Uma forma simples e eficaz de verificar se a configuração da placa direcionadora está correta é, usar um ponteiro laser fixado na placa afim de ajustar o ângulo correto desta.
Abaixo dois exemplos de utilização de ponteiro laser para verificar o fluxo do ar:

O fluxo do ar e a pressão operacional devem ser testados, verificados e confirmados através de um teste de fumaça ou do método com fita magnética.
O ar deve fluir para o centro do aviário (topo do telhado) antes de desacelerar e descer em direção ao chão.
Ao usar um teste de fumaça verifique:

Ao usar o método com fita magnética verifique:
- Escolha uma entrada da ventilação mínima, de preferência, próximo da entrada do aviário.
- Pendure tiras de fita magnética ou de plástico leve (aproximadamente 15cm de comprimento) a cada 1-1,5m na frente da entrada escolhida, até o topo do teto.
- Se o movimento do ar estiver correto, cada tira deverá se mover. A tira mais próxima da entrada de ar se moverá mais do que as outras tiras, e à medida que observamos as demais tiras em direção ao topo do teto o movimento vai diminuindo gradativamente.
- Essas tiras podem permanecer no lugar durante todo o ciclo de produção, para fornecer uma verificação visual rápida.
A regulagem/calibração/verificação das entradas deverá ser feita quando o aviário estiver na temperatura operacional definida e a temperatura externa for mínima (em outras palavras, em condições menos favoráveis).
As explicações acima sobre a configuração e manejo das entradas referem-se às laterais (Inlets). No entanto, os princípios básicos serão aplicados à maioria dos tipos de entrada ao serem utilizadas durante a ventilação mínima. É importante ter em mente que o ar quente sobe e se acumula sempre na parte mais elevada do galpão e todo o ar que entra, independentemente do tipo de entrada, deve ser direcionado para cima, garantindo assim o correto acondicionamento e dinâmica de ar.
Como calcular a taxa de ventilação mínima?
Existem tabelas e programas de ventilação mínima que se baseiam em uma série de fatores, tais como o peso corporal das aves, níveis de CO2, amônia, temperatura e umidade ambiental.
Qualquer programa de ventilação mínima deve ser considerado apenas como uma forma de orientação, visto que, na maioria das vezes, a ventilação mínima destina-se a controlar a umidade, não a fornecer ar fresco às aves.
O aumento da umidade no aviário é muitas vezes o primeiro sinal de insuficiência na ventilação mínima.
Ao avaliar o histórico de umidade, verifique o comportamento da mesma e observe como estava a umidade ao entardecer e como está ao amanhecer. Esta informação é importante para verificar possíveis sinais de insuficiência na ventilação, constatada sempre que a umidade ao amanhecer for superior a umidade ao entardecer.
O bom manejo do ciclo de ventilação mínima é importante para garantir que o ar úmido seja removido do aviário de forma eficiente. Normalmente quando a umidade está sob controle, as outras variáveis como CO2, amônia, umidade da cama e níveis de poeira também estarão.
Para garantir que saúde, bem-estar e indicadores zootécnicos não sejam comprometidos, torna-se importante manter os níveis abaixo:
- Amônia: abaixo de 10ppm;
- CO²: abaixo de 3000ppm;
- CO: abaixo de 10ppm;
- Umidade ambiental: 60-70% no alojamento e 50-60% nas demais fases;
- Poeira: os níveis de poeira no aviário devem ser mantidos mínimos;
Quando em visita à uma granja, avalie a qualidade do ar no primeiro minuto em que entrar no aviário, evitando assim que se habitue às condições internas do aviário.
O comportamento das aves e a qualidade do ar são os melhores indicadores da qualidade do manejo da ventilação mínima.
Observe as aves em silêncio e responda as seguintes questões:
- Como está a atividade das aves nos comedouros e bebedouros?
- As aves estão distribuídas adequadamente?
- Há áreas abertas sem aves?
Para minimizar possíveis interferências ao observar o comportamento das aves, certifique-se de que ninguém tenha estado no aviário nos últimos 20-30 minutos. Se houver uma janela de visualização na sala de serviço, use-a para observar o máximo possível o comportamento e a distribuição das aves antes de entrar no aviário.
Os seguintes sinais sugerem a necessidade de aumentar a taxa de ventilação mínima:
- UR elevada;
- ar “abafado”;
- níveis de amônia elevados;
- gotas de água (condensação) nas linhas de água;
- condensação nas paredes e/ou no teto;
- cama úmida;
Os seguintes sinais sugerem que a taxa de ventilação mínima pode estar elevada e que pode ser reduzida:
- a qualidade do ar está tão boa quanto a externa;
- cama muito seca;
- ambiente empoeirado no aviário;
- não foi possível manter a temperatura definida no aviário durante a noite;
Durante toda a vida do lote, faça anotações sobre as mudanças aplicadas à ventilação mínima. Use as anotações para atualizar as configurações do controlador e o programa de ventilação mínima.
Lembre-se que o correto manejo da ventilação mínima é de extrema importância para a obtenção de resultados zootécnicos superiores e a expressão de todo o potencial genético das aves. As taxas de ventilação mínima podem e devem ser alteradas sempre que os fatores mencionados acima não estiverem dentro dos parâmetros aceitáveis.
Deve-se manejar as taxas de ventilação mínima com a mesma atenção dada ao manejo da temperatura, e sempre que se optar por reduzir as taxas, isto deve ser feito sem que prejudique a qualidade do ar.
Outras notícias você encontra na edição de Aves de junho/julho de 2020 ou online.

Avicultura
Paraná registra queda no custo do frango com redução na ração
Apesar da retração no ICPFrango e no custo total de produção, despesas com genética e sanidade avançam e mantêm pressão sobre o sistema produtivo paranaense.

O custo de produção do frango vivo no Paraná registrou nova retração em outubro de 2025, conforme dados da Central de Inteligência de Aves e Suínos (CIAS) da Embrapa Suínos e Aves. Criado em aviários climatizados de pressão positiva, o frango vivo custou R$ 4,55/kg, redução de 1,7% em relação a setembro (R$ 4,63/kg) e de 2,8% frente a outubro de 2024 (R$ 4,68/kg).
O Índice de Custos de Produção de Frango (ICPFrango) acompanhou o movimento de queda. Em outubro, o indicador ficou em 352,48 pontos, baixa de 1,71% frente a setembro (358,61 pontos) e de 2,7% na comparação anual (362,40 pontos). No acumulado de 2025, o ICPFrango registra variação negativa de 4,90%.
A retração mensal do índice foi influenciada, principalmente, pela queda nos gastos com ração (-3,01%), item que historicamente concentra o maior peso no custo total. Também houve leve recuo nos gastos com energia elétrica, calefação e cama (-0,09%). Por outro lado, os custos relacionados à genética avançaram 1,71%, enquanto sanidade, mão de obra e transporte permaneceram estáveis.

No acumulado do ano, a movimentação é mais desigual: enquanto a ração registra expressiva redução de 10,67%, outros itens subiram, como genética (+8,71%), sanidade (+9,02%) e transporte (+1,88%). A energia elétrica acumulou baixa de 1,90%, e a mão de obra teve leve avanço de 0,05%.
A nutrição dos animais, que responde por 63,10% do ICPFrango, teve queda de 10,67% no ano e de 7,06% nos últimos 12 meses. Já a aquisição de pintinhos de um dia, item que representa 18,51% do índice, ficou 8,71% mais cara no ano e 7,16% acima do registrado nos últimos 12 meses.
No sistema produtivo típico do Paraná (aviário de 1.500 m², peso médio de 2,9 kg, mortalidade de 5,5%, conversão alimentar de 1,7 kg e 6,2 lotes/ano), a alimentação seguiu como principal componente do custo, representando 63,08% do total. Em outubro, o gasto com ração atingiu R$ 2,87/kg, queda de 3,04% sobre setembro (R$ 2,96/kg) e 7,12% inferior ao mesmo mês de 2024 (R$ 3,09/kg).
Entre os principais estados produtores de frango de corte, os custos em outubro foram de R$ 5,09/kg em Santa Catarina e R$ 5,06/kg no Rio Grande do Sul. Em ambos os casos, houve recuos mensais: 0,8% (ou R$ 0,04) em Santa Catarina e 0,6% (ou R$ 0,03) no território gaúcho.
No mercado, o preço nominal médio do frango vivo ao produtor paranaense foi de R$ 5,13/kg em outubro. O valor representa alta de 3,2% em relação a setembro, quando a cotação estava em R$ 4,97/kg, indicando que, apesar da melhora de preços ao produtor, os custos seguem pressionados por itens estratégicos, como genética e sanidade.
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Produção de frangos em Santa Catarina alterna quedas e avanços
Dados da Cidasc mostram que, mesmo com variações mensais, o estado sustentou produção acima de 67 milhões de cabeças no último ano.

A produção mensal de frangos em Santa Catarina apresentou oscilações significativas entre outubro de 2024 e outubro de 2025, segundo dados da Cidasc. O período revela estabilidade em um patamar elevado, sempre acima de 67 milhões de cabeças, mas com movimentos de queda e retomada que refletem tanto fatores sazonais quanto ajustes de mercado.
O menor volume do período foi registrado em dezembro de 2024, com 67,1 milhões de cabeças, possivelmente influenciado pela desaceleração típica de fim de ano e por ajustes de alojamento. Logo no mês seguinte, porém, houve forte recuperação: janeiro de 2025 alcançou 79,6 milhões de cabeças.

Ao longo de 2025, o setor manteve relativa constância entre 70 e 81 milhões de cabeças, com destaque para julho, que atingiu o pico da série, 81,6 milhões, indicando aumento da demanda, seja interna ou externa, em plena metade do ano.
Outros meses também se sobressaíram, como outubro de 2024 (80,3 milhões) e maio de 2025 (80,4 milhões), reforçando que Santa Catarina segue como uma das principais forças da avicultura brasileira.
Já setembro e outubro de 2025 mostraram estabilidade, com 77,1 e 77,5 milhões de cabeças, respectivamente, sugerindo um período de acomodação do mercado após meses de forte atividade.
De forma geral, mesmo com oscilações, o setor mantém desempenho sólido, mostrando capacidade de rápida recuperação após quedas pontuais. O comportamento indica que a avicultura catarinense continua adaptável e resiliente diante das demandas do mercado nacional e internacional.
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Setor de frango projeta crescimento e retomada da competitividade
De acordo com dados do Itaú BBA Agro, produção acima de 2024 e aumento da demanda doméstica impulsionam perspectivas positivas para o fechamento de 2025, com exportações em recuperação e espaço para ajustes de preços.

O setor avícola brasileiro encerra 2025 com sinais de recuperação e crescimento, mesmo diante dos desafios impostos pelos embargos que afetaram temporariamente as margens de lucro.
De acordo com dados do Itaú BBA Agro, a produção de frango deve fechar o ano cerca de 3% acima de 2024, enquanto o consumo aparente deve registrar aumento próximo de 5%, impulsionado por maior disponibilidade interna e retomada do mercado externo, especialmente da China.

Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a competitividade do frango frente à carne bovina voltou a se fortalecer, criando espaço para ajustes de preços, condicionados à oferta doméstica. A demanda interna tende a crescer com a chegada do período de fim de ano, sustentando a valorização do produto.
Além disso, os custos de produção, especialmente da ração, seguem controlados, embora a safra de grãos 2025/26 ainda possa apresentar ajustes. No cenário geral, os números do setor podem ser considerados positivos frente às dificuldades enfrentadas, reforçando perspectivas favoráveis para os próximos meses.



